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29 de julho de 2015

A contribuição do IFSC/USP na construção de telescópios do CTA

Em uma reunião que aconteceu recentemente raios_gama_200em Berlim (Alemanha), especialistas concluíram que as construções dos observatórios do Cherenkov Telescope Array – CTA serão efetivadas no Chile e nas Ilhas Canárias (Espanha), beneficiando-se das excelentes condições e qualidades atmosféricas encontradas em ambas as regiões. O CTA é um grande projeto, cujo intuito é medir raios gamas vindos do espaço e estudar os diversos mistérios de nosso Universo, incluindo a matéria escura – algo que se sabe que existe, porém não se consegue enxergar -, formação estelar, produção de partículas em buracos negros, entre outros fenômenos.

Os observatórios do CTA serão constituídos por uma centena de telescópios de três tipos: quatro grandes (24 metros), vinte e cinco médios (12 metros) e outras dezenas de telescópios pequenos (6 metros). Eles serão instalados no observatório que será construído no Chile, enquanto que algumas dezenas desses equipamentos também serão montadas no observatório que estará sediado nas Ilhas Canárias.

Na citada reunião, os pesquisadores conheceram o protótipo do telescópio médio, chamado Middle Size Telescope, cujo “braço” de aço, que sustenta a câmera do equipamento, foi desenvolvido pela empresa Orbital Engenharia (Brasil), sob coordenação do Prof. Dr. Luiz Vitor de Souza Filho, docente e pesquisador do Grupo de Física Computacional e Instrumentação Aplicada do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do próprio IFSC/USP. O telescópio, que pesa cerca de 70 toneladas, é formado por uma torre de sustentação, uma superfície refletora (espelhos) e pelo braço, que pesa quase cinco toneladas e que tem dezesseis metros de comprimento.

PROTOTIPO_MST_500

Protótipo do Middle Size Telescope

Com o desenvolvimento dessa parte do telescópio, os pesquisadores brasileiros também tiveram que projetar e elaborar um dispositivo de ajuste que não encontraram no mercado. Esse mecanismo, que fica embaixo de três toneladas, serve para ajustar, milimetricamente, a ponta da estrutura que sustenta a câmera. Em breve, o dispositivo deverá ser patenteado por meio da Agência USP de Inovação.

Luiz Vitor, que se envolveu com o projeto assim que o conheceu (2008), ministrou diversos seminários com a finalidade de reunir ainda mais pesquisadores nessa iniciativa. Hoje, o docente do IFSC/USP é um dos cerca de vinte especialistas brasileiros que colaboram com a construção dos dois observatórios. Me envolvi com o projeto do CTA, porque ele tem um escopo científico muito interessante e porque tem sobreposição com as pesquisas que temos feito no Brasil, explica ele, destacando que o Cherenkov Telescope Array deverá resultar em uma quantidade imensa de descobertas, revolucionando quase tudo o que já se sabe na área da astrofísica.

LUIZ_VITOR_350Vitor reconhece o desafio e a importância desse projeto ambicioso. Não sou especialista em construção de estrutura metálica. Por outro lado, os engenheiros da empresa brasileira nunca tinham construído um telescópio. Entretanto, a junção dos nossos saberes resultou em um desenvolvimento vitorioso. Trabalhar na construção dos observatórios é muito interessante e desafiador, porque envolve várias visões diferentes para alcançar um único objetivo, revela ele, que também sublinha a extrema habilidade que o projeto exige de todos os membros envolvidos nessa iniciativa.

O docente também relata as complexidades da construção do braço do telescópio, tendo em vista que, como esses equipamentos ficarão sujeitos a diversas situações climáticas, foi necessário escolher cada material com muita cautela, para que suas estruturas não ficassem prejudicadas. Esses telescópios ficarão expostos no meio-ambiente, então precisarão sobreviver a temperaturas muito quentes e também muito frias. Além disso, várias estruturas estão sujeitas a vibrações, podendo comprometer os telescópios, por isso os pesquisadores também executaram testes, onde concluíram que o aço é o material mais adequado para ser utilizado nesses equipamentos, em razão da sua qualidade e de seu baixo custo.

Até o presente momento, apenas o protótipo do telescópio médio foi construído. Contudo, os pesquisadores brasileiros deverão solicitar mais financiamento para que possam construir as demais estruturas dos telescópios, que deverão ser montados, inicialmente, no observatório que será edificado no Chile e que deverá estar funcionando a partir de 2017, quando os primeiros equipamentos estiverem instalados.

Confira um curto vídeo do protótipo do Middle Size Telescope, AQUI.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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