IFSC e Sociedade

11 de março de 2025

Pesquisadores do IFSC/USP revelam como a resistência a antibióticos carbapenêmicos se espalha em hospital brasileiro

(Créditos – “First Post”)

Estudo liderado por pesquisadores do IFSC/USP alerta para nova ameaça à saúde pública.

Um estudo inovador liderado por pesquisadores do IFSC/USP, em parceria com o University Medical Center Utrecht (Holanda) e o Hospital Risoleta Tolentino Neves (MG), revelou que um tipo de material genético, chamado plasmídeo IncQ1, está ajudando a espalhar genes que resistem a antibióticos em um hospital brasileiro.

Publicado na prestigiada revista científica Microorganisms, o estudo alerta para o risco crescente desse fenômeno invadir e permanecer no ambiente hospitalar, o que pode dificultar o tratamento de infecções.

Os antibióticos carbapenêmicos são considerados uma das últimas opções para tratar infecções graves, mas, no entanto, muitas bactérias desenvolveram um mecanismo de defesa contra eles, chamado KPC, que torna esses antibióticos ineficazes. O estudo analisou 49 amostras de bactérias coletadas entre 2009 e 2016 em um hospital de Belo Horizonte e descobriu que 67% delas possuíam o gene blaKPC, responsável por essa resistência. Dessas, 85% tinham o gene armazenado em uma configuração genética denominada NTEKPC-IId diferente das normalmente encontradas no país, um pequeno pedaço de DNA que pode ser

Esquema do plasmídeo IncQ1 que carrega o elemento genético NTEKPC-IId, que se espalhou pelas bactérias do hospital

transferido facilmente entre diferentes bactérias. O grupo identificou, também, que essa configuração genética estava sendo carreada entre as diferentes bactérias do hospital através de um elemento genético conhecido como plasmídeo IncQ1.

Os pesquisadores descobriram que esse material genético pode passar de uma bactéria para outra, atingindo espécies como Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Enterobacter spp., sem prejudicar a sobrevivência das bactérias, significando que a resistência pode se espalhar rapidamente entre microrganismos diferentes dentro do hospital.

Uma das descobertas mais preocupantes foi a identificação de uma bactéria da espécie Enterobacter cloacae, que possuía 8 plasmídeos diferentes, sendo que quatro deles carregavam um total de 24 genes de resistência a antibióticos de diferentes classes. Além do gene de resistência ao carbapenêmico nesta bactéria, os pesquisadores ressaltam outro gene chamado mcr-9, que confere resistência à colistina – um antibiótico usado como última alternativa para tratar infecções graves. A combinação desses vinte e quatro genes de resistência dificulta ainda mais o tratamento, tornando algumas infecções praticamente intratáveis.

Os pesquisadores destacam a importância de monitorar e entender como essas bactérias resistentes se espalham para desenvolver estratégias eficazes de combate. “A presença desses plasmídeos móveis e sua capacidade de transmissão entre diferentes espécies representam um grande desafio para o controle da resistência aos antibióticos”, afirma a Profª Dra. Ilana Camargo, do Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares – LEMiMo – do IFSC/USP e coordenadora do estudo, que acrescenta: “Quando falamos sobre a disseminação da resistência antimicrobiana (RAM), pensamos na disseminação de uma espécie de bactéria resistente por toda a enfermaria do hospital ou UTI. No entanto, esta não é a única maneira pela qual a RAM se espalha”, explica a pesquisadora.

Profª Dra. Ilana Camargo

Neste estudo, conduzido pela Dra. Camila Boralli durante o seu Doutorado junto ao LEMiMo (ISFC-USP), ela mostrou que elementos genéticos móveis podem se esconder em várias espécies de bactérias e dificultar a percepção de que há uma disseminação. “A Dra. Boralli queria estudar diferentes ambientes genéticos carregando o gene blaKPC em bactérias gram-negativas de um hospital em Belo Horizonte. O hospital forneceu bactérias resistentes a carbapenêmicos de 2009 a 2016, e Camila as rastreou para a presença do gene KPC, a presença de Tn4401 e clonalidade. Ela investigou apenas diferentes clones carregando NTEKPC e, para nossa surpresa, havia apenas o tipo NTEKPC-IId naquele hospital. Além disso, esse elemento estava em plasmídeos do tipo IncQ1, mostrando disseminação multiespécies. Embora ela também tenha investigado a capacidade de replicação e conjugação desses plasmídeos em diferentes espécies – cientistas, vale a pena conferir! -, a primeira mensagem que precisamos que você se lembre é que a disseminação de RAM também significa disseminação de genes. Você pode não ter apenas uma espécie se espalhando, mas um plasmídeo escondido e conjugando-se a diferentes espécies bacterianas. Neste caso, plasmídeos do tipo IncQ1 carregando NTEKPC-IId foram encontrados em várias bactérias, incluindo as linhagens clonais de alto risco K. pneumoniae ST11 e ST147”, finaliza a pesquisadora.

Este estudo contou com os financiamentos da CAPES e CNPq.

Para conferir o artigo científico, clique AQUI.

(Créditos da imagem na Home – “Global Press Journal”)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de março de 2025

IFSC/USP auxilia UFES e convida dermatologistas – Redes neurais e imagens de fluorescência no rastreio e diagnóstico do câncer de pele

Espírito Santo (ES) é o Estado brasileiro que apresenta uma incidência considerável de câncer de pele, isso porque uma parte significativa da população é constituída por imigrantes oriundos da Europa, principalmente alemães e pomeranos – povo de origem alemã que migrou para o Brasil no século XIX e descendentes de famílias que viviam na antiga Pomerânia, uma região que se estendia do norte da Polônia até a Alemanha -, e cujas características físicas destacam pele muito clara, por isso vulnerável aos raios solares.

Devido a isso, desde a década de 80 o Programa de Assistência Dermatológica e Cirúrgica (PAD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) está realizando mutirões em muitas regiões do Estado -principalmente no interior – com a introdução de tratamentos através de técnicas convencionais. Contudo, embora essas ações sejam extremamente importantes, o certo é que se torna fundamental realizar inicialmente um diagnóstico com o intuito de saber se as lesões na pele das pessoas atendidas são benignas ou malignas, algo que, nesse caso, se torna complicado fazer nesses mesmos mutirões, já que a forma mais tradicional de diagnóstico desses casos é através da realização de’ biópsias.

Com o advento e consequente aprimoramento da Inteligência Artificial (IA) os médicos que colaboram nesses plantões lançaram a ideia de criar um banco de imagens que pudesse auxiliar no diagnóstico de cada paciente. Contatado para essa finalidade, coube ao Prof. Renato Krohling, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a missão de desenvolver um aplicativo que pudesse albergar um banco de dados (imagens), treiná-lo e validá-lo. Resumidamente, bastaria bater uma foto da lesão através do celular e carregá-la no algoritmo do banco de dados, para saber se essa lesão era benigna ou maligna. Esse banco de dados foi muito bem elaborado, já que, junto com a foto, aparecem várias outras informações, como a localização da lesão, a identificação do paciente e o seu fototipo, idade, etc.. Contudo, embora o desempenho desse algoritmo se tenha mostrado eficaz, o certo é que o seu desempenho não conseguiu atingir um diagnóstico preciso, como o que é obtido por um especialista em dermatologia.

A colaboração do IFSC/USP com imagens de fluorescência

Para melhorar substancialmente o banco de dados, o Prof. Renato. Krohling pediu ajuda aos pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), atendendo a que esse grupo trabalha desde há muito tempo com a técnica de fluorescência, sendo que a partir daí se poderia criar um outro banco de imagens, desta vez de fluorescência, e que atualmente está ajudando – e muito – os médicos que participam nesse mutirão, já que dessa forma os diagnósticos se apresentam muito mais precisos.

Um trabalho publicado recentemente na revista científica “Photodiagnosis and Photodynamic Therapy” mostra que imagens de fluorescência, obtidas com um smartphone conseguem trazer um ganho substancial em termos de precisão no diagnóstico de câncer de pele em cerca de 5%, conforme salienta o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Sebastião Pratavieira. “Ainda não chega a 100%, mas se formos comparar com os métodos atuais de processamento de imagem, isso está no que chamamos de “estado da arte” e é um método realmente que tem futuro. O que precisamos agora é aumentar esse banco de dados, de imagens, tanto de fluorescência quanto de luz branca. Consideramos que há potencial, visto que os algoritmos de IA estão se tornando mais avançados. Então, a ideia é poder ter uma imagem de luz branca e outra de fluorescência, e agregar esses dados que, certamente, irão chegar a um resultado cada vez melhor. Se efetivarmos isso em situações similares aquela que está ocorrendo no Estado do Espírito Santo, onde principalmente no interior do Estado existe um conjunto grande de populações sem que exista um médico dermatologista experiente a todo momento, isso é relevante pois dá um auxílio enorme no diagnóstico”, sublinha o pesquisador.

O convite à participação de dermatologistas

Contudo, outra finalidade – talvez uma das mais importantes – é motivar os dermatologistas interessados em contribuir com esse banco de imagens para que se dê um apoio eficaz a um maior número de populações atingidas pelo câncer de pele, até porque o IFSC/USP disponibilizará o equipamento de fluorescência (Lince) já existente comercialmente. “Vamos obter fotos de luz branca, de fluorescência, porque o primeiro passo é aumentar esse banco de dados. E, depois, a outra questão é a parte matemática em si, já que ao existir esse banco de dados podem-se testar novas ideias de algoritmos que, por si só, podem aumentar a porcentagem de sucesso no diagnóstico desse tipo de câncer”, finaliza o pesquisador.

O citado banco de dados é aberto ao público e pode ser acessado no artigo científico publicado na “Photodiagnosis and Photodynamic Therapy” (VER AQUI).

