
Um dos momentos do “São Carlos OpenLab-2024”
O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) realizou entre os dias 02 e 08 deste mês a 5ª edição do “São Carlos OpenLab 2024”, uma escola organizada por membros da Associação Latino-Americana de Cristalografia, tendo como base a última edição realizada em 2018, em Montevidéu – Uruguai –, bem como nas experiências organizativas dos eventos anteriores, incluindo os “IUCr-UNESCO Bruker OpenLabs”, em 2014 e 2016, tendo estado representados neste evento quatro países da América Latina
O programa desta escola esteve dividido em aulas teóricas e práticas, incluindo os princípios de solução e refinamento de estruturas cristalinas, ministradas por renomados especialistas na área, sendo que esta iniciativa teve o intuito de contribuir para a capacitação dos estudantes latino-americanos na área de cristalografia.
A lista de tópicos desta escola incluiu: Visão geral da cristalografia; Simetria; Cristalização e manipulação de cristais; Difração de raios X; Determinação da estrutura: o problema das fases; Refinamento Estrutural; Relatórios e análises de estrutura;
O pesquisador Michele Zema foi um dos palestrantes que participaram neste evento. Professor associado na Universidade de Bari (Itália), o Prof. Zema é químico e cristalógrafo com mais de vinte anos de experiência em pesquisas e ensino nas áreas de mineralogia e química estrutural. Ex-gerente de projeto do Ano Internacional da Cristalografia (ONU 2014) e diretor executivo de divulgação da International Union od Christallography (IUCr), o palestrante convidado abordou, em uma de suas palestras, a história da cristalografia e os impactos positivos que essa área tem promovido no mundo da ciência.

Prof. Michele Zema
A história da cristalografia é muito longa e é oriunda das escolas mais antigas da ciência, abordando a compreensão dos cristais e suas propriedades, Segundo Zema, houve uma evolução rápida na forma como os cientistas adquiriram uma comprensão sobre as estruturas dos materiais, tudo isso tendo em consideração as suas propriedades. “A cristalografia é uma disciplina vital porque ela é a base para se ter um entendimento sobre as qualidades dos materiais, para que possamos descobrir novas formas de trabalhar em cima de suas propriedades. E é isso que tentamos ensinar aos jovens alunos neste “São Carlos OpenLab-2024”, aqui no IFSC/USP. Ou seja, tentar demonstrar como os alunos podem usar as diversas técnicas disponíveis para que possam dar informações precisas sobre como se distribuem os átomos nos cristais, entre outros fatores”, enfatiza o pesquisador italiano.
A prova desse aprendizado, neste evento, ficou bem patente através dos inúmeros trabalhos apresentados pelos alunos participantes, em forma de pôsteres, uma mostra que espelhou bem como esta área do conhecimento é interdisciplinar em termos da ciência dos materiais, envolvendo química, física, mineralogia e biologia, entre outras, algo que o Prof. Zema classificou de “(…) uma mostra com um nível muito alto de qualidade, mostrando o quanto os alunos se encontram entusiasmados (…)”.
Com um novo cenário colocado através da Inteligência Artificial (IA) e do Aprendizado de Máquina (AM), o palestrante convidado salienta que quando se trabalha com a cristalografia, em que um dos pormenores é poder lidar com milhões de estruturas cristalinas inseridas em bases de dados, fica patente a facilidade e utilidade dessas novas ferramentas. “Analisando do ponto de vista estatístico de como um cristal se pode transformar em um novo material, você tem uma quantidade enorme de informações que necessitam ser investigadas, analisadas e comparadas. É aí que a IA e o AM surgem para dar uma sensacional ajuda nesse trabalho, embora, obviamente, tenha que haver sempre algum cuidado, pois essas novas ferramentas, como todas as outras que antecederam estas, possuem lados “sombrios”. Contudo, são ferramentas que neste momento são indispensáveis, não só agora como também no futuro, sendo que elas serão fundamentais para a evolução científica destes jovens alunos que participaram no “São Carlos OpenLab-2024”, aqui no IFSC/USP”, conclui o Prof. Zema.

Os participantes do “São Carlos OpenLab-2024”
Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP