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21 de julho de 2020

Sensor colocado sobre a pele analisa substâncias presentes no suor

Um dos últimos destaque noticiosos publicado pela Agência FAPESP diz respeito ao desenvolvimento de um sensor vestível, impresso em nanocelulose microbiana, um polímero natural que foi criado por pesquisadores do IFSC/USP e do IQSC/USP, em colaboração com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Araraquara, Universidade de Araraquara (UNIARA), Universidade de Campinas (UNICAMP) e Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas, em um trabalho publicado na revista Talanta.

Este trabalho, coordenado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Jr., remete a dispositivo que poderá substituir, com vantagens, os sensores convencionais, impressos em superfícies plásticas. Aplicado sobre a pele, ele permite detectar várias substâncias presentes no suor, funcionando como um sensor não invasivo de amostras.

Robson Rosa da Silva, um dos pesquisadores que assinou o trabalho, salientou, em entrevista à Agência Fapesp, que “A nanocelulose microbiana é um polímero 100% natural, produzido por bactérias a partir do açúcar. Sua principal vantagem em relação ao plástico é que propicia uma interface muito maior com a pele e já é encontrada no mercado há alguns anos na forma de curativos. No entanto, ainda não havia sido estudada como matriz para a fabricação de sensores eletroquímicos”. Nos sensores de matriz plástica, a transpiração forma uma espécie de barreira entre a pele e o dispositivo, dificultando a detecção, e constituindo também um fator alergênico. “Já o sensor em nanocelulose é totalmente respirável: o suor consegue chegar até a camada ativa do eletrodo através da matriz de nanocelulose”, explica.

O sensor tem a forma de um pequeno adesivo retangular, com 1,5 centímetro de comprimento e 0,5 centímetro de largura e a espessura de uma folha de papel de seda, conseguindo E detectar vários biomarcadores, como sódio, potássio, ácido úrico, ácido láctico, glicose etc. “Esses elementos ou substâncias, que circulam na corrente sanguínea, são detectáveis também no suor. Assim, uma aplicação possível do sensor de nanocelulose é o monitoramento do diabetes. Outra é o controle hormonal em mulheres, por meio da detecção do hormônio estradiol”, salienta Robson, sublinhando que o dispositivo poderia ser usado para detectar também a presença de poluentes atmosféricos no organismo. “Como prova de conceito, expusemos o sensor a baixas de concentrações de metais tóxicos, como chumbo e cádmio. E o resultado foi positivo”, acrescenta o pesquisador.

Para Paulo Augusto Raymundo Pereira, outro autor principal do trabalho, “As unidades de detecção são impressas sobre a matriz de nanocelulose microbiana por meio de uma técnica de serigrafia semiautomatizada, com o uso de pasta com grande concentração de partículas de carbono, devido à alta condutividade elétrica desse material. Reações químicas de oxidação ou redução produzem o sinal elétrico que indica a concentração do metabólito de interesse. Para isso, o sensor é conectado a um potenciostato, que faz as medidas eletroquímicas por meio da variação da corrente elétrica. E as informações obtidas são, finalmente, transmitidas a um computador, e traduzidas por meio da curva-padrão”, detalha Pereira. Segundo ele, a conexão wireless do sensor com o aparato de medição e leitura é uma possibilidade tecnológica de fácil resolução.

Os pesquisadores estudam, agora, o uso do dispositivo para a administração de medicamentos, bem como sua viabilização comercial.

Os pesquisadores que participaram neste trabalho, foram: Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC/USP) / Robson Silva (IFSC/USP) / Paulo Raymundo Pereira (IFSC/USP) / Anderson Campos (IQSC/USP) / Deivy Wilson (IFSC/USP) / Caio Otoni (UNICAMP) / Hernane Barud (UNIARA) / Carlos Costa (LNNano) / Rafael Domeneguetti (UNESP) / Debora Balogh (IFSC/USP)  e Sidney Ribeiro (UNESP).

Para acessar o artigo científico relativo a este trabalho, clique AQUI.

(Adaptado do texto original de José Tadeu Arantes / Agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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