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25 de abril de 2014

O ensino no Brasil e o papel de seus intervenientes

Numa interessante entrevista publicada este mês de abril na edição nº 99 do Portal do Professor (MEC), o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), Prof. Euclydes Marega Júnior*, faz várias reflexões sobre o ensino no Brasil e aquilo que se espera do envolvimento dos diversos atores em todo esse processo – governo, escolas, universidades, professores, pais e estudantes. Um dos destaques dessa entrevista vai para a importância crescente das Olimpíadas Brasileiras de Física – eventos promovidos anualmente pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) – na identificação de novos valores nacionais.labora1-250

A citada entrevista é abrangente e incisiva, não se resguardando em falsos preconceitos, muito pelo contrário. Começando por abordar a necessidade urgente de uma capacitação contínua dos professores, no sentido de colocá-los em contato permanente com as universidades, o docente defende a existência de condições mínimas nas escolas para o desenvolvimento de atividades experimentais em infraestruturas ideais, tais como bibliotecas e laboratórios de ciências, entre outras. Marega Júnior enfatiza também que, no caso das ciências exatas e particularmente na Física, o atual sistema de ensino restringe-se à metodologia de fazer com que o aluno decore fórmulas, sem introduzi-lo, simultaneamente e principalmente, em ambientes dinâmicos experimentais (iniciação científica) por forma a despertar seu interesse e a aproveitar todas as suas habilidades criativas, no sentido de transformá-lo num profissional inovador. Para o docente do IFSC-USP, investir nesse formato educacional é extremamente benéfico e não é dispendioso, até porque é perfeitamente viável desenvolver experimentos com materiais baratos, inclusive utilizando celulares e outros equipamentos de domínio popular.

Euclydes Marega vai mais longe ao afirmar que os jovens estudantes brasileiros têm a mesma capacidade de aprendizagem que qualquer outro jovem aluno residente nos Estados Unidos, na Europa ou na Ásia, faltando-lhe apenas o apoio que deveria ser dado para o seu desenvolvimento intelectual, algo que as Olimpíadas Brasileiras de Física têm proporcionado: neste quesito, o Brasil deixou para trás sua condição de mero “participante”, ou “espectador”, nas Olimpíadas Internacionais de Física, tendo conquistado rapidamente um lugar de verdadeiro competidor candidato a medalhas de ouro e prata. Tudo isso poderá proporcionar o EUCLYDES_MAREGA_JR-325surgimento de novas vocações científicas a partir do ensino básico, caso haja uma aposta séria nesse sentido. Para Euclydes Marega, o Brasil tem que jogar para trás das costas algum complexo de inferioridade que ainda carrega, parar de reclamar e juntar esforços para iniciar uma verdadeira educação coletiva, com responsabilidades partilhadas entre seus principais atores – governos, escolas, universidades, professores, pais e alunos, caso contrário (…) o Brasil continuará a ter ilhas de excelência num mar de mediocridade (…).

No caso concreto do Instituto de Física de São Carlos (USP), Marega afirma que a Instituição, assim como algumas outras que se encontram cimentadas no vértice superior da pirâmide educacional do País, tem trabalhado incansavelmente ao longo dos últimos anos nessa direção, promovendo inúmeros programas e iniciativas dedicadas a jovens alunos e professores dos ensinos fundamental e médio, ações essas que, todavia, são isoladas e insuficientes para o que se pretende, de fato. E, se alguém ainda tem dúvidas quanto à importância da Física no contexto mundial, assumindo-se como uma saída efetiva para o competitivo mercado de trabalho global altamente qualificado, basta consultar o recente estudo realizado e publicado pela conceituada revista FORBES, que aponta essa área como uma das vinte carreiras mais promissoras nos Estados Unidos, até 2020, classificando-a na 14ª posição.

Para reflexão, vale a pena conferir, na íntegra, a entrevista que o Prof. Euclydes Marega Júnior concedeu ao Portal do Professor, clicando AQUI.

*O Prof. Euclydes Marega Júnior é Coordenador Nacional da Olimpíada Brasileira de Física (OBF) e coordenador da Olimpíada Brasileira de Física nas Escolas Públicas (Obfep) no Estado de São Paulo. É professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e professor visitante da University of Arkansas (EUA). Bacharel em física e doutor em física básica, no campo de física atômica e molecular, Euclydes Marega Júnior exerce, desde 2003, a função de líder da equipe brasileira na Olimpíada Internacional de Física.

Assessoria de Comunicação

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