Há três anos, a Universidade de São Paulo (USP) premia as melhores teses apresentadas por seus pesquisadores. Na edição de 2014, os pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) Diego Raphael Amancio e Edson Giuliani Ramos Fernandes foram contemplados.
Diego, orientado pelo docente do IFSC Luciano da Fontoura Costa, e co-orientado pelo docente do IFSC Osvaldo Novais de Oliveira Jr., ficou com o prêmio de melhor tese por seu trabalho “Classificação de textos com redes complexas “, apresentado no IFSC em 2013. Diego desenvolveu um método capaz de classificar textos não pelo conteúdo, como já é feito atualmente, mas pelo arranjo das palavras que os compõem, maneira através da qual autores, obras e assuntos podem ser identificados. “Pela classificação tradicional, as buscas são feitas tendo como base o conteúdo dos textos, ou seja, por palavras-chave. Meu trabalho complementa essas buscas baseando-se no arranjo de palavras dos textos”, explica Diego.
O conceito de redes complexas foi o que norteou a pesquisa em questão. Utilizando-se de um software criado no Grupo de Computação Interdisciplinar do IFSC, Diego “transformou” as palavras dos textos analisados em vértices de redes complexas, buscando inter-relações entre elas, como, por exemplo, a quantidade de vezes que duas palavras aparecem juntas. “Esse trabalho teve diversas aplicações e nossas análises foram no reconhecimento de autoria de textos, análise do Manuscrito de Voynich, contextualização de palavras parônimas*, reconhecimento de estilos literários etc.”, exemplifica o pesquisador.
Já Edson Giuliani recebeu uma menção honrosa por sua tese defendida em 2012 com o título “Imobilização de enzimas em plataformas (sub) microestruturadas para aplicação em biossensores “. Orientado à época pelo docente do IFSC Valtencir Zucolotto, Edson trabalhou na fabricação de filmes finos poliméricos depositando-os sobre superfícies sensoras para aplicação em biossensores, neste caso no monitoramento da qualidade de vinhos tintos. “Uma parte da pesquisa foi realizada em colaboração com o pesquisador do IFSC Nirton Cristi Silva Vieira, que constrói o biossensor tendo como base transistores de efeito de campo“, explica Edson.
Outra parte do trabalho referiu-se ao uso de moléculas com propriedades miméticas de enzimas catalisadoras de reações químicas e altamente seletivas, capazes de reconhecer moléculas previamente escolhidas, o que, inclusive, inaugurou uma nova linha de pesquisa espanhola em biossensores.
Sobre o futuro- da pesquisa e dos pesquisadores
Quando questionado sobre o motivo pelo qual sua tese tenha recebido o prêmio em questão, Diego acredita que a aplicabilidade da pesquisa tenha sido o principal. “A modelagem que fizemos não é convencional na área de computação. Além de valer para outros sistemas que não tenham somente relação com análise de textos, trata-se de uma abordagem complementar à tradicional que considera somente o conteúdo dos textos para classificá-los”, conta Diego. Além do prêmio de Tese em Destaque da USP, a pesquisa de Diego rendeu a publicação de mais de uma dezena de artigos em periódicos internacionais.
Diego é agora docente do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), e integra o Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC), que reúne pesquisadores da USP de São Carlos (inclusive do IFSC), UFSCar, Unesp e outras instituições do país. Em sua atuação no NILC, Diego diz que pretende combinar diferentes estratégias para aprimorar as aplicações já desenvolvidas. “Atualmente, a sintaxe das palavras é nosso único referencial no modelo computacional desenvolvido. A ideia é tentar modificá-lo para que semântica das palavras também seja uma característica considerada”, conta.
Edson acredita que o mérito de sua pesquisa foi o fator internacionalização, já que o estudo envolveu três universidades: USP, Universidad de Valladolid (Espanha) e a Universitatea Dunǎrea de Jos Galati (Romênia). Além disso, para ele, os frutos deste trabalho foram fartos, com um total de seis artigos publicados em periódicos científicos, dez apresentações em congressos internacionais e uma patente. Além de estudos com biossensores, Edson também vem desenvolvendo pesquisas paralelas com hidrogéis inteligentes. Agora no pós-doutorado, ele também pretende dar continuidade a um adendo de sua tese: um biossensor capaz de diferenciar bactérias gram-positivas de gram-negativas, um dos gargalos de pesquisa quando o assunto é as indústrias sucroalcooleiras. Edson também foi professor substituto no IFSC e atualmente é pesquisador do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano- IFSC/USP ). Em seus planos futuros está a aprovação num concurso para docente. A torcida é para que este talento permaneça no Instituto.
Para conhecer os outros pesquisadores contemplados no Prêmio Tese Destaque USP, clique aqui.
*mesma grafia e pronúncia, mas com significado diferente
Assessoria de Comunicação