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7 de dezembro de 2011

Internacionalização à vista no IFSC

A internacionalização universitária é sem dúvida um dos grandes desafios do Brasil. A maioria dos países da Europa já articulam sua educação em torno de um espaço comum de qualidade, garantindo a desenvoltura internacional de seus alunos, formando cidadãos críticos com visão globalizada, prontos para enfrentar as exigências do mercado de trabalho, e também garantindo o desenvolvimento de pesquisas conjuntas e

internacionalizacao

 

a produção do conhecimento voltados para a garantia da soberania de seu bloco. No Brasil, ainda há um desencontro nas ações internacionalizadas, que deixa o país em uma condição de certa passividade educacional. Diante desta necessidade, algumas universidades nacionais já traçam políticas objetivas para atuação conjunta entre Univer

sidades, que as dêem uma dimensão internacional e possibilite a troca de conhecimento e experiências que gerem crescimento qualitativo da graduação, pós-graduação e pesquisa e que, afinal, garantam a soberania educacional do país. Mais um importante passo em direção ao processo de internacionalização da educação superior no Brasil está sendo dado pela Universidade de São Paulo, aqui mesmo, em São Carlos.

Na última semana (29), o Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) recebeu pesquisadores da University of East Anglia (UEA), localizada no Reino Unido. Os pesquisadores britânicos Duncan Craig e Susan Barker, acompanhados da brasileira Tharin Blumenschein – que, atualmente, também leciona na UEA –, estiveram no IFSC com o concreto intuito de firmar parcerias entre a UEA e a USP. Na ocasião, o professor Duncan Craig ministrou uma palestra sobre esta colaboração, apresentando os potenciais da colaboração entre física e farmácia, enquanto a Profª Blumenschein e a Profª Barker falaram de outros objetos de interesse em comum, como a investigação de proteínas através da técnica de Ressonância Magnética Nuclear e aplicações várias da matemática.

Segundo Duncan Craig, o que a UEA está buscando é desenvolver um pequeno número de longas e aprofundadas relações com USP. Em uma primeira etapa, a idéia é intensificar o intercâmbio de alunos e professores de ambas as universidades. Uma vez que a colaboração entre linhas de pesquisa estiver sólida, e a cooperação entre grupos de pesquisa fluir naturalmente, o próximo passo será expandir as relações até formar um vínculo institucional entre universidades, desde os níveis mais básicos, entre laboratórios, até os níveis políticos, entre reitorias.

Em entrevista, Craig conta que, recentemente, a Escola de Farmácia (UEA School of Pharmacy) decidiu conhecer melhores estratégias científicas ao redor do mundo no que diz respeito às pesquisas na área de química medicinal, e afirma ter encontrado, no Brasil, muitas áreas de interesse que podem ser melhor desenvolvidas através de um relacionamento entre universidades. “Farmácia é um deles, mas também física, biofísica, ressonância magnética, eletroquímica, só pra citar alguns exemplos. Há coisas muito excitantes que podemos desenvolver juntos”, conta ele.

Antes de chegar ao IFSC, os pesquisadores estiveram na Faculdade de Ciências Farmacêuticas [FCF/USP], no Instituto de Física [IFSC/USP] e no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP). “Em todos os locais que vamos, pensamos ‘Nossa! Como as pesquisas daqui são similares à nossa!'”, revela o professor Craig.

Um encontro bem-sucedido

javier_craigAntes de ter esta viagem programada, Craig viajou, em outubro, para participar do PBA-2011, uma conferência para farmacêuticos que decorreu em João Pessoa (PB), onde conheceu e iniciou uma amizade com o professor Javier Ellena, docente do IFSC. Este contato aprofundou o interesse da UEA de estreitar laços com USP, pois Craig percebeu que, apesar de trabalharem em diferentes departamentos, ele e Ellena tinham muitos interesses em comum no desenvolvimento de seus trabalhos, em especial a caracterização de fármacos em estado sólido. Segundo o próprio Prof. Ellena, a diferente perspectiva que ambos têm do mesmo objeto de pesquisa é muito importante para o desenvolvimento de seus estudos: “É isso o que normalmente enriquece uma pesquisa, pois você pode obter diferentes respostas e pensar em melhores maneiras de interligar os dados, com diferentes técnicas e procedimentos. Eu sou um físico com interesse em fármacos e Craig é um farmacêutico com interesse em Física”, explica.

Com isso, Craig viu no IFSC um modelo no que diz respeito à dedicação a princípios físicos aplicados. “A Física é uma ciência que trabalha em conjunto com outras ciências, e eu penso que o IFSC colocou isso em prática”, afirma ele.

A diferença entre os laboratórios da UEA e do IFSC é que no Reino Unido, os trabalhos são muito mais voltados a assuntos diretamento relacionados à Física, enquanto a preocupação no IFSC recai sobre temas e objetivos mais multidisciplinares. Isso chamou tanto a atenção do pesquisador que, com a idéia de reintroduzir um curso de Física na UEA, o interesse passou a ser observar cuidadosamente como o Instituto trabalha, com o objetivo de aplicar o mesmo modelo em seu próprio curso. Quanto a esta diferença, Javier afirma que estrangeiros acham muito interessante a idéia de estar em Departamento de Física, utilizando princípios físicos para estudar problemas de ordem química, médicos, farmacêuticos, etc. “Lá, eles trabalham com a física pura, com algum sinal de aplicabilidade, por isso eles vêem  algo especial em nosso enfoque interdisciplinar”, explica ele. E o Prof. Craig confirma: “Vocês têm muito a oferecer”.

Segundo o Prof. Ellena, em relação a seu laboratório de pesquisa, as expectativas da colaboração são muito altas. “Temos grande interesse no intercâmbio de alunos e docentes entre instituições, pois o laboratório do Prof. Duncan é muito conceituado e creio que também possamos acrescentar bastante a seus trabalhos”, conta ele. “Acredito que, muito em breve, já tenhamos projetos de colaboração entre laboratórios no sentido de aprimorar nosso trabalho de caracterização de insumos farmacêuticos em estado sólido”

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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