Notícias

20 de agosto de 2015

Pesquisadores criam projeto para divulgar informações sobre vestibular

Para ingressar na Universidade de São Paulo (USP), é necessário participar de um processo seletivo, organizado pela Fundação Universitária para o Vestibular, mais conhecida pela sigla FUVEST, que consta de uma prova de conhecimentos gerais, com 90 questões objetivas. Caso alcance a pontuação mínima exigida pelo curso de sua escolha, o vestibulando deverá resolver outra prova, desta vez composta por questões dissertativas, mais uma redação. Aqueles que atingirem as maiores notas preencherão as vagas dos cursos, sem ter que pagar para cursá-los.

FUVEST-_logoA descrição do parágrafo acima pode já ser de conhecimento da grande maioria dos leitores desta matéria. Mas, acredite ou não, é algo desconhecido por muitos estudantes brasileiros- a maior parte deles de escolas públicas. Além de não ter a mínima ideia de como ingressar nos cursos de graduação oferecidos pelas universidades públicas brasileiras, muitos deles não sabem que os cursos são gratuitos e muito menos os diversos benefícios que as universidades públicas oferecem, como auxílio alimentação, moradia, transporte, bolsas de estudos etc.

A problemática acima foi o incentivo necessário para que cinco estudantes de pós-graduação criassem o Projeto PI, que tem como objetivo principal ir até as escolas públicas de ensino médio e, através de palestras, inserir os estudantes no mundo do vestibular, trazendo informações diversas a respeito dos processos seletivos para ingresso nas universidades públicas e apresentando temas relacionados a vestibular, profissão, estrutura da universidade, estrutura dos cursos, oportunidades de intercâmbio, iniciação científica, pós-graduação, pesquisa, inovação, cultura, extensão e atuação no mercado de trabalho.

A ideia partiu do aluno de mestrado do Instituto de Física de São Carlos (GO- IFSC/USP) Bruno Pereira de Oliveira, que chamou mais quatro colegas para participar do projeto. “A ideia inicial era criar um cursinho popular, mas vimos que também era muito importante disponibilizar informações mais homogêneas a respeito dos vestibulares, pois muitos estudantes não tinham nenhuma informação a esse respeito”, relembra Bruno.

Durante quase um ano, Bruno e seus colegas passaram por dez escolas públicas de Fernandópolis, cidade natal dos membros do projeto, trazendo esclarecimentos a respeito do vestibular e das universidades. Mais do que isso, apresentaram informações detalhadas sobre os cursos de física, química e matemática, falando também sobre as possibilidades de atuação profissional e acadêmica dos três cursos citados. “Durante as palestras, falamos sobre toda trajetória que os alunos devem fazer, passando desde o vestibular da USP e de outras universidades públicas até benefícios oferecidos pelas universidades. Demos foco aos cursos de ciências básicas, para tentar atrair alunos para as carreiras científicas”, conta Victor Travagin Sanches, ex-aluno do IFSC e um dos membros do projeto.

Através de um questionário aplicado a 382 alunos das escolas visitadas pelos pesquisadores, estes relataram, entre outras coisas, que 57% dos alunos não sabiam que a USP e a UFSCar são universidades gratuitas.

Mesmo que o questionário tenha sido aplicado em um universo muito restrito, os membros do Projeto PI já puderam ter acesso a um cenário preocupante. De acordo com Agide Gimenez Marassi, membro do projeto, a falta de informações a respeito do vestibular e ensino superior é grande. “Através do questionário, pudemos ver também que nenhum dos alunos havia prestado o ENEM, por exemplo, e estamos falando de estudantes que já estão no 2º ano do ensino médio. Muitos nem sabem o que é o ENEM e, os que conhecem, nem imaginam qual o formato da prova”, relembra Agide.

Em busca de novos parceiros

Sem financiamento de qualquer instituição, o Projeto PI continua seguindo graças à boa vontade de seus membros e sua disposição em fazer algo que beneficie a sociedade. No momento, o projeto conta com o apoio do deputado federal Fausto Pinato (PRB-SP), que já sugeriu a implementação do projeto ao Ministério da Educação (MEC). “O reconhecimento do projeto pelo MEC é importante, pois assim torna-se mais fácil conseguirmos financiamento”, afirma Bruno.

Bruno-_Projeto_PIVitor conta que, através de uma palestra realizada na biblioteca do IFSC, descobriu-se que a grande maioria dos alunos do Instituto vem de cidades próximas a São Carlos. Através do projeto, os membros tem o intuito de fazer com que o IFSC seja conhecido por estudantes de locais mais distantes de São Carlos, ampliando o raio geográfico dos alunos do Instituto. “Na região de São Carlos, há diversas universidades públicas. Acreditamos que muitos estudantes do ensino médio não sabem disso, e o projeto seria uma maneira de trazer também essa informação a eles”, conta Vitor. “Com o reconhecimento do projeto pelo MEC, poderemos passar por mais locais para fazer essa divulgação”.

Bruno afirma que a ideia do projeto não é tentar modificar a educação brasileira, mas sim semear interesse e força de vontade de alunos das escolas para estudarem nas universidades públicas.

Até o momento, algumas instituições de pesquisa e diretorias de ensino já demonstraram interesse pelo projeto. Mas, para viabilizar parceiras, os membros afirmam que o primeiro passo é firmar o estatuto de reconhecimento do Projeto PI para, posteriormente, conseguir apoio financeiro. “Estamos finalizando um relatório no qual constarão todos os dados que coletamos, e enviaremos esse relatório à diretoria de ensino de Fernandópolis para que eles próprios analisem os dados”, conta Bruno.

Ele também afirma que, caso outros estudantes de ensino superior queiram fazer parte do projeto, estes serão bem-vindos. De acordo com o pesquisador, as próximas palestras a serem ministradas já estão prontas, porém, para ampliar a atuação do projeto, mais pessoas precisarão estar envolvidas. “Nossa ideia é somar mais pessoas ao projeto para que ele possa chegar a mais locais, trazendo informações a outros estudantes e, para nós, mais entendimento sobre o que esses estudantes pensam e sabem”, finaliza.

Imagem: Parte dos membros do Projeto PI. Da esquerda: Bruno Pereira, Fernando Nawate, Agide Marassi e Victor Sanches

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..