Confira AQUI a matéria publicada pela TV Espírito Santo sobre os mutirões acima citados.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação -IFSC/USP

25 de fevereiro de 2025

Combate à contaminação de vegetais frescos através de radiação UVC – Pesquisador do IFSC/USP desenvolve reator que inativa microrganismos

O sistema circulante para analisar a descontaminação (Neste caso – brócolis) possui um reator de luz UV anular. (1) Tanque para realizar a lixiviação da matéria vegetal; (2) drenagem para repor água; (3) bomba para recircular água; (4) reator divergente de UV. A concentração de microrganismos foi determinada pela contagem de unidades formadoras de colônias (UFCs) por volume (500 mL). Em seguida, UFC/mL foi transformado logaritmicamente para analisar os resultados. Foi realizada a análise descritiva e entendida a distribuição dos dados.

Um estudo desenvolvido pelo pesquisador do IFSC/USP, Dr. Bruno Pereira, tendo em vistas a descontaminação e desinfecção total de produtos alimentares frescos nas linhas de produção – vegetais e similares -, levou ao desenvolvimento de um reator que, através de irradiação UVC, oferece uma alternativa viável sem que sejam utilizados produtos químicos e que, comprovadamente, se mostrou eficaz contra um amplo espectro de microrganismos.

Para entender melhor

A crescente preocupação mundial com o crescimento populacional leva à necessidade urgente para a produção adequada de alimentos e sua distribuição equitativa. Assim, à medida que a população mundial cresce, a demanda por alimentos processados ​​aumenta, pressionando as indústrias a aumentar a produção e, inclusive, a priorizar a segurança dos consumidores, sendo que a contaminação de alimentos ainda é uma ameaça para o setor de manufatura. Ao longo dos anos, especialistas de várias áreas de pesquisa  desenvolveram protocolos, documentação e procedimentos para monitorar meticulosamente as contaminações que surjem ao longo do ciclo de produção de vegetais frescos, especialmente na lavagem final desses produtos, tendo especial atenção ao controle microbiológico, pelo que agências reguladoras, como a ANVISA (Brasil) e a FDA (EUA), desempenham um papel crucial na garantia da segurança alimentar.

Um aspecto crítico da segurança alimentar é o controle microbiológico. O protocolo Clean-In-Place (CIP), utilizando agentes sanitizantes, como hipoclorito, ácido peracético e hidróxido de sódio, ajuda a controlar o crescimento microbiano, contudo o uso dessas e de outras soluções químicas como suporte à produção de vegetais frescos levanta preocupações sobre impactos ambientais e potenciais riscos à saúde. Inserido em uma nova abordagem dessas questões, na busca pelo desenvolvimento de novas tecnologias e formulações, este estudo do pesquisador do IFSC/USP visa introduzir, através da aplicação de UVC, uma técnica que pode aprimorar o processo de fabricação, garantindo ao mesmo tempo um controle rigoroso na área da contaminação.

Um estudo iniciado em 2019

Dr. Bruno Pereira

Este estudo começou bem no início do doutorado do pesquisador Bruno Pereira – 2019 – com o foco de buscar uma interação entre a engenharia de alimentos e a ótica, tendo surgido, então, a oportunidade do pesquisador realizar uma visita técnica a uma produtora de vegetais congelados, no México, produtos esses destinados à exportação para os Estados Unidos e Europa. “Essa produtora tinha um sério problema, já que utilizavam grandes quantidades de agentes químicos na lavagem dos produtos com a finalidade de diminuir a carga microbiológica, gerando problemas ambientais, o que levou os Estados Unidos e a Europa a bloquearem a importação dos produtos dessa empresa”, explica Bruno Pereira. Foi a partir dessa constatação que o pesquisador do IFSC/USP enxergou a possibilidade de aplicar a radiação UVC para a descontaminação dos produtos. O pesquisador sabia da efetividade do UVC na neutralização microbiológica e a partir daí propôs à citada indústria que introduzisse uma nova metodologia, algo que foi testado posteriormente no IFSC/USP. Nos laboratórios do Instituto, Bruno Pereira realizou experimentos onde foram contaminados produtos vegetais frescos, tendo mostrado nesse estudo que havia, de fato, a possibilidade da aplicação de UVC sem provocar qualquer dano aos vegetais e sem a necessidade de utilizar qualquer produto químico. “Na verdade, conseguimos determinar uma equação física, uma equação que descreve o efeito físico e no qual temos a variável “tempo e radiação” e também a concentração. Então, você tem o tempo, a radiação e a concentração do micro-organismo que entra no produto. Baseado nessa equação, conseguimos determinar o tempo de radiação UVC necessária para decair a concentração de micro-organismo na lavagem final dos produtos, para um nível seguro baseado na legislação de cada país. Conseguimos, também, quantificar e mostrar estatisticamente que há uma diferença significativa, uma diferença estatística. Todo esse processo gerou uma patente no meu doutorado”, sublinha o pesquisar do IFSC/USP.

Atualização da pesquisa

Um novo artigo científico publicado na revista científica “MDPI” pelo Dr. Bruno Pereira em janeiro deste ano apresenta uma nova equação relacionada com a pesquisa inicial realizada, baseada em mecânica de fluidos, onde se determinou de forma teórica a porcentagem de decréscimo de microrganismos, principalmente da bactéria Escherichia coli, bastante presente nos vegetais frescos. “De fato, no laboratório contaminamos alguns vegetais frescos com a bactéria Escherichia coli, que é uma bactéria gram-negativa muito comum em nossa flora e que provoca contaminações cruzadas imediatamente a partir da manipulação nos campos, gerando, por isso, diversas doenças. Embora soubéssemos que essa bactéria apresenta uma maior resistência à radiação de UVC, o certo é que na simulação que realizamos no laboratório pudemos constatar que essa radiação neutralizou a bactéria, o que que significa dizer que o controle de qualidade do produto e a segurança alimentar ficam asseguradas na parte final de todo o processo”, finaliza o pesquisador, acrescentando que este estudo poderá servir como uma contribuição para a literatura científica e para todos quantos trabalhem na área da descontaminação de vegetais frescos.

Para conferir o artigo científico publicado na revista “MDPI” clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de fevereiro de 2025

Microagulhas impressas em jato de tinta – Colaboração entre IFSC/USP, Institut Català de Nanociència i Nanotecnologia (ESP), Unicamp e Mackenzie

(Imagem extraída do artigo científico)

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Mackenzie, em colaboração com o Grupo NanoBioelectronics and Biosensors do Institut Català de Nanociència i Nanotecnologia (ICN2), Barcelona/Espanha, desenvolveram um método simples para fabricar microagulhas condutoras em larga escala.

Com o novo método, o processo de produção dessas microagulhas ocorre em uma única etapa com uma impressora a jato de tinta. Embora tenha sido empregada tinta contendo nanopartículas de prata, o certo é que qualquer outra tinta de nanopartículas metálicas poderá ser usada.

O trabalho é fruto do Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) do Pós-Doutorando Dr. Gustavo Dalkiranis (IFSC/USP) no grupo do Prof. Dr. Arben Merkoçi (ICN2) em Barcelona, na Espanha.

Embora as microagulhas sejam usadas principalmente na medicina para administração de medicamentos de forma indolor, elas também são empregadas em biossensores vestíveis para diagnóstico médico e monitoramento de condições de saúde.  Embora a sua concepção inicial visasse aplicações para humanos, as microagulhas são agora usadas também em sistemas vestíveis para plantas.

O foco do trabalho dos pesquisadores foi encontrar uma metodologia simples e barata para fabricar grandes quantidades dessas microagulhas, atendendo a que os métodos atuais, como litografias, gravação fotoquímica, galvanoplastia, corte a laser, e polimerização de dois fótons, entre outros, requerem equipamentos caros e infraestruturas sofisticadas, como salas limpas, e protocolos rígidos.

Dr. Gustavo Dalkiranis

No artigo publicado na revista científica “Scientific Reports” a equipe modificou uma impressora a jato de tinta comercial, incorporando um elemento de aquecimento que acelera a cura das camadas depositadas. Esse método permite a fabricação de microagulhas com geometria controlada, atingindo alturas de 1 mm e diâmetros de ponta de apenas 30 µm. O resultado é uma estrutura mecanicamente estável e altamente condutora, ideal para aplicações em sensores e administração de fármacos.

Para o Dr. Gustavo Dalkiranis, é importante encontrar alternativas às microagulhas de silício, que são as mais utilizadas atualmente. “Nosso trabalho é um divisor de águas para a fabricação de microagulhas condutoras, que pode ir desde o monitoramento de saúde até a agricultura de precisão.”

Para validar a tecnologia, os pesquisadores testaram as microagulhas impressas em folhas de plantas utilizando espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS). Os experimentos mostraram que as microagulhas penetraram a cutícula foliar, permitindo medir propriedades eletroquímicas em tempo real. Esse avanço possibilita um controle mais eficiente da nutrição das plantas e a redução do desperdício de fertilizantes.

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, um dos coautores do artigo, “as contribuições desse trabalho multidisciplinar ilustram a importância da colaboração internacional que tem sido fomentada pela FAPESP.”

Assinam o artigo científico os pesquisadores:

Gilio Rosati; Patricia Batista Deroco; Matheus Guitti Bonando; Gustavo Dalkiranis; Kumara Cordero-Edwards; Gabriel Maroli; Lauro Tatsuo Kubota; Osvaldo Novais de Oliveira Junior; Lúcia Akemi Miyazato Saito; Cecília de Carvalho Castro Silva e Arben Merkoçi.

Para conferir o artigo científico publicado, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de fevereiro de 2025

Chamada de pacientes para tratamento complementar de faringotonsilites (infecções na garganta)

(Créditos: Primary Care Walk-in Medical Clinic)

Parceria entre IFSC/USP com Santa Casa da Misericórdia / UFSCar e UPA Santa Felícia

Chamada de pacientes a partir do dia 03 de fevereiro e com duração de seis meses

No âmbito de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), envolvendo esta Unidade da Universidade de São Paulo, a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), o Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a UPA do Bairro Santa Felícia, inicia-se no dia 03 de fevereiro uma chamada de pacientes para o tratamento complementar de faringotonsilites (infecções de garganta). Esta ação – supervisionada pelos docentes e pesquisadores do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, Profa. Dra. Kate Cristina Blanco, Dra. Fernanda Mansano Carbinatto e Isabella Dotta Damha Santiago, em colaboração com as professoras do Departamento de Medicina da UFSCar, Dra Esther Angélica Luiz Ferreira, e Dra. Cristina Helena Bruno, e com as equipes médicas e de enfermagem da UPA Santa Felícia – , terá a duração aproximada de seis meses e utilizará a aplicação de designada Terapia Fotodinâmica (TFD) podendo ser associada ou não à administração de antibióticos.

