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21 de setembro de 2012

Solicitação acadêmica é atendida por Ministério

No último domingo, 16 de setembro, em matéria intitulada País terá mais duas estatais neste ano, publicada na edição impressa do jornal O Estado de São Paulo, anunciou-se a criação de uma Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii) que, de acordo com a essa matéria, servirá de instrumento para “planejar e monitorar a ação pública e privada”.

Faria-Embrapii-1A criação da Embrapii, que será oficializada ainda este ano, surge graças a um documento redigido entre 2010 e 2011 por um time de pesquisadores brasileiros, que traz dados sobre o cenário brasileiro, especificamente sobre a ciência e tecnologia desenvolvidos no país.

O documento, que se transformou no livro intitulado Ciência, tecnologia e inovação para um Brasil competitivo, é o resultado de um trabalho coordenado pelo docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Roberto Mendonça Faria, com o apoio dos pesquisadores, Jacobus Willibrordus Swart (Unicamp), Jailson, Bittencourt de Andrade (UFBA) e João Batista Calixto (UFSC).

Com os números apresentados no documento – que demorou um ano e meio para ser elaborado – alguns fatores negativos foram evidenciados, principalmente sobre a baixa quantidade de empresas brasileiras dedicadas à produção de manufaturas tecnológicas. “As indústrias brasileiras de alta, média e, até mesmo, pequena intensidade tecnológica vêm perdendo muita competitividade no cenário internacional e isso é muito preocupante para o desenvolvimento do país”, afirma Faria, justificando a dissertação do documento.

Diante disso, o documento propõe diversas ações para reverter esse quadro e trazer melhoras nesse campo, inclusive sugerindo a criação de uma empresa brasileira de pesquisa na área de inovação tecnológica, pedido que foi atendido pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) este ano. “O que propusemos no livro foi a criação de uma empresa muito parecida com a Embrapa**, mas, obviamente, voltada à área de inovação tecnológica na indústria”, conta Faria.

Alarme soado

Durante a dissertação do documento, Faria e seus colaboradores apontam deficiências encontradas em setores industriais estratégicos e mostram urgência de melhora nos setores de bens de capital, semicondutores e eletrônica, químico, fármacos e medicamentos, e tecnologia da informação e comunicação. “Fazer a análise de uma situação de comércio internacional em diversos setores da indústria é algo muito complexo e difícil, que exigiu um estudo grande por parte dos membros responsáveis pela confecção do documento. Durante um ano e meio levantamos muitos dados de diferentes segmentos industriais estratégicos ao país que precisam melhorar urgentemente para que tenhamos um desenvolvimento efetivo”. Segundo Faria, o Brasil importa muitos produtos dos setores citados acima e, dessa forma, além de perder divisas em dinheiro, o setor industrial perde cada vez mais fôlego, aumentando o desemprego no país, entre outros fatores.

Ainda ligado a esses aspectos, o documento faz uma análise detalhada sobre a educação brasileira e aponta que, para que o país se torne competitivo, é preciso preparar melhor seu capital humano, começando, inclusive, pelo ensino fundamental. “Nesse aspecto, compete a toda sociedade dedicar-se a soluções no ensino fundamental, médio e universitário”, afirma Faria.

Sobre esse ponto, o docente fala sobre um dos “espelhos” para o Brasil, a Coreia do Sul, que há trinta anos tinha situação muito parecida com a brasileira, no que diz respeito à educação e à indústria, e hoje apresenta índices de desenvolvimento exemplares nessas duas áreas.

De acordo com Faria, uma comissão já foi montada para iniciar a construção da Embrapii e, embora sua estrutura física provavelmente demore alguns anos para ser concluída, as discussões em torno da nova empresa tecnológica devem estar a todo vapor ainda no decurso deste ano.

Faria-EmbrapiiSobre o papel das universidades e do governo, Faria destaca que é importante não esquecer as funções específicas que cabem a cada um. As primeiras têm a obrigação de capacitar pessoas, formar recursos humanos, enquanto que o governo deve oferecer subsídios para que pesquisas se tornem, quando possível, produtos ou projetos em benefício à sociedade. “O grande produto das universidades, por missão, é a formação de recursos humanos altamente competentes. Transformar esse conhecimento em processos ou produtos industriais não é missão da universidade, mas da indústria”, diz o docente.

Mas, a melhora do diálogo entre governo e pesquisadores já é nítida. Prova disso é a criação da Embrapii, sugerida em um documento escrito por pesquisadores e que terá papel fundamental no desenvolvimento da ciência e tecnologia do país.

Assim, o que se coloca à frente é o caminho inicial que o Brasil deve trilhar para seu efetivo desenvolvimento. Seguindo nessa direção, é provável que, num futuro muito próximo, governo, universidades e a sociedade, como um todo, estejam mais próximos uns dos outros, trazendo mais benefícios a todos e colocando o Brasil numa posição de destaque em diversos setores, inclusive no científico e, esperançosamente, no social.

Para saber mais sobre o livro Ciência, tecnologia e inovação para um Brasil competitivo, clique aqui.

* Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

** Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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