A forma como a ciência e a religião agem através da história, e a forma como elas se relacionam é um tema recorrente nos materiais de divulgação científica, em aulas, em filmes e até mesmo em nossas conversas cotidianas. Essa história aparece, com alguma frequência, em um formato típico de uma novela televisiva, na qual existe um herói carismático e bondoso com o qual qualquer um consegue se identificar e um vilão sub-humano cujo único objetivo é opor-se ao herói. A disposição dos papéis irá variar de acordo com quem conta a história, mas a ciência é costumeiramente colocada no papel de herói.
Essa visão tende a ser sedutora e costuma ser aceita de maneira relativamente acrítica por muitos, possivelmente por estes acreditarem de antemão que este é o papel real de ambos os campos de conhecimento e, portanto, que é perfeitamente natural que a história retrate fielmente o caráter destes personagens.
Mas de onde esta visão surgiu? Existe algo na nossa percepção natural da ciência e da religião que nos faça esperar que elas sejam antagonistas? Nós aprendemos isso de forma simples através do que a história tem a nos dizer? Desde quando essa visão é tão popular?
Neste seminário será abordada a gênese histórica de tal visão, e utilizaremos a crítica fornecida pela historiografia moderna como uma maneira de rever o caso Galileu e avaliar a sua importância no estabelecimento do heliocentrismo.