IFSC e Sociedade

1 de dezembro de 2023

“Amamentar sem dor” – eBook do IFSC/USP orienta lactantes para o processo de amamentação

(Créditos – “Dano”)

Na continuação do projeto de pesquisa-piloto iniciado pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF) para tratamento de fissuras mamárias – um problema recorrente derivado de condutas erradas no período de amamentação -, o projeto passou agora para uma nova fase com a criação e publicação de um eBook que, em formato de guia, apresenta orientações para auxiliar as lactantes.

Apresentando mitos e verdades sobre o processo de amamentação, bem como indicações de como se processam a denominada “pega” correta e o posicionamento do bebé na hora de mamar, entre outros fatores, este guia, mais do que informar, conduz as lactantes a métodos que evitam as dores da amamentação, prevenindo as fissuras (feridas) mamárias e contribuindo para a saúde dos recém-nascidos.

Neste momento, o projeto está sendo desenvolvido na maternidade da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC) pela pesquisadora-fisioterapeuta Drª Sabrina Peviani*.

Sobre este guia, a pesquisadora sublinha que “Além de tudo, ele é uma forma de combater uma cultura instalada de que a dor faz parte da amamentação e que as físsuras mamárias são uma consequência natural do pós-parto. Nesta publicação desmistificamos muitas coisas, separamos o que é a verdade e o que é o mito e alertamos para que procedimentos incorretos no momento da amamentação podem trazer problemas não só para os bebés, como também para as lactantes, até porque muitas mulheres perdem o bico da mama por não serem devidamente orientadas”.

Este guia está sendo distribuído na maternidade da SCMSC, prevendo-se em breve ações similares em outras unidades de saúde.

O guia, em formato de eBook, poderá ser consultado no portal do IFSC/USP (AQUI)

*Sabrina Peviani (44) é Fisioterapeuta, formada na UFSCar em 2003, com Doutorado e Pós-Doutorado na mesma Universidade. Atua na área de Fisioterapia de Saúde da Mulher, sendo autora deste projeto-piloto de Pós-Graduação no IFSC/USP.

 Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de outubro de 2023

Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) completa oito anos de sua criação – Inovações tecnológicas do IFSC/USP já beneficiaram cerca de cinco mil pacientes de todo o país

Tratamento para recuperação de olfato e paladar (sequelas pós-Covid)

A Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), fruto de uma feliz parceria entre essa entidade e o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) está comemorando oito anos de sua criação, com uma atividade intensa dedicada à saúde e à qualidade de vida da sociedade.

As largas dezenas de pesquisadores que passaram por essa Unidade ao longo destes anos – pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e alunos de iniciação científica – contribuíram em larga escala para a formação de novos profissionais que viriam auxiliar no desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias à base de laser e protocolos para tratamento de pacientes com os mais variados quadros clínicos – câncer de pele, onicomicose (micose da unha), úlceras venosas diabéticas e arteriais, fibromialgia, artrose e sequelas de Covid, entre outros. É um vasto trabalho desenvolvido e executado no IFSC/USP, que culminou com a introdução de novas metodologias dedicadas aos mais diversos tratamentos e o lançamento de vários equipamentos que foram absorvidos pela indústria nacional e que hoje se encontram ao dispor de todos, tudo isso tendo como foco a sociedade.

Pesquisador Antonio Eduardo de Aquino Junior

Para o Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, coordenador da UTF, essa Unidade está se renovando a cada dia, sendo que, nos últimos anos, foram adicionados protocolos para a realização de novos tratamentos para doenças, como, por exemplo, tendinite, burcite, capsulite adesiva, sequelas pós-covid e, ainda estudos sobre o sono. A área de odontologia, coordenada pelo pesquisador e pós-doutorando do IFSC/USP, Dr. Vitor Hugo Panhóca, também tem estado em destaque, com o desenvolvimento de vários projetos de tratamentos relacionados, entre outros, com a recuperação de olfato e paladar (sequelas da Covid), mucosite, paralisia facial e, mais recentemente, minimizando as consequências da Doença de Parkinson, com resultados muito expressivos. Uma das mais recentes pesquisas na UTF, atualmente em curso, diz respeito às substanciais alterações tecnológicas que foram feitas visando potencializar a utilização do laser em processos de cicatrização, estando neste momento ocorrendo a fase experimental de tratamentos em fissuras mamárias, um projeto liderado pela pesquisadora Drª Sabrina Peviani, fisioterapeuta e especialista em saúde da mulher, em estreita colaboração com a médica pediatra Dra. Renata Bagnato, cuja missão é acompanhar de perto os processos. “De fato, estamos testando um novo dispositivo tecnológico diferenciado, à base de laser, cujo objetivo é facilitar o processo de cicatrização das fissuras mamárias, já que elas provocam bastantes dores nas lactantes, criando impactos negativos na amamentação. É uma visão diferenciada por parte do cientista do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, responsável por todas as pesquisas desenvolvidas na UTF”, pontua Antonio de Aquino Junior.

Com cerca de cinco mil atendimentos registrados ao longo destes oito anos, a UTF continua seu caminho na busca por inovações tecnológicas desenvolvidas no IFSC/USP, devidamente aprovadas e posteriormente disseminadas entre os profissionais de saúde, beneficiando, assim, todos quantos necessitam de atendimento e tratamentos para as mais diversas doenças.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de setembro de 2023

Pesquisa-piloto para tratamento de fissuras mamárias – IFSC/USP faz chamada de pacientes

(Créditos – Sanosan)

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e o Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no mesmo Instituto, iniciam hoje (18/09) uma nova pesquisa-piloto para tratamento de fissuras mamárias, um projeto que irá durar trinta dias com chamada de dez pacientes lactantes voluntárias, com idades iguais ou superiores a 18 anos.

O novo tratamento, com supervisão do Comité de Ética, é feito através de aplicação de laser nas fissuras mamárias, sendo que este projeto também abrirá um espaço para difundir orientações para futuras mães, tendo em vista prevenir o aparecimento de fissuras nos seios, resultado de diversos fatores como o posicionamento da mãe e do bebê na hora da amamentação.

A pesquisadora fisioterapeuta, Drª Sabrina Peviani*, será a responsável por este projeto, lembrando que essas fissuras geralmente ocorrem mais no início da amamentação e também através de um conjunto de fatores que levam a esse quadro. “Faremos uso de dois instrumentos importantes: o primeiro, passar as orientações às lactantes e o segundo, o tratamento com laser. Para o tratamento das fissuras, com o uso da nossa tecnologia, calculamos a realização de entre três e seis sessões em cada paciente e em dias alternados. Conforme forem sendo obtidos os resultados desta primeira fase do projeto, iremos ainda este ano fazer uma chamada de cem lactantes que tenham fissuras mamárias para consolidar a pesquisa e com ela publicar um artigo científico, sendo que já sabemos que o laser é uma indicação para esse tratamento”, pontua a pesquisadora, acrescentando que nesta chamada de dez lactantes, apenas não poderão se inscrever pacientes que tenham algum processo infeccioso, como, por exemplo, candidíase e histórico oncológico ativo. “Ainda, acreditamos que o uso da tecnologia e da metodologia proposta, seja um divisor de águas na qualidade de amamentação do bebê e sem dores para as mamães”, acrescenta a pesquisadora.

Sabrina Peviani

Os pesquisadores vêem benefícios muito grandes neste tratamento rápido, não-invasivo e indolor, atendendo a que a amamentação não é um processo fácil. Sabrina Peviani espera que com esse seu projeto possa auxiliar essas lactentes, principalmente minimizando as dores causadas pelas fissuras mamárias, que são o primeiro passo para o desmame precoce, podendo esse quadro levar a infecções mais complexas.

Com uma nova metodologia na aplicação do laser, este tratamento insere-se numa evolução dos equipamentos e protocolos desenvolvidos no IFSC/USP, em prol da sociedade, e que tem trazido vários benefícios aos mais diversos tipos de pacientes – tratando dores, doenças crônicas, etc.. Agora, com este tratamento, chegou a vez de se procurar uma melhora da qualidade de vida para as lactantes e para os bebês já no início de suas vidas. O projeto ocorre sob orientação do Prof. Vanderlei Bagnato e com a colaboração do Dr. Aquino Aquino, coordenador da Unidade de Terapia Fotodinâmica da Santa Casa, uma unidade clínica do IFSC/USP.

