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26 de agosto de 2013

A poderosa técnica para exterminar o mosquito

Você já deve ter cansado de escutar que qualquer local que possibilite o acúmulo de água limpa e parada serve de “residência” para o mosquito Aedes aegypti , causador da dengue, e que essa proliferação se dá em maior quantidade no ambiente doméstico (90%), graças à água limpa acumulada nos vasos de plantas, garrafas plásticas, pneus etc. Você também já deve saber que cobrindo caixas d´água, esvaziando garrafas, latas e baldes e guardando-os num local coberto e não deixar pneus expostos são pequenas ações que podem evitar a reprodução do inseto.

Mesmo que a população tenha ciência de como evitar a propagação do mosquito da dengue, casos da doença continuam tendo número considerável no Brasil e no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Nati_e_LarissaSaúde (OMS), 80 milhões de novos casos de dengue são registrados anualmente e suas manifestações clínicas podem ir desde uma simples síndrome viral até quadros graves de hemorragias e choques, levando à morte do infectado.

Para conter essa antiga (e notória) epidemia, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) em parceria com o Departamento de Hidráulica da USP e com o Departamento de Hidrobiologia da UFSCar* têm utilizado a terapia fotodinâmica para eliminar o mosquito.

O projeto, de autoria da mestranda em biotecnologia da UFSCar, Larissa Marila de Souza, sob orientação dos pesquisadores do Grupo de Óptica (GO) do IFSC, Natália Mayumi Inada e Vanderlei Salvador Bagnato, é vinculado a vetores urbanos, especificamente ao Aedes aegypti.

Em um de seus experimentos, Larissa mergulhou larvas de diferentes estágios** do mosquito da dengue em uma solução na qual se encontrava dissolvida uma droga fotossensibilizadora*** (Photogem®). Depois disso, expôs a solução com as larvas a diferentes fontes de luz (solar, lâmpadas fluorescentes e LEDs) e foi quando verificou que a mortalidade das larvas foi bastante significativa: acima de 90% quando expostas à luz solar e a lâmpadas fluorescentes e entre 70 e 80% quando expostas aos LEDs.

A Terapia Fotodinâmica é resultado da interação do fotossensiblizador com a luz e com o oxigênio, e é uma técnica constantemente utilizada pelo Grupo de Óptica no tratamento de lesões malignas e no controle microbiológico, e agora também no controle das larvas do Aedes aegypti. “Estamos, paralelamente, testando outras substâncias químicas fotossensibilizadoras: a clorina, que mata fungos e bactérias com uma eficiência quântica muito grande, e a curcumina produzida a partir das raízes do açafrão”, explica Natália.

Mas, os bons resultados não param por aí: além dos testes com larvas, Larissa realizou experimentos com os mosquitos adultos da dengue. Ela dissolveu o Photogem® em sangue de carneiro e açúcar e alimentou fêmeas e machos do Aedes aegypti criados em laboratório. “Os mosquitos são atraídos pela temperatura, então aqueci o sangue, mas não adiantou. Então, adicionei o açúcar e deu certo”, conta a mestranda.

Nati_e_Larissa-2Através de microscopia óptica confocal de fluorescência, Larissa pôde observar a presença do Photogem® no trato digestório e glândulas salivares das larvas. Além disso, os ovos resultantes do acasalamento dos mosquitos com Photogem® no organismo não eclodiram. “Ainda precisamos fazer mais experimentos para saber, com certeza, se a não eclosão dos ovos está relacionada à presença do fotossesibilizador no organismo dos vetores”, ressalta Larissa.

O principal objetivo da pesquisa em questão é a produção de um composto capaz de eliminar o mosquito da dengue, mas estudos de impacto ambiental também serão realizados simultaneamente, já que os larvicidas utilizados atualmente para o extermínio do Aedes aegypti contaminam o ambiente. “Uma das grandes preocupações desse projeto é conseguir, além da morte de larvas e mosquitos causadores da dengue, oferecer uma nova terapia que seja ecologicamente correta, ou seja, que a água ou solo, nos quais será dissolvida a substância química, não sejam contaminados”, explica Natália.

O trabalho, mesmo em seu início, já oferece resultados animadores. Inclusive, quando apresentado no 14º World Congress of the International Photodynamic Association, foi premiado como o melhor poster do congresso. Com isso, muito em breve, um novo método será encontrado para o extermínio da dengue, o que fará com que o Aedes aegypti pense duas vezes antes de colocar “as asinhas de fora”.

*os pesquisadores envolvidos na pesquisa são: Suzana Trivinho Strixino (UFSCar), Cristina Kurachi (IFSC/USP), Juliano José Corbi (EESC/USP), Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), Natália Mayumi Inada (IFSC/USP), Sebastião Pratavieira (IFSC/USP) e Francisco Guimarães (IFSC/USP).

** a larva do Aedes aegypti passa por quatro estágios diferentes antes de se tornar pupa e transformar-se no mosquito

*** moléculas capazes de interagir com a luz gerando espécies altamente reativas, tais como o oxigênio singleto.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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