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7 de junho de 2017

Sistema inovador para se obter imagens via RM

Um novo sistema poderá produzir imagem por Ressonância Magnética (RM), FIT_LOGO_250sem a necessidade da proteção por Gaiolas de Faraday* e uso de hélio líquido, gás natural que está cada vez mais raro, de acordo com pesquisadores da Fine Instrument Technology (FIT), que desenvolvem o aparelho em parceria com a Victoria University of Wellington (Nova Zelândia) e a Rede de Centros de Inovação em Equipamentos Médicos, Odontológicos e Hospitalares (Rede EMOH – SIBRATEC), cujo núcleo de coordenação é integrado por centros, como o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Daniel Consalter, diretor da FIT e doutorando do IFSC/USP, diz que o hélio líquido é essencial à geração do campo magnético necessário para a produção de imagem por RM, mas que, além de estar cada vez mais raro, o gás tem preço elevado e pode vazar dos equipamentos, causando riscos à saúde de pacientes e de quem opera os aparelhos. “É um risco muito baixo, mas existe. Por isso, as salas [onde os equipamentos são instalados] devem ser preparadas”, diz Consalter.

O espectrômetro – o “cérebro” que sincronizará todos os componentes do sistema – foi desenvolvido pela própria FIT, enquanto o software, que auxiliará na coleta de dados e permitirá programar as sequências de pulsos** das imagens, está sendo criado no IFSC/USP. Já o magneto, desenvolvido pela universidade neozelandesa, operará em três teslas (3T), utilizando supercondutores de alta temperatura. Ou seja, ele permitirá gerar um campo magnético maior do que os obtidos a partir dos equipamentos comerciais. O pesquisador da FIT e também doutorando do IFSC, Agide Gimenez Marassi, diz que o campo magnético do novo sistema será trinta mil vezes mais intenso do que o da Terra, na região do Equador.

Outra vantagem do aparelho, segundo os cientistas, será a sua autoblindagem que, neste caso, tornará desnecessária a instalação da Gaiola de Fadaray, o que permitirá que pessoas – inclusive aquelas que usam marcapasso – aproximem-se do aparelho, mesmo portando objetos metálicos, algo que não é possível com os equipamentos já comercializados que, pelo fato de não serem autoblindados, podem causar danos a esse tipo de objeto.

Os pesquisadores explicam que o sistema poderá ser aplicado em pequenos animais (podendo auxiliar testes pré-clínicos dedicados a doenças neurológicas, como epilepsia, que ocasiona crises cerebrais), sementes (para estudos de características estruturais e danos internos), rochas (na indústria petroleira, a RM é aplicada na análise de rochas, para se encontrar novos poços de extração de petróleo) e frutas (permitindo observar infestações e danos internos).

Os especialistas dizem que a aquisição de um aparelho de imagem por RM, juntamente com sua instalação em local adequado, custa em média um milhão de dólares. Já o aparelho em desenvolvimento, segundo eles, poderá ser adquirido pelo preço aproximado de seiscentos mil dólares – valor semelhante ao dos aparelhos convencionais -, oferecendo, eventualmente, uma economia de cerca de 150 mil dólares, já que será autoblindado e não operará com gás hélio.

Em parceria com a academia

Fundada em São Paulo, em 2010, e dedicada principalmente ao desenvolvimento de tecnologias baseadas em RM, a FIT logo foi transferida para São Carlos, devido ao reconhecimento do município como pólo científico e capital da tecnologia. Consalter diz que, hoje, a empresa é composta por quinze especialistas e funcionários administrativos, mantendo vínculos com o setor acadêmico.

Para ele, a conclusão do desenvolvimento do novo sistema será um marco na história da companhia, que por sua vez poderá demonstrar o domínio que tem sobre a área de RM: “[O provável lançamento do equipamento] mostrará ainda mais que temos capacidade de desenvolver alta tecnologia e concluir projetos complexos, como esse, complementando o nosso portfólio de equipamento de RM”.

De acordo com os pesquisadores, esse será o primeiro equipamento comercial para obtenção de imagem por RM desenvolvido no Brasil, em parceria com a universidade neozelandesa. Para Marassi, que se dedicou ao estudo de análises de sementes por imagem via RM durante seu mestrado, participar desse desenvolvimento é fruto dos esforços que tem “garimpado” no IFSC. “Acho que a nossa grande conquista é o conhecimento que sai da academia e vem para a empresa”.

“É um desafio enorme para nós, devido a alta complexidade [do aparelho]. Mas, é uma grande felicidade estarmos próximos de finalizar um produto desse nível”, destaca o ex-aluno da USP e pesquisador da FIT, Antônio Gonçalves, que tem sido responsável pela construção de uma composição eletrônica do sistema.

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Da esquerda à direita: Antônio Gonçalves, Agide Marassi, Guilherme Martins e Daniel Consalter (parte dos profissionais da FIT que desenvolve o novo sistema), juntamente com o aparelho

O intuito dos profissionais é lançar a primeira versão do equipamento no mercado, em outubro ou novembro deste ano.

*Estruturas de aço que são instaladas em paredes para impedir que sinais externos, como ondas de rádio, invadam a sala de experimentos, causando ruídos nos dados obtidos através dos equipamentos de RM;

**Em um equipamento de RM, é preciso controlar a sequência de pulsos das imagens, para ajustar o contraste que será dado em determinada região do objeto a ser estudado. Segundo os pesquisadores de São Carlos, os equipamentos convencionais pré-determinam as sequências, mas, no novo sistema, será possível escolher a sequência de pulsos desejada, bastando programá-la a partir do software cujo desenvolvimento está sendo concluído no IFSC.

(Créditos – Imagem 1: FIT)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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