As lactantes interessadas em participar deste projeto-piloto deverão se inscrever, a partir do dia 18/09, na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC).

Contato – (16) 3509-1351

Secretária – Mônica

*Sabrina Peviani (44) é Fisioterapeuta, formada na UFSCar em 2003, com Doutorado e Pós-Doutorado na mesma Universidade. Atua na área de Fisioterapia de Saúde da Mulher, sendo autora deste projeto-piloto de Pós-Graduação no IFSC/USP.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

13 de setembro de 2023

Patologias incomuns são agora um novo foco para estudos – pesquisas iniciais remetem para um novo tratamento

(Créditos: Homage)

Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), que desenvolvem seus trabalhos em colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), na denominada Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), têm-se deparado várias vezes, ao longo do tempo, com pacientes procurando tratamento para patologias que não são muito vulgares. Habituados a tratar pacientes com tendinites, artrite reumatoide, ou mesmo artroses, os fisioterapeutas da UTF foram recentemente confrontados com um paciente apresentando artrite gotosa (hiperuricemia), uma doença inflamatória provocada pelo aumento da taxa  de ácido úrico no sangue causada pela deposição de cristais nas articulações e com tendências para um desgaste prematuro.

A pesquisadora do IFSC/USP e fisioterapeuta, Drª Ana Carolina Negraes Canelada, salienta os efeitos dessa doença, que apresenta um aumento significativo de dores e uma acentuada diminuição dos movimentos. “A hiperuricemia é derivada de uma má alimentação caracterizada por refeições ricas em carne, sal, açúcar e também pelo excesso de consumo de álcool”. Recentemente, os pesquisadores da UTF atenderam um paciente sofrendo com inúmeras crises intensas ao longo de um mês inteiro, tendo sido diagnosticado com  artrite gotosa (gota), tendo sido submetido ao tratamento com o uso de laser e ultrassom, obviamente sem interromper a medicação que se encontrava prescrita pelos médicos. “Realizei esse tratamento durante vinte sessões e o que mais me chamou a atenção durante esses dois meses e meio que durou o procedimento, foi que esse paciente não teve uma única crise durante esse período, retomando o seu cotidiano, mas dessa vez recuperando a sua qualidade de vida”, comemora a pesquisadora.

Ana Carolina Negraes Canelada

Por outro lado, na UTF estão sendo atendidos, atualmente, dois pacientes com a denominada “dor neuropática”, classificada igualmente no quadro de patologias incomuns. Essa dor deriva de uma lesão, de uma disfunção do sistema nervoso periférico e do sistema nervoso central. “Essa é uma dor diferente das outras mais comuns, agudas, já que ela se assemelha a agulhadas e queimações semelhantes  a choques elétricos. Essas dores são  instantâneas e não são prolongadas. Há um tempo atrás, atendi – e ainda estou atendendo – uma paciente com neuralgia  pós-herpética e também com neuralgia no nervo trigêmeo. Quanto à neuralgia  do trigêmeo, ela se dá na região crânio facial e surge devido a vários  fatores: uma compressão de vasos periféricos, lesões tumorais, podendo aparecer também através de uma reativação do vírus varicela zoster, que é a catapora. E a incidência normal dessa patologia gira em torno de 4,5 a cada cem mil indivíduos, principalmente mulheres com idades compreendidas entre os 60 e os 70 anos”, pontua Ana Carolina.

De fato, essa paciente tratada por Ana Carolina chegou até à UTF com dores na região da mandíbula, sensação de choques elétricos, pontadas, agulhadas, tendo informado os pesquisadores de que vinha sofrendo dessa condição há muito tempo, tendo, entretanto, testado vários tratamentos – sem sucesso -, mantendo a administração de analgésicos muito fortes, contudo, com pouco efeito na dor neuropática. “Quando a paciente chegou para fazer o tratamento, ela alegou que morria de medo de mastigar, de realizar o movimento da mastigação. Então, ela triturava antecipadamente os alimentos e tomava sopa e outros líquidos para não ter que realizar a mastigação. Ao final da quinta sessão, na visita seguinte, a paciente comentou com um sorriso: “Eu estou tão feliz! Participei de um churrasco, comi carne, mastiguei carne e estou tomando menos um comprimido do lote que tomava antes do tratamento”. Ainda não terminamos o processo com  ela, já que ainda está em tratamento. De zero a dez – sendo que o zero significa ausência total de dor -, segundo a própria avaliação da paciente, ela classificou o seu estado atual em 3”, conclui a pesquisadora.

O Dr. Antonio Eduardo Aquino Junior, coordenador dos tratamentos que se realizam na UTF, destaca a importância de futuramente se abrir uma nova fronteira para tratamentos de patologias incomuns. “Ao identificar esses casos raros, incomuns, cujas primeiras abordagens já nos deram uma orientação muito positiva,  nossa proposta é que, após a submissão dos artigos científicos relativos a esses estudos, podemos avançar em mais experimentos e pesquisas para, junto com novos pacientes, conseguirmos consolidar esse novo tratamento”.

Rui Sintra -Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de setembro de 2023

Pesquisa do IFSC/USP aponta caminho para tratamento associativo na melhoraria da qualidade do sono – Aplicação conjugada de laser e ultrassom

(Créditos: Medical University of Vienna)

A partir de resultados obtidos no tratamento das consequências da fibromialgia, desenvolvido no Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e no Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), um CEPID da FAPESP alocado no mesmo Instituto, surge agora a possibilidade de se desenvolver  um tratamento específico para melhorar a qualidade do sono de quem sofre com esse incômodo que compromete a saúde e a qualidade de vida.

Vanessa Garcia

Os fisioterapeutas Vanessa Garcia (42) e Tiago Zuccolotto (23) são os pesquisadores-colaboradores do IFSC/USP que começaram a estudar e a testar este novo tratamento com base em Terapia Fotossônica, através da aplicação conjugada de laser e ultrassom. “Através dos tratamentos realizados em doentes fibromiálgicos começamos a perceber que uma de suas queixas era sobre a má qualidade do sono. Pelos relatos dos pacientes, soubemos que a maioria deles não conseguia ter uma boa noite de sono, o que, nesse caso, ia gerando mais estresse, alteração de humor e com um aumento das dores. Conforme íamos aplicando o tratamento, o primeiro testemunho dos pacientes foi na melhora da qualidade do sono, algo que também conseguimos verificar quando estivemos no projeto de tratamentos em pacientes Pós-COVID. Ou seja, o que conseguimos observar foi que o uso conjugado de laser e ultrassom consegue restabelecer a qualidade do sono, e foi aí que abrimos esta nova linha de pesquisa essencialmente dedicada a quem sofre com esse distúrbio”, pontua Vanessa Garcia.

Tiago Zuccolotto comemora o fato de estar entrando em um novo desafio, abrindo uma nova porta para um tratamento que poderá, em um futuro próximo, beneficiar muita gente. “Tem muitas pessoas que fazem uso de medicamentos fortes para induzir o sono. Nossa intenção é avançar nesta pesquisa e desenvolver um novo tratamento indolor que possa melhorar a ação dos medicamentos, agindo como uma terapia associativa, restabelecendo a qualidade de vida das pessoas que sofrem com esse distúrbio”, sublinha Tiago.

Tiago Zuccolotto

Este projeto de pesquisa, que se iniciou em janeiro de 2022, já envolveu dezoito pacientes não fibromiálgicos, ou seja, apenas com distúrbios de sono – mulheres com idades acima dos trinta anos – em um teste inicial de dez sessões ao longo de vinte dias. Contudo, a pergunta é inevitável – só mulheres, porquê? “Para este início de pesquisa escolhemos mulheres com idades iguais ou situadas um pouco acima dos trinta anos, já que acima dos quarenta ou quarenta e cinco anos elas já entram na situação de menopausa, que provoca uma alteração hormonal que acaba também afetando tanto a parte emocional, quanto o sono, podendo desencadear crises de ansiedade e estado de depressão.

Assim, nos concentramos em pacientes mulheres com idades iguais ou acima dos trinta anos, nesta primeira fase do projeto”, conclui Tiago.

