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10 de dezembro de 2015

Prof. Sérgio Mascarenhas aborda quebra de paradigmas

Em 04 de dezembro, pelas 20h30, o Centro Cultural Espaço 7, em São Carlos, recebeu o Prof. Sérgio Mascarenhas, decano do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), que, juntamente com o maestro Júlio Medaglia e o músico Turíbio Santos, participou de uma mesa redonda na qual discutiu o tema Do Batuque a Bach. O evento fez parte da programação da 12ª edição do Festival Internacional de Música Instrumental ChorandoSemParar – Edição Heitor Villa-Lobos – Do Batuque a Bach.

A mesa redonda, que reuniu esses três convidados (um físico modernista e visionário, que ao longo dos anos têm acompanhado a evolução de diversas áreas, e dois especialistas em música), teve como objetivo abordar a quebra de paradigmas com fatos da modernidade e rememorar a conexão que há entre ciência e arte.

Em sua fala, o Prof. Sérgio discutiu importantes quebras de paradigmas que ocorreram no campo da ciência e da arte, tendo destacado a conexão que há entre ambas as áreas. O docente iniciou seu discurso, mostrando uma imagem da pintura Escola de Atenas (1511), do italiano Rafael. “A Escola de Atenas é a mensagem cultural mais poderosa que conheço na história da arte; ela diz muito para nós, mesmo agora, no século XXI”. No centro da pintura podemos ver Platão, apontando para cima, para as ideias abstratas, e Aristóteles, estendendo a mão para baixo, para o empirismo. Após ter feito essa observação, o docente citou Albert Einstein que disse que a teoria sem experimentação é vazia, mas que a experimentação sem teoria é cega. “Essa frase tem um valor epistemológico extraordinário…”, disse o acadêmico, que rememorou os grandes pontos divergentes que ainda existem entre cientistas teóricos e experimentais.

O Prof. Mascarenhas também comentou bastante sobre Janus, o deus romano que tinha duas faces (um rosto masculino e com expressões marcadas pelo tempo, que olhava para um FOTO_1_-_SM350lado, e uma face feminina e jovem que olhava para frente – para o futuro). “Essa junção do passado e do futuro é muito significativa. Não devemos deixar de olharmos o passado, mas ele não pode ser o nosso mestre. Se o passado for o nosso mestre, não seremos capazes de construir o futuro”, argumentou o acadêmico. Além disso, Sérgio Mascarenhas destacou o filósofo Karl Popper, que, no seu ponto de vista, permite definir os limites da ciência com mais clareza, além de grandes quebradores de paradigmas dos campos da arte, saúde, educação, e da informação, comunicação e do discurso, tais como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Charlie Chaplin, Cândido Portinari, Ludwig van Beethoven, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Jacques Lacan e Sigmund Freud.

No que se refere à arte musical, o Prof. Sérgio disse que a música é a expressão dos anseios. “Basta ver o que ela fez na religião e o que tem feito, em termos de comunicação social. No sentido estruturalista, ela representa o papel de uma metalinguagem”, disse ele, que dissertou também sobre o feminismo, tendo ressaltado o orgulho que tem de suas filhas, netas e de sua primeira esposa, a Profa. Dra. Yvonne Primerano Mascarenhas, que também foi pioneira no IFSC/USP. “A Profa. Yvonne é um exemplo maravilhoso de mulher. Acho que as mulheres salvarão a humanidade, com um destino muito mais nobre e virtuoso do que este em que vivemos”, disse ele, tendo sublinhado o quanto a mulher tem cumprido um papel extraordinário na sociedade ao longo da existência humana.

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Da esquerda à direita: Turíbio Santos, Júlio Medaglia e Sérgio Mascarenhas

Ainda de acordo com o docente do IFSC, é preciso haver uma maior convergência entre humanismo (música, literatura, etc.) e ciência. “É para esse lado que devemos caminhar. Essa é a nossa missão no século XXI”. O Prof. Mascarenhas também disse que é necessário unir ciência e tecnologia, pois “tudo está misturado” e essa junção deve ser estimulada nos jovens pelas instituições educacionais.

Por sua vez, o maestro Júlio Medaglia FOTO_3_-_JM300fez criticas negativas sobre a falta de criatividade que existe em uma era rica em tecnologia. “Não temos mais avalanches de criatividade na área da arte. Há um ou outro artista que cria algo interessante. A tecnologia não tem sido muito útil para a indústria artística”, disse ele, acrescentando que ninguém deseja obter um milhão de músicas em um dispositivo eletrônico, mas, sim, uma única canção de boa qualidade. “Essa nossa reunião é muito importante, pois nos permite discutir o que será da música em um futuro próximo”.

Logo após sua fala, o músico Turíbio Santos fez alguns comentários sobre FOTO_4_-_TS300Heitor Villa-Lobos. “Ele dizia que a música é igual ao ser humano. Ela tem cabeça, tronco e membros. A cabeça é a melodia; o tronco é a harmonia; e os membros representam os ritmos”, disse, tendo acrescentado que não consegue mais ensinar música sem transmitir esse conceito de Villa-Lobos. Além disso, Turíbio fez questão de comentar sobre o público são-carlense, que tem uma particularidade que lhe agrada muito: “Aqui, as pessoas sorriem facilmente. O público de São Carlos é muito entusiasmado, ele aplaude com vontade, com o coração”.

Em entrevista à assessoria de FOTO_5_-_FC300comunicação do IFSC/USP, a organizadora do festival ChorandoSemParar, Fátima Camargo, comentou sobre a importância dessa mesa redonda, na qual se destacou a relação existente entre ciência e arte. “Esse debate ajudou a expandir o interesse do público e enriqueceu a programação dessa edição do festival”, pontuou ela, que destacou a necessidade de unir o humanismo com a ciência. “Mostrar essa importância ao público, que certamente acaba refletindo sobre isso, é algo que devemos repetir sempre”.

FOTO_6_-DeG300Para Diego Adorno, que assistiu à mesa redonda, a relação entre o humanismo e a ciência foi o aspecto que mais o atraiu nesse debate. “Parece que a ciência e o humanismo são vias paralelas que nunca se cruzam, mas que devem passar por avanços. Não podemos ficar presos às tecnologias e nos esquecermos da parte humana. E a música é um meio poderoso que permite fazer com que ambas as vias se cruzem”.

A relação entre essas vias também atraiu Georgia Buainain, que, assim como Diego, acompanhou a mesa redonda. “Achei muito interessante o fato de ser possível unir o humanismo com a ciência, para tentar, inclusive, amenizar o capitalismo selvagem que não tem feito muito bem à humanidade”, pontuou.

ChorandoSemParar

Organizado pelo Projeto Contribuinte da Cultura, o ChorandoSemParar é um festival que ocorre no início de dezembro de cada ano, com apresentações musicais, exposições, debates, oficinas, palestras e ações em escolas públicas. Através dessas atividades, o festival busca homenagear alguns gêneros brasileiros, em particular, o Choro Brasileiro, celebrando também o trabalho de algum importante compositor do país. Nesta edição, por exemplo, a programação do evento foi inspirada em Heitor Villa-Lobos (1887-1959), considerado o maior compositor do Brasil.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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