Pesquisadora Dra. Fernanda Mansano Carbinatto e a Enfermeira-Colaboradora Isabella Dotta Damha Santiago – ambas do IFSC/USP-CEPOF

Os tratamentos serão efetuados em dias alternados, tanto na UPA Santa Felícia quanto na UTF e com acompanhamento médico. Os pacientes serão observados por um médico da UPA Santa Felícia, com o intuito de detectar a presença de uma bactéria específica – o Streptococcus* – responsável pelas faringotonsilites. Perante a confirmação da existência dessa bactéria, detectada através da aplicação de um teste rápido, é normal o médico prescrever um determinado antibiótico para combater a infecção, sendo que, neste caso concreto, o clínico da UPA Santa Felícia encaminhará o paciente para um tratamento complementar imediato dentro da própria unidade de pronto atendimento – tratamento esse que é indolor e realizado com base em Terapia Fotodinâmica (TFD) –, ou para a UTF localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos.

Este tratamento – de aplicação única e indolor – demora cerca de seis minutos e tem o objetivo de anular a atividade da bactéria sem causar qualquer resistência antibacteriana, como explica a pesquisadora do IFSC/USP-CEPOF, Dra. Fernanda Carbinatto. “O tratamento com base em TFD é um complemento à administração de antibióticos. A faringotonsilite é uma queixa muito frequente dos pacientes, e ela pode ser recorrente, ou seja, surgir muitas vezes no mesmo indivíduo. De forma simplificada, a TFD é a aplicação de uma luz sobre um fotossensibilizador que neste caso é a curcumina – derivada do “açafrão da terra”, que é apresentado em forma de bala. Assim, o paciente chupa essa bala e aí entra a ação da luz. Muito fácil, rápido, indolor e extremamente eficaz”, pontua a pesquisadora.

O protocolo destes tratamentos, que será realizado pela Enfermeira-Colaboradora do IFSC/USP-CEPOF, Isabella Dotta Damha Santiago, envolverá três grupos específicos de pacientes:

*Grupo 1 – Pacientes que testarem positivo para a bactéria Streptococcus devem receber a prescrição de antibiótico, seguida da aplicação de TFD;

*Grupo 2 – Pacientes que testarem positivo para a bactéria Streptococcus e já realizaram o tratamento com antibiótico sem apresentar melhora dos sintomas. Nesses casos, será realizado o tratamento antibiótico (conforme critério médico) concomitante à TFD;

*Grupo 3 – Pacientes que testarem negativo para a bactéria Streptococcus, mas apresentarem sintomas. O médico decide a conduta medicamentosa, e o paciente será tratado com TFD independente;

UPA Santa Felícia na linha da frente

Camila Hernandes (Supervisora da UPA Santa Felícia); Elaine Cristina de Paula (Enfermeira Responsável Técnica da UPA Santa Felícia) e Isadora Fresch (Coordenadora Médica da unidade)

Como mencionado, a UPA do Bairro Santa Felícia estará na linha de frente deste tratamento, em colaboração com a UTF da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, numa ação inédita em termos de pesquisa.

Segundo a coordenadora médica da Unidade de Pronto Atendimento, Dra Isadora Fresch, as faringotonsilites apresentam-se como uma condição clínica comum que afeta um grande número de pacientes nos serviços de saúde de São Carlos. “A resistência antimicrobiana tem desafiado a eficácia dos tratamentos convencionais com antibióticos, resultando em casos recorrentes e que se agravam em meio a nossa comunidade”, sublinha a coordenadora. Para a Dra. Isadora Fresch, a Terapia Fotodinâmica é uma técnica segura e moderna para auxiliar no tratamento de infecções e inflamações na garganta. “A implementação deste método como tratamento complementar na UPA Santa Felícia, em São Carlos, representa um marco significativo para a saúde pública local. A disponibilização deste tratamento na UPA Santa Felícia é uma conquista que reafirma o compromisso com a inovação, segurança e humanização no atendimento à saúde da população de São Carlos. Oferecer esse tratamento auxiliar e gratuito aos pacientes garante uma maior qualidade na assistência, favorecendo uma recuperação rápida, eficiente, indolor e sem efeitos colaterais. É a oportunidade de um tratamento inovador chegar ao alcance da população”, enfatiza a médica.

O entusiasmo da equipe médica e de enfermagem da UPA Santa Felícia – prontos para iniciarem a colaboração nesta pesquisa

Clicando na imagem abaixo (Créditos – verywellhealth), confira os depoimentos do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP) e da Dra. Esther Ferreira (UFSCar).

Nesta chamada, pacientes com idades acima de dezoito anos poderão se inscrever, exceto oncológicos, lactantes e gestantes. Todas as informações e inscrições para este estudo poderão ser feitas exclusivamente pelo WhatsApp: (16) 99752-9333.

* O Streptococcus do grupo A é o tipo de bactéria que pode causar as infecções mais graves, embora esteja naturalmente presente em alguns locais do corpo, especialmente na boca e na garganta, além de poder estar presente na pele e no trato respiratório. Essa bactéria pode ser facilmente transmitida de pessoa para pessoa por meio do compartilhamento de talheres, beijos ou secreções, como espirros e tosse, ou por meio do contato com secreções de feridas de pessoas infectadas.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de fevereiro de 2025

IFSC/USP e Santa Casa retornam os atendimentos de fibromialgia na UTF

Equipe – Luciana Kawakami Jamami, Vanessa Garcia, Matheus Henrique Camargo Antonio, Ana Carolina Negraes Canelada e Tiago Zuccolotto Rodrigues

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) estão retornando os atendimentos relativos a fibromialgia na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF/SCMSC).

Nos últimos anos, o IFSC/USP e a SCMSC, por meio da UTF, têm beneficiado uma quantidade enorme de pacientes acometidos por fibromialgia. Nos últimos sete anos, mais de duas mil pessoas foram beneficiadas através de um modelo de tratamento que, de forma inovadora, reduz a dor em 90% dos casos.

As novidades, com o retorno dos atendimentos aos pacientes, vêm através das formas de compreensão da síndrome dolorosa, avaliando qualidade do sono, ansiedade e depressão, além do acompanhamento de outros sintomas, como síndrome do intestino irritável, fato presente em muitos destes pacientes.

Segundo o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, a constante evolução do tratamento e da compreensão da fibromialgia permite melhorar cada vez mais a qualidade de vida da população. O projeto, acompanhado de perto pelo Prof. Dr. Vanderlei Bagnato, está continuamente buscando formas de desenvolver novas tecnologias e formas de tratamento tanto para a fibromialgia quanto para outros inúmeros processos dolorosos e inflamatórios.

A equipe que fará os atendimentos é composta por fisioterapeutas treinados, alunos de mestrado e doutorado que conhecem bem a tecnologia e compreendem o paciente.

Para realizar o tratamento, que não tem qualquer custo, os interessados bastam entrar em contato com a UTF pelo telefone (16)3509-1351, sendo que os atendimentos serão realizados em diversos horários, de segunda à sexta-feira.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de janeiro de 2025

Tratamento de fibromialgia em criança com quadro de transtorno do espectro autista – Artigo científico relata os resultados obtidos

(Créditos: OSF HealthCare)

Publicado em novembro de 2024 por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) na revista científica “Journal of Novel Physioteraphies”, o artigo científico intitulado “Synergistic Action of Photobiomodulation and Ultrasound in theTreatment of Fibromyalgia and Childhood Autism: Case Report” apresenta, como o  título indica, o caso de um tratamento experimental que foi desenvolvido em São Carlos com base em laser combinado com ultrassom nas palmas das mãos de uma criança de nove anos de idade com fibromialgia, mas com quadro de transtorno do espectro autista (Grau-1).

A intervenção e o protocolo, realizados na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), que incluíram dez sessões, foram devidamente acompanhados pela médica, parceira do projeto de pesquisa, Profª Drª Esther Angélica Luiz José Ferreira – professora no Departamento de Medicina da UFSCar e membro titular do Departamento de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – e, obviamente, pelos pais da criança.

Surpresa dos pesquisadores

Pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior

Atendendo a que o foco inicial era somente o tratamento das consequências da fibromialgia, um processo que já vem sendo desenvolvido há cerca de oito anos no IFSC/USP, a grande questão que se colocou foi, pelo fato de ser uma criança deveria haver um cuidado complementar na forma de realizar o tratamento, atendendo a que a aplicação de ultrassom não é recomendada próximo a ossos longos, como os braços ou pernas de crianças e adolescentes, por conta do crescimento dos ossos. Nessa conformidade, os pesquisadores fizeram a aplicação ao longo de dez sessões nas palmas das mãos da criança, margeando cuidadosamente todas essas áreas que estão distantes dos chamados “ossos longos”.

Neste artigo científico os pesquisadores salientam que o tratamento provocou uma redução muito grande no quadro de dor provocado pela fibromialgia na criança, fazendo com que ela recuperasse suas atividades diárias que se encontravam limitadas até esse momento. Por outro lado, outro fator importante foi a observação de outras questões, como explica o pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior. “Por incrível que possa parecer, esse tratamento provocou igualmente uma significativa melhora na qualidade do sono da criança, enquanto os pais relataram algo também surpreendente e relacionado com o quadro de transtorno do espectro autista: de fato, a criança ficou menos agitada e mais concentrada, algo que chamou muito a atenção dos pesquisadores, já que se esperava que houvesse um resultado positivo no tratamento das consequências da fibromialgia, mas não que tivesse uma interferência positiva em uma questão tão importante quanto o autismo”, enfatiza o pesquisador.

Projeto para uma pesquisa mais ampla

Em virtude desses resultados, os pesquisadores do IFSC/USP, do CEPOF, da UFSCar e da SCMSC preparam-se agora para, a partir do próximo mês de março, na UTF, iniciar um projeto dedicado à aplicação de laser e ultrassom em pacientes com quadro de transtorno do espectro autista – que está já sendo submetido ao Comitê de Ética – e que irá contemplar diversas faixas etárias nos três graus de complexidade (1,2 e 3), sendo que esse projeto deverá ter a duração de dois anos, com o envolvimento de cerca de novecentos pacientes.