Os dados obtidos até o momento e que foram utilizados no trabalho de conclusão de curso dos pesquisadores acima identificados, alunos de fisioterapia da UNICEP, despontam como uma opção interessante para que a Terapia Fotossônica seja associada ao tratamento medicamentoso que é amplamente recomendado. O trabalho foi recentemente encaminhado a uma revista científica internacional para ser apreciado. Após a publicação do manuscrito, a técnica de tratamento será disponibilizada para profissionais interessados que queiram beneficiar seus pacientes, aponta o Dr. Antonio E. de Aquino Junior, coordenador do estudo.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

31 de agosto de 2023

Composto combate bactérias resistentes em menos de uma hora

(Créditos – Agência FAPESP)

A eficácia dos antibióticos é um problema que alarma a comunidade médica e científica, não sendo raro encontrar bactérias resistentes a três tipos diferentes de medicamentos (chamadas multidroga resistentes, ou MDR), ou até mesmo a todos os tratamentos disponíveis na atualidade (pandroga resistentes, PDR). Elas estão associadas a infecções perigosas e são listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como patógenos prioritários para a busca de novos fármacos, com a máxima urgência.

Estudo publicado em edição especial da revista Antibiotics destaca um composto com atividade antibacteriana que apresentou resultados promissores nos testes in vitro, dentro da primeira hora de ação. A pesquisa, financiada pela FAPESP, foi liderada por Ilana Camargo e conduzida durante o doutorado de Gabriela Righetto no Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares (LEMiMo) do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

“Trata-se de um novo peptídeo, denominado Pln149-PEP20, que possui arcabouço molecular planejado para melhorar a atividade antimicrobiana, com baixa toxicidade. Os resultados podem ser considerados promissores à medida que foram usadas nos testes bactérias patogênicas associadas a infecções multirresistentes em todo o mundo”, explica Adriano Andricopulo, um dos cientistas que assinam a publicação.

A busca por novos fármacos antibacterianos, apesar de extremamente necessária, tem sido pouco observada pela indústria farmacêutica, principalmente por causa das dificuldades de pesquisa, com longo período e alto custo para obter um composto ativo viável para ser colocado no mercado. O Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar) tem entre seus objetivos encontrar moléculas que possam combater essas bactérias multidroga resistentes.

Camargo e Andricopulo são pesquisadores do CIBFar, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP, assim como outros dois pesquisadores que assinam o trabalho e que se dedicam a estudar compostos bactericidas promissores, Leila Beltramini e José Luiz Lopes. Há mais de uma década o grupo formado pela colaboração entre Beltramini e Lopes analisa a Plantaricina 149 e seus análogos. Um dos primeiros trabalhos da equipe, em 2007, mostrou que o peptídeo é capaz de inibir bactérias patogênicas como Listeria sp. e Staphylococcus sp.. A partir daí, passaram a estudar análogos sintéticos [moléculas com pequenas diferenças estruturais] que tivessem atividade bactericida melhor que a do peptídeo original, ou seja, causando maior dano à membrana dos microrganismos que devem combater.

Bactérias do gênero Lactobacillus plantarum são amplamente distribuídas na natureza e produzem substâncias chamadas plantaricinas, que combatem outras bactérias. São frequentemente usadas na fermentação de vegetais, produtos derivados de carne, leite e embutidos. No caso da Plantaricina 149, o primeiro relato da ação bactericida foi feito em 1994, por pesquisadores japoneses e, desde essa época, há interesse em obter derivados sintéticos mais eficientes.

Righetto, com apoio de bolsa da FAPESP, sintetizou 20 análogos derivados da Plantarina 149 até encontrar a nova substância, que mostrou os melhores resultados até o momento e, ainda, é 50% menor do que o peptídeo original. “Os principais pontos da pesquisa constituem tanto no desenvolvimento da molécula menor, mais ativa e menos tóxica, quanto caracterizar sua ação e sua propensão no desenvolvimento de resistência. A molécula se mostrou muito promissora in vitro, sendo ativa contra bactérias de linhagens multidroga resistentes e extensivamente resistentes”, ressalta Camargo, orientadora do trabalho.

O LEMiMo, onde os estudos foram feitos, é um laboratório com experiência em caracterização de isolados bacterianos envolvidos em surtos em hospitais e, por isso, conta com uma coleção de bactérias selecionadas para esses testes em busca de novos compostos ativos. Esses microrganismos possuem os perfis de resistência mais preocupantes da atualidade, foram isolados durante surtos em hospitais e são conhecidos pelo acrônimo “ESKAPE” na comunidade científica.

Agora, novos estudos podem ser feitos tanto para investigar mais a fundo o mecanismo de ação da molécula quanto para buscar formulações e se aproximar de uma possível aplicação. “Em termos de mecanismo de ação, ainda é possível usar a morfologia celular bacteriana para identificar vias celulares afetadas pelo peptídeo. Quanto à otimização, é possível tanto funcionalizar a molécula, ligando-a com macroestruturas, quanto modificar novamente a sequência de aminoácidos”, diz Righetto. Há também a necessidade de investigações sobre a citotoxicidade e determinação do índice de seletividade, que indica se uma molécula afeta ou não as células saudáveis.

“Vivemos tempos de grandes ameaças à saúde pública mundial por causa da escassez de antimicrobianos para tratar infecções causadas por bactérias extremamente resistentes. Os peptídeos antimicrobianos são alvos de grande interesse para o desenvolvimento de novos candidatos a fármacos. Esta nova molécula tem potencial para ser usada como uma inovadora terapia antimicrobiana, mas novas modificações e otimizações moleculares ainda precisam ser investigadas”, ressalta Andricopulo.

A investigação também envolveu o Infectious Disease Institute da Harvard Medical School, em Boston (Estados Unidos), por meio dos pesquisadores Paulo José Martins Bispo e Camille André.

O artigo Antimicrobial Activity of an Fmoc-Plantaricin 149 Derivative Peptide against Multidrug-Resistant Bacteria pode ser lido em: www.mdpi.com/2079-6382/12/2/391

(Por: Ricardo Muniz / Agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de agosto de 2023

Microbiota residencial: Projeto de pesquisa busca bactérias resistentes a antibióticos

Um projeto em curso no Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares (LEMiMo), vinculado ao IFSC-USP, está buscando voluntários para participarem numa pesquisa destinada a encontrar bactérias resistentes a antibióticos na comunidade.

Para que se possa entender melhor esta pesquisa, os cães que vivem em residências contribuem diretamente para a microbiota da casa – que é o conjunto dos microrganismos que se encontram geralmente associados a tecidos ou órgãos de animais ou plantas e que estabelecem colônias permanentes dentro ou sobre o corpo sem produzir doenças, compondo a microbiota normal do corpo. Da mesma forma, os tutores desses animais também contribuem para essa microbiota, através de condições encontradas em ambientes externos e fontes internas, como, por exemplo, ventilação, materiais de construção e umidade, entre outras.

As fezes dos cães são as principais fontes de bactérias no ar externo do ambiente urbano, contribuindo indiretamente para a microbiota das casas, mesmo quando as famílias não têm cães. Por isso, este projeto de pesquisa denominado “Estratégias de intervenção da microbiota que limitam a seleção e a transmissão de resistência a antibióticos no domínio da saúde única (MISTAR)” pretende avaliar a poeira de casas e a microbiota dos residentes (tutor e cão) antes e durante um período de purificação de ar.

Para participar desta pesquisa, é necessário que os voluntários sejam maiores de 18 anos, residam em casa/apartamento térreo, ou primeiro andar, e que não tenham feito uso de antibióticos nos últimos três meses. No momento, os pesquisadores responsáveis por este projeto buscam voluntários que façam parte de dois grupos: um grupo que não possui animais de estimação, e um grupo que possui cães de estimação que estejam em tratamento, ou que tenham feito tratamento com antibióticos nos últimos três meses. A sequência dos trabalhos inclui, entre outros procedimentos, a coleta de poeira residencial e amostras de fezes de humanos e cães para análise.

O fundamento desta pesquisa é tentar detectar bactérias que sejam resistentes a antibióticos, preservando ambientes saudáveis para a saúde.

Os interessados em participar nesta pesquisa poderão entrar em contato com a equipe de pesquisadores através do email lemimo@ifsc.usp.br, ou pelo telefone (16) 33736690.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de julho de 2023

Detectando várias doenças através de sangue, saliva ou suor – “SIMPLE-Z” desenvolvido no IFSC/USP já está em sua versão comercial

Um analisador de impedância elétrica capaz de medir propriedades elétricas de diversos materiais, principalmente fluidos biológicos, de forma rápida e barata, comparativamente a outros equipamentos importados e disponíveis no mercado. Com este novo instrumento, que apresenta um alto nível de precisão, abre-se uma nova porta para serem detectadas contaminações por vírus e bactérias, além de diversas doenças, como, por exemplo, os canceres de mama, pâncreas, cabeça e pescoço, e próstata. Mas não fica por aí!

