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11 de janeiro de 2017

Ciência básica: cura do câncer com vácuo e antimatéria?

Há uma grande confusão causada pela ignorância pública e dos políticos responsáveis por políticas de Ciência Tecnologia e Inovação no Brasil. Maior prova disso foi a RADIOTERAPIArecente degradação do MCTI a um órgão secundário, agregando-o ao Ministério de Comunicações, sem qualquer consulta à comunidade científica e, pior, cortando drasticamente verbas e órgãos de sua estrutura. E isso justamente quando a Academia Brasileira de Ciências comemora seu Centenário!

Outra face da ignorância: não reconhecer a importância central da Ciência Básica para o desenvolvimento da Inovação e, consequentemente, do próprio desenvolvimento Econômico e Social, incluindo, é claro, o desenvolvimento do tripé: Industrial, do Agro e dos Serviços. É tal a ignorância vergonhosa e destruidora, que decidi usar nesta crônica um Título Bizarro – “Cura do Câncer com Vácuo e Antimatéria?”

Será que os políticos e burocratas de plantão, inclusive os responsáveis pelo atual MCTI, sabem a resposta? E a maioria dos leitores, incluindo os muitos que não são leitores e até jovens que passaram no ENEM? Quando digo resposta, não é apenas buscar no Google ou na enciclopédia: é saber o conteúdo histórico e até conceitual no seu mais alto sentido – o Epistemológico. Vou esclarecer: por volta de 1930, a Física estava em ebulição conceitual, com a quebra de paradigmas da Física Clássica e a entrada da Relatividade e da Física Quântica. Essa época talvez só possa ser comparada ao da revolução do conhecimento humano na Grécia, ou ao alto Renascimento que desembocou na Revolução Científica com Galileu, Newton e Leibniz, Descartes e culminando no século XIX com Faraday, Maxwell e Boltzman.

Pois bem, PAUL_DIRACum jovem físico por nome Paul Adrien Maurice Dirac , inglês, da Universidade de Cambridage, entra na discussão com mentes brilhantes, como Bohr, Pauli, Heisenberg, Schrodinger, Born sobre problema de uma partícula fantasma proposta por Pauli, inicialmente chamada por ele de nêutron, mas com a descoberta do verdadeiro nêutron por Chadwick, em 1932, o grande Enrico Fermi, sugeriu que a tal partícula de Pauli fosse italianizada para neutrino.

Dirac, essencialmente físico teórico matemático, propõe um cenário radical, até para os físicos acostumados a viajarem em hipóteses surrealistas: o vácuo não é vazio! Ao contrário, é cheio de partículas com energia negativa, partículas essas que seriam a antimatéria das existentes no mundo externo ao vácuo!

Essa foi uma dose muito forte de intoxicação teórica até para o próprio Dirac, que disse “se as equações têm tal beleza, o que elas nos dizem devem ser verdades”. Parece incrível para um capitalista de Wall Street ou um corrupto praticante poder acreditar que tudo isso é coisa séria, transformável no Deus dinheiro sonante. Mas, os fatos mostraram que Dirac estava correto e que sua aparente ingenuidade teve bases profundas: da tal beleza formal nasceram verdades práticas, reais, sonantes como ouro, não de Wall Street, mas da Casa da Moeda da Natureza – a realidade experimental.

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Dirac ganhou o Prêmio Nobel em 1933 – na época foi o mais jovem até então ganhador de um Nobel. E a pergunta inicial da cura do câncer? Explicação: se acelerarmos uma partícula, por exemplo um elétron negativo com energia suficiente para ela arrancar do vácuo sua anti-partícula, ela formará com a anti-particula pósitron um verdadeiro átomo tipo hidrogênio nomeado como positronium. Porém esse positronium é super instável, os dois se aniquilam e é criado um raio gama de alta energia. Esses raios gama podem matar as células cancerígenas e curar o câncer! A máquina que acelera os elétrons é um acelerador de elétrons já fabricados por várias empresas e há muito já instalados no mundo e no Brasil.

Se você então disser que um acelerador para a cura radioterápica do câncer funciona com o vácuo e anti-matéria, estará absolutamente certo!

E viva a Ciência básica!

(Artigo do Prof.Sérgio Mascarenhas – Acad.Brasil.Ci./Presid.Honor.SBPC Projects Coordinator – Inst.Physics,Univ.S.Paulo ,S.Carlos, Brazil – Director Latin American Studies)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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