Assinam o artigo científico, que pode ser conferido AQUI, os pesquisadores Nikolly Struziatto Duarte, Antonio Eduardo de Aquino Junior, Nathália Gonçalves de Oliveira, Díulia Estéfane Santos Barbosa, Gabriel Oliveira Borba, Maria Julia de Melo Matuck, Fernanda Mansano Carbinatto, Esther Angélica Luiz Ferreira e Vanderlei Salvador Bagnato.

(Créditos de imagens na Home – AdobeStock Web / Kiddy 123)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de janeiro de 2025

IFSC/USP faz chamada de pacientes – Tratamento experimental de dores de crescimento em crianças com idades entre 4 e 12 anos

(Créditos – CK Birla Hospital)

O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), juntamente com o Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), estão lançando uma chamada de pacientes visando a realização de uma pesquisa com o foco de tratar a dor de crescimento em crianças com idades entre os 4 e os 12 anos de idade.

Embora a dor de crescimento em crianças não esteja relacionada com nenhuma doença em particular, o certo é que ela atinge grupos musculares dos membros inferiores, tornando-se, por isso, bastante incômoda para as crianças. Para o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, essa é uma área de estudo muito interessante “porque não existe uma compreensão muito grande sobre esse tema, além de que são poucas as atividades propostas para tratamento deste tipo de situação”.

As dores de crescimento geralmente são relatas durante o período noturno, quando a criança está em repouso. Embora essas dores, como já foi dito acima, não estejam relacionadas com nenhuma doença em particular ou com nenhuma circunstância de queda ou traumatismo, o grupo de pesquisadores envolvidos neste projeto também pretende detectar se elas têm alguma relação com o desenvolvimento futuro de um processo de fibromialgia.

Esta pesquisa, que envolve um tratamento à base de laser e ultrassom, está sendo executado na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da SCMSC, com a participação de pesquisadores do IFSC/USP e da UFSCar, supervisionados pelo Dr. Antonio de Aquino Junior (IFSC/USP) e pela Drª Esther Angélica Luiz José Ferreira – médica e professora no Departamento de Medicina da UFSCar e membro titular do Departamento de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) –, e ainda pelo ortopedista Dr. Rodrigo Reiff, igualmente docente no Departamento de Medicina da UFSCar.

Para a Drª Esther Ferreira, este projeto vem, de fato, de uma demanda de diversos médicos, como pediatras e ortopedistas, entre outros profissionais de saúde, tendo em consideração que essas dores de crescimento são bastante comuns, estando entre as principais dores crônicas em pediatria. “De uma forma global, os clínicos gerais tendem a classificar essas dores como processos “normais” relativos ao crescimento das crianças, o que não é bem assim. As crises de dor podem ser bastante frequentes e estar igualmente relacionadas com processos hereditários – alguns pais lembram-se de ter tido essas dores”, salienta a pesquisadora. Segundo ela, são processos dolorosos que, por vezes, chegam a durar entre 40 e 60 minutos ininterruptos, que causam não só transtornos para as crianças quanto para os pais. “A preocupação maior é que, por serem dores frequentes, elas devem ser tratadas de forma rápida para que não hajam prejuízos e consequências futuras. O que se está procurando são estratégias não-farmacológicas para a resolução dessas situações, evitando-se, assim, eventuais efeitos colaterais, motivo pelo qual a UFSCar, que desde há alguns anos se dedica a este tema específico, aderiu a esta parceria com a USP de São Carlos”, finaliza Esther Ferreira.

Este novo tratamento compreende a realização de dez sessões, que é o tempo ideal para se obterem resultados consistentes de cada criança inscrita nesta pesquisa.

Os interessados em aderir a este estudo poderão contatar pelo WhatsApp (16) 997195230, ou se inscreverem através do QR CODE que está patente na figura abaixo.

(Créditos imagens de destaque: CK Birla Hospital / Permanent Medicine / Kaiser Permanent)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de janeiro de 2025

“Alfabetização Científica I” – USP de São Carlos combate o negacionismo científico em escolas públicas da periferia

Combater o negacionismo científico e promover a interação com a sociedade em geral por meio de atividades de divulgação científica, envolvendo alunos de graduação da USP de São Carlos num contexto da curricularização da extensão universitária. Esta foi a proposta de atividade extensionista denominada “AEX – Alfabetização Científica I”, financiada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU) e organizada por um grupo de docentes, alunos e servidores do Instituto de Física e Instituto de Química de São Carlos.

Sob a coordenação do docente do IFSC/USP, Prof. Dr. Guilherme Sipahi, estas atividades permitiram que os recursos disponibilizados pela USP para a concretização desses projetos fossem imediatamente disponibilizados para que os estudantes universitários das duas Unidades da USP de São Carlos pudessem se deslocar aos estabelecimentos de ensino e elaborar experimentos de baixo custo junto aos alunos, priorizando a realização de atividades em escolas públicas da periferia dos municípios da região, e, neste caso concreto, em escolas das cidades de São Carlos e Ibaté: Atília Prado Margarido; Álvaro Guião; Orlando da Costa Telles – Ibaté; Orlando Pérez; João Jorge Marmorato; Aracy Leite Pereira Lopes e Sebastião de Oliveira Rocha.

O projeto

Quando este projeto pioneiro foi proposto, essencialmente com o objetivo de promover a alfabetização científica, os responsáveis priorizaram as escolas que são menos atendidas por projetos oriundos da Universidade, especialmente os estabelecimentos de ensino que estão localizados na periferia. O que os responsáveis por este projeto fizeram foi dedicar essa ação a alunos do Ensino Fundamental nos anos iniciais, últimos anos do Ensino Fundamental-I e os primeiros anos do Ensino Fundamental-II, num total de sete escolas dos municípios de São Carlos e Ibaté, e com a participação de oito grupos de estudantes de graduação da USP de São Carlos – Instituto de Física e Instituto de Química. Nessa fase, os estudantes de graduação realizaram aulas dinâmicas, onde levaram tópicos de alfabetização científica em um nível dedicado ao ensino fundamental.

Ação na Escola Orlando da Costa Telles – Ibaté

O Dr. Herbert Alexandre João, do IFSC/USP e organizador da atividade, sublinha que o trabalho incluiu um planejamento cuidadoso de quais seriam os tópicos mais adequados para uma abordagem tranquila aos jovens alunos, adequação da linguagem utilizada ao nível dos estudantes e também planejamento de atividades que fossem lúdicas, interessantes e que chamassem a atenção dos jovens alunos para as temáticas apresentadas. “Entre essas temáticas foram abordadas questões de química e física, temas contemporâneos e que atravessassem, de maneira transversal, o currículo que os jovens alunos já têm na escola, algo que acabou por os entusiasmar, porque tudo isso os afastou da aula tradicional, através de jogos, experimentos e dinâmicas em sala de aula”, pontua o Prof. Herbert. Segundo o organizador, esse cuidadoso planejamento levou em conta tópicos que não são necessariamente curriculares, mas que chamam muito a atenção dos alunos, como, por exemplo, cosmologia, luz e cores, reações químicas, já que tudo isso facilita muito o processo de ensino, uma vez que se pode levar elementos que tradicionalmente o professor tem mais dificuldade de apresentar em sala de aula, como, por exemplo, os experimentos.

As reações de quem esteve envolvido

Prof. Dr. Herbert João “As escolas envolvidas neste projeto são as menos privilegiadas dentro de um ponto de vista de acesso a propostas e ações desenvolvidas por universidades”

O resultado desta ação é considerado um grande sucesso, tendo em vistas que as escolas envolvidas neste projeto são as menos privilegiadas dentro de um ponto de vista de acesso a propostas e ações desenvolvidas por universidades. Atestando esse mesmo sucesso estão as reações das direções e dos professores das escolas abrangidas, que manifestaram o desejo de ter mais ações similares durante o ano letivo. “Outro aspecto importante é que trabalhamos com o ensino fundamental, que muitas vezes não é atendido pela maioria dos cursos de licenciatura que temos na cidade de São Carlos e região”, pontua Herbert João, acrescentando que, por exemplo, as licenciaturas em Física e em Química acabam atendendo apenas os alunos do Ensino Médio, ao contrário do Ensino Fundamental que apenas oferece a disciplina de Ciências. Devido a isso, as opiniões foram unânimes sobre o sucesso da iniciativa. Outro motivo de satisfação veio da parte dos estudantes de graduação envolvidos, muitos deles alunos de bacharelado dos dois Institutos da USP de São Carlos, que, em seus cursos, sublinhe-se, não têm qualquer contato com disciplinas pedagógicas, como o preparo de aulas e metodologias de ensino, já que isso não faz parte de sua formação. “Para esses alunos de graduação foi um primeiro contato com a possibilidade de ministrar uma aula, de assumir uma turma. Então, isso, ao mesmo tempo que gerou um pouco de receio, de ansiedade, com aquela sensação de “frio na barriga” causada por assumir essa responsabilidade de estar à frente de uma turma, também fomentou uma extrema sensação de satisfação, de felicidade pelo sucesso alcançado no final”, enfatiza o organizador do evento ao recordar como todo o processo se desenvolveu com esses alunos de graduação: montar um grupo, escolher um tema e desenvolver o planejamento do mesmo, que foi validado pelos docentes, montar o plano e, finalmente, realizar uma prévia. “Tudo foi muito bem testado antes de chegar até à escola”, sublinha Herbert João.

