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23 de outubro de 2012

A fórmula para tornar as pesquisas inteligíveis

Poesia e artigo científico: o que eles têm em comum? São gêneros textuais e possuem um formato único- e muito bem definido. Mas, quando falamos em poesia, seu formato (versos) é imediatamente visualizado. No caso do artigo científico, você consegue enxergar sua forma com essa facilidade e imediatismo?

Semana_da_EscritaSe sua resposta foi não, sem sustos! Você não é o único. Grande parte dos pesquisadores, quando diante de um editor de texto, não faz ideia de por onde começar e, mesmo aqueles que possuem o conteúdo na ponta da língua, não estão familiarizados com o formato correto de um artigo científico.

Alguns termos como communications ou letters, artigo regular e artigos de revisão precisam estar na ponta da língua e “da mente” do pesquisador. “Para cada um desses casos, pode existir uma estrutura. Por isso, na hora de escrever um artigo, essa é a primeira definição a ser feita para que o autor esteja atento ao formato que deve ser seguido”, explica o editor científico e docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Valtencir Zucolotto.

A gramática e o formato corretos de um artigo científico são de igual importância. Afinal, como dar valor ao que não pode ser compreendido? Da mesma maneira, se o português for impecável, mas o formato não for obedecido, o artigo será barrado de imediato. “A linguagem técnica não deve ser deixada de lado, mas deve ser escrita de uma maneira fácil e correta. Sem clareza e concisão, o artigo pode até vir a ser publicado, mas não causará impacto sobre os leitores”, enfatiza Zucolotto.

Para o docente, que desenvolve e ministra disciplinas e minicursos de Estruturação e Linguagem de Artigos Científicos, no Brasil e no exterior, uma das maiores dificuldades dos brasileiros na hora de redigir um artigo científico é a falta de orientação. Cursos de escrita científica são escassos e isso é preocupante, uma vez que os artigos científicos são o “passaporte” para que o conhecimento acadêmico chegue a outros pesquisadores e à própria sociedade. “O primeiro passo para melhoria da qualidade de vida do ser humano é a divulgação das pesquisas científicas. Com isso, será possível pensar em maneiras de melhorá-la, efetivamente”, afirma Zucolotto.

Portanto, para suprir a demanda cada vez maior de pedidos de orientações e instruções para a escrita de artigos científicos, a Universidade de São Paulo (USP) lançou, em maio deste ano, o Portal da Escrita Científica com conteúdo voltado exclusivamente ao assunto. No Portal é possível encontrar cursos completos, tanto em formato impresso como em vídeo-aulas, disciplinas oferecidas no campus relacionadas ao assunto, glossário de palavras chave (como “bibliometria”, “fator de impacto” e “índice H”), entre outras ferramentas.

Em 2012, o IFSC realizará a 3ª edição da “Semana da Escrita Científica”, um evento que contará com a presença de diversos especialistas que ministrarão cursos e palestras aos participantes, incluindo Zucolotto (IFSC), Luis Reynaldo Alleoni (ABEC), Hélio Kuramoto (IBCT/COEP), Osvaldo Oliveira Jr. (IFSC/USP), Edgar Zanotto (UFSCar) e Juliana Takahashi (USP). Este ano, a Semana de Escrita do IFSC traz como tema a questão da “Publicação Open Access“. Vários cientistas e editores de revistas discutirão as principais vantagens, desvantagens e perspectivas dessa temática, que tem sido amplamente discutida e apoiada por grandes universidades americanas e europeias.

Essa é mais uma oportunidade para que pesquisadores de graduação, pós-graduação, docentes ou, simplesmente, curiosos, entrem em contato com o mundo “literário” da pesquisa e possam fixar maneiras novas, corretas e inteligíveis de transmitir seu conhecimento e, sobretudo, prestar contas à sociedade.

A importância do curso

Zucolotto, que coordena a 3ª edição da Semana de Escrita Científica, explica que, além de aspectos de estrutura e linguagem, o curso aborda conceitos importantes, como, por exemplo, onde começa e termina o processo de publicação, além da noção de timing, ou seja, a hora exata para publicação de um artigo. “No primeiro caso, é importante ressaltar que o artigo científico não ‘nasce’ com a tese ou dissertação, ao contrário do que muitos pesquisadores e alunos acreditam, mas sim com o design adequado de um projeto de pesquisa. A publicação científica, com exceção de artigos de revisão, é feita de novidades”, diz. “Por isso, se o projeto de pesquisa não for bem estruturado, visando avançar na área do conhecimento com coisas novas, é impossível gerar publicações de alto impacto, como aquelas encontradas em grandes revistas, como a Nature ou Science“.

Ainda de acordo com o docente, depois de se pensar em todas as características acima, uma vez que a novidade exista (pesquisa com resultados inéditos), dois parâmetros importantíssimos entram em cena para a produção do artigo científico: conhecimento da língua e conhecimento do gênero. “Não basta apenas ser fluente em inglês. É preciso saber o que é um artigo científico e o que o leitor espera encontrar ao acessá-lo. Em áreas de exatas, engenharias, biológicas e biomédicas, por exemplo, a escrita científica deve ser clara e concisa”, diz. E acrescenta: “Não há lugar num artigo científico de alto impacto para informações que não sejam extremamente relevantes. As informações devem ‘saltar aos olhos’ do leitor da maneira mais rápida e clara possível, a começar pelo título”, conclui Zucolotto.

3ª Semana da Escrita Científica do IFSC

Data: 6 a 8 de Novembro de 2012

Local: auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”

Inscrições: pela internet, através do endereço http://www.biblioteca.ifsc.usp.br/semanadaescrita/3/

Mais informações e acesso aos cursos do prof. Zucolotto:

www.nanomedicina.com.br/minicursos

www.escritacientifica.sc.usp.br

twitter.com/writingpapers

 

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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