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12 de janeiro de 2012

A alta tecnologia na Universidade

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Há mais de 70 anos, quando você, leitor, nem sonhava com a internet e muito menos com sua popularização e uso comercial, o físico indiano Narinder Singh Kanpany trabalhava com uma tecnologia que revolucionaria a maneira como as informações são transmitidas pela rede.

Narinder foi o inventor da fibra óptica (1930), tecnologia, hoje amplamente utilizada para transmissão de informações digitais, por longas distâncias. Para aqueles que se recordam da ineficiência da internet discada, a fibra óptica pode ser considerada o objeto de maior admiração – e inveja – da prototípica e ineficiente conexão por linha comutada.

A comunidade científica, que desde o início teve muito a ver com esse achado (prova disso é ele ter sido inventado por um físico), sempre buscou maneiras eficientes não só de transmitir a informação, mas torná-la acessível ao maior número de pessoas. E, embora a fibra óptica ainda esteja um pouco distante de sua popularização, muitos estudiosos brasileiros – através do financiamento de agências de fomento – têm trabalhado para que esse fato ocorra rapidamente.

Uma dessas agências – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) -, criou, em 2001, a Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (TIDIA), programa lançado com o objetivo principal de transformar a internet em objeto de pesquisa.

Dessa forma, muitos estudiosos se interessaram pelo programa e passaram a fazer parte dele. Um deles, Carlos Antonio Ruggiero, docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), abraçou a causa e integrou-se ao Kyatera – um dos subprojetos contemplados pelo TIDIA. A FAPESP tem um papel muito importante em relação à internet, pois foi graças à sua atuação que houve a primeira conexão da internet do Brasil com os Estados Unidos. Isso em 1991, relembra Ruggiero. Nessa época, eu era licenciado pelo IFSC, para coordenar o CCE [Centro de Computação Eletrônica da USP], e ligamos a USP à internet duas semanas após a FAPESP ter feito o mesmo, ou seja, a USP foi a segunda instituição do Brasil a se conectar na internet.

Dois anos após o lançamento do TIDIA, vários projetos de pesquisa (incluindo o Kyatera) receberam as verbas para serem concretizados. A FAPESP financiou nosso projeto com R$1 milhão, mas o total de investimentos foi muito maior, no valor de R$8 milhões, conta o docente.

A tecnologia moderna no interior

TotAtravés do Kyatera, uma rede de fibra óptica foi disponibilizada para ser instalada em todo Estado de São Paulo. Assim, foram definidos três polos principais, para serem as “espinhas dorsais” da poderosa rede. São Paulo, Campinas e São Carlos foram as cidades escolhidas, por concentrarem maior volume de tráfego. Pelo fato de os cursos de ciências exatas da USP, fora de São Paulo, estarem em São Carlos, o tráfego, aqui, sempre foi muito alto, quase igual ao de Campinas, explica Carlos Antonio.

Dessa forma, a velocidade da internet nas três cidades, através dessa rede, chegava a 10 Gigabites por segundo, com o plus de 10 Gigabites (previstos pela redundância), somando uma velocidade de conexão impensável para grande parte dos usuários comuns. Essa é uma rede voltada a pesquisadores, especialmente àqueles ligados com pesquisa em rede de computadores, conta Ruggiero.

A consequência disso, especificamente para São Carlos, foi a construção de três redes de fibra óptica, tanto no campus da USP, quanto na cidade de São Carlos, onde qualquer usuário interessado em trabalhar com redes também pode usufruir. Essa rede liga profissionais da Física, Engenharia Elétrica e Computação da USP, além do Departamento de Computação da UFSCar [Universidade Federal de São Carlos], acrescenta Ruggiero.

Assim, o número de fibras ópticas, no campus, foi significativamente ampliado. Temos, aqui, no campus, cabos com 144 fibras passando, e o CISC [Centro de Informática da USP de São Carlos] toma conta de algumas dessas fibras, complementa o docente.

Do campus à cidade

De acordo com Carlos Antonio, o TIDIA, desde seu projeto inicial, objetiva chegar a toda comunidade – embora, até o presente momento, seja somente utilizado por pesquisadores. Inicialmente, o TIDIA foi projetado para o uso daqueles que trabalham com redes e é óbvio que isso será repassado a todos, mas esse processo atrasou, conta.

Ele afirma que, em 2012, há grandes chances de que o projeto tenha um rápido andamento e todos possam usufruir da (praticamente) inédita velocidade de transmissão de informações, através das fibras ópticas. A infraestrutura está pronta, mas para fazer essa transferência à comunidade é preciso que ela esteja funcionando perfeitamente, conclui o docente.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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