Notícias

18 de março de 2024

Na Academia de Ciências do Vaticano – Pesquisador do IFSC/USP discute educação, ciências e cooperação com povos indígenas de todo mundo

Vanderlei Bagnato com o especialista em Amazonas, Virginio Viana, e a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara

Povos indígenas não são especificidades do Brasil e da Amazônia Legal.  Em todos os lugares, como África, Índia, México, Estados Unidos, Canadá e assim por diante, povos indígenas sofrem em manter seus hábitos de sobrevivência. Este foi um dos motes do encontro da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano que ocorreu neste mês de março e na qual participou um dos cientistas do Brasil, membro da citada Academia, docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato.

As mudanças climáticas que têm ocorrido, tornam os hábitos de sobrevivência dos povos indígenas cada vez mais difíceis. Com as inconstâncias do clima e o aquecimento global, a forma tradicional de viver dentro da Natureza sofre sérios riscos de não funcionar.

Por outro lado, a sabedoria natural dos povos indígenas é, sem dúvida, muito rica. Ao longo de séculos aprenderam a fazer não apenas uso das plantas, mas a melhor utilização delas para fins medicinais. Além disto, observando a Natureza, eles conseguem ter ideias bastante precisas das mudanças clínicas. Todo este conhecimento acumulado de gerações em gerações, certamente pode ser de grande utilidade para a humanidade em geral.

Para isto tudo ocorrer é preciso intensificar a cooperação entre as culturas. Esta cooperação, no entanto, deve ser de forma a valorizar a interação e não a interferência. A interação é baseada na troca mútua, enquanto a interferência pode ser construtiva ou destrutiva. A interação é a forma de cooperação que movimenta os seres vivos sempre levando a produtos que se encontram ao seu redor, sendo, de fato, a base do seus metabolismos.

A interferência, por outro lado, depende de diversas condições para ser positiva ou negativa. Temos que lembrar que a interação da luz com as plantas é que torna a vida possível, mas a interferência da luz com luz pode tornar a adição de duas porções de luzes gerar a escuridão.

A receber cumprimentos do Papa Francisco, Bagnato reforça seu compromisso com o uso da ciência com grande responsabilidade social

Um dos questionamentos colocados no encontro foi: De que forma se pode intensificar esta interação? Uma das bases, é ensinar melhor os povos não-indígenas a entenderem a cultura indígena, mas o outro elemento importante é educar os jovens das populações indígenas através de conceitos científicos mais sólidos. Levar para os povos indígenas formas de educação científica mais consolidada é importante e necessário. Se conseguirmos conjugar o conhecimento científico com o conhecimento prático, não apenas teremos povos indígenas mais preparados, como também, ao utilizarem melhor os recursos naturais, conseguirem ser capazes de se adaptarem para a nova realidade das condições clínicas e de sua sobrevivência.

Neste ponto, iniciativas que levem leis básicas das ciências naturais para estes povos, através de kits educativos e exposições itinerantes de ciências, é certamente uma forma de mudar estas condições, sublinha o Prof. Vanderlei Bagnato, salientando que “(…) os kits educativos produzidos pela USP podem vir a ser um elemento importante em todo esse contexto (…)”. Em sua participação, o cientista brasileiro foi bastante elogiado pelas iniciativas desenvolvidas pelo IFSC/USP, sob a sua coordenação, e como elas poderão ajudar essas comunidades. Além dos kits educativos, foram também discutidas diferentes formas tecnológicas para a melhoria da extração de óleos essenciais e substâncias da floresta, que poderão ajudar na evolução desses povos.

A presença da ministra dos povos indígenas, Sonia Guajajara, e do embaixador do Brasil, Everton Vieira Vargas, reforçaram a importância e a necessidade de uma atuação conjunta da ciência para com os povos indígenas do mundo, em especial os brasileiros.

“Como salientado pelo Papa, a união das experiências positivas e seu compartilhamento, de forma coordenada, que poderão ser os elementos principais na condução dos problemas atuais existentes. Como fruto desta reunião de dois dias, teremos um documento que será publicado em termos internacionais. Certamente, nossa preocupação como instituição científica é estar sempre à disposição de qualquer cidadão brasileiro, inclusive para adaptar e melhorar nossas tecnologias educacionais e para o tratamento de saúde, que possam ajudar a vida de todos, inclusive de nossos povos indígenas”, pontuou o Prof. Bagnato, que atualmente se considera preocupado com as melhorias no tratamento para as bactérias resistentes aos antibióticos, e que já estão, inclusive, atingindo os povos indígenas em todo o mundo.

Rui Sintra / Prof. Vanderlei Salvador Bagnato – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..