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23 de setembro de 2011

Aluno do IFSC realiza sonho de pós-graduação no exterior

O aluno do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares do IFSC enxergou nos laboratórios internacionais uma ótima oportunidade de desenvolver sua pesquisa em uma área ainda pouco difundida no mundo e, mesmo sem apoio financeiro das agências de fomento nacionais, engrenou um doutorado na Holanda com todos os custos pagos pela própria instituição

Com um mercado de trabalho cada vez mais exigente na seleção de profissionais especializados nas mais diversas áreas, as pessoas tem buscado mais conhecimento e uma melhor fomação profissional antes de começar suas carreiras. O intercâmbio tem sido uma das escolhas mais procuradas neste sentido, e o número de alunos que viajam para o exterior para complementar seus estudos e suas experiências de vida cresce exponencialmente. A pós-graduação no exterior certamente é também um meio importantíssimo de conseguir um avanço na vida profissional, proporcionando o contato com diferentes técnicas de trabalho, bem como a formação de uma rede internacional de contatos profissionais e a convivência com cultura e língua diferentes. É claro que estas vantagens atraem um alto número de interessados, o que causa grande concorrência e inspira muita preparação por parte dos candidatos.

Muitas universidades nacionais oferecem, atualmente, programas de intercâmbio e incentivo à pós-graduação internacional, o que facilita a relação com dificuldades como o financiamento das viagens e a escolha da universidade e do curso mais adequado. Contudo, a maior vantagem para lidar com estes problemas vem do próprio aluno. A segurança, a determinação e a dedicação são os instrumentos mais eficazes para engrenar uma carreira internacional.

O aluno Victor Caldas, do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares, sonhou durante anos em cursar sua pós-graduação no exterior. Neste ano, finalmente, ele conseguiu ingressar na Universidade de Groningen, na Holanda, instituição que financiará todos os custos do seu doutorado. Conheça a história acadêmica de Victor e entenda mais intimamente quais são os percursos de um candidato a cursos no exterior.

 

Victor prestou o vestibular da Fuvest no ano de 2005, e no ano seguinte já estava cursando Ciências Físicas e Biomoleculares, o curso que mais se encaixava em seus interesses de pesquisa. “Apesar disso, eu não sabia o que me esperava”, disse ele.

Na verdade, a maioria da comunidade do IFSC não sabia o que esperar, já que o ano de 2006 foi o primeiro ano deste curso. Porém, já no primeiro semestre do curso, Victor se esforçava para se integrar aos laboratórios do grupo de Cristalografia do Instituto, contatando professores e procurando estágios disponíveis. Foi através do contato com o professor Otávio Thiemann que ele iniciou a sua pesquisa com um projeto de análise metagenômica, no qual avaliava a biodiversidade bacteriana presente em diferentes amostras de solo. “Já no início desta pesquisa, Victor mostrou ser habilidoso no laboratório, e também era muito independente, no sentido de trazer idéias novas e solucionar problemas”, conta Thiemann.

Ainda, depois disso, Victor iniciou outro projeto, desta vez relacionado com o estudo de proteínas e técnicas relacionadas. Segundo ele, fazer Iniciação Científica na graduação abriu muitas portas na sua carreira profissional, pois além de possibilitar a participação em congressos e estreitar as relações com outros pesquisadores, ele adquiriu maturidade para escolher o que pesquisar na pós-graduação que pretendia cursar e também experiência da convivência e práticas de laboratório. Seu currículo também ganhou pontos a mais, já que durante toda a graduação ele recebeu o apoio da agência de fomento FAPESP.

Foi também pelo seu projeto de Iniciação Científica que Victor resolveu estagiar durante três meses nos Estados Unidos, na University of Illinois at Urbana-Champaign. Segundo Thiemann, esta Universidade é sede de um laboratório muito importante, já que trabalha com uma área de pesquisa bastante nova e que não se vê no Brasil, que é o rastreamento do movimento de Moléculas Únicas. “Nós não temos esta técnica no Brasil, e nosso laboratório não trabalha com isso, mas Victor estava entusiasmado e nós achamos que valeria a pena, então o Grupo de Cristalografia financiou seu estágio durante três meses, juntamente com a Universidade de lá”, lembra o docente. Essa foi uma experiência muito válida para o pesquisador, que pôde conhecer técnicas diferentes em um grande laboratório especializado em sua área. Também, a experiência de morar fora do país foi muito válida, conta ele, que afirma que essa experiência foi decisiva para que ele definisse como meta para sua vida fazer doutorado no exterior: “Foi a partir daí que fiquei realmente motivado a continuar os estudos fora do país”.

