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19 de outubro de 2011

(Mais) jovem outra vez

Os mais parados que se mexam: nenhuma dieta ou tratamento estético pode ser tão benéfico à saúde do corpo quanto os exercícios físicos. Para o número crescente de sedentários- que, só no Brasil, afeta 70% da população- essa pode não ser uma notícia muito boa. Mas, se houvesse uma maneira de potencializar o efeito destes exercícios, ficaria mais fácil tirar os preguiçosos do sofá?

ExerccioTudo começou com uma ideia: prevenção das consequências do envelhecimento do corpo. Embora possa parecer de preocupação, meramente, estética, tais consequências, em alguns casos, podem ir muito além do que pensamos.

Elas são caracterizadas pelo declínio da função hormonal, neural, cardiovascular e respiratória, além da perda óssea e alterações na composição corporal, caracterizada pela perda de massa/força/qualidade do músculo (sarcopenia) e aumento do percentual de gordura (obesidade), que juntamente com desequilíbrio da taxa metabólica e o estado sedentário, podem aumentar a fadiga.

Com isso tudo em mente, Vanderlei Salvador Bagnato e Cristina Kurachi, docentes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) junto à atual doutora em biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Fernanda Rossi Paolillo, pensaram em uma maneira de amenizar tais consequências. O resultado foi a criação de um aparelho capaz de potencializar os benefícios de exercícios físicos, consequentemente prevenindo e diminuindo as consequências do envelhecimento do corpo.

Aparelho-1

O equipamento, que contém milhares de LEDs (diodos emissores de luz), foi desenvolvido pelo Laboratório de Apoio Tecnológico do Grupo de Óptica do IFSC, contando com a colaboração do Departamento de Fisioterapia da UFSCar, através do docente, Nivaldo Antonio Parizotto, para realização do estudo clínico. Arranjos de LEDs, que emitem infravermelhos, foram projetados para serem utilizados durante o exercício físico e testados, diretamente, em seres humanos. “Antes de ser usado, o aparelho passou pela aprovação do Ministério da Saúde, em Brasília, e pelo Comitê de Ética, nacional e local. Só depois disso é que começamos a recrutar pacientes para testá-lo”, conta Fernanda.

Em seguida dos ajustes devidos, inclusive no que se refere à parte burocrática para o uso do equipamento, durante três meses, 45 voluntárias- mulheres na pós-menopausa, entre 45 e 50 anos- iniciaram os testes e, após duas semanas, já puderam sentir os resultados. “Estas voluntárias foram avaliadas até o período de um ano. Trabalhamos com análises sofisticadas para observar os efeitos e constatamos que houve melhora da força muscular, atenuação de perda de massa óssea, o que diminui as chances de osteoporose, e redução da fadiga. Fizemos teste de esforço na esteira ergométrica, com eletrocardiograma, e observamos, também, melhora na capacidade aeróbia”, conta Fernanda. “Já é muito bem sabido que os exercícios físicos trazem todos esses benefícios, mas conseguimos potencializar e acelerar esses efeitos, com a ajuda do novo equipamento”.

E as vantagens não param por aí. Além do citado acima, pela técnica de termografia- também utilizada, pelos pesquisadores, para análise dos resultados- constatou-se o aumento da temperatura da pele, o que indica vaso-dilatação e aumento da circulação sanguínea, trazendo uma melhora estética aos tecidos atingidos. Isso significa dizer que a celulite, uma das maiores inimigas das mulheres, também sofreu redução. “Por aumentar a circulação nas regiões afetadas, os tecidos apresentaram melhoras estéticas, comprovadas pela diminuição da celulite, nas áreas observadas. Notamos, também, o aumento da síntese de colágeno, proteína responsável, entre outras coisas, pela firmeza da pele. Em razão desse aumento, a pele das voluntárias rejuvenesceu”, afirma Fernanda.

Embora, em princípio, testado somente em mulheres, pessoas de ambos os sexos, de diferentes idades, também podem usufruir dos efeitos positivos do novo aparelho. “Já existem estudos que comprovam a eficácia do equipamento infravermelho em pessoas jovens, que tiveram hipertrofia muscular. O infravermelho associado à musculação também traz bons resultados”, afirma Cristina Kurachi.

Resultados comprovados

Para efeitos de comparação, as voluntárias que participaram dos testes iniciais foram divididas em três grupos: o primeiro com pacientes sedentárias, o segundo com pacientes que se exercitaram na esteira ergométrica e o terceiro com exercícios na esteira associados ao infravermelho.

Além da melhora do desempenho físico, como o aumento da força muscular e da capacidade aeróbia, outros benefícios também foram verificados. Em relação ao nível de colesterol no organismo, o terceiro grupo apresentou uma melhora 20% maior em relação ao segundo. Outro dado numérico diz respeito à atenuação de perda de massa óssea em 50% nas pacientes do terceiro grupo. “O segundo grupo também teve melhoras e resultados positivos, mas foram inferiores àqueles observados nas pacientes que fizeram os exercícios associados ao infravermelho”, explica Fernanda.

Antes_e_depois-1

Atualmente, Fernanda, após ter concluído seu doutorado e iniciado o pós-doutorado, realizará novos testes para explorar mais os efeitos dos LEDs infravermelho na reabilitação, no desempenho esportivo e na estética corpórea.

Quando a indústria entra em jogo?

Preços de venda do aparelho ainda não foram pensados. De acordo com Cristina, a patente do produto já foi solicitada e está prestes a ser concedida. “O interesse de empresas em construir o aparelho só virá depois de termos demonstrado, efetivamente, os diversos resultados atingidos com o equipamento”, conta.

Fernanda diz que muitas academias de ginástica e clínicas de estética já demonstraram enorme interesse em fornecer um espaço físico para alocar o aparelho e permitir testes com outras voluntárias. “Temos muitas propostas e estamos negociando para ver qual estabelecimento oferece um melhor ambiente, adequado aos testes. A ideia é que, nessa segunda fase, qualquer pessoa possa participar, não importando o sexo ou idade”.

Cris_e_Fer

Mas, no que se refere à metodologia, protocolo e análise de resultados da pesquisa, parte que cabe à universidade, muitos passos já foram dados em direção à conclusão dos estudos. Notícia muito boa para as academias, mas talvez nem tanto aos sedentários de carteirinha, que não terão mais desculpas para não fazer os, cada dia mais essenciais, exercícios físicos.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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