O futuro do projeto

Perante os resultados obtidos, este projeto terá uma nova edição em 2025, mas de forma mais alargada, para que os estudantes da USP tenham mais tempo para preparar, planejar e executar a ação, tendo em consideração que a ideia é estendê-la também para as escolas do município, até porque elas compõem um outro grupo de estabelecimentos de ensino pouco atendido por iniciativas das universidades, para atenderem alunos do ensino fundamental, anos iniciais, principalmente. “Devemos ter em consideração que é nossa missão, em primeiro lugar, quebrar o conceito de que as crianças não são capazes de entender termos científicos. Elas são capazes, sim, e muitas vezes não requer determinadas analogias para você trabalhar um vocabulário com elas. O importante é você colocar os alunos com uma posição de respeito, entendendo que se você colocar termos que eles não conhecem, você deverá esclarecer e eles certamente irão entender e conseguir acompanhar, que foi o que aconteceu neste projeto”, esclarece o educador. Resumidamente, a intenção do projeto é satisfazer a curiosidade intrínseca que a criança tem pela ciência, sendo que o objetivo principal é manter essa chama acesa e fomentar para que nos olhos das crianças exista um brilho rumo a uma carreira científica; independente disso, que brilhem os olhos dessas crianças para construir projetos de vida que tenham relação com os cursos e com as carreiras de ensino superior que as universidades promovem.

Ação na Escola Orlando Pérez – São Carlos

Este projeto foi liderado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Guilherme Sipahi, os docentes Profs. Drs. Eduardo Bessa e Ana Claudia Kasseboehmer, ambos do IQSC/USP, o educador, Dr. Herbert Alexandre João (IFSC/USP) na organização, e com o suporte da Drª Tatiana Zanon (IFSC/USP), que colaborou na avaliação dos jovens, planejamento, desenvolvimento das aulas e nas prévias.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de dezembro de 2024

Desenvolvido no IFSC/USP e no CEPOF -Tratamento fotossônico para fibromialgia pode potencializar o efeito dos medicamentos

O equipamento desenvolvido no IFSC/USP

Um levantamento feito pela equipe de pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP) e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF-IFSC/USP), que iniciou há alguns anos os tratamentos para atenuar as consequências da fibromialgia, numa parceria com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) – que já dura há cerca de dez anos – levanta a possibilidade de que o tratamento fotossônico (conjugação de laser e ultrassom) utilizado para essa finalidade pode potencializar os efeitos dos medicamentos usados pelos pacientes portadores dessa doença.

Tiago Zuccolotto, fisioterapeuta formado na UNICEP e desde há três anos como pesquisador do IFSC/USP, confirma que a equipe de cientistas resolveu conferir a relação que existe entre grupos de pacientes que não tomam qualquer medicação para a fibromialgia e outros que tomam – ansiolíticos, antidepressivos, anti-inflamatórios, etc. – quando ambos se submeteram ao tratamento fotossônico. A análise foi feita através dos questionários feitos pelos pacientes portadores de fibromialgia, mas que, no caso concreto, tomavam medicação antidepressiva. Tiago Zucolotto confirmou que após dez sessões do tratamento e segundo o relatado por esses pacientes no início, meio e conclusão dos tratamentos, os resultados indicaram uma reversão quase total nos quadros relativos a dores e inflamação, se comparados com pacientes que não tomaram qualquer medicação.

“Foi a primeira vez que fizemos essa relação entre o tratamento fotossônico junto com os medicamentos, tendo como foco pacientes mulheres, já que elas são mais propensas a ter fibromialgia. Embora em ambos os casos o tratamento fotossônico tenha obtido ótimos resultados, o que constatamos é que esse tratamento potencializa a eficácia dos medicamentos, atingindo níveis muito grandes na eliminação da dor e da inflamação”, relata Zucolotto.

Para os pesquisadores Antonio Aquino e Tiago Zucolotto, tratamento fotossônico pode potencializar os efeitos dos medicamentos usados pelos pacientes com fibromialgia

Para o coordenador dos tratamentos que estão sendo realizados na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) na SCMSC, pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, o próximo passo após este levantamento será realizar um estudo aprofundado para analisar uma avaliação e acompanhamento caso-a-caso de pacientes com fibromialgia e dessa relação benéfica entre o tratamento fotossônico e a medicação prescrita pelos médicos, no sentido de se obter uma quantificação precisa dessa potencialização. “O importante é que essa potencialização ocorre, contudo é necessário haver um acompanhamento muito próximo a esses pacientes para constatar a efetiva eficácia” ao longo do tempo, pontua Antonio Aquino.

Este levantamento surgiu após um estudo anterior a 2024, feito pela mesma equipe de pesquisadores, mas relativo a distúrbios do sono, onde houve um primeiro indício de que o tratamento fotossônico exercia um efeito benéfico em pacientes que tomavam medicamentos controlados, comparativamente àqueles que não tomavam qualquer medicamento. “Estamos compreendendo que o tratamento fotossônico poderá ser benéfico em outros casos clínicos que utilizam medicação, já que ele gera uma ação sistêmica, daí que tenhamos que fazer estudos-pilotos”, enfatiza Antonio de Aquino.

Liderados pelo Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, está no horizonte dos pesquisadores cogitar se este tratamento poderá – ou não – ser aplicado em pessoas inseridas no denominado espectro autista, lembrando que em São Carlos existem cerca de sete mil pessoas com essa variedade de quadros. “Vamos estudar essa hipótese também, pois o nosso trabalho é tentar servir a sociedade o melhor possível com aquilo que é desenvolvido e pesquisado no IFSC/USP e no CEPOF”, conclui Antonio de Aquino.

Confira AQUI o artigo científico relativo a este estudo, publicado na revista “Journal of Novel Physiotherapies”, assinado pelos pesquisadores Antonio Eduardo de Aquino Junior1, Tiago Zuccolotto Rodrigues, Matheus Henrique Camargo Antônio, Ana Carolina Negraes Canelada, Carolayne Carboni Bernardo, Vanessa Garcia, Fernanda Mansano Carbinatto e Vanderlei Salvador Bagnato.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

10 de dezembro de 2024

Sociedade são-carlense visita laboratórios do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP)

No último dia 04 de dezembro o IFSC/USP abriu as portas de seus laboratórios à comunidade, no âmbito da iniciativa denominada “Física Quântica em Ação”, onde jovens alunos dos ensinos fundamental e médio, acompanhados por suas famílias, tiveram a oportunidade de contactar – muitos pela primeira vez – alguns aspectos teóricos e práticos da Física.

Tendo como introdução que no final do Século XIX ficou demonstrado que a Física conseguia explicar quase tudo que nos cerca, com exceção do mundo microscópico, ou seja, os átomos, que já se sabia serem muito pequenos (cerca de um milhão de vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo), esta iniciativa do IFSC/USP teve como um dos objetivos dar a conhecer e permitir que os visitantes colocassem a “mão na massa” e testassem os principais experimentos que desvendaram o mundo atômico e levaram à criação da Física Quântica, experimentos esses que mostram o comportamento dos átomos, elétrons, das partículas de luz – chamadas fótons -, os raios e o laser, entre muitos outros. A iniciativa, que teve a participação de cerca de sessenta visitantes, foi, também, um “aperitivo” para se discutir como a Física Quântica revolucionou a tecnologia moderna, a eletrônica, computação, fibras óticas, a ressonância magnética na saúde e … muito mais.

Esta ação derivou de uma demanda da Comissão de Graduação do IFSC/USP, na pessoa da Prof. Tereza Mendes, para que os seus alunos pudessem interagir com a comunidade dentro de uma disciplina obrigatória, no caso “Laboratório Avançado de Física I”. Segundo o Prof. Sebastião Pratavieira, um dos coordenadores desta ação, a ideia é que durante o bacharelado no IFSC/USP, os alunos repassem para o público as principais informações do que estão aprendendo ao longo de sua graduação, os trabalhos que estão executando nos laboratórios, a finalidade de suas ações e os fundamentos e objetivos da Física, sendo uma espécie de “prestação de contas” à sociedade que, com seus impostos, mantêm todas as universidades públicas do País.

O Prof. Sebastião Pratavieira explicou que esta ação se insere numa iniciativa promovida pelo governo federal, que obriga todos os cursos de graduação das universidades públicas do País a interagirem com a sociedade, algo que está sendo executado em nível nacional. “Foi uma experiência muito gratificante, com todo o mundo a fazer perguntas e a tentar entender os experimentos feitos nos laboratórios do IFSC/USP. Esperamos agora que todos os anos possamos realizar um dia dedicado a trazer a sociedade para dentro da USP”, finalizou o Prof. Sebastião Pratavieira.

Já o  Prof. Francisco Guimarães, também organizador desse evento, destaca que “A atividade realizada marcou um importante passo inicial na construção de um vínculo permanente entre os alunos do nosso instituto e a sociedade. Com simplicidade e entusiasmo buscamos compartilhar um pouco de nossas experiências em física quântica com os cidadãos da nossa comunidade. Não esperamos um retorno direto dessa ação, mas acreditamos que iniciativas como esta contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e esclarecida”.

Agradece-se a visita de todos, em especial de professores e familiares dos estudantes de São Carlos e região que nos deram o privilégio da vista. Estiveram envolvidos os docentes e pesquisadores do IFSC/USP, Profs. Paulo Miranda, Tomaz Catunda, Sérgio Carlos Zilio, Francisco E. G. Guimarães e Lino Misoguti, com o apoio dos técnicos dos laboratórios do Ensino, Oficinas Mecânica e de Óptica e da Biblioteca do IFSC/USP. .

Clique AQUI para acessar o álbum de fotos.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de dezembro de 2024

Novo projeto da Unidade EMBRAPII – IFSC/USP: Inovação na desinfecção e descontaminação de colchões hospitalares

Plácido Neto – Empresa “EcoStove”

Um novo projeto apoiado pela Unidade EMBRAPII do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) foi testado com sucesso na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), correspondendo a um equipamento desenvolvido pela empresa “EcoStove”, sediada na cidade de Salto (SP), em colaboração com a fábrica “Relux”, de Ribeirão Pires (SP), para desinfecção e descontaminação de colchões hospitalares, um produto já patenteado em colaboração com a USP.

O citado equipamento será disponibilizado em duas versões – portátil, com capacidade para 06 colchões, e fixo, neste caso podendo fazer a descontaminação de 12 colchões.

