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3 de maio de 2013

O trabalho de Brian Wilson

Atualmente, pesquisadores do Brasil e do mundo sabem que “a bola da vez” nas pesquisas acadêmicas pode ser resumida em uma única palavra: multidisciplinaridade. No Brasil, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principais financiadores de pesquisas brasileiras, já criaram programas que incentivam a colaboração mútua entre áreas do conhecimento distintas para o desenvolvimento de vários estudos e os resultados têm sido satisfatórios.

Brian_WilsonTal realidade também se aplica a estudos no exterior e a prova disso é o estudo desenvolvido pelo pesquisador do Ontario Cancer Institute (Canadá), Brian Wilson, que participou da Escola Avançada de Biofotônica ocorrida entre 11 e 19 de abril no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Brian, formado e pós-graduado em física, sempre teve vontade de aplicar os trabalhos e pesquisas desenvolvidos durante sua vida acadêmica. Por sorte, acaso, ou ambos, logo após terminar seu doutorado conseguiu um emprego no Institute of Cancer Research (Inglaterra), o que possibilitou que sua vontade de aplicar a ciência fosse concretizada, a partir de então. “Eu já tinha iniciado um pós-doutorado em física de partículas quando recebi essa proposta. Tive muita sorte!”, relembra o pesquisador.

Desde então e paralelamente, Brian desenvolve pesquisas relacionadas à física na área de saúde, aplicando-as simultaneamente aos casos práticos com os quais trabalha atualmente no instituto do câncer canadense. Seu laboratório fica, inclusive, alocado no hospital, o que possibilita o contato contínuo entre pesquisa e aplicação. “Desde que trabalho em hospitais, há quarenta anos, os estudos são diretamente convertidos aos pacientes”, afirma.

E exemplos atuais comprovam esse fato. Um dos estudos de Brian é no auxílio a neurocirurgiões no uso de imagens fluorescentes, baseadas em princípios físicos, capazes de mostrar restos de tecidos tumorais não retirados durante uma cirurgia. “Alguns médicos, no momento da cirurgia, utilizam-se de ressonância magnética, que é também um princípio físico, para remoção de tumores. No final da cirurgia, o processo é muito crítico, pois restam pequenos tumores que os cirurgiões não conseguem ver e que podem crescer novamente. A imagens possibilitam a visualização desses perigosos resquícios”, explica.

Brian conta que os estudantes que ajudam no desenvolvimento dessa e de outras técnicas assistem às cirurgias, trabalhando diretamente com os cirurgiões e tendo acesso imediato aos resultados das técnicas estudadas em laboratório.

Outro importante estudo de Brian, também relacionado com técnicas de terapia fotodinâmica, diz respeito ao câncer de próstata. Ele conta que o método comumente utilizado pela maioria dos pacientes para cura desse tipo de câncer é a radioterapia, tratamento invasivo que, além de não descartar o retorno do tumor, impede que o paciente realize novas cirurgias.

É quando entra emBrian_Wilson-1 cena o estudo de Brian, no qual são emitidos lasers no tumor da próstata e sensibilizados pela radiação. Até o momento, 50% dos pacientes tratados com essa técnica tiveram o tumor removido completamente. “É claro que esse resultado seria melhor se tivéssemos 100% dos pacientes curados, mas, como não restam mais opções a eles, pelo menos metade pode ser ajudada e curada”, conta Brian. “Mais importante do que isso é que os pacientes que não respondem ao tratamento logo de início, podem realizar o procedimento inúmeras vezes, pois o corpo não cria resistência a esse tipo de tratamento, diferente da radioterapia”.

No começo de abril deste ano, Brian comemorou a cura integral de um de seus pacientes através de terapia fotodinâmica. Ele conta que o câncer de próstata já havia se espalhado na espinha do paciente, o que fez com que este perdesse os movimentos das pernas e braços e sentisse muita dor, uma vez que o tumor enfraquece os ossos, destruindo-os. A terapia fotodinâmica foi utilizada para remover o tumor e o paciente já recuperou os movimentos perdidos e sente muito menos dor. “Queremos combinar a terapia fotodinâmica com nanotecnologia. Essa, sem dúvidas, é uma área em grande crescimento”, afirma o pesquisador.

Sobre as pesquisas que envolvem a física e outras áreas diversas, Brian diz que uma das coisas mais empolgantes ocorridas entre os últimos 10 e 20 anos é a combinação da física com engenharia, biologia molecular, nanotecnologia etc., com o propósito de convertê-las em soluções e aplicações práticas para cura de diversos males. “É possível, hoje, desenvolver técnicas específicas para cada caso; elas servem de ponte entre a pesquisa básica e a prática clínica. A análise por imagens é completamente dependente da física e é onde a física ganha um papel extremamente importante no mundo da ciência, tecnologia e saúde”, finaliza o pesquisador.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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