Batizado de “SIMPLE-Z”, este novo equipamento foi desenvolvido em 2020 pelo então (à época) Pós-Graduando do IFSC/USP, Lorenzo Antonio Buscaglia, durante seu mestrado em Física Aplicada/Instrumentação, sob supervisão do Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC/USP) e com a colaboração do Prof. João Paulo Pereira do Carmo, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), tendo contado com o patrocínio da FAPESP.

Ao longo destes três últimos anos, Lorenzo Buscaglia (27) foi aprimorando este novo equipamento portátil, tendo chegado recentemente à sua versão comercial definitiva, possibilitando, com ela, a medição de propriedades elétricas em biossensores dedicados não só a diagnósticos clínicos, pesquisas em hospitais, mas também para controle de qualidade de alimentos, água e solos, entre outros exemplos.

Lorenzo Buscaglia

Já com a patente do equipamento devidamente solicitada, o inventor da USP de São Carlos abriu uma “start-up” na cidade – a Blatron Tecnologia – e hoje o “SIMPLE-Z” já está sendo comercializado. “Meu plano de carreira sempre foi fazer pesquisa e desenvolvimento, mas de uma forma mais próxima ao mercado. Sempre tive a intenção de desenvolver tecnologias que tivessem uma utilidade social mais tangível, já que a pesquisa acadêmica muitas vezes pensa em prazos mais distantes. Com a versão inicial do “SIMPLE-Z” que já está sendo comercializada, o passo seguinte e recente foi a candidatura a um projeto PIPE da FAPESP, que está ocorrendo, tendo a “start-up” iniciado os trabalhos para melhorar, até 2025, o equipamento”, relata Lorenzo A. Buscaglia.

Resumidamente, as melhorias que o equipamento irá apresentar em breve é a ampliação de algumas faixas de utilização para que ele possa ser utilizado com mais materiais, mais biossensores. “Além disso, iremos melhorar a experiência do usuário na utilização do software, incluindo novas funcionalidades de visualização e análise dos dados, e também tornar o equipamento compatível com mais plataformas e dispositivos”, sublinha Lorenzo. Segundo nosso entrevistado, a comercialização do “SIMPLE-Z” visa, essencialmente, dois mercados. O primeiro é voltado para os grupos de pesquisas, nas áreas principalmente de eletroquímica, de biossensores, e o outro mercado é a de laboratórios de ensino nas partes de física e engenharias.

O grupo de pesquisa onde Lorenzo Buscaglia desenvolveu o seu projeto, liderado pelo Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC/USP), utiliza esta técnica de espectroscopia de impedância, que é a técnica que o “SIMPLE-Z” aplica, sendo que ela já serviu para a detecção do vírus da COVID-19, de bactérias em leite, detecção de mastites em vacas leiteiras, de agrotóxicos em cascas de frutas, enfim, um lote enorme de aplicações.

Para mais informações sobre este equipamento, acesse www.blatron.com/simplez, ou contate lorenzo.buscaglia@blatron.com para dúvidas.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

18 de julho de 2023

Usuários do SUS com câncer de pele basocelular serão tratados com inovação 100% nacional

Terapia fotodinâmica recomendada pela Conitec foi desenvolvida em universidade brasileira com investimento público nacional

“A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou a incorporação no SUS da terapia fotodinâmica que poderá ser mais uma alternativa para o tratamento de pacientes com câncer de pele no Brasil.

De baixo custo e fácil produção, o aparelho foi projetado pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), considerado único no mundo com duplo sistema na mesma plataforma: permite o diagnóstico e o tratamento de câncer, sendo capaz de avaliar e tratar a doença no mesmo dia, evitando mutilações e procedimentos dolorosos.

A tecnologia faz parte do projeto Terapia Fotodinâmica Brasil (TFD) que começou em 2012, na USP, e envolveu instituições de pesquisas, empresas e hospitais para tornar a técnica aplicável em larga escala.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi a fonte geral de financiamento para o desenvolvimento da técnica, além do programa de fomento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) em conjunto com o Ministério da Saúde, para o desenvolvimento do equipamento.

Essa é a primeira demanda de uma universidade para incorporação de uma tecnologia no SUS, um case de sucesso da inovação tecnológica no país.

“As universidades brasileiras tem papel central na inovação, reconhecendo as necessidades do SUS, impulsionando a pesquisa, desenvolvimento e inovação, produzindo evidências clínicas, capacitando os serviços de saúde e participando do processo de incorporação e oferta de uma nova tecnologia no SUS”, afirmou a diretora do Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS), Luciene Bonan.

O demandante para incorporação foi a USP e o Núcleo de Avaliação de Tecnologias da UNIFESP (membro da REBRATS) atuou como NATS colaborador do Ministério da Saúde na análise dessa demanda.”

Confira AQUI a matéria completa sobre este tema, publicada no portal do Ministério da Saúde.

(Fonte: Ministério da Saúde)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de junho de 2023

Nova linha de pesquisa no IFSC/USP – Abordagem inovadora para tratamento de diversos processos cognitivos: entre eles a falta de memória

 

(Créditos – Cornell University)

 

O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP), em parceria com o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – CEPID da FAPESP alocado neste Instituto -, liderado pelo pesquisador Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, irá lançar uma nova linha de pesquisa (com pós-doutoramento) no sentido de avaliar a possibilidade de utilização dos protocolos, equipamentos e técnicas não-invasivas desenvolvidas no Instituto para recuperar a memória recente de pacientes pós-COVID e com fibromialgia. O projeto prevê também ampliar esse horizontes para outras questões cognitivas associadas ao envelhecimento natural.

Essa proposta de criação de uma nova linha de pesquisa, que surgirá provavelmente até o final do corrente ano, irá envolver uma vasta equipe multidisciplinar – médicos de diversas especialidades, pesquisadores e psicólogos, dentre outros profissionais da saúde -, cujos estudos e ações estarão sob os auspícios da Comissão de Ética, num trabalho minucioso de acompanhamento dos pacientes ao longo das diversas fases do trabalho.

Dr. Antonio Aquino

O Dr. Antonio de Aquino Junior, pesquisador e coordenador desse projeto, sustenta a relação existente entre a COVID-19 e as sequelas de falta de memória apresentadas por pacientes. “Existem estudos que apontam que as sequelas relacionadas com a a ausência de olfato e paladar podem estar também relacionadas com a perda de memória em pacientes pós-COVID. Embora não exista uma total certeza, o certo é que os estudos sugerem isso. Nessa linha, um estudo feito com dez pacientes mostrou alterações significativas em um tipo de células específicas – *astrócitos -, que são extremamente importantes na área cerebral”, pontua o pesquisador. Os cientistas do IFSC/USP também têm acompanhado a redução na memória recente em pacientes com fibromialgia, embora com fatores distintos, pelo que esta nova linha de pesquisa propõe a introdução de uma terapia não-invasiva na busca por um tratamento. Atendendo a que hoje os pesquisadores possuem uma compreensão mais abrangente, tudo leva a crer que talvez seja possível, ao longo de um período dilatado, introduzir técnicas não-invasivas associadas a uma medicação específica, de forma a poderem potencializar os tratamentos para a recuperação de memória, entre outros aspectos cognitivos.

“Temos feito muitos estudos com abordagens efetivas de terapias não-invasivas e, por exemplo, constatamos que elas interferem positivamente na pressão intracraniana, com uma reverberação neuronal de uma memória de curto prazo. Vimos, também, a possibilidade de reduzir processos inflamatórios intestinais, no caso da fibromialgia. Existem estudos que mostram, em processos degenerativos, como na Doença de Parkinson e na Doença de Alzheimer, que o início das consequências nefastas dessas duas doenças surge em um processo inflamatório intestinal, com a inevitável produção de proteínas que são extremamente prejudiciais no contexto cerebral. Sabemos que, no caso da Doença de Alzheimer, o paciente vai perdendo a memória recente, mantendo a memória de longo prazo. Contudo, essa memória, com o passar do tempo, também irá ser afetada progressivamente”, sublinha Antonio Aquino.