A inovação deste novo equipamento está na combinação que é feita através de UVC, ozônio e índice de temperatura, incluindo a pulverização de Quartenário de Amônio 5, cujo processo total demora apenas entre 60 e 90 minutos. Para o inventor deste equipamento e proprietário da empresa, Plácido Neto, “A utilização do equipamento portátil torna-se bastante interessante para os hospitais e casas de saúde, já que, sendo uma prestação de serviço, os custos são muito atrativos”. O equipamento consegue desinfectar e descontaminar os colchões em até 99,99% nas superfícies externas e 90% na superfície interna das espumas, com a particularidade de apresentar um software que foi concebido unicamente para essa operação e que armazena os dados completos de cada processo de descontaminação, ficando os mesmos disponíveis para serem consultados pelos responsáveis clínicos.

Confira AQUI o relatório técnico emitido pelo IFSC/USP.

Engº Daniel Chianfrone (LAT-IFSC/USP)

Não necessitando de qualquer mão de obra dos estabelecimentos hospitalares, já que o equipamento é operado apenas por um funcionário da empresa, este equipamento portátil foi inicialmente testado no Laboratório de Apoio Tecnológico (LAT) do IFSC/USP antes de ser submetido à prova na SCMSC. O Engº Daniel Chianfrone (LAT) sublinha que é uma inovação que é entregue à sociedade e que numa primeira fase irá atender as demandas da SCMSC. “É um equipamento que dá uma resposta muito positiva às atuais necessidades dos hospitais, que estão cada vez mais impactados pela disseminação de infecções e contaminações transmitidas pelos colchões das enfermarias, pelo que nos sentimos felizes por estar contribuindo com esse desenvolvimento científico e tecnológico. Por outro lado, também foi uma experiência muito gratificante, já que podemos mergulhar em novas tecnologias, e, neste caso concreto, na combinação entre o ozônio e a temperatura”.

Prof. Dr. Daniel Varela Magalhães – Pesquisador EMBRAPII-IFSC/USP

Para o pesquisador da Unidade EMBRAPII – IFSC/USP, Prof. Dr. Daniel Varela Magalhães, este projeto usa a inovação no sentido de uma ação de descontaminação e de controlo microbiológico, sendo que, por isso, ela tem um apelo social muito grande já que o alcance é imediato na área da saúde. “Foi um projeto que saiu da área de pesquisa há pouco tempo e já está sendo aplicado. Além do tempo relativo às pesquisas realizadas para este projeto, e que como era de se esperar demoraram alguns anos até ficarem concluídas, este projeto demorou cerca de um ano para ficar pronto e agora está sendo apresentado este protótipo do equipamento, praticamente igual ao que vai ser o modelo final. Este protótipo ficará em ambientes relevantes, que são as dependências da SCMSC, naquilo que usualmente chamamos de “estágio de maturidade tecnológica”, onde realizaremos todos os últimos testes de segurança avançada”, finaliza o pesquisador.

Recordamos que a EMBRAPII é extremamente importante para a pesquisa e inovação industrial, já que ela permite compartilhar os riscos por que passam as empresas. Assim a EMBRAPII divide esses riscos com as empresas, fazendo com que elas tenham um melhor “arcabouço” para poderem desenvolver seus projetos junto com as universidades, já que com essa interação elas têm caminhos menos arriscados para trilhar. São esses recursos a fundo perdido, oriundos da EMBRAPII, que consolidam os projetos das empresas.

Clique na imagem abaixo para assistir o vídeo.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

28 de novembro de 2024

Colar bovino estimula a reprodução e apoia a saúde animal – Unidade EMBRAPII do IFSC/USP faz testes no Texas (USA)

Equipes brasileira e do Texas testando o colar de estímulos automáticos desenvolvido na Unidade Embrapii do IFSC-USP em parceria com a empresa “BRL Life-Tec”

Uma das formas de promover a ovulação nas vacas para que possa ocorrer a inseminação e a consequente gravidez se procede através da administração de hormônios aplicados de forma periódica, sendo que essa operação é normalmente feita por veterinários.

Agora, através de um processo inovador, pode ser colocado um colar no pescoço das vacas que, devidamente programado, pode realizar a injeção automática de hormônios de forma periódica para estimular a reprodução. Esta foi uma tecnologia desenvolvida dentro da Unidade EMBRAPII do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), tendo já gerado uma patente e um protótipo que foi testado por especialistas da Texas A&M University (USA).

O sistema permite, de forma simples, o manuseio de milhares de vacas simultaneamente, gerando impactos diversos no agronegócio. O projeto foi desenvolvido em parceria com a empresa “BRL LIFE-Tech”, uma startup sediada no Estado de São Paulo e com apoio do SEBRAE, sendo que o protótipo foi devidamente testado perante Luís Gustavo Teodoro – Médico Veterinário (BRL Live Tech) -, Washington Coimbra (EMBRAPII-IFSC/USP), Vanderlei Bagnato (IFSC/USP) e ainda os especialistas em reprodução animal Dr. R. Cook (Animal Science – Texas A&M University) e Dr. Ramiro Oliveria (Especialista em fecundação – Estado do Texas).

Nesta versão inicial, o colar foi idealizado para injetar três hormônios, e como um deles precisa de refrigeração, o colar também tem a capacidade de se transformar em um mini-refrigerador com o auxílio de uma bateria, podendo assim manter os reservatórios refrigerados em até quinze dias.

Teste iniciais já haviam sido feitos no Brasil, mas os testes no Estado do Texas foram fundamentais para a consolidação da ideia e deste inovador projeto.

Os testes consistiram em manter o animal por diversos dias com o dispositivo, avaliando a fixação do colar no pescoço do mesmo em relação ao seu posicionamento correto, a inserção da agulha e a aplicação de soro fisiológico para simulação da aplicação. Seguidamente, foram feitos testes com hormônio, monitoramento da temperatura interna do reservatório e do hormônio entre 5 a 8 ºC e armazenamento de dados da temperatura e aplicações.

O protótipo passou pelos diversos testes com diversas observações feitas pelos especialistas, tendo em vistas algumas melhorias. O mais curioso, no entanto, foi o interesse que a ideia despertou nos próprios texanos, já que se trata de um dispositivo leve, que pode estimular de forma autônoma a reprodução animal, sendo que esse colar poderá administrar antibióticos em caso de necessidade, tornando-se, assim, um elemento de grande valia para a área da pecuária, uma das principais atividades econômicas do Estado do Texas.

Animal com colar de estímulo reprodutivo em teste

As discussões entre as equipes da Universidade do Texas e da EMBRAPII do IFSC/USP evoluíram no sentido de se introduzirem melhorias consideráveis no dispositivo, que, a partir de agora, se transformará em uma verdadeira plataforma de saúde animal. Os novos protótipos já deverão ter sua produção iniciada no IFSC/USP, sendo que as equipes e a empresa envolvidas neste projeto se encontram extremamente animadas com os resultados e com as possibilidades que esta inovação poderá trazer para a pecuária brasileira e mundial.

Segundo o coordenador da EMBRAPII-IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, “A contribuição em termos de inovação que este projeto poderá trazer é imensa. Por exemplo, hoje, animais jovens em transporte ficam doentes muito facilmente e ter um colar como este que foi projetado e desenvolvido – plataforma para saúde animal – deverá minimizar perdas e aumentar a eficiência da produção de carne e leite “.

A unidade EMBRAPII do IFSC/USP é especializada no desenvolvimento de instrumentação para a saúde e tem uma preocupação não apenas com a saúde humana, mas também com a saúde animal e ambiental. Há grandes perspectivas que a evolução deste projeto produza agora uma patente mundial e que venha a ter um grande impacto, pois os novos protótipos irão se apresentar muito para além da injeção, ou seja, com muito mais funções e, portanto, caracterizando de fato uma plataforma de apoio à saúde animal de um modo geral.

Os engenheiros Coimbra, Vinicius e Guilherme, da unidade EMBRAPII, continuarão com sua dedicação para o desenvolvimento dos novos modelos, marcando este desenvolvimento como mais uma grande contribuição tecnológica para uma das áreas de grande importância da economia brasileira, a nossa pecuária.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de outubro de 2024

Combate ao glioblastoma – Pesquisadores do IFSC/USP usam nanotecnologia para administrar medicamentos por via nasal

O Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos (GNano-IFSC/USP) acaba de concluir uma pesquisa que tem o foco de administrar medicamentos por via nasal a pacientes com glioblastoma, um tipo de câncer cerebral.

Essa metodologia substitui os procedimentos tradicionais que colocam uma série de desafios a médicos e pacientes, sendo que um deles é a quimioterapia-padrão, via oral, que exige altas doses para superar a barreira hematoencefálica e que provocam muitos efeitos colaterais.

Para mitigar o problema, os cientistas do GNano, Natália Noronha Ferreira Naddeo e o Prof. Dr. Valtencir Zucolotto, em parceria com o Dr. Rui Reis, do Hospital de Câncer de Barretos (SP), criaram um sistema baseado em nanotecnologia que promete servir como um atalho mais seguro para o tratamento, utilizando um acesso pelo nariz. Para isso, foram criadas nanopartículas com um quimioterápico e recobertas por membranas de células retiradas do tumor.  O truque faz com que essas estruturas, ao penetrarem os nervos olfativos, sejam atraídas pela região acometida pela doença no cérebro.

Testes in vivo, em modelos animais, demonstraram que o fármaco mantém sua configuração intacta e é capaz de acessar, combater e reduzir o tumor.  A plataforma, inédita, abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na oncologia.

O que é o Glioblastoma?

O glioblastoma é um tipo de câncer considerado bastante agressivo em sua forma mais grave, sendo que as informações sobre mutações genéticas que causam esse tipo de tumor ainda são escassas. A manifestação de sintomas está relacionada com a localização cerebral do tumor. De forma geral, o quadro clínico se apresenta por meio de cefaleia (dor de cabeça) persistente, mais intensa na parte da manhã. Outro sintoma que pode se desenvolver, dependendo da localização do glioma, é o de visão comprometida. No caso, o paciente pode apresentar visão embaçada ou dupla, enquanto crianças que apresentam o tumor na região do cerebelo sofrem com instabilidade motora, desequilíbrio e irritabilidade constante (In – Dr. André de Macedo Bianco – Neurocirurgião / Hospital Nove de Julho)

Este trabalho de pesquisa do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC/USP conquistou, em setembro último, um dos oito prêmios atribuídos pela revista “Veja” e inseridos no “Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica” (“Terapias e tratamentos inovadores: nanotecnologia para administrar medicamentos via nasal”), distinções que essas que foram concedidas a trabalhos que contribuem de forma efetiva nos avanços em genômica, diagnóstico, prevenção, tratamento, saúde digital e coletiva.

