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1 de agosto de 2019

Pesquisadoras do IFSC/USP conquistam quatro prêmios em Boston (EUA)

Pesquisadoras do Grupo de Óptica do IFSC/USP

Pesquisadores oriundos de trinta e três países estiveram reunidos no 17º Congresso Mundial da Associação Internacional de Fotodinâmica (IPA), que se realizou entre os dias 28 de junho e 04 de julho do corrente ano na cidade de Boston – Massachusetts/EUA -, com o principal intuito de partilharem e discutirem pesquisas de ponta nos campos da terapia fotodinâmica e do fotodiagnóstico.

A IPA foi fundada em 1986 para apoiar e endossar o avanço científico e o desenvolvimento clínico da terapia fotodinâmica e do fotodiagnóstico, representando uma comunidade internacional composta por cientistas, clínicos, pesquisadores, profissionais de saúde e estudantes de organizações acadêmicas, hospitalares, governamentais e do setor privado. O IPA promove o estudo do diagnóstico e tratamento, usando fotossensibilizadores ativados por luz, disseminando informações científicas para todos seus membros e comunidade em geral, concentrando as discussões sobre os avanços científicos das áreas abrangidas no seu congresso mundial, com periodicidade bienal.

O Brasil esteve representado ao seu mais alto nível por um grupo de pesquisadoras do Grupo de Óptica do IFSC/USP, liderado pelos Profs. Vanderlei Bagnato e Cristina Kurachi, que, no decurso do evento e conforme noticiamos anteriormente, conquistaram junto com o Prof. Maurício Baptista (IQ/USP), o prêmio  Humanitarian Award (Prêmio Humanitário), em reconhecimento pela “contribuição extraordinária e os esforços pessoais para beneficiar a humanidade, particularmente as pessoas mais desfavorecidas, aquelas que se debatem com a falta de recursos econômicos e acesso a padrões adequados de assistência médica”.

Contudo, outro grande destaque deste evento foi a conquista de quatro prêmios relativos a trabalhos apresentados pelas pesquisadoras brasileiras, dentre mais de duzentos de elevado gabarito, encaminhados por pesquisadores da Harvard Medical School, Massachusetts General Hospital, Universidade de Viena, MIT e Universidade de Dundee, só para citar algumas das entidades presentes.

“Pôster de Excelência”

O primeiro destaque vai para a participação da pesquisadora Hilde Harb Buzzá, que arrecadou o terceiro lugar na categoria “Pôster de Excelência” dentre dez trabalhos premiados, tendo, inclusive, apresentado sua pesquisa no designado “Slam Talks” – apresentações orais com no máximo três minutos -, cujo foco foi o câncer de pele.

O pôster apresentado por Hilde tratava da variação econômica e o impacto no orçamento que vai ter a terapia fotodinâmica no tratamento de lesões de pele, comparando-a com o que é praticado no sistema único de saúde.

“Fizemos essa comparação entre terapia fotodinâmica e a cirurgia, tendo começado pelos custos da implementação da terapia fotodinâmica por um determinado período de tempo, em contraponto com a efetividade de uma cirurgia, principalmente em lugares que não têm disponibilidade de médicos ou de infraestruturas hospitalares. Por exemplo, se um paciente chega com uma pequena lesão, o médico não vê outra possibilidade senão fazer uma cirurgia. Contudo, caso você tenha a hipótese de aplicar a terapia fotodinâmica nesse paciente, o médico poderá cuidar de outros casos, o que certamente diminuirá eventuais filas. Em locais mais remotos, existe a vantagem da portabilidade do equipamento, já que para aplicar a terapia fotodinâmica você não tem necessidade de infraestrutura cirúrgica; assim que o paciente chega, já pode ser encaminhado para o tratamento. Já a cirurgia depende de um médico especialista”, sublinha Hilde.

“Pôster de Mérito”

A categoria “Pôster de Mérito” do IPA premiou doze trabalhos de relevante importância, tendo o Grupo de Óptica do IFSC/USP conquistado três deles, através das pesquisadoras Natália Inada, Clara Gonçalves de Faria e Amanda Zangirolami.

Tratamento do Colo de Útero foi o trabalho apresentado por Natália Inada, consubstanciado no resultado obtido pelo acompanhamento, por dois anos, de pacientes portadoras da lesão de colo de útero -“neoplasia intraepitelial cervical”- ou NIC, que é a lesão pré-maligna do câncer de colo de útero, e que foram tratadas com Terapia Fotodinâmica.

Nesse trabalho, a pesquisadora mostrou que após dois anos com tratamento por terapia fotodinâmica, as pacientes alcançaram taxas de cura tão boas ou até melhores do que se tivessem sido submetidas à remoção do colo do útero.