Com uma variedade grande de situações relacionadas com a perda de memória e de outras capacidades cognitivas, os pesquisadores do IFSC/USP acreditam que esta nova linha de pesquisa irá durar alguns anos até se conseguir ter resultados promissores.

Para conferir os estudos já efetuados no IFSC/USP, clique AQUIAQUIAQUI.

* A infecção dos astrócitos pelo coronavírus produz um ambiente tóxico para os neurônios. Na prática, isso provoca parte dos problemas neurológicos a longo prazo observados em diversas pesquisas, como perda de memória, falta de concentração, déficit de atenção, raciocínio mais lento e sonolência.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de junho de 2023

CONITEC recomenda a inclusão no SUS da Terapia Fotodinâmica para tratamento de câncer de pele – Técnica foi desenvolvida e aperfeiçoada no IFSC/USP

Após 20 anos de pesquisa e desenvolvimento, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) atinge uma grande vitória. O CONITEC- Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde  ( SUS), acaba de recomendar ao Ministério de Saúde a incorporação da Terapia Fotodinâmica (TFD), técnica desenvolvida e aperfeiçoada pela Universidade de São Paulo para ser adotada como tratamento para câncer de pele no sistema único de saúde. Serão milhares ou mesmo milhões de pessoas que agora poderão ser beneficiadas por esta adoção, se aprovada pela secretaria do SUS. O câncer de pele é o tipo mais frequente de câncer no Brasil, segundo o INCA, sendo que cerca de 177.000 novos casos são registrados anualmente, resultando em uma enorme fila para a realização dos procedimentos cirúrgicos.

O Prof. Vanderlei Bagnato, coordenador da equipe do IFSC/USP, salienta esta conquista. “Nosso trabalho de mais de vinte anos, grandemente custeado pelo povo Brasileiro através do fomento e projetos, fica recompensado em poder retornar de forma amplificada um grande ganho para a sociedade”.

Prof. Vanderlei Bagnato

FAPESP, CNPq, BNDES e Embrapii são órgãos que acreditaram e financiaram a iniciativa, sendo que o projeto contou com diversas gerações de estudantes, participação de médicos e, principalmente, a cooperação com empresas que já produzem os equipamentos e medicamentos necessários para que fosse possível chegar a este ponto. A técnica simplifica os procedimentos e permite tratar de forma rápida e segura lesões iniciais para que não evoluam até chegar ao ponto onde somente a cirurgia poderá resolver.

Atualmente, no IFSC/USP, a equipe é composta pelo Prof. Bagnato, a Profa Cristina Kurachi, a médica Dra. Gabriela Salvio, a Profa. Hilde Buzza (atualmente no Chile), a Profª Kate Blanco, as pesquisadoras Dra. Natalia Inada e Lilian Moriyama, além dos   pós-doutores Michelle Requena, Mirian Stringasci e  José Dirceu Vollet Fiho. Muitas gerações de alunos e pesquisadores que passaram pelo IFSC ou que colaboraram em outras instituições ajudaram a produzir uma técnica que elimina o carcinoma basocelular em aproximadamente 93% dos casos tratados com procedimento ambulatorial e não cirúrgico.

“Essa conquista é um grande exemplo da relevância da pesquisa básica associada à pesquisa aplicada e translacional para o desenvolvimento de novos produtos e procedimentos na área da saúde. Nosso grupo trabalha para o melhor entendimento dos processos biológicos induzidos pela terapia e, juntamente com nossos parceiros clínicos, na otimização e desenvolvimento de novos protocolos clínicos”, diz a Profa. Kurachi.

Para todos os membros da equipe, esta incorporação poderá mudar a forma de se lidar com o câncer de pele não melanoma no Brasil, promovendo tratamento simples e de baixo custo, enquanto as lesões ainda são pequenas, evitando sua evolução e complicações posteriores. “Esperamos que a Secretaria do Ministério da Saúde acate com rapidez a recomendação do CONITEC para que possamos de fato iniciar o benefício à população brasileira de forma mais ampla e efetiva. Fazer ciência é bom e quando vem com responsabilidade social é ainda melhor” afirma Bagnato.

(Créditos de imagem destaque na Home Page – Peter Dazeley /Getty Images)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de maio de 2023

Combate ao zumbido no ouvido – Estudos do IFSC/USP comprovam a eficácia do laser

(Crédito – Treble Health)

Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – CEPID da FAPESP alocado no IFSC/USP -, em colaboração com colegas de outras instituições científicas, dentre elas cientistas do Tyndall National Institute, University College Cork (Irlanda), realizaram um estudo abrangente para tratamento do zumbido no ouvido, cujos resultados apontaram que a aplicação de laser dentro do pavilhão auditivo tem um efeito anti-inflamatório e de relaxamento.

O conteúdo desse estudo e os resultados obtidos foram publicados em março último na revista “Journal of Personalized Medicine”, uma publicação cujo escopo é o desenvolvimento de tratamentos personalizados dentro da área da medicina.

O zumbido no ouvido é um sintoma cuja causa específica ainda não foi identificada, com tratamentos que nem sempre são eficientes, pois cada caso é um caso, o que se sugere o uso de protocolos personalizados. Insuficiência da irrigação periférica nos tecidos próximos ao labirinto (aparelho auditivo interno), lesões, insuficiência microcirculatória originada por oclusão devido a embolia ou hemorragia, diabetes mellitus, ou hipertensão arterial, são alguns dos casos onde pode ocorrer o zumbido no ouvido.

Dr. Vitor Hugo Panhoca

O estudo acima citado envolveu uma vasta equipe de profissionais multidisciplinares, liderados pelo pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, que se concentraram em aplicar possíveis modalidades alternativas de tratamento com o intuito de identificar qual a metodologia mais eficaz. Neste sentido, os pesquisadores aplicaram diversos tipos de protocolos em um grupo constituído por mais de uma centena de pacientes voluntários, que ficaram divididos em dez sub-grupos e que se submeteram a oito sessões, com os seguintes resultados:

Um grupo de pacientes foi tratado apenas Flunarizina – medicamento indicado para zumbido no ouvido -, enquanto outro grupo foi tratado apenas com Ginkgo biloba – medicamento fitoterápico indicado para o mesmo fim. Já outros grupos foram tratados com aplicação de laser conjugado com ultrassom, enquanto a outro grupo foi aplicado laser conjugado com vacuoterapia. Dois outros grupos receberam aplicação de laser combinado com acupuntura (laserpuntura). O melhor resultado foi a aplicação de laser dentro do pavilhão auditivo, conforme descreve o pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e um dos autores do estudo, Dr. Vitor Hugo Panhoca. “Com a aplicação de laser nessa região do ouvido atingiu-se um efeito anti-inflamatório e de relaxamento. Com estes resultados, acreditamos que o laser tenha esse efeito, podendo também aumentar a irrigação periférica, obtendo dessa forma, resultados ainda maiores na luta contra o zumbido no ouvido.”

Este estudo e seus resultados foram igualmente publicados no  “PubMed” plataforma do National Institute of Health (NIH), instituição mantida pelo governo norte-americano.

Para acessar o artigo relativo a este estudo, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de maio de 2023

Novo biossensor detecta ocratoxina nos grãos de café para controle de qualidade – Uma micotoxina geradora de câncer

Pesquisadores do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e das Universidades Simão Bolívar, e Del Norte, ambas na Colômbia, desenvolveram recentemente um biossensor portátil, de baixo custo, que tem a particularidade de detectar, no local, a presença de ocratoxina nos grãos de café presentes nas plantações ou nos armazenamentos.

A ocratoxina (OTA), que é produzida por diversos tipos de fungos e que frequentemente se encontra no café, é uma micotoxina –  metabólito tóxico secundário produzido por fungos filamentosos –  que pode provocar câncer, e considerada um risco para a saúde humana e animal, com grande impacto na economia dos países produtores de café.

Muito resistente a diversas condições ambientais, como altas temperaturas e acidez, as análises atualmente utilizadas para detectar a ocratoxina são complexas, demoradas e dispendiosas, necessitando de laboratórios e  recursos humanos especializados, o que de certo modo inviabiliza o tratamento rápido do produto.

