Notícias

9 de novembro de 2011

Por que ele é tão importante para pesquisadores e sociedade?

Semana_da_EscritaO que um artigo científico tem em comum com prosa ou poesia? Praticamente duas características: são definidos como gênero textual e possuem um formato específico e muito bem definido. Mas, diferente dos dois últimos gêneros, conhecidos por quase todas as pessoas, especialmente no mundo literário, o artigo científico (AC) é protagonista, em grande parte das vezes, somente na vida de pesquisadores e, paradoxalmente, a maioria de seus autores ainda não sabe como escrevê-lo corretamente. “Professores universitários, por exemplo, são contratados para ensino, pesquisa e extensão. Enquanto pesquisadores, seu produto final deve ser a divulgação dos excelentes resultados obtidos em suas pesquisas. É justamente através do artigo científico que isso será feito”, explica Valtencir Zucolotto, docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e responsável por ministrar cursos sobre Escrita Científica, há seis anos.

Condição sine qua non para criação de um artigo científico, de acordo com o docente, é ter uma resposta: se a ideia ou hipótese inicial sugerida na pesquisa foi respondida e uma tese ou metodologia foi criada, é hora de passá-la para o papel. “Mas, isso não significa, necessariamente, que você já terá suporte necessário para escrever o artigo científico. Você precisa saber como escrevê-lo”, afirma o docente.

Do básico ao essencial

Diferente do pensamento de muitos, o artigo científico não é um simples texto onde será relatado o resultado de uma hipótese estudada. Existem padrões, não só ao que se refere à gramática, mas ao formato, que deve ser muito bem definido.

Dentre os formatos possíveis para um AC, um deles refere-se à extensão: comunications ou letters têm, no máximo, duas páginas; o artigo regular– o mais conhecido e mais utilizado pelos acadêmicos- se divide em tópicos (resumo, introdução, experimento, resultados e discussões, conclusões e referências) e tem uma média de 5 a 10 páginas. Finalmente, os artigos de revisão são aqueles onde diversos autores escrevem sobre um tema específico, e tem, em média, 30 a 40 páginas. “Para cada um desses casos, existe uma estrutura. Por isso, na hora de escrever um artigo, essa é a primeira definição a ser feita, para que o autor esteja atento ao formato que deve ser seguido”, exemplifica Zucolotto.

Com a pesquisa em mãos e o formato definido, o que será descrito deve ser inédito. O avanço da pesquisa e sua contribuição devem estar claros. Nem toda pesquisa poderá “se tornar” artigo científico se não atender a essas premissas. Além disso, os resultados ou ideias devem estar muito bem organizados e inteligíveis. “O que editores de grandes revistas querem são publicações significativas de trabalhos, não importa a qual área pertença”, afirma o professor.

Como se fazer entender?

Zuco-1Mesmo que o formato esteja perfeito e dentro dos parâmetros exigidos, se o AC não for bem explicado, pode ir por água abaixo. Afinal, como dar valor àquilo que não pode ser compreendido? Mas, cuidado: fazer-se entender não significa abdicar de alguns termos técnicos e muito menos da boa gramática. De acordo com Zucolotto, duas palavras definem um bom artigo científico: clareza e concisão. “A linguagem técnica não deve ser deixada de lado, mas deve ser escrita de uma maneira fácil e correta. Sem clareza e concisão, o artigo pode até vir a ser publicado, mas não causará impacto nos leitores”.

Depois de alguns anos ministrando cursos de escrita científica, Zucolotto conta que a maior dificuldade dos brasileiros, especificamente, é, justamente, não conseguir visualizar o artigo científico como um gênero literário. “Se a pessoa não conseguir compreender o formato daquele documento, ela não conseguirá escrevê-lo, mesmo que seu inglês e sua gramática sejam impecáveis”.

O ponto em comum

Tal desconhecimento tem uma razão: falta de cursos que orientem sobre a escrita científica. Consciente desse problema, a USP tem dado atenção ao assunto. Muitas iniciativas vêm sendo tomadas pela Universidade, através da Pró-Reitoria de Pesquisa e, uma delas, é o oferecimento dos, tão importantes, cursos de orientação para escrita de publicações científicas. Zucolotto é um exemplo: foi contratado para coordenar workshops de capacitação para professores de várias Unidades da USP, durante o segundo semestre de 2011.

Para um pesquisador, o AC é parte de seu trabalho. Em algum momento, ele deverá escrevê-lo, utilizando-se de bom senso e preocupando-se com a qualidade daquilo que será redigido. “O parâmetro mais fácil para se medir o impacto dos artigos diz respeito às revistas científicas que darão conhecimento ao mesmo. As áreas experimentais têm mais artigos publicados, primeiro pelo grande número de revistas e depois pela quantidade de pesquisas abertas”, conta o docente.

A sociedade, por outro lado, só pode ter conhecimento daquilo que é estudado e desenvolvido por cientistas através desses artigos. O conhecimento não pode ficar restrito ao ambiente acadêmico. “O primeiro passo para melhoria da qualidade de vida do ser humano é a divulgação das pesquisas científicas. Com isso, será possível pensar em maneiras melhorá-la, efetivamente”, finaliza Zucolotto.

Oportunidade de ouro

Na próxima semana, a partir do dia 9 de novembro (quarta-feira), o IFSC inaugura a “2ª Semana da Escrita Científica”, da qual toda comunidade pode participar (embora o público-alvo seja, especialmente, pesquisadores).

Além de tutoriais, a Semana discutirá, fortemente, os plágios e fraudes em ciências, de maneira geral, e ferramentas para evitá-los.

A programação contará com diversos mini-cursos, ministrados por especialistas no assunto, incluindo docentes de outras Universidades e do próprio IFSC. Clique aqui para acessar o site do evento e inscrever-se .

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..