Todos ficamos maravilhados diante da beleza de um anel de diamantes, ou mesmo com as cores vibrantes de uma turmalina. Isso enfatiza não só a importância de identificar corretamente os materiais, como também de preservar minerais de ocorrências raras do Brasil e do mundo para as próximas gerações.
O pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Marcelo B. Andrade, especialista em cristalografia e espectroscopia Raman, vem colaborando com Miriam D. P. Azevedo, do Museu de Geociências da USP, em um trabalho cujo intuito é identificar e certificar amostras catalogadas do acervo, amostras complexas que nem sempre são o que parecem. O Museu de Geociências é reconhecido internacionalmente pela pesquisa e preservação de amostras de novas espécies minerais brasileiras, rochas, fósseis, e até meteoritos, como o Itapuranga, com mais de 600 quilos.
Marcelo Andrade relata que “É impressionante o trabalho de investigação e identificação que podemos realizar com a estrutura dos nossos laboratórios, utilizando a difração de raios X e as propriedades vibracionais dos materiais. Possuímos resultados para amostras da região de Caieiras (SP), minerais ricos em urânio de Urgeiriça – distrito de Viseu, em Portugal – e, mais recentemente, de amostras de Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde identificamos as espécies minerais frankilinita, andradita e willemita”.
Estas últimas foram analisadas pelo aluno de doutorado em Física Computacional do IFSC/USP, Alfredo Queiroz, que atualmente está desenvolvendo uma base de dados que servirá para identificação de amostras. O aluno foca seu trabalho em elementos de aprendizado de máquina (machine learning) para realizar essa identificação. Essa base será disponibilizada para pesquisadores e colecionadores interessados na identificação de minerais de grande importância econômica, como os óxidos de ferro.
Alfredo fez as análises das amostras utilizando o sistema LabRam HR (VER AQUI). Este espectrômetro, de última geração, possui microscópio acoplado e três diferentes lasers com comprimentos de onda: 532, 633 e 785 nm.
Alfredo diz que: “A espectroscopia Raman é uma técnica que, em conjunto com uma base de dados, possibilita identificar tanto amostras da ordem de alguns centímetros, até da ordem de alguns micrometros. Em geral, esta técnica não é destrutiva, uma particularidade que é fundamental para museus e especialistas em joias que não podem se dar ao luxo de perder suas amostras”.
Com a colaboração em andamento, o número de amostras do Museu que foram analisadas tende a aumentar e os resultados obtidos vão propiciar que outros pesquisadores e interessados possam avançar ainda mais em seus estudos sobre a estrutura cristalina, composição química e a formação das nossas rochas e minérios.
Rui Sintra – Assessoria de Comunicação IFSC/USP