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15 de janeiro de 2016

Projeto contribui para a formação de futuros cientistas

Com um ensino básico considerado de má qualidade, alunos que estudam em escolas públicas geralmente sentem grande dificuldade quando tentam ingressar em uma universidade estadual ou federal. Em um país onde o modo de ensinar não evolui, tornando-se, portanto, ultrapassado e pouco atrativo aos estudantes, iniciativas que buscam alternativas para despertar a paixão dos alunos pelo conhecimento contribuem para a descoberta de jovens talentos e, consequentemente, para a formação de excelentes profissionais.

Um exemplo positivo desse tipo de ação é o Programa Futuro Cientista (PFC). Criado há cinco anos pelo Prof. Dr. Fábio de Lima Leite, ex-aluno de pós-doutorado do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e docente da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (Campus Sorocaba – SP), juntamente com o Prof. Dr. Ismail Barra Nova de Melo, também da UFSCar, o projeto tem como objetivo descobrir alunos talentosos nos ensinos fundamental e médio que tenham interesse por ciências.

Hoje, o Programa envolve a participação de 266 estudantes oriundos de 13 escolas paulistas PFC-250(sediadas nas cidades de Anhembi, Capão Bonito, Cesário Lange, Iperó, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque e Sorocaba) e de um abrigo da Associação Bethel, de Sorocaba. Atualmente divididos em 50 clubes de ciências, os alunos participantes elaboram projetos científicos, que são desenvolvidos através da Escola Preparatória para Futuros Cientistas e apresentados no Encontro Regional de Futuros Cientistas* – ambas ações são organizadas pelo PFC. “Os estudantes passam cada ano desenvolvendo projetos. Toda semana há encontro com os alunos”, comentou Fábio Leite em uma reportagem publicada no início deste mês, no jornal Cruzeiro do Sul.

Os participantes do Programa são selecionados Fabio__110com base em três requisitos (baixa renda, bom desempenho escolar e bom comportamento) e, para que possam integrar o projeto, é necessário que a prefeitura ou o Estado, responsáveis pelas escolas, consolidem uma parceria com o PFC. Aqueles participantes que se destacam nas atividades do projeto recebem acompanhamento do programa, incluindo bolsas de estudo integrais para ingressarem em uma universidade. “Por enquanto temos três alunos beneficiados com a bolsa de estudo integral pela Universidade de Sorocaba [UNISO]. Mas, em 2015, vinte alunos participaram do Talentos do Futuro**, cursinho preparatório para vestibular que é coordenado pelo nosso programa”, disse o Prof. Fábio, em entrevista à Assessoria de Comunicação do IFSC/USP.

Watari_PFC_150Yoshimitsu Watari, de 21 anos, foi o primeiro participante contemplado com uma bolsa integral oferecida pelo Programa. Hoje, o jovem cursa Engenharia Civil na UNISO e relembra o apoio que recebeu do Prof. Fábio: “O Fábio sempre me orientou para me apegar aos estudos, porque um dia ele conseguiria algo para o Programa. Nunca me desliguei das atividades do projeto, sempre ia nos eventos e ele realmente conseguiu parceria com a UNISO. Me formo daqui a um ano e meio”, disse ao citado jornal. Além de seu curso, o estudante desenvolve estágio remunerado na Caixa Econômica Federal, onde faz relatório de liberação de verba para obras.

Luiz Fernando Lopes Santana tem 18 Luiz_PFC_150anos e também integra o projeto. Com o objetivo de prestar vestibular para Física ou Biologia e de atuar como cientista, ele conheceu o programa quando estava na 5ª série do ensino fundamental e, hoje, participa gratuitamente do Talentos do Futuro. Luiz Fernando nem ingressou na universidade e já demonstra sua paixão pela pesquisa. Em entrevista ao veículo sorocabano, o jovem destacou uma de suas criações: uma sacola biodegradável produzida com raízes, como de cenoura, mandioca, nabo e batata. “Não faço por obrigação. Pesquiso muito, estudo, dou o melhor de mim por amor à ciência”, afirmou ele, que lamenta o fato de não haver nenhum financiamento para a sua pesquisa.

É preciso melhorar muito

De acordo com um artigo publicado em 2012 pela pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Cibele Yahn de Andrade, ainda há uma grande restrição no acesso de jovens ao ensino superior, tendo em vista que 19% dos jovens entre 18 e 24 anos não completam o ensino fundamental, enquanto outros 25% não ingressam no ensino médio – ou ingressam, mas não concluem -, mesmo tendo completado o ensino fundamental. Além disso, cerca de 31% de jovens nessa faixa etária concluem o ensino médio, mas não realizam o ensino superior. Segundo dados do Programa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD; 2009), apenas 6% desses jovens têm acesso direto ao ensino superior público.

escola_300Para o Prof. Fábio Leite, é preciso melhorar muito o ensino básico de nosso país e a universidade deveria participar mais efetivamente desta melhoria, provocando uma transformação que visasse à diminuição drástica da evasão nas escolas, nos ensinos fundamental e médio. “O Programa Futuro Cientista é uma alternativa para incrementar a estrutura organizacional da educação básica no Brasil, com a inserção da modalidade ‘ensino científico’ por intermédio de ‘escolas científicas’ implementadas em cada escola. A implementação destas escolas vem sendo feita com a ‘adoção’ de futuros talentos para a ciência, em especial daqueles que vivem em condições sócioeconômicas desfavoráveis, em escolas públicas. Este tipo de ‘adoção’ se justifica, já que grande parte dos talentos, em escolas públicas, acaba por não ingressar na Universidade”, disse o docente.

Neste mês, o Certificado de Tecnologia Social para o Programa Futuro Cientista foi publicado no site da Fundação Banco do Brasil, o que torna o projeto passível de ser compartilhado e replicado. O certificado, que é concedido pela Fundação, em conjunto com a Petrobras, Unesco e o BNDES, reconhece e valoriza metodologias reaplicáveis e que representam efetivas soluções de transformação social.

*A 6ª edição do Encontro realizou-se no dia 14 de dezembro último, na UFSCar (Campus Sorocaba), e reuniu projetos sobre diversas temáticas, como, por exemplo, astronomia e arqueologia. Um trabalho sobre energia, que foi apresentado pelo clube de ciências formado por alunos da escola Dalva Clahim Abud, de Anhembi (SP), foi o grande destaque do evento.

**O cursinho foi criado pelo PFC, através de uma parceria entre a UFSCar e o colégio Objetivo.

(Créditos – Ilustração: PFC / Imagens: Emidio Marques e divulgação)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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