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27 de julho de 2016

FAPESP investe R$ 2 milhões em projeto do IFSC/USP

Um projeto temático sobre Astrofísica de Partículas, liderado por docentes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), recebendo um aporte de aproximadamente R$ 2 milhões. O auxílio tem como objetivo apoiar propostas de pesquisas com ideias “suficientemente ousadas”, que podem ter a duração de até cinco anos.

crdito_-_CTA-Observatory_250O projeto em questão, que compreende parte da construção do observatório Cherenkov Telescope Array (CTA) e um trabalho de divulgação científica em São Carlos, é liderado pelos docentes do IFSC/USP, Profs. Drs. Luiz Vitor de Souza Filho, Manuela Vecchi e Cibelle Celestino Silva, sendo integrado também por outros sete docentes, oriundos de diferentes instituições de ensino e pesquisa do país, incluindo o Instituto de Física da USP (IF/USP), a Escola de Engenharia de Lorena da USP (EEL/USP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (IFT/UNESP).

Buscando entender o Universo

Este projeto, válido durante cinco anos, tem como um de seus objetivos a construção de parte dos telescópios do CTA no Brasil, bem como a exploração dos dados coletados no observatório por pesquisadores brasileiros. Integrado por mais de mil cientistas, oriundos de vinte e sete países, o CTA será constituído por telescópios instalados em dois sítios, sediados no Chile e nas Ilhas Canárias (Espanha), tendo como intuito medir raios gamas vindos do espaço, para o estudo de diversos mistérios de nosso Universo (matéria escura, quebra de invariância de Lorentz, radiações de fundo, aceleração e propagação de raios cósmicos, galáxias ativas, entre muitas outras), podendo, talvez, fornecer respostas capazes de alterar muito do que se tem como verdade na área de Astrofísica. O Observatório, que deverá atuar durante cerca de vinte anos, será construído por uma centena de telescópios de três tipos: quatro grandes (24 metros), vinte e cinco médios (12 metros) e outras dezenas de telescópios pequenos (6 metros).

Este é o terceiro projeto com participação de docentes do IFSC aprovado pela FAPESP, no âmbito do CTA. Desde 2010, pesquisadores do IFSC/USP têm trabalhado em conjunto com a empresa brasileira Orbital Engenharia, que construiu o “braço” de aço que sustenta a câmera do telescópio de porte médio. Pesando cerca de setenta toneladas, esse telescópio é formado por uma torre de sustentação, espelhos refletores e pelo “braço”. “Fizemos o ‘braço’ de um protótipo [confira o vídeo AQUI], que foi enviado para Berlim, na Alemanha, onde passou por testes, tendo sido aprovado. Agora, com este novo projeto aprovado pela FAPESP, solicitamos a elaboração de uma versão modificada e finalizada do “braço” e a produção de outras duas estruturas”, explica o Prof. Luiz Vitor.

A construção do sítio nas Ilhas Canárias já teve início. A expectativa é que, no início de 2018, o sítio no Chile comece a ser construído. Embora a conclusão das obras esteja prevista para meados de 2021, as pesquisas terão início a partir do momento em que o primeiro telescópio estiver montado em um dos sítios – espera-se que, no final de 2017, já haja um telescópio em operação nas Ilhas Canárias. “Apesar da crise e dos cortes financeiros sofridos por vários países, o CTA tem recebido apoio das instituições, estando muito bem colocado no cenário internacional de financiamento e de interesse da comunidade científica”, pontua Luiz Vitor, destacando que os cientistas envolvidos no CTA já estão em ação, pesquisando as melhores maneiras de extrair as futuras informações.

Divulgação de Astrofísica de Partículas em São Carlos

Além da participação dos pesquisadores brasileiros na construção dos “braços” dos telescópios e na análise dos dados obtidos através dos telescópios do CTA, o projeto compreende o estabelecimento de um trabalho de divulgação científica em Astrofísica de Partículas, no Observatório “Dietrich Schiel”, do Centro de Divulgação Científica e Cultural (ODS/CDCC), em São Carlos. Sob a coordenação da Profa. Cibelle, o projeto de divulgação deverá ser lançado em 2017, envolvendo ferramentas modernas audiovisuais, que farão parte de um roteiro focado na interatividade com os visitantes.

Com o citado aporte, os pesquisadores pretendem adquirir um detector de raios cósmicos (câmera de faíscas) que deverá ser o grande destaque da divulgação: o equipamento compacto, que mede pouco mais de meio metro de largura e altura, detecta partículas que vêm do espaço e as revela a partir do disparo de faíscas. “Não dá para fazer ciência com o equipamento, porque é um material de divulgação. Mas é bem interessante, porque ele permite ver algo que não se enxerga a olho nu”, diz Luiz Vitor.

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O docente explica que a Astrofísica de Partículas, que antigamente era chamada de raios cósmicos, é uma área muito interessante de se explorar no âmbito da divulgação científica. Isso porque, segundo ele, essa vertente teve um papel fundamental na construção da física no Brasil, tendo sido estudada por grandes nomes da ciência brasileira, inclusive, pelo falecido Prof. Bernhard Gross, docente alemão que se radicou no Brasil, tendo trabalhado no IFSC e “emprestado” seu nome ao Grupo de Polímeros do Instituto de Física de São Carlos.

Luiz Vitor desenvolveu Iniciação Científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado na área de Astrofísica de Partículas. Com vinte anos de experiência nesse campo, ele admira a evolução – ou a transição de fase, como prefere chamar – das técnicas de pesquisa em Astrofísica, que antigamente era baseada em especulações, em razão da dificuldade que havia em medir fenômenos e analisar informações espaciais. “Em vinte anos, passamos de uma fase de especulação para uma fase de ciência de precisão. Então, hoje, já não existem grandes discrepâncias entre os observatórios”.

No IFSC/USP, os estudos na área de Astrofísica de Partículas se iniciaram com a contratação do Prof. Luiz Vitor, em 2008, e, mais recentemente, se fortaleceram com a vinda da Profa. Manuela, que atua no Instituto há dois anos. Embora ambos tenham desenvolvido projetos individuais com sucesso, este projeto temático é a primeira iniciativa de grande porte, liderada por docentes do Instituto, que envolve pesquisadores de outras instituições de ensino e pesquisa nacionais.

Para o docente, a aprovação deste projeto representa não só mais um passo para a consolidação de um grupo de Astrofísica de Partículas na Unidade, mas também o reconhecimento dos esforços que têm sido feitos nela. Isso porque, segundo Luiz Vitor, a cooperação do Instituto com o desenvolvimento de estudos nessa área já se tornou uma história de apoio institucional de sucesso, tendo sido coroada com os já citados recursos.

(Ilustração 1: representação de um dos sítios do Observatório / Créditos: CTA)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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