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18 de novembro de 2011

A ciência em prol da humanidade

CT

Para grande maioria, Ciência parece algo distante e extremamente difícil de ser compreendida. Enquanto a segunda afirmação, em um país como o nosso- e até mesmo em grande parte dos países do mundo- tem sentido e, infelizmente, acaba sendo uma realidade, a primeira, por outro lado, é errônea.

Do mais leigo ao mais entendido sobre qualquer assunto de natureza científica, nesse quesito a ciência é democrática: de alguma maneira, todos nós somos afetados por uma descoberta, pesquisa ou estudo.

E uma coisa é certa: o crescimento de um país e o conforto da sociedade depende, muitas vezes em primeiro lugar, do grau de desenvolvimento científico e tecnológico do mesmo. Ao observar nações de primeiro mundo, é possível notar que seus governos investem, expressivamente, em pesquisas. Em conjunto, empresas sediadas nesses países financiam estudos e contratam pesquisadores em seu quadro de prestação de serviços.

E no Brasil? Como funcionam os investimentos em Ciência e Tecnologia (C&T)?

Por aqui, os investimentos em C&T são bons. Atualmente, são em torno de R$30 bilhões em C&T, mais ou menos 1,9% do PIB brasileiro. Para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), 1,1% do PIB é direcionado. Mesmo assim, ainda estamos um pouco distantes do ideal.

Ao mesmo tempo, com a crise financeira que se abateu sobre Estados Unidos e Europa, e que atinge o Brasil, mesmo que muito pouco, os investimentos em C&T podem recuar, em curto prazo. “Com incertezas e flutuações no mercado, temos um setor vulnerável para lidar com essa situação”, afirma José Fabian Schneider, docente e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Um novo paradigma científico/tecnológico

O futuro de C&T, no país, pode estar na formação de grandes redes de pesquisa, que já fazem parte do cenário brasileiro. Exemplos disso são os Centros de Pesquisa de Inovação e Difusão (CEPID) e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). “Esses centros obrigam os pesquisadores a formar grandes redes. Pesquisadores trabalhando sozinhos não é algo que funciona muito bem. Já os centros de pesquisa incitam colaborações entre diversas instituições e linhas de pesquisa interdisciplinares que, no final do caminho, serão direcionadas a pesquisas aplicadas”.

Nos casos de CEPID e INCT, além do citado acima, estes incentivam pesquisas básicas, difusão e aplicação, em termos de patentes e tecnologia, embora ainda não estejam definidas as áreas para as quais tais pesquisas serão direcionadas. “Olhando pela perspectiva do estado de São Paulo, que é privilegiado, não podemos reclamar sobre o volume de recursos. O que é preciso ser discutido é como agências de fomento irão investir em programas de pesquisa”, diz Schneider.

No que diz respeito à pesquisa aplicada, o Brasil fica atrás de muitos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo é o protagonista em financiar pesquisas básicas. Por outro lado, quando se trata da parte aplicada, a indústria entra no cenário e investe pesado e, na realização de tais pesquisas, elas disparam na frente de governo, Universidades e outras instituições sem fins lucrativos. “Nossa pesquisa básica compete frente a frente com países desenvolvidos. Mas, entre básico e aplicado, aqui existe um grande abismo. Parte disso é culpa nossa [acadêmicos] e também do sistema produtivo, que investe pouco ou quase nada”, afirma o pesquisador.

Schneider, que trabalhou em alguns projetos na Alemanha, conta que a maioria dos estudantes, ao terminar o doutorado, por exemplo, já passa a trabalhar na indústria. “Trabalhei em departamentos de química e vi que o contato com a indústria é enorme. Lá existem muitas parcerias entre universidades e empresas. Para as empresas, não deixa de ser um investimento de risco, pois o resultado final pode ser um produto científico relevante, mas a ideia pode não servir. Por outro lado, se o produto dá certo, o retorno é muito grande”, diz.

