Proporemos aos presentes, nesse Filosofísica, o exercício analítico de tentar destacar os modelos de ciência subentendidos na fala de diversas figuras, políticos, pesquisadores e ativistas entrevistados no documentário “A Casa dos Números – Anatomia de uma Epidemia”(2009). Em um ponto em que a ciência entra em contato com outras instituições sociais, temos uma chance de testemunhar o que pessoas que participam desses diferentes âmbitos esperam dos produtos do trabalho de cientistas e tecnólogos. Numa discussão sobre a compreensão pública do papel social e político da ciência vou tentar defender que, em tópicos controversos e nos quais esse papel não seja completamente desprezível, a pergunta “Qual cientista/Algum cientista tem razão?” não pode ser esgotada em questões metodológicas. Entre uma visão e outra de ciência capturada do filme, vamos pensar também: Por que esse documentário choca tanto? Por que sentimo-nos enganados pela ciência diante da mera possibilidade de certas teses que o documentário levanta? Ele quebra com a Ciência ou com visões idealizadas de ciência? Ele alimenta movimentos anticientíficos? Ao final, o que esperamos de um exercício como esse, de tentar entender a forma como os outros enxergam a ciência, é que ele nos ajude a clarificar as nossas próprias concepções encobertas.”
