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8 de maio de 2024

Pesquisadora do IFSC/USP é uma das vencedoras do prêmio “USP Mães Pesquisadoras 2024”

Mirian Stringasci (Foto: arquivo pessoal)

A pesquisadora do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Mirian Stringasci, foi uma das vencedoras da terceira edição do prêmio “USP Mães Pesquisadoras 2024”, cuja cerimônia de premiação ocorrerá hoje (10/05), na sala do Conselho Universitário da USP, às 14 horas. Este prêmio é instituído e uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), em parceria com a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), ambas da USP, e os recursos são provenientes de um convênio estabelecido com o Banco Santander.

Esta edição do prêmio “USP Mães Pesquisadoras” contemplou pesquisadoras que desenvolvem seus estudos e pesquisas nas áreas de  Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, e contou com a inscrição de 39 pesquisadoras, sendo que o edital contemplava inscrições em diferentes fases da carreira acadêmica – docência, pós-doutorado, pós-graduação e graduação -, pelo fato de a maternidade afetar, de maneiras distintas, o estágio das carreiras das pesquisadoras.

Mirian Denise Stringasci, pesquisadora do CEPOF-IFSC/USP, uma das vencedoras do prêmio, é formada em Física pela Universidade Estadual de Campinas e concluiu os trabalhos de mestrado e doutorado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Mesmo com os desafios trazidos pelo processo de elaboração e defesa da tese de doutorado, ela optou por ser mãe durante esse período: “Na cabeça de muita gente, aquilo era uma loucura completa. Eu iria entrar na fase de prestar concursos tendo uma criança pequena. A gente sempre tem uma pressão: envolver-se em projetos, escrever e publicar artigos, prestar concursos. Tudo para não deixar o currículo desatualizado”.

Mirian conta que decidiu tentar conciliar a carreira na academia com a maternidade pois ambos eram grandes desejos seus. “A impressão, às vezes, é de que a gente não vai conseguir conciliar tudo. Você fica se perguntando, ‘será que eu não terei que abrir mão da carreira para ter um filho ou abrir mão de ser mãe para ser bem-sucedida?’. A gente precisa tomar uma decisão. Eu decidi ter filhos e me dedicar na vida profissional. Tive meu primeiro filho no final do doutorado e o segundo quatro anos depois”, relata. “Por isso eu gostei muito desse concurso [Prêmio USP Mães Pesquisadoras]. Acho que ele ajuda a dar visão para outras mulheres. Será que é possível seguir a carreira e ter filhos, sem abrir mão de uma dessas coisas? Elas, vendo que é possível, acredito que ajude muito.”

A pesquisadora é mãe de Gabriel (7) e Rafael (3). Ela relembra que, na primeira gestação, a organização foi fundamental para conciliar as demandas. Assim que terminou de escrever a tese, afastou-se para a licença-maternidade. Ainda durante as primeiras semanas de vida de Gabriel, escreveu e submeteu um projeto para uma bolsa de pós-doutorado, que foi aprovado. Ao fim dos seis meses de afastamento, ela defendeu o doutorado e implementou a nova bolsa em seguida.

Mirian compara esse episódio com o da segunda gravidez: “Na época da gestação do meu filho mais novo, eu tentei correr com um monte de projetos. Pensava ‘não vou deixar o meu currículo defasado’. Mas aí ele completou um ano, e eu vi que não tinha conseguido atingir o número de publicações que eu queria. Eu não tive o mesmo rendimento de antes porque não tive como. Eu me culpei um pouco por conta disso. Eu queria provar para mim mesma que eu daria conta. Isso causa uma frustração na gente”, admite.

Ela também diz ter tido muito apoio da família e dos colegas de trabalho para conciliar as esferas acadêmica e familiar. “Eu me sinto uma pessoa bem favorecida porque tenho mãe e sogra bem próximas, então tenho muito apoio. Eu escrevi isso na minha carta de inscrição do prêmio. Às vezes é muito difícil… você tem compromissos e a criança está doente, então como você deixa ela em casa e vai ao laboratório?”

Fototerapia no combate ao câncer

Em sua pesquisa, ela busca maneiras de associar rádio e fototerapia em procedimentos de combate ao câncer. A radioterapia é uma técnica comumente utilizada no tratamento do câncer. Ela consiste em direcionar raios ionizantes para a região do corpo onde o tumor está localizado, destruindo as células cancerosas e evitando que elas se multipliquem. Como os raios ionizantes têm uma elevada taxa de penetração nos tecidos biológicos, a  radioterapia é uma técnica muito eficaz. Entretanto, pelo mesmo motivo, ela pode provocar efeitos colaterais, tais como câncer secundário, morte de tecidos adjacentes à área do tumor e debilitação.

Já a fototerapia é menos invasiva, mas também menos eficaz. Ela é utilizada internacionalmente no tratamento de alguns tipos de câncer e, no Brasil, é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser utilizada nos casos de câncer de pele não melanoma — tipo mais comum de câncer de pele entre os brasileiros. “Eu procuro associar os tratamentos para ter um que seja bem eficaz e que provoque menos efeitos colaterais. Para a terapia fotodinâmica, ainda não existem protocolos fechados e há muito a ser aprimorado para melhorar a eficácia”, explica a pesquisadora.

O tratamento explorado por Mirian utiliza a luz. Então, é necessário que o paciente receba um medicamento fotossensibilizador, que pode ser via oral, injetável ou tópico. Durante o processo, são fatores importantes o tamanho e a localização – parte do corpo, profundidade e vascularização da região. É preciso que as células absorvam tanto o medicamento quanto a luz que será incidida. Para evitar que as células saudáveis absorvam o medicamento destinado às células tumorais, são utilizadas moléculas seletivas, ou seja, que possuam características físico-químicas que potencializem sua absorção apenas pelas células-alvo.  A molécula utilizada no tratamento irá definir o comprimento de luz que será usado nas sessões de tratamento. Mirian cita como exemplo a porfirina, substância que absorve a luz no comprimento de 400 nanômetros, o que corresponde à luz azul. A energia da luz é absorvida e transferida para os átomos de oxigênio do tecido. O oxigênio se transforma em uma espécie reativa e citotóxica, causando a morte do tumor.

A física de formação conta que, no ano passado, foi feita uma submissão para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou a terapia fotodinâmica um procedimento custo-efetivo para ser implementado no SUS. Até então, o tratamento era realizado apenas em clínicas particulares ou em centros de saúde parceiros da Universidade. “Essa vai ser a primeira técnica a ser implementada no SUS que foi solicitada por uma universidade pública. Geralmente, as implementações derivam de submissões feitas por empresas. Essa é a primeira submissão aprovada que foi feita por uma universidade”, destaca Mirian.

As duas outras pesquisadoras vencedoras do prêmio “USP Mães Pesquisadoras 2024” são: Kamilla Vasconcelos, do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação (LTP) da Escola Politécnica (EP) da USP e, desde 2022, docente no Departamento de Engenharia de Transportes, também da EP; e Cassia Fernandez, pesquisadora no Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas (Citi) da USP.

(Texto adaptado de original publicado pelo Jornal da USP – edição de 06/05/2024).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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