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4 de abril de 2019

Por uma melhor Educação: ex-aluno do IFSC/USP e seu desafio em ser professor

Quer se queira, quer não, ser professor é uma espécie de montanha russa, um trabalho com altos e baixos, mas que inunda de felicidade e de prazer todo aquele que opta por transmitir o conhecimento aos outros, uma satisfação que está vinculada diretamente com o sucesso obtido no que faz e que pode ser encarado tanto na área financeira, como de reconhecimento.

Márcio Lourenço teve a chance de crescer dentro dessa carreira e trabalhar em escolas privadas de grande porte, que remuneram muito bem seus funcionários, não sem ter chamado a atenção para a falta de professores, já que ser professor é uma profissão que vale a pena e que está carente de bons profissionais. De forma bem humorada, este ex-aluno do IFSC/USP sempre questiona se os seus alunos pretendem seguir a carreira de licenciatura, já que o número de interessados é sempre pequeno. “Não sei se é por vergonha, ou se a carreira  não atrai tanto como antes”. O salário para um profissional que escolhe a área de licenciatura é bastante atrativo: um docente que está no início da carreira pode faturar entre R$ 4.000,00 e R$ 6.000,00, enquanto aquele que está na metade de sua carreira poderá ganhar entre R$ 8.000,00 a R$ 10.000,00: outros, cujas trajetórias profissionais são avançadas, podem faturar acima de R$ 15.000,00.

Márcio Ferreira Lourenço tem 43 anos, é casado e pai de duas meninas, mora em São Carlos e atua como professor de física em escolas particulares nas cidades de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Carlos e Rio Claro. Descobriu o interesse pelas ciências exatas durante o ensino fundamental, embora suas grandes paixões fossem as áreas biológicas e de ciências da natureza. Contudo, a atração pelas ciências exatas surgiu no ensino médio (E. E. Dr. Álvaro Guião), uma das mais tradicionais escolas públicas do município de São Carlos, não só devido a forte influência de seus professores, que inflaram seus sonhos em poder tornar-se professor, independente de que área fosse. Já na universidade, o prazer de passar o conhecimento aos outros veio por influência de sua mãe – também ela professora.

Quanto à experiência de desfrutar e absorver o conhecimento desses mestres, Márcio conta que, mesmo nos dias de hoje, os jovens não aproveitam todo o aprendizado que têm à disposição e só valorizam a perda quando o tempo passa e já é tarde demais para refletir. Apesar disso, Márcio afirma que no início de sua profissão teve a chance de conviver com professores de gerações mais distantes, como, por exemplo, alguns mestres bem conhecidos, como foram os casos dos Profs. Mario Tolentino e José do Prado Martins, dentre outros.

Arquivo

Ao recordar vários momentos de sua juventude, Márcio Lourenço destaca, entre outros episódios, as passeatas reivindicativas que renderam no tombamento do prédio da E. E. Dr. Álvaro Guião, o qual foi fechado e reformado, tendo finalmente recuperado a histórica aparência que tinha há cem anos. Quanto à difícil transição entre o ensino médio e a universidade, nosso entrevistado afirma que é um constante problema, já que é nesse momento que a influência familiar ganha maior peso. Antes de ingressar no IFSC/USP, em física, a família de Márcio debatia-se com sérias dificuldades inerentes a uma classe média que praticamente se extinguia e que, por esse motivo, tinha muitas dificuldades para mantê-lo em uma cidade distante, mesmo que fosse numa universidade pública: “Eu não tinha chance de ingressar numa universidade particular”, afirma Márcio Lourenço: “Morando numa cidade que sedia duas grandes universidades, eu tinha que optar por um dos cursos que essas universidades ofereciam e o leque em São Carlos era muito grande. Então, se eu não tivesse me apoiado nas exatas ou nas áreas biológicas, ainda teria algum outro campo para estudar”. Apesar de afirmar que não era aluno brilhante em exatas, Márcio diz que era bom estudante, obtendo boas notas em todas as disciplinas. Já no ensino médio, a física, com toda sua abrangência, conseguiu conquistar o atual docente, porque dentro de um único curso haviam diversas áreas para serem estudadas. Para Márcio, a física possui esse chamado muito especial.

Aos alunos que estão ingressando ou cursando Licenciatura em Ciências Exatas, Márcio Lourenço pede para que olhem a área da física como algo que contribuirá muito para uma carreira feliz, principalmente devido ao que promove. Para ele, não há nada mais maravilhoso do que terminar o convívio com algum jovem e ouvir dele um agradecimento especial por tudo o que foi feito ao longo de todos aqueles anos, indiscutivelmente importantes para ele. Contudo, Márcio espera que os jovens físicos procurem a licenciatura para que possam fazer com que a educação do país melhore.

“Vista a camisa da docência e trabalhe para ser um bom professor”, finaliza o ex-aluno.

(Entrevista publicada no livro intitulado “Egressos do IFSC/USP que atuam fora da academia” – por: Prof. Tito José Bogamba e Rui Sintra-jornalista)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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