Encerrou-se no último sábado (16), no Anfiteatro
Verde do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), a Escola de Física Contemporânea – EFC-2016, que foi organizada por membros desta Unidade. Após terem assistido a uma série de aulas (teóricas e práticas) e palestras, ministradas por docentes do Instituto, os trinta alunos participantes, divididos em grupos de três, apresentaram os seminários de conclusão do curso, que teve início em 10 de julho, com o objetivo de imergir os estudantes no universo da física, para que compreendessem a importância dessa área na geração de conhecimento e tecnologia.
Os alunos, oriundos de alguns estados do país, como São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí e Minas Gerais, entre outros, passaram a véspera das apresentações preparando os seminários, tendo, portanto, consultado livros na biblioteca do IFSC e desenvolvido seus slides. A banca avaliadora foi constituída pelos docentes do Instituto, Profs. Drs. Fernando Paiva, Frederico Brito, João Renato Muniz, Leonardo Maia, Sérgio Muniz e Alberto Tannús, e pelos monitores da Escola, Guilherme Araújo, Jessica Dipold, Krissia de Zawadzki, Milena Carvalho, Raul Prado e Vinicius Aurichio (confira as imagens dos docentes e monitores AQUI).


Com base nos conteúdos adquiridos ao longo desta última semana, cada equipe ministrou um seminário (confira as imagens das apresentações AQUI) referente a um tema específico: Radiação de corpo negro; Velocidade da luz; Espectro, difração e absorção de Raios-X; Experimento de Millikan; Difração de elétrons; Interferômetro de Michelson-Morley; Determinação da constante de Planck; Efeito termiônico; e Espectroscopia com rede de difração.
Durante a preparação da apresentação de seu grupo, José Sepúlveda (17 anos), de Teresina (PI), disse ter ficado satisfeito com os dados que obteve através dos experimentos desenvolvidos nos Laboratórios de Ensino de Física (LEF’s/IFSC) – nessas atividades, todos os grupos receberam o apoio não só de docentes e monitores, mas também dos técnicos dos Laboratórios. “Não estou tendo muitas dificuldades, porque, em relação a outros temas, o do meu grupo [Determinação da constante de Planck] é mais fácil”, comentou.

Equipe formada por Marcella Magalhães, José Sepúlveda e Francisco Calderaro
O estudante Pedro Duarte Moreira (15 anos), do Espírito Santo, teve dificuldades para desenvolver o experimento que envolvia difração de Raios-X. “A expectativa é que consigamos entender os conceitos, interpretar os dados e fazer bons gráficos”, disse Pedro, complementando que, ao mesmo tempo em que é desafiadora, a Escola é estimulante.

Equipe formada por Pedro Duarte Moreira, Fernando de Senna e Vitor Barim Pacela
No final da EFC, as três melhores equipes e os quatro alunos que se destacaram ao longo desta edição foram homenageados. Além disso, foram feitos sorteios, a partir dos quais três estudantes receberam livros. Abaixo, confira os resultados:
Melhores grupos

1º lugar: Velocidade da luz (Inayê Caroline, Alex da Silva e Thales Augusto)

2º lugar: Interferômetro de Michelson-Morley (Pedro Martins, Bianca Xavier e Rodrigo Thomaz)

3º lugar: Difração de elétrons (Thiago Mochetti, Humberto Borges e Luis Moreira)
Menção honrosa de destaque

Vitor Barim Pacela
Alunos que se destacaram na EFC-2016

Inayê Caroline, Thiago Mochetti e Rodrigo da Silva
Alunos sorteados

Rafael Rodrigues

Thales Augusto

Matheus Leite
À Assessoria de Comunicação do IFSC, o Prof. Dr. Tito Bonagamba, Diretor da Unidade e um dos docentes organizadores da EFC, comentou que a importância da Escola se deve ao fato dela estimular os participantes a cursar física, uma área multidisciplinar que oferece variedade de atuação tanto para aqueles que querem trabalhar na academia como para os jovens que objetivam ocupar um cargo no setor industrial. “A Escola mostra algo que no Brasil ainda não é conhecido: o físico realmente pode trabalhar fora da academia, com a mesma competência de um físico que trabalha na academia”.