”Significa que, após dois anos de tratamento com uma única sessão de terapia fotodinâmica em lesões de baixo grau apresentadas por um conjunto de cinquenta e seis pacientes, 75% delas tiveram a cura total, ou nenhum aparecimento de lesão. Por outro lado, o grupo de pacientes com lesões em alto grau apresentou 90% de cura após acompanhamento por dois anos e após duas sessões de terapia fotodinâmica. O número de pacientes deste grupo e que já tiveram o acompanhamento por dois anos ainda é reduzido.

Contudo, o que a pesquisadora conseguiu observar é que a terapia fotodinâmica, no caso de pacientes com alto grau de lesão,  reduz em cerca de 80% a carga do vírus “HPV” de alto risco, ou seja, o responsável pelo câncer cervical, indicando que o tratamento não apenas elimina a lesão, como também  diminui drasticamente a quantidade de vírus presente no colo uterino. Caso esses vírus permanecessem, as chances da neoplasia progredir para câncer seriam muito elevadas. “Estamos trabalhando com a prevenção ao tratarmos as lesões de baixo grau. Já para os casos de lesões de alto grau, a terapia fotodinâmica trata as pacientes preservando o colo uterino e evitando que haja o aparecimento do câncer.

E um estudo maior está em andamento, envolvendo um ambulatório em Araraquara e um hospital em São Paulo, onde duzentas e cinquenta pacientes estão sendo acompanhadas para que, ao longo de dois anos, possamos ter uma avaliação ainda mais precisa”, finaliza Natália.

Outro trabalho premiado no congresso da IPA foi Microbiologia com descontaminação de infecções hospitalares (Parte Clínica in vitro), apresentado por Amanda Zangirolami e que teve como foco a descontaminação de equipamentos médicos, no caso concreto o tubo endotraqueal, instrumento que é utilizado na entubação de pacientes para auxílio da respiração.

“O que acontece na maioria dos casos é que esse tubo fica totalmente exposto à formação de um biofilme natural onde as bactérias aderem, provocando nos pacientes diversos tipos de infeções, como, por exemplo, pneumonia”, salienta Amanda.

O trabalho de Amanda, que corresponde à primeira parte de seu mestrado, consistiu na proteção desse tubo para evitar a aderência das bactérias, utilizando curcumina como fotossensibilizador, e luz azul.

O terceiro prêmio desta categoria foi alcançado por Clara Gonçalves de Faria, através de seu trabalho relativo à Utilização da fotobiomodulação para inibir a progressão de tumores através da terapia fotodinâmica. Neste trabalho, Clara destacou o fato do carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço (HNSCC) ser o sétimo câncer mais freqüente em todo o mundo, com mais de meio milhão de novos casos por ano, sendo que as taxas de erradicação são limitadas pela recidiva e pela metástase tumoral, mesmo com esforços crescentes de pesquisa e com avanços nas técnicas tradicionais, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

“Foi iniciada uma pesquisa que considero importante, utilizando a terapia fotodinâmica precedida por fotobiomodulação, com a finalidade de comparar a resposta de um carcinoma de células escamosas de língua humana”, pontua Clara.

Este trabalho ficou em aberto para a continuação de novas pesquisas, principalmente para o desenvolvimento de possíveis mecanismos envolvendo citometria de fluxo, microscopia de fluorescência confocal e análise morfológica por microscopia de campo de luz.

Para a Profª Cristina Kurachi, a participação do Grupo de Óptica do IFSC/USP foi extraordinária, atendendo a que a IPA é maior e mais importante agremiação científica do mundo na área de terapia fotodinâmica.

Profª Cristina Kurachi

“Apresentamos uma frente vasta de trabalhos, desde a ciência básica, como foi o caso do apresentado pela Clara, outro que é ainda pré-clinico, que ainda está em desenvolvimento, que foi o trabalho apresentado por Amanda, e outros dois exemplos de estudos clínicos. Então, isso demonstra a importância, a relevância do grupo, que é o desenvolvimento dessa pesquisa em todos os níveis, desde a parte mais laboratorial, prova de princípio, entendimento de mecanismo, desenvolvimento de dispositivos, equipamentos e protocolos, até a sua validação no ensaio clínico. E eu acho que, até por isso, o Prêmio Humanitário conquistado por nós também vem da ocorrência desse trabalho todo do grupo, que é conseguirmos desenvolver todas as tecnologias e, acima de tudo, torná-las uma realidade clínica, motivos pelos quais a comunidade científica está olhando com particular atenção os trabalhos desenvolvidos no IFSC/USP”, destaca Cristina Kurachi.

Na imagem abaixo podemos ver todos os pesquisadores premiados, destacando-se as jovens pesquisadoras do IFSC/USP.

Poster Award Winners – Copyright IPA-2019

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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