O Prof. Dr. Jairo Pinto de Oliveira, primeiro autor do estudo, que foi já publicado na revista científica internacional “Talanta”, explica que “Este biossensor foi desenvolvido baseado no uso de anticorpos como moléculas de reconhecimento orientados na superfície de um eletrodo com filme de ouro. O dispositivo apresentou resultados promissores quando aplicado em amostras reais, com elevada sensibilidade e seletividade para OTA. É válido  ressaltar que o dispositivo desenvolvido é passível de portabilização e integração com smartphone, via bluetooth, e software intuitivo de fácil operação. Por se tratar de um método rápido, de baixo custo e detecção no local, este novo sistema poderá ser disponibilizado para utilização em toda a cadeia produtiva do café, ampliando o monitoramento confiável com atendimento a legislação nacional e internacional e agregando valor a esta commodity.

Este novo biossensor é resultado dos estudos que estão sendo feitos desde há algum tempo utilizando a nanotecnologia, algo que é promissor para outras vertentes, por exemplo, as áreas da saúde, meio-ambiente e energias renováveis, entre outras. Sobre este assunto e a importância deste novo dispositivo, o coordenador do GNano-IFSC/USP e co-autor deste estudo, Prof. Dr. Valtencir Zucolotto, comenta que “Atualmente, a convergência entre a Nano e a Biotecnologia representa uma das áreas científicas e tecnológicas de maior relevância. Semelhante ao impacto que a Nanobiotecnologia já apresentou na área da saúde (por exemplo, com as vacinas à base de RNA), esperamos que em breve essa revolução ocorra também no Agronegócio”

Este projeto foi financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do ES (FAPES) e CNPq, sendo que o pedido de patente sobre o desenvolvimento da tecnologia está em andamento com a equipe da Agência de Inovação da USP.

 

Para conferir o artigo científico relativo a este estudo, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de maio de 2023

Chamada de pacientes voluntários – Tratamento das consequências da Doença de Parkinson

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) está realizando uma chamada para vinte (20) pacientes voluntários portadores da Doença de Parkinson, visando a realização de uma nova pesquisa para tratamento das dores e tremores provocados por essa doença.

A chamada destina-se a pacientes de ambos os sexos, de qualquer faixa etária, cujo diagnóstico da doença tenha sido feito há menos de três anos e que estejam sendo acompanhados clinicamente.

Esta pesquisa, supervisionada pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, será realizada pelos pesquisadores do IFSC/USP, Dra Ana Maria de Góis e Dr Vitor Hugo Panhóca, ao longo três meses, constituída por 24 sessões (duas vezes por semana), que ocorrerão na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos.

Os interessados em participar nesta pesquisa poderão obter mais informações e fazer seu cadastramento através do Telef. (16) 3509-1351, com a secretária Mônica.

(Imagem – Créditos: Getty Images)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de abril de 2023

Sensor monitora nível de paracetamol na saliva em tempo real para tratamento personalizado

O paracetamol é o maior causador de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos

O consumo de drogas terapêuticas, como analgésicos, antibióticos, antidepressivos e antivirais, cresce em todo o mundo – com uma projeção de gastos globais de US$ 1,8 trilhão até 2026 –, refletindo o envelhecimento da população e a disseminação de pandemias. Porém, receitados em doses padronizadas, independentemente do metabolismo, das condições clínicas e de nutrição dos pacientes, esses medicamentos muitas vezes não funcionam como deveriam, o que pode resultar em desperdício ou mesmo em efeitos colaterais indesejados. Por esses motivos, cientistas e médicos têm apostado em prescrições personalizadas.

Com essa estratégia em mente, pesquisadores dos institutos de Física (IFSC) e de Química de São Carlos (IQSC), ambos da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveram um sensor flexível, simples e de baixo custo que rastreia o analgésico paracetamol na saliva e monitora sua ação em tempo real, permitindo correções na dosagem. O estudo foi publicado recentemente na revista Small: nano micro.

Após a administração de uma dose única de comprimido oral do analgésico, os eletrodos localizados na superfície do dispositivo conseguem detectá-lo de forma rápida e não invasiva, em uma pequena amostra de saliva humana. Isso porque o paracetamol contido na secreção é oxidado pelos sensores produzindo uma corrente elétrica.

“O protocolo é promissor para observar e acertar flutuações interindividuais na absorção e nas respostas ao paracetamol”, diz Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do IFSC-USP e coordenador da pesquisa. “Uma dosagem imprecisa pode ter efeitos prejudiciais não apenas para o tratamento, mas sobre o próprio organismo.”

Apesar de ser o mais recomendado para dores suaves pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os não opioides, o consumo excessivo de paracetamol está associado a problemas hepáticos e renais causados pelo acúmulo de metabólitos tóxicos nesses órgãos. Outros efeitos adversos possíveis são sangramento gastrointestinal e anemia.

De acordo com a American Liver Foundation, o paracetamol é o maior causador de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos, responsável por mais de 50% de todos os casos e, segundo análises de arquivos e bancos de dados do país, 458 mortes ocorrem a cada ano devido a overdoses associadas ao medicamento. Como o número real de problemas de saúde e internações é potencialmente maior, especialistas alertam para que um médico seja sempre consultado antes do consumo de qualquer medicamento de venda livre, especialmente se houver histórico de doenças hepáticas ou renais. Também ressaltam a importância de as doses recomendadas serem sempre seguidas.

“Nossa metodologia também ajudaria a diminuir a contaminação de água, pois o que nosso organismo não metaboliza é excretado pela urina. E as estações de tratamento de água e esgoto não possuem ainda um tratamento 100% eficiente para a remoção dos fármacos”, completa a química Nathalia Oezau Gomes, doutoranda no IQSC-USP e coautora da pesquisa.

Baixo custo

O dispositivo desenvolvido pelo grupo de pesquisadores, que contou com apoio da FAPESP por meio de dois projetos (16/01919-6 e 20/09587-8), foi fabricado com a mesma técnica simples usada em estampagem de camisetas (serigrafia). Sobre uma tela com o desenho dos sensores é colocada uma porção de pasta de carbono condutor e, embaixo dela, ficam folhas de transparência de poliéster compradas em papelaria. Então, a pasta é dispersada com um rodo.

Outra vantagem é que ele é portátil e conta com sensores baratos, que custam individualmente menos de US$ 0,02 ou cerca de R$ 0,10 – valor significativamente inferior ao de outros instrumentos usados para análise, que muitas vezes são volumosos e requerem pessoal qualificado.

A opção de usar amostras de saliva também traz vantagens, como facilidade de coleta e o fato de a secreção refletir os níveis de analitos livres (componentes químicos da amostra). Além disso, assim como outros biofluidos corporais não invasivos (suor e lágrima, por exemplo), seu uso no monitoramento de medicamentos terapêuticos (do inglês, Therapeutic Drug Monitoring ou TDM) vem aumentando por conta do baixo custo em relação à amostragem, coleta, armazenamento, transporte, processamento e análise sanguínea em laboratório centralizado e especializado.

“Os resultados do nosso estudo demonstram o grande potencial de uma estratégia simples”, afirma Pereira. “Os dispositivos eletroquímicos de baixo custo se consolidam como alternativa atraente para rastreamento de medicamentos devido às suas características analíticas, como resposta rápida, capacidade de miniaturização, portabilidade, simplicidade, facilidade de uso, versatilidade, custo de instrumentação relativamente baixo e possibilidade de obtenção de análises in loco e em tempo real.”

O protótipo do sensor já está finalizado com cabos, fios e conectores e pronto para transferência de tecnologia para uma futura empresa parceira interessada em produzir em larga escala e comercializar. Os próximos passos incluirão análises com um número maior de voluntários e comparação dos dados obtidos com uma técnica padrão-ouro.

O artigo  On-Site Therapeutic Drug Monitoring of Paracetamol Analgesic in Non-Invasively Collected Saliva for Personalized Medicine pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/smll.202206753

(Julia Moióli | Agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de abril de 2023

Habilitação em Óptica e Fotônica no Bacharelado em Física – Única na América Latina

20 anos abrindo novas oportunidades.

A Habilitação em Óptica e Fotônica, integrada ao Curso de Bacharelado em Física do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), única no país e na América Latina, teve sua primeira turma em 2003 motivada pela sua relevância, não apenas em ciência básica, mas também na demanda do setor produtivo por novas tecnologias em telecomunicações, medicina, materiais, etc.

