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16 de maio de 2013

As impressões dos jovens físicos sobre… os jovens físicos

Entre os dias 3 e 5 de maio, diversos alunos de escolas públicas e particulares brasileiras do ensino médio estiveram presentes em mais uma edição do Torneio Internacional de Jovens Físicos (IYPT, na sigla em inglês).

IYPT-Brasil-1A competição, que teve sua primeira edição realizada em Moscou, em 1979, tem como objetivo estimular o interesse dos estudantes pela física, “desenvolvendo o pensamento autônomo e crítico e estimulando o trabalho investigativo e colaborativo”, segundo consta no próprio regulamento.

Para cumprir essa meta, 17 problemas são lançados seis meses antes da competição por uma comissão internacional, formada por professores de física de diferentes países, e os participantes devem resolver no mínimo sete deles, associando modelos teóricos e práticos da física.

No caso da competição brasileira, os jurados são alunos de graduação e pós-graduação ou até mesmo docentes de universidades do Brasil, indicados pela comissão organizadora do torneio, e que julgarão as resoluções dos problemas apresentadas pelos alunos para classificá-los, ou não, para competição internacional, etapa seguinte ao torneio brasileiro.

Doze alunos do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) estiveram no júri da competição e contaram suas impressões sobre o torneio, destacando o alto nível dos participantes. “Com relação às competições de 2005 e 2006, o nível dos alunos subiu bastante. Há um número bem maior de equipes que consegue chegar ao estágio final da competição, ou seja, que consegue relacionar as teorias e experimentos numericamente”, conta Paulo Matias, aluno de pós-graduação do IFSC e um dos jurados da competição.

IYPT-1Em relação às dificuldades enfrentadas pelos jurados, Paulo conta que todos os 17 problemas sugeridos pela comissão internacional são de áreas distintas da física, não permitindo que os jurados tenham conhecimento integral sobre a resolução de todos eles, o que acaba tornando o julgamento das equipes mais complicado. “Os participantes pesquisam a fundo as teorias utilizadas para resolução do problema e, às vezes, não temos tempo de pesquisar aquele problema específico”.

Para driblar a problemática em questão, Krissia Zawadzki, mestranda do IFSC e também jurada do torneio, conta que o foco é voltado para os problemas básicos da física. “Algumas vezes, os participantes descrevem teorias complexas, mas os conceitos básicos para explicá-la estão incorretos”, conta. “Prefiro uma solução simples para um problema complicado do que uma solução complicada para um problema simples. Fazemos então perguntas básicas para ver se os estudantes entenderam os conceitos, realmente”.

Acompanhar e avaliar alunos de alto nível traz, também, muitas surpresas. Uma delas é o conhecimento aos próprios jurados. “Sempre ficamos sabendo de fatos sobre a física muito interessantes! Aprendi com uma equipe que as lentes de óculos feitas de policarbonato, mais caras no mercado, são muito menos eficientes do que as lentes de acrílico no quesito isotropia ótica”, relembra Paulo.

Outro destaque eleito por Paulo e Krissia vai para participação de muitas equipes do nordeste do Brasil. “Há alguns anos, somente escolas da região sudeste participavam. Hoje, muitas pessoas do nordeste não somente participam da competição, mas se destacam bastante! Na última competição, duas equipes do Piauí foram muito bem, inclusive classificando-se para a final do torneio”, relata Paulo.

Sobre a conclusão final do IYPT, os dois jurados fazem uma observação: a quase total ausência de alunos de escolas públicas na competição. “Estudei durante todo ensino médio numa escola pública e praticamente não tive professor de física. Essa é a primeira solução que precisa ser resolvida para que a participação de alunos do ensino público seja maior nessas competições”, conta Krissia.

IYPT-4Mesmo assim, os pós-graduandos são otimistas e concluem suas impressões sobre o torneio com um olhar positivo. “Ver tantos jovens entusiasmados com a física nos leva a pensar que nosso país tem um futuro muito brilhante pela frente”, finaliza Paulo.

Próximos passos

Entre alunos, professores e membros do júri, uma média de 200 pessoas esteve envolvida diretamente com o IYPT. 24 equipes de 10 estados brasileiros diferentes (SP, RJ, MG, RS, PR, GO, CE, PI, PB, AL) participaram da edição brasileira deste ano, e o 1º lugar ficou com a equipe Quantum do Colégio Integrado Objetivo (São Paulo capital).

Os times Re-Ebola (São Paulo), Zero Kelvin (São José dos Campos), Problema 18 (Santos) e A Certeza de Heisenberg (Teresina) também poderão indicar um representante para compor o time brasileiro na etapa mundial que ocorrerá em Taiwan, entre 24 e 31 de julho.

Para mais informações sobre o IYPT, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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