Notícias

18 de maio de 2012

A RMN e o ouro negro

Uma estratégia comum entre pesquisadores, com o objetivo de obter resultados mais rápidos em seus estudos (obviamente sem prejudicar a qualidade do trabalho), é analisar objetos, indiretamente.

Andre-TitoExemplo disso é a pesquisa desenvolvida pelo doutorando do Laboratório de Espectroscopia de Alta Resolução (LEAR) do Grupo de Ressonância Magnética do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), André Alves de Souza, que estuda rochas com características comuns às rochas de petróleo. Mas, em primeiro lugar, o que seriam as rochas de petróleo?

O petróleo, seja o que já é extraído em grande escala, seja o do pré-sal, fica armazenado dentro de rochas porosas (rochas de petróleo) e são capazes de manter o petróleo armazenado por muito tempo. “Essas rochas têm buracos, mesmo. É como se fossem esponjas bem pequenas”, exemplifica André.

As rochas estudadas por André não são retiradas de poços de petróleo, mas sim de pedreiras comuns, que ficam na superfície. Porém, as características entre ambas são muito similares. “Quando se explora um poço de petróleo, precisam-se saber três coisas: se tem petróleo – e não só água -, se o petróleo é leve ou pesado e, finalmente, como é o tipo de rocha na qual ele está armazenado”, elucida o pesquisador.

Diante das peculiaridades de cada rocha e tipo de petróleo que elas armazenam, estudar rochas “irmãs” é uma vantagem. Sendo assim, toda informação que as rochas comuns puderem fornecer, mesma análise pode ser feita no próprio poço de petróleo sobre as rochas que armazenam o “ouro negro”. “Uma das rochas que estudamos é do mesmo tipo daquela que deu corpo ao Empire State Building“, conta.

Nesse momento, entra a técnica de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), estudada pelo aluno em seu doutorado, que servirá de ferramenta para identificar a porosidade e o tipo de petróleo que está sendo explorado.

A importância do estudo das rochas “irmãs”

Em alguns casos, há petróleo de boa qualidade, porém preso em uma rocha com poros muito pequenos. O gasto de energia para essa retirada do petróleo, por sua vez, será maior, encarecendo o preço do combustível. Portanto, algumas vezes, o custo da retirada não compensa o preço pelo qual o barril é vendido. “A técnica para retirada do petróleo não pode custar mais do que o preço do barril, senão não há lucro”, explica André.

Esses e outros motivos justificam a importância da pesquisa de André, que é direcionada para caracterização das rochas de reservatórios. Ainda durante o doutorado, ele teve oportunidade de realizar um estágio na empresa franco-americana, Schlumberger, a maior prestadora de serviços para campos de petróleo, o que trouxe mais “combustível” à sua pesquisa (e novas informações).

Em 2010, André realizou seu estágio (de cinco meses) em um dos centros de pesquisas da Schlumberger, a Schlumberger-Doll Research (Boston-EUA) e, após o término, foi efetivado na empresa, mas, dessa vez, para trabalhar no recém-inaugurado centro de pesquisas brasileiro da empresa, a Schlumberger Brasil Research and Geoengineering Center, sediado no Rio de Janeiro e focado na gestão de conhecimento sobre o pré-sal.

Embora não diretamente relacionada ao novo trabalho de André, sua pesquisa no IFSC o auxilia em grande parte de suas tarefas. “Por RMN, será possível extrair informações sobre as rochas de petróleo e sobre o próprio petróleo, o que poderá ajudar na montagem de um plano para exploração do combustível”, explica.

A RMN e o petróleo

Andre-Tito-1Os estudos de André são mais voltados aos fluidos dentro da rocha do que à rocha, propriamente dita. Tais rochas, que tem comum com as rochas de petróleo, principalmente, a porosidade e permeabilidade, são ocas. Por isso, são saturadas com salmoura (água e sal), para deixá-las ainda mais parecidas com as rochas de petróleo. “Podemos enchê-las com óleo, também, que imita o petróleo”, conta, “mas, o que nos importa é o óleo, e não a rocha. O tipo de rocha reservatório é que irá determinar se a extração em uma determinada jazida será economicamente viável ou não. Daí a importância em se estudar rochas porosas”.

A grande questão é como a medida de RMN possibilita que se conheça a rocha, ou seja, quanto de óleo cabe nela, o que informa, consequentemente, o quanto de partes vazias existe. “Isso me informa a capacidade da rocha de armazenar o petróleo. No quesito porosidade, quanto mais permeável for a rocha, mais fácil será extrair o petróleo armazenado”, explica André.

Tais informações são úteis à indústria, que poderá usá-las para aprimorar técnicas de extração de petróleo já existentes ou, até mesmo, criar novas. Com dados sobre permeabilidade e porosidade das rochas de petróleo em mãos, o processo é simplificado e otimizado. “O resultado de minha tese é, justamente, uma melhoria do modelo já existente de RMN para a caracterização de rochas porosas”.

O que já foi descoberto durante o desenvolvimento da tese de André, imediatamente será utilizado em seu trabalho. Quanto a projeções futuras, somente a continuidade das pesquisas e o misterioso oceano é que poderão dizer.

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..