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19 de novembro de 2014

Aluna do IFSC-USP vence Prêmio SISCA – 2014

150Durante este mês de novembro, Anielle Coelho Ranulfi, aluna de doutorado do Instituto de Física de São Carlos, conquistou o primeiro lugar na 6ª edição do Prêmio Dow-USP de Inovação em Sustentabilidade (Sustainability Innovation Student Challenge Award – SISCA 2014), com seu projeto de mestrado intitulado Utilização de técnicas espectroscópicas no estudo e caracterização de doenças em citros: HLB (greening) e cancro cítrico, orientado pela pesquisadora Dra. Débora Milori, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.

Voltado a alunos de mestrado e doutorado da Universidade de São Paulo, o Prêmio SISCA é uma iniciativa da empresa Dow, em parceria com o Instituto de Química da USP (IQ-USP), que tem como objetivo incentivar ideias, soluções e tecnologias em inovação, auxiliando a promoção da USP e fomentando colaborações acadêmicas entre os países da América Latina.

Nesta sexta edição, que contou com oitenta trabalhos inscritos, os alunos abordaram temas como saúde, meio ambiente, clima, energia, segurança de produtos, comunidade e química sustentável, sendo que todos os projetos foram analisados por docentes da própria Universidade.

Anielle Ranulfi, que recebeu um prêmio de R$ 22 mil reais – R$ 6 mil para o segundo colocado e R$ 1 mil para os que foram contemplados com a menção honrosa -, conta que seu projeto chamou bastante atenção do comitê julgador, principalmente pelo fato de ser uma pesquisa interdisciplinar, abrangendo conceitos de agronomia, física, química, biologia, fitopatologia, reconhecimento de padrão, computação e outras áreas do conhecimento.

O objetivo do projeto de Anielle é avaliar duas técnicas Anielle1-350fotônicas, sendo elas a espectroscopia de fluorescência induzida por laser (LIFS) e a espectroscopia de emissão óptica de plasma induzido por laser (LIBS), a fim de diagnosticar o Greening – Huanglongbing (HLB) -, e o cancro cítrico, duas das principais doenças bacterianas que atingem as frutas cítricas e causam danos substanciais ao setor produtivo.

O HLB, doença de difícil controle, pode ser transmitido de uma árvore para outra através de um determinado inseto, o Diaphorina Citri S que, ao se alimentar da fruta, pode entrar em contato com a bactéria causadora da doença e, logo em seguida, transmiti-la a uma árvore sadia. Entre os principais sintomas estão manchas amareladas irregulares nas folhas das árvores, que se iniciam em um pequeno ramo, até atingir toda a copa. Os sintomas também podem aparecer nos frutos, que se apresentam deformados, assimétricos e com manchas verde-claras, sementes abortadas e com acidez acentuada. Causado pela bactéria Xanthomonas citri, o cancro cítrico provoca lesões nas folhas, frutos e ramos, tendo como principal agente transmissor as chuvas com vento e a circulação de material contaminado na plantação.

O principal meio de diagnóstico dessas doenças é a inspeção visual, fator que nem sempre ajuda a identificar todas as árvores infectadas. No caso do HLB, sabemos que há um acerto de apenas 47% por esta forma de diagnóstico, considerando apenas as plantas sintomáticas. Essa taxa de acerto é muito baixa, ou seja, se houver 100 árvores em fase sintomática em um pomar, apenas 47 são identificadas pelas equipes de inspeção, sem contar que este método não considera a existência das plantas ainda em fase assintomática: estima-se que para cada árvore sintomática presente no campo existam outras duas ou três já contaminadas e em fase assintomática, explica a jovem pesquisadora.

Anielle2-350O primeiro método proposto pela estudante do IFSC-USP é a técnica de espectroscopia de fluorescência induzida por laser, que é incidido nas folhas da árvore, fazendo com que os compostos orgânicos se excitem e decaiam na sequência. Esta, por sua vez, é captada por uma fibra óptica que conduz a luz até um espectrômetro ligado a um computador dedicado à aquisição e tratamento dos dados. Folhas de plantas em diferentes estágios da doença e folhas de árvores sadias variam a concentração de compostos orgânicos e, consequentemente, a fluorescência destas apresenta intensidades variadas. É através das variações observadas nos espectros LIFS das diferentes amostras que se busca o diagnóstico das doenças.

Já a espectroscopia de emissão óptica de plasma induzido por laser é uma técnica de análise multi elementar bastante rápida e eficiente, em que, com uma única medida, os pesquisadores obtêm um espectro contendo linhas discretas de emissão, através das quais é possível identificar praticamente todos os elementos da tabela periódica que estão presentes na tal amostra. Com essa técnica, alcançamos uma taxa de acerto superior a 80% no diagnóstico das doenças HLB e cancro cítrico e, para gerar essa porcentagem, utilizamos espectros LIBS em folhas em fase sintomáticas e assintomáticas das doenças em estudo, e também amostras de folhas sadias, completa Anielle. 

Sendo assim, com ambas as metodologias propostas em seu projeto, Anielle conseguiu demonstrar que há um grande potencial em diagnosticar tais doenças através das técnicas propostas, o que, obviamente, é um avanço que deverá refletir no aumento da produção e comercialização das frutas cítricas, uma vez que será muito mais simples, eficiente e rápido analisar a sanidade de árvores e controlar o espalhamento dessas doenças bacterianas que não têm cura e levam à morte da planta.

IFSC-USP como base profissional

Antes de ingressar na Universidade de São Paulo, Anielle já via a USP como uma instituição de prestígio. Quando se tornou aluna do Instituto de Física de São Carlos, ela conta que teve a certeza de que o IFSC realmente tinha alto potencial para oferecer, como, por exemplo, excelentes ferramentas e docentes de alta qualidade para contribuir com sua formação profissional: Ter ingressado no IFSC foi o maior passo que dei em minha carreira. Na Universidade eu construí amigos e fui muito feliz, aliás, sou feliz, e o Instituto de Física de São Carlos é a minha base, pois é nele que eu vejo exemplos, oportunidades, onde eu aprendi a ser resistente, persistente e forte. Me transformei em uma pessoa que não desiste de seus objetivos, revela a estudante do IFSC-USP. 

Há pouco tempo, Anielle tinha dúvidas em relação ao seu futuro e caminhava para atuar na área acadêmica. No entanto, após conhecer mais sobre a empresa Dow, idealizadora do Prêmio SISCA, a estudante do Instituto soube que a empresa multinacional possui laboratórios de pesquisa e desenvolvimento em diversas áreas, dentre elas uma relacionada à agricultura, tendo enxergado uma grande oportunidade de ingresso na área industrial. Meu objetivo é trabalhar em alguma empresa ou laboratório que saiba aproveitar toda a minha experiência adquirida no mestrado e também todo o conhecimento e habilidade que estou buscando com o doutorado, seja em empresas localizadas no Brasil ou no exterior, finaliza.

Para conferir o projeto de Anielle, clique AQUI 

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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