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16 de novembro de 2016

Escrita científica é tema de encontro entre editores e pesquisadores

Em sua 5ª edição, o Meet the Editors – scientific writing aconteceu nos dias 7, 8 e 9 de novembro, literatura_cientfica_250no Auditório “Professor Sérgio Mascarenhas” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), reunindo cerca de 150 participantes, em memória de Peter Adams, um dos fundadores do grupo de publicações científicas Physical Review.

Neste ano, o workshop, que se realiza em período bianual, trouxe mesa-redonda, palestras, seminários e mini-cursos com Laura H. Greene (presidente da American Physical Society – APS), Philip Greenland (editor do Archives of Internal Medicine), Karie Friedman (editora do Reviews of Modern Physics), Celia M. Elliott (diretora de assuntos externos do Departamento de Física da Universidade de Ilionois em Urbana-Champaign – EUA), Daniel Saraga (editor da revista científica Horizons, da Swiss National Science Foundation), Julie Kim-Zajons (editora da Physical Review Applied) e Samindranath Mitra (editor da Physical Review Letters – PRL).

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Laura Greene

Esta edição do evento trouxe também o workshop especial intitulado Career Launch and Negotiation: Skills for success, que teve como foco o público feminino. Na ocasião, Laura Greene discutiu, por exemplo, habilidades que podem ajudar pesquisadoras – e também pesquisadores – a falar em público durante seminários e reuniões profissionais e a criar um bom currículo. Tal palestra também foi assistida pelo Diretor do IFSC/USP, Prof. Dr. Tito José Bonagamba, e pelo Pró-Reitor de Pesquisa da USP, Prof. Dr. José Eduardo Krieger – além do Instituto, a Pró-Reitoria de Pesquisa da USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) também apoiaram a realização do Meet the Editors.

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Da esquerda à direita: Laura Greene, Julie Kim-Zajons, Saraga, Mitra e Greenland

Na mesa-redonda que decorreu no dia 8, os especialistas Laura Greene, Daniel Saraga, Philip Greenland, Samindranath Mitra e Julie Kim-Zajons discutiram temas relacionados a publicações científicas, como, por exemplo, plágio, fraude, revisão por pares, e publicações científicas com acesso aberto e exclusivo a assinantes.

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Dr. Greenland

Esta foi a primeira edição do workshop integrada por um especialista na área de biomedicina: o Dr. Philip Greenland destacou, em especial, temas relacionados a questões de má conduta acadêmica – envolvendo principalmente pesquisas na área médica -, interação com a mídia e conflitos de interesse.

Para o curador do workshop, Prof. Dr. José Carlos Egues de Menezes (IFSC/USP), os seminários ministrados por Greenland foram alguns dos grandes destaques desta edição do encontro, haja vista que no próprio IFSC, bem como na Universidade, há uma série de pesquisas com foco no desenvolvimento de eventuais tratamentos médicos. “Greenland deu vários exemplos concretos, inclusive de seu próprio grupo de pesquisa, enfatizando esses elementos, como a má conduta acadêmica”, destaca o Prof. Egues, complementando que a expertise, ou seja, o alto nível de conhecimento dos sete palestrantes também elevou ainda mais a qualidade do evento.

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Prof. Egues

Como grande parte dos editores de revistas científicas vive em outros países e não no Brasil, essa interação entre pesquisador e editor é mais comum em regiões como nos Estados Unidos, mas não em nosso país. Sendo assim, o Meet the Editors é, segundo o Prof. Egues, uma oportunidade única para que cientistas absorvam todo o conhecimento desses profissionais, mostrando aos editores o que tem sido desenvolvido nos laboratórios de pesquisa nacionais.

É pelo fato de entender a importância da divulgação científica que as expectativas do Prof. Egues para a 6ª edição do evento são ainda maiores: o intuito do docente do IFSC/USP é reunir não só editores e pesquisadores, mas, também, professores dos ensinos fundamental e médio, e outros divulgadores de ciência.

Elaborando um paper de boa qualidade

Ter um artigo publicado em uma revista científica de grande prestígio é o desejo de qualquer cientista que se preocupa com a ampla divulgação dos resultados de seus trabalhos. Mas, afinal, quais são as características que um excelente paper deve ter?

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Karie Friedman

A editora Karie Friedman analisou trinta artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros nas revistas do grupo Physical Review. Com base em sua análise, durante o Meet the Editors Karie evidenciou alguns dos erros mais comuns encontrados nesses trabalhos, incluindo a má escolha de palavras do idioma inglês, como “aspect”, e a má inserção de artigos da língua inglesa, como o “the”.

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Mitra

Outro erro normalmente cometido por pesquisadores de diversos países, segundo o editor do PRL, Samindranath Mitra, é deixar de ler e seguir os requerimentos exigidos pelas próprias revistas. “O PRL, por exemplo, exige que os artigos submetidos tenham um determinado limite de páginas e, muitas vezes, essa regra é ignorada pelos autores”.

Para a editora do Physical Review Applied, Julie Kim-Zajons, existem apenas três tipos de artigos: os bons, os muito bons e os excelentes. Segundo ela, muitas vezes os cientistas não são honestos com eles próprios, insistindo em submeter seus artigos a revistas cujos perfis condizem com outros níveis de trabalhos e temáticas. “Ao agir com esta honestidade, os cientistas evitam a perda de tempo e até frustrações desnecessárias”.

Para o Prof. Egues e os editores Mitra e Julie Kim-Zajons, a clareza – ou seja, a habilidade de descrever um estudo de forma simples – é tão importante quanto obter grandes resultados em pesquisas. “É necessário explicar, através das palavras mais simples, o que torna o artigo importante. O cientista pode conquistar excelentes resultados, mas, se ele não souber explicá-los, ninguém os compreenderá”, pontua Julie, alertando que a clareza não se aplica apenas à maneira como se escreve, mas também às figuras que complementam o artigo, já que nem sempre uma determinada imagem ajuda a entender o resultado de um trabalho. Para Mitra, o importante é não permitir que os leitores tenham dúvidas sobre o processo de desenvolvimento do trabalho e as conclusões dos autores.

Segundo Egues, saber utilizar palavras que são ideais para expressar determinadas ideias; parágrafos que tenham conectividade; resumos (abstracts) que compreendam uma breve descrição das técnicas utilizadas na pesquisa, dos resultados e da conclusão do estudo; e o cuidado com a escolha de figuras e com a forma como elas são descritas nas legendas são outros tópicos essenciais para desenvolver um artigo de alta qualidade.

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Julie Kim-Zajons

Outra sugestão de Julie é compartilhar artigos com colegas cientistas antes de submetê-los às revistas. Ouvir a opinião de outros pesquisadores pode ajudar a refinar a qualidade de um artigo, facilitando inclusive o trabalho daqueles que avaliarão o paper.

“Um bom artigo é aquele que você lê a introdução e não quer parar de lê-lo. É como um bom livro. Para escrever um bom artigo, é necessário ter um bom vocabulário em inglês”, explica o Prof. Egues. E para isso, ele alerta que é preciso ler bastante: não apenas revistas científicas, mas também aquelas que abordam assuntos gerais, além de boas obras literárias.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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