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5 de agosto de 2022

Da descontaminação de alimentos ao desenvolvimento do paladar do café – Inovação marca trajetória de ex-aluno do IFSC/USP

Instalações do Grupo de Óptica do IFSC/USP, onde houve a oportunidade de trabalhar e desenvolver a carreira científica do ex-aluno, com o Prof. Vanderlei Bagnato

A irradiação ultravioleta (UV), como técnica de processamento não térmico para descontaminação microbiana de alimentos (MDF), foi um dos grandes destaques após a inclusão da luz UV como alternativa, com sua utilização não só em alimentos, como também em água e produtos farmacêuticos.

Em dezembro de 2019, meses antes da declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o pesquisador do IFSC/USP, Bruno Pereira de Oliveira*, e seus colegas Shirlei Lara, Daniel Chianfrone, Kate Cristina Blanco e o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, criaram um novo tipo de reator, onde os emissores de UV foram parametricamente distribuídos para descontaminar produtos vegetais para consumo humano, no caso concreto, brócolis frescos, sendo que o equipamento demonstrou sua capacidade de inativar os microrganismos presentes, principalmente na água destinada a lavar esses alimentos. Com essa pesquisa, que foi tema de sua defesa de doutorado, o agora ex-aluno do IFSC/USP viu a possibilidade, junto com o Prof. Vanderlei Bagnato, do Grupo de Óptica do mesmo Instituto, de desenvolver novas técnicas, novos métodos e equipamentos que pudessem agregar um maior valor à Engenharia de Alimentos, aumentando exponencialmente a eficiência e eficácia na área, e diminuindo, por sua vez, a utilização de químicos e, consequentemente, oferecendo uma maior segurança alimentar, algo que impacta na qualidade da saúde pública.

Apresentação de parte dos resultados do doutorado no IUFost – um dos mais importantes congressos de alimentos do mundo -, único brasileiro na seção de novas tecnologias. Congresso realizado na Índia e destinado a discussão da capacidade produtiva das fábricas no mundo e a problemática da fome

Já fora da Academia e com o doutorado concluído, mas mantendo contatos constantes com os diversos grupos de pesquisa, a sequência de estudos realizados por Bruno Pereira de Oliveira e seus pares, já em plena pandemia (2020), abriram portas para novos desenvolvimentos científicos, como, por exemplo, equipamentos para descontaminação de ar em ambientes fechados e descontaminação de objetos e superfícies, entre outros. Ou seja, embora de forma indireta, seu doutorado na área de alimentos foi uma das bases para auxiliar os profissionais de saúde no combate à COVID-19. Embora com plena noção de que as consequências da pandemia poderiam deitar tudo por terra, Bruno arriscou o caminho do empreendedorismo e lançou-se no desenvolvimento de um modelo de negócio relacionado com o desenvolvimento de paladar de uma nova marca de café na região de Fernandópolis (SP).

“Tudo começou nas minhas participações em congressos e workshops internacionais sobre engenharia de alimentos, onde tive a oportunidade de dialogar com altos dirigentes de grandes empresas de produção e transformação de café. Foi a partir daí que analisei toda a conjuntura e com base na ciência de dados simulei de que forma o mercado se iria comportar com a introdução de tecnologias e procedimentos inovadores para incrementar o sabor do café, sabendo que existem dois mercados de café: o primeiro, consubstanciado em commodities e o segundo marcado, por um lado, pelo café tradicional de baixo preço, e do outro lado um café super-especial. E eu entrei no meio dessas duas realidades, num nicho novo, trabalhando para conseguir um produto de excelente qualidade e com uma garantia de segurança, como os processos de descontaminação utilizando a minha formação no IFSC/USP”, pontua o pesquisador.

Segundo o ex-aluno, a maior dificuldade que sentiu assim que entrou no mercado foi o seu total desconhecimento da área empresarial, tendo, por isso, utilizado todas as ferramentas da área de inovação que adquiriu ao longo do tempo: ciências de dados, matemática, estatística, etc., aplicando-as de forma a traçar estratégias e pensando no que o consumidor queria e como ele olhava o diferencial desse produto – café -, através de um aroma e sabor mais intensos e agradáveis, para a promoção de uma diferenciação no mercado. Prestes a concluir sua segunda Graduação, desta vez no Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), seu TCC foi dedicado ao desenvolvimento de um software que avalia a análise sensorial qualitativa do café intitulado “Aplicação de conceitos de ciências de dados na análise sensorial da bebida de cafés e suas correlações”.

Startup do processo industrial do projeto cápsula de café

Com a nova marca de café criada em Fernandópolis já presente em 27 estados brasileiros, graças a uma inovação na perspectiva do sabor padronizado e com muito menos contaminantes, o ex-aluno do IFSC/USP afirma que só se tem consciência da importância de um doutorado, em qualquer área do conhecimento, quando se mergulha no mercado. “Fui treinado na Universidade, saí, desenvolvi algo inovador e agora estou contribuindo para que a empresa reinvista em novas tecnologias para poder aprimorar essas conquistas. Este doutorado, feito no Grupo de Óptica do IFSC/USP e numa área específica de descontaminação de produtos alimentares, torna-se num reforço muito grande para a área da saúde. “Imagine um triângulo com os três lados iguais, sendo que o lateral esquerdo compreende a engenharia, o outro a física e o terceiro a química. No centro você encontra a inovação, ou no meu caso concreto, tudo aquilo que está relacionado com os produtos que garantam uma segurança alimentar. Desenvolver uma metodologia que pode contribuir para a segurança alimentar, padronização, ética na produção, transparência e confiança para o consumidor, principalmente para sua saúde e qualidade de vida. Foi esse o meu foco e trabalho”, conclui Bruno Pereira de Oliveira.

*Graduado no curso de Engenharia de Alimentos (FEF), durante sua graduação realizou 4 iniciações científicas (UNESP, FEF, ITA, USP). Mestre em física aplicada na IFSC/USP, solicitou 5 patentes, possui 7 artigos, 1 livro, 4 anais de congresso, 3 resumos em anais, 1 apresentação oral internacional e 1 Banca de TCC e revisor científico de revistas internacionais. Atualmente Membro da Sociedade Internacional de Engenharia de Alimentos, tendo como ápice a participação na publicação de um capitulo de livro da Academia de Ciências do Vaticano. Atualmente perfaz, simultaneamente, o Doutorado em Física (Concluído) em conjunto com a graduação em química, ambos pela USP São Carlos. Teve passagem como engenheiro de projetos na” NSF” e engenheiro de processos na área de polímeros e cerâmicos na empresa “Faber-Castell Brasil”. Participou da fundação do “Espressiata Café” e participou no startup de 2 empresas no setor de alimentos Na atualidade trabalha em 3 grandes frentes ligando vale da morte ao setor produtivo, sendo elas: Ciências de Dados, Indústria de Alimentos e Pesquisa e Desenvolvimento. Sua base é fundamentada em um triângulo de conhecimento em que cada vértice tem Física, Química e Engenharia.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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