Notícias

13 de abril de 2018

Alunos do ensino médio refletem: Por que aprendo Física na Escola?

“Por que aprendo Física na Escola?” foi o tema escolhido para o primeiro encontro integrado na iniciativa denominada Meu Eu do Futuro, essencialmente dedicada a alunos do ensino médio da cidade de São Carlos e região e cujo objetivo é reunir os jovens estudantes no ambiente universitário e incentivar reflexões e decisões sobre o que fazer após a conclusão dos estudos, numa organização do Instituto de Estudos Avançados (IEA) e Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Cerca de meia centena de alunos de diversas escolas da cidade de São Carlos compareceu a este primeiro encontro, tendo sido acolhida pela organizadora do evento, a docente e pesquisadora do IFSC/USP, Profª Drª Yvonne Primerano Mascarenhas, que, em sua mensagem de boas vindas, destacou a importância da difusão da ciência junto aos jovens estudantes que estão se preparando para entrar na Universidade. A compreensão sobre a ciência que se faz no país, o espírito cidadão que norteia os pesquisadores e a tentativa do IFSC/USP transmitir aos alunos do ensino médio as fortes conexões que a ciência tem no cotidiano do cidadão, foram algumas das tônicas do improviso que a decana do Instituto fez perante uma plateia atenta, tendo sublinhado a evolução e modernidade que o mundo vem atingindo a uma velocidade vertiginosa em função dessa mesma ciência.

Ao discorrer sobre o curriculum vitae do palestrante convidado – Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes, igualmente docente e pesquisador do nosso Instituto -, Yvonne Mascarenhas sublinhou as grandes dificuldades que o mesmo teve para iniciar, fazer e concluir sua pós-graduação na USP, a três mil quilômetros de distância de casa, já que ele concluiu sua graduação na Universidade Federal do Pará. Longe de casa, de seus familiares e amigos, Luiz Antônio de Oliveira Nunes não hesitou em se concentrar nos seus objetivos, tendo percorrido um caminho longo, mas exitoso, rumo àquilo que viria a ser sua paixão – ser pesquisador na área de Física.

A palestra do Prof. Luiz Antônio foi apresentada em estilo de aula, com humor e de forma descomplicada, tendo falado de algumas aplicações que estão intimamente relacionadas com a Física, isto porque, segundo o palestrante, muitos alunos não se sentem motivados a estudar ciências exatas porque as escolas não mostram , na esmagadora maioria das vezes, onde e de que forma eles podem aplicar os conhecimentos teóricos de forma prática: “Dessa forma, tudo fica desconectado da realidade. O que se vai tentar fazer nesta apresentação é conectar o conhecimento tecnológico, a aquisição de riqueza, com o conhecimento que se adquire no colégio, na escola”, refere Luiz Antônio.

Um dos exemplos apresentados pelo pesquisador foi o princípio e o fundamento da máquina de xerox, já que a ideia inicial desse equipamento é apresentada exatamente no colégio: “Você nem se apercebe disso. O jovem não enxerga como essas coisas se interconectam. Assim, é normal que o jovem aluno perca o interesse e ache chato estudar porque você não sabe o que está estudando”, sublinha o palestrante, que acrescenta que o intuito é unir o estudo na escola à prática que existe no cotidiano, sendo que essa interação é fundamental para que o aluno atinja com sucesso o patamar do ensino superior, independente da área de conhecimento. “Por exemplo, um aluno pode questionar a razão de ter que aprender Física, se o seu intuito é estudar medicina. Saliente-se que um médico de primeira linha tem que saber Física porque ele vai ter que bolar múltiplos procedimentos. Além disso, se um aluno quiser ir para medicina, terá que responder a três questões fundamentais de Física: caso não responda corretamente, ele irá falhar o vestibular”, adverte Luiz Antônio.

Para Luiz Antônio de Oliveira Nunes, a matemática ensina estratégias que fazem pensar, raciocinar: isso é fundamental para qualquer área, inclusive para Humanas. “As ciências exatas obrigam o aluno a pensar. Nas grandes universidades, nas escolas francesas de primeira linha, por exemplo, os três primeiros anos de graduação são iguais para todas as áreas do conhecimento, para todos os cursos, e a matemática está presente o tempo todo. A tecnologia pode mudar constantemente, mas os princípios básicos, como a matemática, subsistem sempre”, conclui o pesquisador.

As opiniões

Heitor de Oliveira Macedo cursa o 2º ano Colegial no Curso Interativo de São Carlos e participou desta iniciativa por estar interessado em descobrir qual o rumo que deverá seguir no futuro: “Está na hora de começar a me preocupar com a carreira, com aquilo que pretendo seguir. Me interessei muito pelo conjunto de palestras que estão integradas no Meu Eu do Futuro, até porque tenho a cabeça cheia de dúvidas. Uma coisa é certa: eu quero fazer exatas e a minha intuição é seguir a Academia como pesquisador. Meus pais querem o melhor para mim, me apoiam constantemente e querem a minha felicidade. Vim à procura de tudo isso”, salienta o jovem, acrescentando que gostou muito do evento, não só do Prof. Luiz Antônio, como da Profª Yvonne Mascarenhas: “Quando os ouvi, me convenci que tenho de fazer a escolha certa já no ensino médio. Este é o momento…”, conclui Heitor.

Outro participante atento foi Gilmar Cação Ribeiro, formado em Ciências da Computação e docente da disciplina de Computação na FATEC de Jaú, que compareceu apenas para observar a forma como o evento estava organizado, no sentido de poder levar ideias para a FATEC: “Pensava que participassem mais alunos neste evento, atendendo a que esta é uma oportunidade para eles se entrosarem melhor na área do conhecimento e poderem vislumbrar melhor seu futuro. Contudo, a presença aqui de cerca de cinquenta alunos altamente interessados foi bastante significativa”, comenta Gilmar. Para o docente, esta é uma ideia que poderá ser aplicada na FATEC de Jaú, embora com algumas diferenças, já que sua Faculdade tem características diferentes da USP, atendendo a que a mesma se destina prioritariamente a formar quadros para entrada quase imediata no mercado de trabalho, no setor produtivo: “Faz-se pouca pesquisa na FATEC, só que a base da ideia deste evento é bastante boa, embora sempre seja difícil captar alunos e incentivá-los para a importância de poderem entrar para a Faculdade. Os alunos da FATEC estão de alguma forma afastados da vida universitária por diversos motivos, como, por exemplo, questões familiares, horários de trabalho, constrangimentos econômicos, etc.. Embora a Fatec seja gratuita, as dificuldades são muito grandes. Todos se queixam da matemática, que, para a maioria, é a vilã da história e isso é complicado de explicar. Raro é o aluno da FATEC que quer ou tem chances de fazer uma pós-graduação em uma universidade, para ser pesquisador. Apesar das dificuldades que mencionei, este evento pode ser pensado e realizado de outra forma em Jaú.

A próxima apresentação inserida no Meu Eu do Futuro ocorrerá no dia 23 de abril, igualmente às 14h30, no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas” (IFSC/USP), com a participação do Prof. Dr. José Carlos Maldonado, docente e pesquisador do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), que discorrerá sobre o tema ”Redes sociais: segurança e riscos na internet?”

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..