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4 de outubro de 2016

Uma física na indústria financeira

Que o mercado de trabalho necessita, cada dia mais, de físicos em seus quadros, não é novidade. Mas o que pouca gente sabe é que a área de gestão de riscos é uma das mais promissoras para contratação desse profissional.

Cora_Castelo_BrancoProva disso é a ex-aluna do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Cora Castelo Branco, que, há pouco mais de dois anos, trocou condensados de Bose-Einstein e átomos resfriados por modelagens matemáticas e estatísticas. “Quando comecei o doutorado, um amigo, que trabalhava com gestão de riscos em São Paulo, incentivou-me a fazer uma entrevista. Decidi que gostaria de ter a experiência no mercado de trabalho. Enviei currículo, fui chamada para uma entrevista e, em razão de minha formação, consegui o emprego”, relembra Cora.

Mas em que momento a física se tornou tão útil na indústria financeira a ponto de físicos tornaram-se um peça fundamental para trabalhar nesses locais? De acordo com Cora, todas as indústrias desse perfil têm alguma seção ou departamento focado na gestão de riscos, e não são somente as grandes empresas. “Essa questão da gestão de riscos na indústria financeira cresceu muito, especialmente depois da crise de 2008, que levou muitas pessoas e empresas à falência. Esse foi um marco para que determinadas instituições, especialmente bancos e seguradoras, ficassem mais atentos às suas responsabilidades sociais, pois prestam serviços ao cidadão. Por isso, a regulação sobre este tipo de mercado é muito mais pesada! Afinal, se uma empresa dessas vai à falência, é o dinheiro do cidadão, que não assumiu os riscos da empresa, que estará em jogo. A ideia agora é sempre a busca pela proteção do cliente”, conta.

E no quesito responsabilidade social, que ganhou força na indústria financeira no início do século, criou-se um novo formato de negócios, no qual a modelagem matemática para análise de riscos tornou-se imprescindível, bem como físicos capazes de realizá-las. “Em bancos, isso está muito mais avançado, mas, nas seguradoras, esse foco começou a ganhar relevância e, no momento, está em seu ápice. Acredito que haverá ainda mais oportunidades para os físicos nessa área e nesse tipo de empresa”, afirma Cora.

Além da gestão de riscos, os serviços que se utilizam de grandes bancos de dados (Big Data) também têm conquistado espaço, abrindo mais uma possibilidade de atuação do físico nesse mercado. E se torna ainda mais clara, nesses casos, a importância da atuação dos físicos, que, durante o curso de graduação, aprendem diversos conceitos chaves aplicáveis do dia a dia das indústrias financeiras. “Depois que entrei para esse mercado, consegui conectar muitas coisas que aprendi durante a graduação. O raciocínio lógico que o físico cria durante a graduação dá suporte para interpretar esse mundo financeiro de maneira sensacional, e isso é muito valorizado nesse tipo de empresa”, explica.

O primeiro contato de Cora com o mundo mercadológico-financeiro foi na empresa Ernst&Young que, de acordo com a física, “é conhecida por ser um trampolim de carreira”. Nesse emprego, Cora recebia um salário inicial de R$3.700,00, mais benefícios (plano de saúde, transporte, alimentação, previdência privada, participação nos lucros). Porém, pouco tempo depois, a física foi indicada para trabalhar na seguradora de automóveis alemã HDI, dessa vez como analista de dados no pilar quantitativo de gestão de riscos, e faturando quase o dobro do salário anterior: R$6 mil, mais benefícios.

Satisfação pessoal

Cora conta que, na Ernst&Young, o ritmo era bastante puxado, e que ela chegou a trabalhar, durante alguns meses, 70 horas por semana. Mas afirma que o exaustivo ritmo de trabalho lhe trouxe um aprendizado significativo. “Tive um curso intensivo sobre investimentos e programação aplicada. Na consultoria, você faz de tudo, e o emprego é muito dinâmico, além de ser uma possibilidade de se testar várias coisas e encontrar aquilo que você mais gosta”, conta.

Cora não esconde o entusiasmo ao falar de seu novo emprego na HDI. Além de ser uma empresa multinacional, o que traz ainda mais possibilidade de crescimento profissional para a física, as perspectivas são grandes, e não é à toa: além do bom salário, o incentivo à capacitação na empresa é uma das qualidades que Cora destaca. “Serei incentivada a fazer pós-graduação, MBA, e tudo será bancado pela empresa”.

Para os físicos interessados em seguir os passos profissionais de Cora, ela dá uma dica: é preciso ser curioso para ser bem-sucedido nessas empresas. “Tendo um problema à frente, é preciso ‘quebrar a cabeça’ para resolvê-lo da forma mais prática possível. Basta saber como utilizar bem as inúmeras ferramentas que nos foram apresentadas durante a graduação, bem como aplicar os conhecimentos que tivemos. A satisfação final de ter agregado algum valor naquela empresa, naquele trabalho, é a maior recompensa”, conclui.

Para aqueles que quiserem saber mais sobre a experiência de Cora, a ex-aluna estará presente na mesa redonda da Semana Integrada do Instituto de Física de São Carlos (SIFSC) que ocorrerá na terça, 4 de outubro. Clique aqui para mais informações.

Assessoria de Comunicação- IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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