Confira AQUI o artigo científico relativo à parte inicial do trabalho desta pesquisa.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de setembro de 2024

Projeto pedagógico desperta o interesse das crianças pela investigação científica – Creche e Pré-Escola São Carlos – Campus USP São Carlos

A iniciativa levada a cabo pela Creche e Pré-Escola São Carlos, localizada no Campus USP de São Carlos em maio do corrente ano, levou este estabelecimento de ensino a promover uma interessante ação pedagógica junto das crianças, tendo como objetivo sensibilizá-las para o combate dos criadouros do mosquito da dengue, conforme reportagem publicada no portal da USP de São Carlos (VER AQUI). Contudo, a importância dessa ação vai além do tema proposto e do seu enquadramento geral, sendo por isso considerada uma das formas eficazes para despertar o interesse das crianças em idade pré-escolar pela investigação científica.

Criando alfabetização e letramento científico

Com efeito, a ação acima citada reflete um trabalho que está sendo realizado desde o ano de 2018, através de uma parceria estabelecida entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), a Prefeitura do Campus USP de São Carlos e a Creche e Pré-Escola do Campus, exatamente com o foco de desenvolver atividades relativas às ciências da natureza com as crianças em ambiente pré-escolar.

Desde então, estão sendo envolvidos neste projeto estudantes de graduação do campus, especialmente os vinculados às licenciaturas, incluindo os alunos do Curso Interunidades de Ciências Exatas do IFSC/IQSC/ICMC da USP. Neste projeto amplo, o Educador Prof. Dr. Herbert Alexandre João (IFSC/USP) explica que os trabalhos se iniciam primeiramente investigando o ambiente da pré-escola, para depois se realizar o planejamento, a produção e a testagem de materiais que são empregados nessa ação, como, por exemplo, os brinquedos científicos ou ações educativas que envolvem ciência, bem como o conteúdo das histórias infantis que envolvem a linguagem científica, tudo isso para promover o interesse das crianças pela investigação científica de uma forma simples – a brincar.

Prof. Dr. Herbert Alexandre João

“Essa parceria com a Creche da USP São Carlos, é extraordinariamente produtiva porque a metodologia utilizada baseia-se no desenvolvimento de atividades pedagógicas que são sempre pautadas no interesse das crianças. E, partindo desse pressuposto e observando os interesses dessas crianças, nós começamos a contribuir com a creche, produzindo os materiais e atividades pedagógicas que pudessem contribuir para que elas ficassem imersas nesse mundo da ciência, utilizando, desde a primeira infância, uma linguagem científica que evite analogias muito pobres ou incorretas, buscando criar e fazer essa alfabetização e letramento científico, o brincar e o explicar”, pontua Herbert João.

Entre as inúmeras atividades desenvolvidas, contam-se demonstrações experimentais na área de eletrostática, partindo do interesse das crianças – por exemplo, de onde vem os raios e os trovões a chuva -, ou atividades na área de óptica, com a construção de câmaras escuras. “Outras atividades incluem a observação e investigação de diferentes folhas de árvores e plantas com a finalidade de compreender a diferença entre as espécies, ou, ainda, observar o céu para compreender o movimento do sol, levando em consideração os tópicos de astronomia, mas sempre tendo em consideração que o objetivo principal é que as crianças tenham contato com a ciência a partir do brincar. Essa é a proposta da creche e que respeitamos, a intencionalidade pedagógica respeita o direito de brincar, não existe uma proposta de ensino no modelo verticalizado tradicional, como temos no ensino fundamental e médio” explica Herbert.

Investigação científica nos primeiros anos de alfabetização

Seguindo essa proposta da creche, o projeto trouxe isso para as Ciências da Natureza, essa forma de cooperação, de ensino e de aproximação com as crianças da Creche e Pré-Escola, que faz com que o professor proponha e realize essas ações dentro de um modelo horizontalizado, onde as crianças criam interesse, bastando ao professor observar esse interesse, planejar e aplicar as propostas e, a partir do sucesso – ou dos possíveis ajustes -, desenvolver os materiais que, hoje, constituem um banco que reúne um conjunto de ferramentas extremamente úteis para a formação continuada de professores, especialmente os da educação infantil, creche e pré-escola.

Crianças conscientes de sua ação

Atualmente, o projeto proposto e liderado pelo Prof. Dr. Herbert João, que igualmente é orientador dos bolsistas, conta com o apoio da Prefeitura do Campus, do IFSC/USP e da Creche, através das participações do atual prefeito do campus, Prof. Dr. Luís Fernando Costa Alberto e pelo Prof. Dr. Marcelo Alves Barros (IFSC/USP) – responsáveis pelos projetos PUB; a bolsista do projeto, Paloma Emanuele dos Santos Sobrinho (Estudante de Graduação em Química no Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP); Liliane Terra Pereira Araújo (Supervisora Técnica do Serviço de Creche e Pré-Escola), além de outros membros da equipe pedagógica e técnicos da creche.

Atividades realizadas em 2024

Com muito sucesso ao longo dos anos, este projeto continua o seu caminho e os resultados obtidos neste ano de 2024 refletem o êxito. Nesse sentido, a equipe produziu histórias em quadrinhos e atividades pedagógicas, tendo dado suporte também em atividades que foram solicitadas pelas professoras da Creche. Os destaques no decurso deste ano foram muitos, como, por exemplo, como é formado o corpo humano, como se faz o tratamento das águas e os cuidados que se deve ter com a água no planeta Terra. Mas, talvez, o principal destaque dentre todos tenha sido a visita monitorada que foi feita ao laboratório de ensino de biologia do Instituto de Física de São Carlos, (LEF-IFSC/USP), cujo foco foi explicar às crianças como são desenvolvidas as pesquisas relacionadas à dengue, tendo em consideração que a doença se manifesta, atualmente, de forma muito intensa no Estado de São Paulo, principalmente em São Carlos e em cidades da região. Esta atividade, iniciativa da Profª Margarete Marchetti (Creche e Pré-Escola São Carlos e idealizadora da atividade “Investigando o ciclo do mosquito da dengue”), teve o intuito de engajar as crianças para que elas contribuíssem no combate à disseminação da doença da dengue a partir da eliminação das larvas do mosquito transmissor, e o resultado foi muito expressivo, conforme sublinha o Prof. Herbert João. “As crianças produziram diversos materiais, inclusive – e especialmente – um cartaz que foi colado em diversas unidades do Campus, uma ação que, para mim, é muito relevante, pois essas crianças protagonizaram a ação, propiciando que internalizassem os conceitos e, claro, acabam reproduzindo isso em casa com os familiares, contribuindo para que se reforce o combate a essa doença”, pontua Herbert João.

Percorrendo o campus para conscientizar a comunidade

 

Distribuição dos cartazes dentro dos departamentos e laboratórios do IFSC/USP

A importância da investigação científica nos primeiros anos de alfabetização e o papel do professor

Iniciar a investigação científica nos primeiros anos de alfabetização é crucial e os professores têm um papel fundamental nessa ação, já que introduzir esse tema desde cedo ajuda as crianças a desenvolverem habilidades de pensamento crítico. Elas aprendem a questionar, observar, experimentar e refletir sobre o mundo ao seu redor, o que fortalece a capacidade de análise e resolução de problemas. Sendo naturalmente curiosas, a investigação científica alimenta essa curiosidade nas crianças, encorajando-as a explorar e buscar respostas por conta própria. Com o trabalho dos professores, isso pode promover um interesse duradouro por aprender e descobrir.

O cartaz produzido e distribuído pelas crianças

Por outro lado, a prática de investigar cientificamente permite que as crianças construam uma base sólida para o entendimento de conceitos mais complexos no futuro. Ao entenderem os processos básicos de causa e efeito, observação e experimentação, elas estão mais bem preparadas para os desafios acadêmicos que surgirão ao longo de sua vida. A integração multidisciplinar e a promoção de autoconfiança são também dois fatores que deverão ser levados em linha de conta. Nesse sentido, a investigação científica levada até às crianças nas primeiras fases da educação não se limita apenas às ciências naturais, já que ela integra também a matemática, a linguagem e até mesmo as artes, promovendo uma aprendizagem mais holística e conectada. Os professores têm, em todo este processo, uma importância vital, já que quando as crianças participam de atividades de investigação científica, elas têm a oportunidade de fazer descobertas por si mesmas, o que pode aumentar sua autoconfiança e o senso de realização. Por último – e não menos importante -, quando os professores levam até às crianças os primeiros conceitos de investigação científica, eles acabam por ensinar também um conjunto de valores essenciais, como a importância da evidência, o respeito pelas diferentes opiniões baseadas em dados e o papel da ciência na sociedade, tudo isso contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e informados. Incorporar essas práticas no início da alfabetização, tendo como exemplo o projeto desenvolvido na Creche e Pré-Escola de São Carlos – Campus USP, pode influenciar positivamente o desenvolvimento intelectual e social das crianças, preparando-as para serem pensadores críticos e solucionadores de problemas no futuro.

Rui Sintra / Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de agosto de 2024

Novo sensor detecta paraquat e carbendazim em menos de 70 segundos – Tecnologia identifica contaminação de agrotóxicos em urina de trabalhadores rurais

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC/USP), em colaboração com o Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ-UFRJ) e o Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor), desenvolveram um novo sensor capaz de detectar a presença dos defensivos agrícolas paraquat e carbendazim, ainda utilizados, apesar de proibidos, em menos de 70 segundos.

O pesquisador Thiago S. Martins, do IFSC/USP e atualmente na Imperial College London, é o autor principal do artigo recentemente publicado na revista científica “Chemical Engineering Journal”. Ele destaca que a importância do desenvolvimento deste sensor, que utiliza uma técnica eletroquímica, reside na capacidade de monitorar rapidamente e com precisão a exposição dos trabalhadores rurais a esses agrotóxicos. Portátil e de fácil utilização, o sensor pode ser usado pelos próprios trabalhadores em seus locais de trabalho ou em suas residências, bastando coletar um pequeno volume de urina e obter o resultado em aproximadamente setenta segundos.