Foi naquela época que a FAPESP deu início ao financiamento de Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CePID) tendo sido criado, nesse âmbito, o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF), desde então alocado no IFSC/USP. “Dentre as várias iniciativas que surgiram, uma delas foi a criação de uma habilitação em Óptica e Fotônica no curso de bacharelado em Física do IFSC, inspirada em cursos similares que existiam – e ainda existem – no exterior, com destaque para os da Universidade de Rochester (VER AQUI) e da Universidade Central Florida (VER AQUI), que são instituições, assim como o IFSC/USP, que têm muita tradição nessa área, proporcionando uma formação diferenciada aos alunos de física.

Prof. Cleber Renato Mendonça

“O conceito inicial da habilitação em Óptica e Fotônica foi proposto pelos Profs. Sérgio Carlos Zílio, Máximo Siu Li e Vanderlei Salvador Bagnato, que abriram caminho para um conjunto de pesquisas e atividades de elevada qualidade voltadas para a academia e para o setor produtivo”, pontua o Prof. Cleber Renato Mendonça, docente do IFSC/USP.

De fato, a óptica e fotônica tem um importante impacto tecnológico e econômico, que pode ser mais claramente observado nas áreas de comunicações, ópticas e novas tecnologias em saúde, sendo, portanto uma área estratégica  para o Brasil. Essa realidade foi, desde muito cedo, integrada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que reconheceu essas áreas como fundamentais para a pesquisa nacional. “Foi a partir dessa realidade que o MCTI decidiu, já há vários anos, criar áreas estratégicas dentro de secretarias próprias – Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A primeira iniciativa foi na área da nanotecnologia, com a implementação da rede Sisnano (AQUI) e, mais recentemente, com a Iniciativa Brasileira de Fotônica (AQUI), esta última composta por laboratórios associados onde o IFSC/USP também está presente”, sublinha o docente.

Curso de Bacharelado em Física – Habilitação em Óptica e Fotônica

Prof. Sebastião Pratavieira

Nesta Habilitação em Óptica e Fotônica do IFSC/USP já passaram cerca de duzentos alunos ao longo destes vinte anos. É um curso onde o aluno se aprofunda em aspectos fundamentais e aplicados, com disciplinas que abordam, por exemplo, desenho óptico, espectrocopia óptica, óptica não linear, fundamentos do laser, entre outras. “O Curso de Bacharelado em Física já propicia um bom conhecimento de óptica, mas são conceitos mais gerais e básicos. A ideia desta Habilitação é aprofundar essas temáticas, indo muito além do que está inserido no Bacharelado em Física, sendo dedicado aos alunos deste curso, mas também disponível a alunos de graduação de toda a USP”, sublinha o Prof. Sebastião Pratavieira, também docente do Instituto e que foi aluno dessa habilitação.

Para cursar esta Habilitação o aluno deve ingressar no  Bacharelado em Física e, após o primeiro ano, se inscrever, demonstrando o seu interesse, integrando uma seleção onde a escolha é feita com base em seu currículo escolar. Há um limite de vagas – 12 -, isso porque ainda existem limitações de espaço, atendendo a que esses alunos irão desenvolver atividades de aprendizado nos laboratórios de pesquisa que têm demandas muito altas. Uma vez selecionado, o aluno tem que cumprir um determinado número de disciplinas, que serão adicionadas às que já constam do Curso de Bacharelado em Física e, no final, ele adquire sua Habilitação em Óptica e Fotônica, devidamente registrada em seu diploma.

Com esta Habilitação em Óptica e Fotônica, os alunos do Bacharelado em Física do IFSC/USP poderão abrir novas portas no seu futuro tanto acadêmico como no setor produtivo.

Confira o Curso de Bacharelado em Física do IFSC/USP clicando na figura abaixo.

 

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de abril de 2023

Pesquisadores criam sensor de ureia para pacientes com problemas cardíacos

O monitoramento a distância ajuda a evitar a ida desnecessária de pacientes aos centros de saúde e se expô-los a infecções do ambiente hospitalar – Fonte: Grupo de Polímeros “Prof. Bernhard Gross” (PO)

Parceria entre pesquisadores do campus de São Carlos da USP com o Incor desenvolve protótipo que busca facilitar o monitoramento de pacientes através do suor

Cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP e do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolveram um pequeno dispositivo capaz de quantificar a ureia presente no suor. O objetivo era criar um mecanismo não invasivo para monitorar pacientes com risco cardíaco, com a vantagem de fornecer informações em tempo real.

A elevação dos níveis de ureia no sangue pode ser um sinal de diminuição da atividade dos rins, já que é através deles que essa substância é excretada. Se os rins não funcionam adequadamente, podem reter o sódio no corpo e aumentar a pressão arterial, o que sobrecarrega o músculo do coração. Em pacientes cardíacos, é importante monitorar regularmente os níveis de ureia e de outros marcadores para prevenir complicações.

Um pequeno adesivo equipado com sensores é colado na testa ou em outra parte do corpo em que haja transpiração. “O objetivo no longo prazo é desenvolver um dispositivo que permita prever se pessoas com problemas cardíacos têm piora e se precisariam ser hospitalizadas”, conta Gisela Ibañez Redin, que fez pós-doutorado no IFSC e é uma das autoras do estudo. Por ser barato, o adesivo pode ser trocado várias vezes ao dia, mas também poderia ser lavado e reutilizado sem prejuízo. O estudo demonstrou também que o biossensor funciona sob estresse mecânico, como quando há uma dobra na pele. Isso possibilita a utilização em regiões como axilas e dobra do joelho.

O sensor eletroquímico mede o aumento de pH no suor, ou seja, quando ele fica mais alcalino e menos ácido. Essa mudança está relacionada à degradação da ureia na presença da enzima urease. A reação produz amônia, que tem caráter básico responsável pela elevação do pH. Por esse motivo, um dos desafios para a calibração do sensor foram as pequenas variações de acidez no suor de pessoa para pessoa. A chave para obter resultados precisos seria medir o pH do suor antes que a degradação da ureia ocorresse.

Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior

Outro desafio foi preservar as substâncias durante a aferição. “Uma das tarefas mais importantes ao projetar biossensores é conseguir um material que permita que aquela biomolécula mantenha a sua função por um tempo relativamente grande”, conta Osvaldo Novais de Oliveira Junior, que orientou os pesquisadores do IFSC. “Parte do nosso trabalho, que já é antigo, é descobrir como manter a função das biomoléculas. Elas estão acostumadas a estar em ambiente aquoso. Quando você tem um sensor que é seco, ela rapidamente pode perder a função.”

Os problemas foram superados adicionando um eletrodo de referência junto com dois eletrodos de trabalho, um para ureia e outro para o pH, separados por uma distância de 2 milímetros. Para imobilizar a enzima responsável por catalisar a degradação da ureia em um dos eletrodos de trabalho, foi usada tinta à base de quitosana, um polímero que preserva a estabilidade da enzima. Assim, o dispositivo consegue medir o sinal tanto da ureia quanto do pH, o que permite fazer a correção.

Os cientistas fizeram testes em amostras de suor artificial e depois em amostras reais de suor de voluntários. Nos dois experimentos, o dispositivo conseguiu detectar a ureia com precisão, sem ser afetado por outras substâncias na mistura. Oliveira Junior explica que o trabalho de verificar se outras substâncias estão interferindo nas medidas é essencial. “O suor é um fluido complicado, que tem muitas substâncias. É preciso tomar cuidado para que uma não seja confundida com outra.”

Sistemas semelhantes para outros marcadores

Trabalhos como esse do mesmo grupo de pesquisa têm sido feitos a fim de atender às demandas clínicas do Incor, buscando monitorar outros marcadores do sangue de maneira não invasiva e dinâmica. Os pesquisadores buscam parcerias com agentes do mercado que façam a produção desses dispositivos em grande escala.

A elevação de ureia no sangue surge quando há diminuição da capacidade dos rins de filtrar o sangue das substâncias tóxicas. Gisela Redin conta que medir os níveis de ureia é uma forma indireta de monitorar o estado do risco cardíaco. “Os pacientes com insuficiência renal têm maiores chances de desenvolver doenças cardíacas, porque o rim também processa eletrólitos e outras moléculas que são importantes para o funcionamento do coração”. A pesquisadora ressalta que os eletrólitos, sódio e potássio, são os responsáveis pelas contrações no coração. A ideia é que o sódio e o potássio também sejam monitorados através de um só dispositivo.