Enxergar além: uma questão de saúde pública

SchneiderNo próprio IFSC, muitos exemplos servem para dar corpo ao que já foi escrito. Diversas pesquisas aplicadas, principalmente relacionadas ao tratamento e diagnóstico de doenças, criação de novos materiais- como nanomateriais e células fotovoltaicas-, bioenergia, softwares etc. são desenvolvidas no Instituto. “Tudo isso começa na pesquisa básica, mas é preciso de um parceiro ‘do outro lado’ para nos dizer do que o mercado precisa. Esse parceiro não saberá como gerar as demandas da sociedade e é aí que os pesquisadores entram”, conta Schneider.

O docente ainda deixa claro que muitos investimentos dão resultado em médio e longo prazo. Novos materiais podem demorar até dez anos para poderem ser utilizados. Mas, a continuidade da pesquisa e, sobretudo, o investimento na mesma, deve ser constante.

Isso traz ganhos que vão além da saúde física da população. Os benefícios financeiros, através da inovação, são significativos e, a partir do momento que se opta por transformar uma pesquisa em produto, o país pode gerar mais empregos e mais dinheiro, obviamente. “Se o pesquisador ajuda no desenvolvimento de algum produto, faz a patente e consegue comercializá-lo no mercado externo, entra dinheiro em nossa balança comercial”, explica Schneider.

Exemplo disso foi um produto desenvolvido na empresa Opto. Jarbas Caiado de Castro Neto, atual presidente da empresa e um de seus fundadores, conta que “o ‘refletor odontológico’, que foi desenvolvido em 1990, teve grande sucesso no exterior, pois vendíamos por menos da metade do preço cobrado internacionalmente. Chegamos a ter mais de 50% do mercado mundial com ele”, conta.

Um novo olhar vindo da academia

No caso da Universidade de São Paulo (USP), a Agência USP de Inovação é um bom exemplo e tem servido como ótimo instrumento para auxiliar pesquisadores. “O papel da Agência é fundamental para nós! Sabemos como escrever um artigo científico, mas não conhecemos os passos e trâmites para se solicitar uma patente, questões legais envolvidas etc., e a Agência cuida disso tudo”, conta Schneider que, há dois anos, patenteou um material fotocrômico, produzido por seu grupo de pesquisa, que detecta radiações ultravioletas e faz dosimetria através dessas radiações.

Outra questão relevante, que deve ser pensada, com urgência, principalmente no caso brasileiro, é como atrair mais pesquisadores e dar continuidade às pesquisas de qualidade, quando a educação básica é tão defasada. Na opinião de Schneider, no que cabe à Universidade, é essencial que se divulgue o que vem sendo realizado, de uma maneira simples e inteligível. “Se as pessoas não se dão conta da importância disso tudo, elas não defenderão esses investimentos. É preciso que a ciência esteja presente nas comunidades, seja nas escolas, em eventos, em shoppings, aonde for! Essa é uma das maneiras de se atrair jovens talentos”.

Ainda de acordo com o docente, os CEPID terão papel importante nesse quesito, pois ficarão atentos com a divulgação de tudo o que for feito e concluído por pesquisadores. “Mostrar aos jovens como funciona a ciência e que é possível realizá-la e entendê-la: esse é o maior incentivo ao futuro pesquisador”.

Novamente, no IFSC, várias ações dessa natureza são realizadas: “Universitário por Um Dia”, Escolas Avançadas e visitas ao CDCC são algumas das iniciativas que tentam aproximar estudantes do ensino médio da vida acadêmica.

Portanto, o que se pode notar é que, para que haja um desenvolvimento genuíno na sociedade, puxado pela ciência, tecnologia e inovação, é preciso uma colaboração coletiva. Governo, empresas e Universidades, com certeza, são os protagonistas nesse cenário e os responsáveis para que a história do desenvolvimento brasileiro tenha um autêntico final feliz.

Fontes: http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/09/para-o-governo-empresas-investem-pouco-em-inovacao.html

http://www.ifi.unicamp.br/~brito/artigos/fsp/c&t01a.html

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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