Nesta edição da Escola, assim como em diversas outras, houve alunos que demonstraram interesse em se graduar no Instituto de Física de São Carlos. Nesse sentido, o Prof. Tito disse que o IFSC deve cumprir as propostas salientadas pela Escola, ofertando um curso superior multidisciplinar, capaz de formar excelentes físicos. “É uma grande responsabilidade do Instituto prover ensino de qualidade, com docentes que tenham competência e respeito com o aluno”.
No que se refere ao respeito com o aluno e à importância de apoiá-lo em suas dificuldades ao longo do curso, o docente comentou sobre a recém-criada Comissão de Acompanhamento do Desenvolvimento Acadêmico dos Alunos de Graduação do IFSC, a CAD, que tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento acadêmico dos graduandos do Instituto e propor ações que aprimorem a recepção, integração, motivação e formação dos estudantes da Unidade. “É nosso papel ensinar e inserir os alunos no mercado de trabalho. Temos que atuar com boas características pedagógicas, didáticas, psicológicas e profissionais. Ensino corresponde a esse conjunto. O ensino não é apenas dar aulas, mas, também, se preocupar com o perfil de cada aluno”, destacou.

Ao terem trocado o descanso das férias pela aquisição de conhecimento em física, durante uma semana, os estudantes deixaram nítido o entusiasmo que tinham para aprender ainda mais sobre essa área. Tal característica dos alunos foi destaque entre os docentes que organizaram a EFC-2016. “À cada edição da EFC, sinto que os alunos vêm mais preparados. Isso é louvável”, comentou o Prof. Fernando Paiva.

“Eu fiquei deslumbrado com a capacidade de perguntas, respostas e dúvidas que os alunos geraram durante a Escola”, disse o Prof. João Renato Muniz, que organizou a EFC pela primeira vez. O deslumbramento foi tanto, que o docente afirmou que pretende colaborar com a organização das futuras edições do evento.

O balanço geral da EFC também foi positivo para os monitores, que acompanharam os alunos ao longo de todos os dias da Escola. O monitor Guilherme Araújo, por exemplo, ficou assustado com o nível dos participantes, que sabiam muito mais do que ele imaginava que os jovens do ensino médio soubessem. “Se eu estivesse como aluno da Escola, não teria coragem de participar de forma tão intensa como os estudantes participaram”.

Além dos membros organizadores, os próprios alunos avaliaram – positivamente – a Escola. A EFC foi um incentivo para Artur Assis Amorim (16 anos), de Juiz de Fora (MG). O jovem, que se encanta pela área de pesquisa, se sentiu incentivado ao ter participado da EFC-2016. “Foi muito interessante ter tido o contato com excelentes pesquisadores, que nos ensinaram conteúdos diversos e nos mostraram o que podemos fazer na área da física”. Os horários para acordar e dormir foram os momentos que mais lhe incomodaram durante a semana: “A EFC foi muito intensa. Os horários cansaram bastante, mas fizeram com que me esforçasse mais”.

Matheus Leite (16 anos), de Recife (PE), foi outro participante que gostou da experiência proporcionada pela EFC-2016. Ele explicou que, através da Escola, conheceu a física por uma outra perspectiva, tendo tido noção do grande número de áreas que envolve um profissional formado em física. A interação com outros participantes foi algo que também lhe deixou satisfeito. E, aparentemente, a sua passagem pelo evento poderá impactar em escolhas de um futuro próximo: “Antes eu pensava em fazer matemática, engenharia ou ciências da computação. Agora, penso em cursar física”, declarou.

Ter os filhos longe de casa provoca nos pais uma saudade imensa. Para a são-carlense Rose Bertho, que veio assistir à apresentação de seu filho durante o encerramento da Escola, esse sentimento compensou, já que o conhecimento é importante para o jovem. “Ele gosta de participar de eventos sobre ciência. Esse enriquecimento de conhecimento é tão importante para ele quanto para nós, pais”.

Assim como Rose, Kelli Cota dos Santos, de São Carlos, também assistiu à apresentação de seu filho, que esteve pela primeira vez na Escola de Física Contemporânea. Ela comentou que, embora estivesse preocupada pelo fato de seu filho estar longe de casa, “ficava tranquila ao lembrar que ele estava aqui no Instituto, com outros jovens muito especiais, numa experiência muito rica”.
Esta bem-sucedida edição da Escola de Física Contemporânea recebeu duzentas e quarenta inscrições. Dentre esse número, aproximadamente quarenta e cinco alunos eram oriundos de São Carlos, sendo que grande parte era de escolas públicas – resultado da parceria do IFSC/USP com a Diretoria de Ensino da Região de São Carlos, que tem como dirigente a Profa. Débora Gonzales Costa Blanco, que trabalhou incansavelmente para divulgar a EFC entre as escolas estaduais da região. Tanto o número total de inscritos como o número de inscritos da região de São Carlos na EFC-2016 foram recordes e, portanto, reafirmaram não só a importância de estreitar o contato entre o público pré-universitário e a Universidade, mas também de mostrar a física aos jovens, a partir de uma perspectiva dinâmica, que permita aos alunos perceber a característica multidisciplinar e a importância dessa área para a sociedade.


Membros organizadores, familiares e participantes da EFC-2016
Assessoria de Comunicação – IFSC/USP