Gisela Ibañez Redin (Créditos ResearchGate)

Nesse sentido, o nível de ureia é apenas um dos marcadores que podem ser monitorados sem a coleta de sangue. A solução criada é parte de um projeto maior da USP para viabilizar dispositivos vestíveis para capturar e processar biomarcadores, como relata ao Jornal da USP o professor Marco Antonio Gutierrez, da FMUSP. “Nós estamos desenvolvendo eletrônica para que esses dispositivos possam captar sinais diferentes em nossos pacientes e métodos que permitam analisá-los continuamente.” Uma das preocupações é que os mecanismos sejam viáveis financeiramente para o uso no sistema público de saúde.

Exames para medir fatores como esses são parte da rotina dos hospitais. O monitoramento a distância ajuda a evitar a ida desnecessária de pacientes aos centros de saúde e expô-los a infecções do ambiente hospitalar. “Queremos disponibilizar ao nosso paciente um aplicativo no smartphone, por exemplo, que passe a medida de ureia de maneira não invasiva e que envie esses dados para a nossa infraestrutura de prontuário eletrônico e acompanhamento dos pacientes”, explica Gutierrez.

Os projetos são liderados pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular e pelo Laboratório de Informática Biomédica da FMUSP. O trabalho de engenharia de dispositivos, com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disponibilização no mercado, requer o investimento de empresas ou instituições interessadas. Embora não existam ainda parcerias, a maior parte do caminho já foi traçada pelos pesquisadores.

Os sensores podem ser produzidos em massa usando técnicas de revestimento slot-die. “A técnica consiste na deposição de filmes finos sobre substratos flexíveis continuamente, de forma automatizada”, conta Giovana Rosso, que foi pós-doutoranda do IQSC e também é colaboradora do projeto. “Nós escolhemos essa técnica porque a taxa de cisalhamento para a deposição da biotinta é baixa. Isso quer dizer que a ferramenta de deposição não exerce uma pressão muito alta sobre as biomoléculas e também não existe fricção devido ao não contato da biotinta com o substrato. Isso poderia fazer com que as biomoléculas perdessem sua função, que é a degradação da ureia.” Gisela Redin acrescenta que nem todos os sensores podem ser fabricados usando esse tipo de técnica. “Por isso, nós também trabalhamos em formular tintas e biotintas que poderiam ser depositadas com a técnica slot-die e esse foi um trabalho adicional da nossa parte.”

A pesquisa teve o apoio da Fapesp, do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica (INCT-Macc).

(Ivan Conterno – Jornal da USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de abril de 2023

Projeto Clínico – Chamada de mulheres voluntárias para tratamento de alopecia androgenética

(Créditos – Emergency Live)

Na sequência de um projeto clínico iniciado em 2021 visando o tratamento de mulheres portadoras de alopecia androgenética – calvície padrão feminina -, jovens pesquisadoras formadas pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) estão iniciando um novo projeto clínico, desta vez com a utilização de um tônico de curcumina e óleos essenciais e aplicação de fotobiomodulação com laser de baixa potência, projeto que está lançando agora uma chamada para 16 mulheres voluntárias, com faixa etária entre os 18 e 50 anos, que apresentem rarefação difusa dos cabelos na região frontal e parietal do couro cabeludo.

Não poderão participar desta chamada mulheres que tiveram covid-19 há menos seis meses e que apresentem início da menopausa, doenças graves – como tumores malignos ou benignos, lúpus, psoríase, diabetes, lesões de pele de qualquer natureza, que tenham distúrbios psicológicos e hormonais, portadoras de marca-passo, quadro de anorexia, bulimia ou desnutrição, ou que estejam em tratamento de hemodiálise, fumantes, usuárias de drogas, e voluntárias que já estavam em tratamento para queda de cabelos.

Este estudo, conduzido pela Drª Alessandra Keiko Lima Fujita, doutora em ciências na área de Biofotônica pelo IFSC/USP e na área de disfunções capilares e pesquisadora responsável por este projeto de pesquisa, e por Patricia Kaori Shiraishi, terapeuta capilar especializada em disfunções do couro cabeludo, formada pela Associação Brasileira de Tricologia, incluirá dez sessões de tratamento (uma por semana) e ocorrerá na “K Quadrado – Espaço de Beleza e terapia integrativa”, Rua Visconde de Inhauma, 1515, São Carlos.

As voluntárias interessadas nesta pesquisa poderão se inscrever através do Whatsapp (16) 98110-9219.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de abril de 2023

Combate ao SARS-CoV-2 – Desvendado todo o processo de maturação da proteína Protease

Na sequência do trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar) – um CEPID da Fapesp alocado no IFSC/USP e coordenado pelo Prof. Glaucius Oliva -, ao qual demos o devido destaque em março passado (VER AQUI), pesquisadores desse centro de pesquisa conseguiram recentemente desvendar todo o processo de maturação da proteína Protease, presente no genoma do SARS-Cov-2, um estudo que foi publicado na prestigiada revista “Nature Communications”.

Nos anteriores estudos os pesquisadores conseguiram acompanhar grande parte do processo bioquímico por que essa proteína passa até chegar à sua forma madura, com exceção do primeiro passo da sequência, que só agora foi visualizado e entendido, como explica o responsável por essa pesquisa, Dr. Andre Schützer de Godoy.

“Nos primeiros estudos, foram muito bem descritos os passos da maturação da Protease, com exceção do passo inicial, sendo que isso era fundamental para entender todo o processo. Por termos utilizado a cristalografia como técnica escolhida para elaborarmos todos os estudos, contudo ela se mostrou ineficaz para descrever o estado inicial do processo. Foi nesse momento que optamos por utilizar outra técnica que, embora já tenha sido criada há algum tempo, tem sofrido melhorias significativas nos últimos anos – a Crio-Eletro Microscopia Eletrônica e, graças a essa técnica, conseguimos observar o primeiro passo da maturação da proteína, algo que é inédito”, comemora o pesquisador.

Com este estudo, os pesquisadores conseguiram completar o entendimento de todo o mecanismo, algo que é importantíssimo para o desenvolvimento de novos fármacos para combater de forma eficaz o SARS-CoV-2.

Esta pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores de instituições de pesquisa do Reino Unido.

Para acessar o artigo científico desta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

14 de abril de 2023

COVID-19 – Comprovada a eficácia da fotobiomodulação no tratamento da perda de olfato e paladar

Resultados do estudo conjunto feito pelo IFSC/USP e King’s College Hospital (Londres)

Um estudo/piloto clínico desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Department of Oral Surgery, do King’s College Hospital (NHS Foundation Trust), de Londres, publicado neste último mês de março, na revista científica internacional de grande impacto na área da saúde, “Journal of Biophotonics”, mostrando que a terapia através de fotobiomodelação atua como um imunomodulador no combate à anosmia (perda de olfato) e à ageusia (perda de paladar), promovendo, em doze sessões, a recuperação total do olfato e paladar, sentidos que foram comprometidos pela COVID-19.

Este estudo realizado pelo Laboratório de Biofotônica do IFSC/USP, que contou com a participação dos pesquisadores Dr. Vitor Hugo Panhóca e Prof. Vanderlei Bagnato em parceria com a renomada cientista Reem Hanna(PhD), do Department of Oral Surgery, do King’s College Hospital (NHS Foundation Trust), de Londres, teve como ponto inicial o fato da fotobiomodulação ter surgido como uma possível terapia eficaz na restauração da funcionalidade do paladar e olfato, criando assim uma alternativa aos tradicionais tratamentos com base em fármacos e  cuja eficácia já foi questionada. Assim, a terapia por fotobiomodulação emergiu como uma modalidade alternativa de tratamento fotobioenergético, não invasivo, no alívio da dor, reduzindo a inflamação e a cicatrização dos tecidos lesionados.

Este estudo contou com a participação de vinte pacientes voluntários diagnosticados com anosmia e ageusia causadas pela COVID-19, que se submeteram a doze sessões de tratamento com administrações intranasal e intraoral por fotobiomodulação, cujos resultados mostraram uma melhora significativa da funcionalidade olfativa e gustativa.

Os objetivos do estudo foram:

*Avaliar a porcentagem de recuperação completa e o tempo de prognóstico;

*Introduzir uma dosimetria a laser preliminar padronizada e protocolos de tratamento;

*Compreender os atuais mecanismos moleculares da fotobiomodulação na restauração da funcionalidade do olfato e paladar;

Este estudo piloto/clínico mostrou que esta terapia de fotobiomodulação pode promover a recuperação total do olfato e paladar.

Para acessar o artigo científico, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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