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26 de agosto de 2015

Nanotecnologia pode aprimorar sensores ópticos

SLIT_ARRAY_400_100_25_1_250Uma dissertação de mestrado que descreve a nanofabricação* e caracterização de nanoestruturas metálicas para aplicações em dispositivos plasmônicos, poderá impactar no desenvolvimento de dispositivos, em especial, na criação de sensores e biossensores ópticos e nas metodologias utilizadas na detecção de propriedades de moléculas orgânicas ou inorgânicas, através da interação entre a luz e as amostras desses materiais, utilizando estruturas plasmônicas.

A plasmônica permite o estudo, o confinamento e a manipulação dos campos eletromagnéticos em nanoestruturas. Essa teoria, em conjunto com a evolução das técnicas de nanofabricação, permitirá o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas e métodos de processamento de informação e análises físico-químicas de soluções.

Utilizando a técnica de espectrofotometria (que permite comparar a radiação absorvida ou transmitida por uma solução), em conjuntos de estruturas com dimensões nanométricas, é possível observar a interação entre as soluções contendo moléculas e a radiação confinada nessas nanoestruturas. Quando as moléculas absorvem, ou espalham a radiação da luz, elas revelam informações de suas propriedades.

Segundo o Prof. Dr. Euclydes Marega Júnior, docente do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e orientador do pesquisador Rafael Bratifich (autor da dissertação em questão), o conceito desse trabalho consiste em desenvolver nanoestruturas metálicas e estudar os efeitos dos campos confinados nelas, interagindo com soluções de moléculas orgânicas. Ao invés da radiação luminosa incidir sobre o material, concentramo-la em uma nanoestrutura, ou seja, em uma região muito pequena do espaço, quando comparada com seu comprimento de onda, e fazemos com que as moléculas atravessassem essa região. A nanoestrutura seria uma espécie de antena, enquanto os átomos representariam os receptores, explica Marega, destacando também o fato dessas nanoestruturas permitirem a análise de amostras que contêm uma quantidade mínima de moléculas em volumes muito pequenos (microlitros) de solução, em comparação a outras técnicas presentes no mercado que necessitam de quantidades maiores (mililitros) de solução para a análise.

Outra vantagem dessas Rafael_Bratifich_350nanoestruturas plasmônicas é a possibilidade de confinar campos eletromagnéticos na região visível do espectro. Isso é muito interessante quando se trabalha com moléculas orgânicas, pontua o autor do trabalho. De acordo com o jovem pesquisador, esse método poderá ser aplicado para medir concentrações de soluções com moléculas que apresentem atividade óptica, entre outros estudos que poderão ser desenvolvidos utilizando essas nanoestruturas, devido à alta sensibilidade dos campos plasmônicos, em relação a alterações no meio que envolve as estruturas. Com isso, os biossensores (dispositivos eletrônicos) utilizados hoje na detecção de compostos e inclusive de algumas doenças, incluindo o câncer, poderão passar por melhorias. Nesta pesquisa, estudamos algumas moléculas, como, por exemplo, a porfirina e a rodamina. Entretanto, as nanoestruturas plasmônicas podem ser desenvolvidas para estudar e medir concentrações de DNA, diz Rafael Bratifich, acrescentando que a plasmônica também poderá ser utilizada no desenvolvimento de filtros ópticos, polarizadores, bem como em sistemas de interferência óptica.

Os efeitos plasmônicos nas artes

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Embora não seja do conhecimento do público em geral, há séculos que artistas utilizam efeitos plasmônicos em suas obras. O primeiro objeto em que se sabe que há esse fenômeno é o cálice de Licurgo (imagem acima), datado do século IV a.C. Na foto, observa-se que, ao iluminar a parte interna do objeto, há uma interação entre a luz e as nanopartículas de ouro e prata que foram misturadas no vidro do artefato. Este é apenas um dos exemplos do efeito plasmônico aplicado na arte. Na Idade Média, os vitrais das igrejas católicas eram compostos por vidros incrustados com nanopartículas e é por esse motivo que eles criam diversos efeitos coloridos.

*O termo nano, ou escala nanométrica, refere-se a matérias ou elementos tão pequenos quanto átomos ou moléculas;

(Imagem 1: Rede metálica de fendas gravadas sobre um filme de ouro de largura de 100nm [1nm é igual a 1 bilionésimo de metro] e comprimento de 10 micrômetros. O espaçamento entre as fendas é de 400nm).

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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