Já na pós-graduação, que ele deu continuidade no próprio IFSC, muito bem colocado no processo seletivo, Victor deu continuidade ao estudo de proteínas, orientado ainda pelo Professor Otávio. Sua dissertação, financiado pela CAPES, abordou a caracterização de uma proteína Schistosoma mansoni, um dos parasitas largamente estudados pelo Grupo de Cristalografia, além da modelagem e dinâmica molecular para o estudo do mecanismo catalítico. Este foi um projeto idealizado pelo próprio estudante, o que, segundo Thiemann, é bastante incomum. “Normalmente, o professor dá o projeto para o aluno, mas o Victor veio decidido com esta idéia de diagnóstico de doenças tropicais, e claro que nós levamos pra frente”, conta. Victor defendeu sua tese em 12 de agosto, com sucesso, e foi o primeiro formado no programa de pós-graduação das CFB.

Quando defendeu sua tese, Victor já estava participando de diversos processos seletivos para doutorado no exterior, viajando para fazer entrevistas e conhecer laboratórios. Durante meses, Victor se preocupou com a confecção de seu projeto, com a sua preparação para os testes de proficiência em língua estrangeira e com a preparação dos documentos necessários, como carta de motivação, cartas de recomendação, curriculum, histórico escolar… Por esse motivo, o professor Thiemann aconselha: “é preciso muito planejamento para tentar uma pós-graduação no exterior, é necessário se preparar com algum tempo de antecedência”.

Sobre sua preparação técnica, Victor disse que sua experiência no IFSC foi fundamental. “O IFSC contribuiu bastante pela estrutura dos laboratórios que é bem completa, tanto para a graduação quanto para o meu trabalho na pós, além do excelente suporte financeiro”, reflete ele, acrescentando: “A forma como as aulas são dadas exige que se desenvolva uma forma proativa e independente, o que eu acho importante para um doutorado”. Ele reforça, ainda, todo o incentivo que recebeu dos membros do Grupo de Cristalografia, especialmente o Prof. Thiemann, seu orientador. “Nós não queríamos que ele nos deixasse, mas se é o que o aluno quer, nós temos que incentivar”, afirma o docente.

Com este suporte, Victor se inscreveu em diversos processos seletivos, e foi selecionado em universidades norte-americanas, em Oxford (Inglaterra) e em Heidelberg (EMBL) e Munique (LMU) (Alemanha). Finalmente, a University of Groningen, na Holanda, entrou em contato com Victor para uma entrevista. Depois desta entrevista, o aluno viu seus esforços recompensados. A instituição holandesa não apenas o queria como seu pesquisador, como poderia financiar todos os custos do seu curso, que deve durar cerca de cinco anos. A notícia do financiamento foi crucial para a decisão final, já que as agências de fomento brasileira não aceitaram os pedidos de bolsa para o projeto de Victor.

groninguen1Victor chegou na Holanda nos primeiros dias deste mês de setembro, e diz estar aproveitando as primeiras semanas em que as aulas ainda não começaram para conhecer a cidade e os laboratórios da universidade e resolver algumas burocracias pendentes. “Tudo parece muito bom, com muita novidade. A língua ainda está sendo uma barreira, mas praticamente todo mundo fala um pouco de Inglês, e isso já ajuda bastante”, contou ele. E pelo pouco tempo que pôde conviver em um país tão distante e diferente do nosso, ele já se mostra empolgado e cheio de expectativas: “Além da parte de aprendizado da parte acadêmica, estou tendo a oportunidade de vivenciar uma cultura bastante diferente e uma língua nova pra mim”.

Segundo ele, há algumas diferenças entre os programas de pós-graduação no Brasil e na Europa que ele já pôde notar, mesmo tendo convivido por pouco tempo no ambiente universitário europeu. “A principal diferença é que eu sou, além de aluno de doutorado, empregado da faculdade. Por isso, semestralmente meu trabalho é avaliado por uma banca”, conta ele. Ainda, além disciplinas regulares, Victor diz ter se deparado com uma oferta muito maior de disciplinas voltadas para o desenvolvimento da carreira de pesquisador em si, o que é bastante interessante para ele. Os laboratórios da instituição desenvolvem a técnica que interessa a Victor há muito tempo. “Isso vai me possibilitar um aprendizado muito grande”, acrescenta.

Com essa estrutura, ele pretende focar sua pesquisa na área de Moléculas Únicas, mais especificamente no desenvolvimento e aplicação de técnicas de microscopia e fluorescência para entender melhor o que acontece durante a replicação do DNA. Sua investigação tem o intuito de entender detalhes da cinética de replicação e das interações entre proteínas, através do monitoramento das moléculas individualmente e in vivo.

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A história acadêmica de Victor mostra que determinação e perseverança podem levar pesquisadores ao sucesso acadêmico. Com seu esforço e dedicação, ele constituiu um objetivo, traçou seu plano e foi adiante com ele. Para aqueles que pretendem fazer uma pós-graduação no exterior, ele alerta e aconselha:

“Existe inúmeras oportunidades boas aparecendo o tempo todo, e quem tem essa vontade deve arriscar. Mas fazer uma pós-graduação fora exige um planejamento bastante antecipado e a escolha cuidadosa das Universidades e do laboratório. A proposta do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares foi muito bem vista nos processos seletivos no exterior, e existe muitos lugares à procura de pessoas com nosso perfil. Só temos que procurar e arriscar.”

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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