Para a equipe de pesquisadores, a detecção de pesticidas em águas e fluidos corporais é crucial para proteger o meio ambiente e a saúde humana, especialmente nas zonas rurais onde ocorre a aplicação dos defensivos agrícolas.

Esta pesquisa envolveu a participação de 9 trabalhadores rurais da região de Barretos, com idades entre 18 e 65 anos e incluiu a criação de tiras impressas contendo um nanomaterial orgânico denominado “RIO 17” (Reticular Innovative Organic Framework 17), desenvolvido no IQ-UFRJ. Utilizando um método eletroquímico, o sensor pode detectar os dois agrotóxicos no corpo humano com apenas 100 microlitros de urina, bem como na água e em outras amostras, se necessário.

Pesquisador Thiago S. Martins (foto arquivo pessoal)

Thiago S. Martins enfatiza a importância desta pesquisa, que revelou que todos os nove trabalhadores rurais testaram positivo para pelo menos um pesticida. “Isso é extremamente preocupante, pois não há nível seguro de exposição a esses químicos. Nossa pesquisa evidencia a necessidade de desenvolver soluções acessíveis para monitorar a exposição dos trabalhadores rurais aos agrotóxicos durante a pulverização. Atualmente, não existem tecnologias viáveis para realizar esse monitoramento in loco e garantir a proteção da saúde desses trabalhadores,” afirma o pesquisador.

Como tudo começou

Esta pesquisa, que se estendeu por mais de cinco meses, teve início com uma colaboração entre o IFSC/USP, o IQ-UFRJ e o Hospital do Amor, sendo que este último já desenvolvia um projeto destinado a monitorar os níveis de pesticidas em trabalhadores rurais, suas famílias e nas águas circundantes. “O hospital usava métodos cromatográficos e espectroscópicos para detectar os pesticidas individualmente. Ao saber que desenvolvíamos dispositivos miniaturizados, a parceria foi rapidamente estabelecida. O IQ-UFRJ então contribuiu com o nanomaterial para as tiras sensores e assim foi criado um dispositivo semelhante a um glicosímetro, que não exige tratamento ou diluição das amostras. Com apenas 100 microlitros, o resultado é obtido em cerca de setenta segundos.” explica Thiago S. Martins.

A importância do IQ/UFRJ nesta pesquisa

Foi fundamental para o sucesso desta pesquisa a participação do docente e pesquisador do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ), Prof. Pierre Mothé Esteves, co-autor do artigo científico já mencionado nesta matéria. O Prof. Pierre possui Graduação em Química (1994) e doutorado (1999) em Química Orgânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com período Sandwich na Universidade de Estrasburgo (1998), Pós-Doutoramento em Química de Hidrocarbonetos e Petróleo pelo Loker Hydrocarbon Research Institute da University of Southern California (USC, 2000-2001).

Prof. Dr. Pierre Mothé Esteves (foto arquivo pessoal)

A formação do pesquisador é na área de Química, com ênfase em Físico-Química Orgânica, atuando principalmente nos seguintes temas: nanociência, nanotecnologia, química reticular, materiais porosos, carbocátion, hidrocarboneto, superacido, carbônio, substituição eletrofílica aromática, hidratos de gás natural e garantia de escoamento.

A colaboração para esta pesquisa começou de forma furtuita, através de uma conversa e convite feito pelo atual diretor do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior. Ao estudar as demandas desta pesquisa, o Prof. Pierre e seu grupo acabaram por construir um novo material nanoestruturado equivalente a um engradado molecular. “Conseguimos construir esse engradado, extremamente poroso, feito de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, constituído por poros bastante seletivos, o que aumenta muito a sensibilidade. Entreguei uma amostra desse material ao IFSC/USP com a finalidade de testar o sensor que estava sendo proposto. Esse material tem uma grande afinidade para detectar pesticidas e afins, já que ele absorve coisas que estão muito diluídas, devido à sua grande área específica e organofilicidade. Por exemplo, proteínas não passam pelos poros, apenas pequenas moléculas, como as que se encontram nos pesticidas. Considero este novo material como se fosse uma grande “esponja seletiva”, pontua o pesquisador.

O pesquisador considera uma agradável surpresa saber que esse material desenvolvido por seu grupo foi um sucesso nesta pesquisa. Atendendo às inúmeras denominações registradas na International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), o grupo do Prof. Pierre Esteves decidiu batizar este novo material de “Reticular Innovate Organic From Work 17” (RIO-17). “Fiquei extremamente feliz, pois descobrimos um material com nanoporos que tem um potencial enorme de aplicações e que se destina perfeitamente à finalidade desta pesquisa, dentro da classe de materiais porosos orgânicos. O Brasil é o grande celeiro do mundo e talvez essa seja a razão por se utilizar tanto defensivo agrícola. Há quem diga que no Brasil já não existe agricultura orgânica, de tanto agrotóxico que é utilizado. Por cada metro quadrado de agricultura existem em torno de 10 miligramas de pesticidas e eles são dispersos pelo vento, se entranham na terra, entram nos lençóis freáticos, etc., e por isso não são demais todos os esforços que possam ser feitos para detectá-los”, pontua o pesquisador.

Para o pesquisador da UFRJ, este sensor, dedicado aos agrotóxicos paraquat e carbendazin, abre portas para que, no futuro, se possa ter a esperança de ser possível detectar outros tipos de agrotóxicos, já que “temos a capacidade para desenhar não só o formato, quanto o tamanho desse “engradado molecular”, tal como fizemos para utilizar nesta pesquisa. Somos uma espécie de alfaiates moleculares”, finaliza o pesquisador.

A parceria com o Hospital do Amor

Dr. Henrique Santejo Silveira (foto arquivo pessoal)

O Dr. Henrique Santejo Silveira é igualmente um dos co-autores do artigo científico publicado na revista “Chemical Engineering Journal”. Pesquisador no Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital do Amor), ele é docente da Pós-Graduação em Oncologia do Instituto de Ensino e Pesquisa também no Hospital de Câncer de Barretos, e tem experiência em Genética e Biologia Molecular e Prevenção de Câncer, atuando principalmente nos seguintes temas: populações expostas ocupacionalmente, câncer relacionado ao trabalho, interações genes e ambiente e sua influência na carcinogênese, resposta ao estresse ambiental e saúde ambiental.

O Hospital do Câncer de Barretos já mantém uma profícua parceria com o IFSC/USP em diversas áreas. Assim, a contribuição com o fornecimento de amostras de urina oriundo de um grupo de trabalhadores rurais que foram estocadas no Biobanco do Hospital do Câncer de Barretos foi essencial para os testes do sensor. “Estas amostras derivam de um projeto de coorte (RUCAN study) que reunirá cerca de 2.200 trabalhadores rurais daquela região e cujo objetivo é acompanhar, ao longo do tempo, a incidência de diversas doenças causadas pela exposição aos agrotóxicos, incluindo o câncer e doenças neurológicas, sublinha o pesquisador. O Dr. Henrique Silveira salienta, ainda, que uma eventual evolução deste sensor poderá ser utilizada com mais eficácia e rapidez na prevenção e vigilância da saúde dos trabalhadores rurais, principalmente nas intoxicações causadas por agrotóxicos. “O -paraquat e o carbendazim são muito utilizados aqui na região e não só. Até para o próprio Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), que tem inúmeras unidades dispersas pelo país, seria fantástico poder utilizar este sensor na vigilância do trabalhador rural”, pontua o pesquisador.

O pesquisador Thiago S. Martins ressalta: “É crucial evitar a aplicação de químicos proibidos e assegurar a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) apropriados durante a pulverização de agrotóxicos”, finaliza.

Para conferir o artigo científico, clique (AQUI).

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de julho de 2024

Lançamento do livro “Condutas e inovações nos cuidados com feridas crônicas”

Da autoria dos pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) Fernanda Mansano Carbinatto, Antonio Eduardo de Aquino Junior e Vanderlei Salvador Bagnato, está já disponível em formato PDF o livro “Condutas e inovações nos cuidados com feridas crônicas”, cujo foco é difundir os conceitos, características, formas de tratamentos convencionais e inovadores, neste último caso através da utilização de técnicas fotônicas, bem como dar a conhecer as principais dificuldades encontradas no tratamento de feridas crônicas.

Este livro vem agregar conhecimentos para os profissionais que lidam com feridas crônicas, de forma a que eles possam saber qual o tipo de tratamento que é mais efetivo para determinado tipo de lesão.

Para a confecção desta publicação, além dos esforços de pesquisadores e colaboradores de diversos setores, muito contribuíram os inúmeros pacientes que realizaram tratamentos de feridas crônicas com a equipe de pesquisadores do Grupo de Óptica do IFSC/USP e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), sempre tendo como meta contribuir para a melhor qualidade de vida de todos quantos são acometidos por feridas crônicas.

Para conferir o PDF desta publicação, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de julho de 2024

Novas metodologias para estudo de produtos farmacêuticos – Física Quântica e Cristalografia Quântica

Com base em um estudo anteriormente realizado, pesquisadores do Laboratório Multiusuário de Cristalografia Estrutural (LAMUCRES) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), concluíram recentemente uma pesquisa que teve o foco na aplicação de novas metodologias para o estudo de produtos farmacêuticos, particularmente para tentar entender melhor como esses produtos funcionam e, em função disso, procurar melhorá-los sabendo qual o seu funcionamento em nível quântico. Isso vai permitir obter novos modelos que, no futuro, abram portas para obter materiais e medicamentos melhorados que apresentem novas atividades. A importância desta pesquisa está relacionada com a inovação proposta para a indústria farmacêutica em relação à introdução da física quântica e, neste particular aspecto, na Cristalografia Quântica.

Adilson Wanderley e Camila Pinto são dois dos autores do artigo científico que foi publicado recentemente na prestigiada revista “Crystal Growth & Design”, inclusive com capa de destaque, tendo como pesquisador principal o Prof. Dr. Javier Ellena (IFSC/USP). “Esta é a segunda etapa de uma pesquisa cujB. co desenvolvimento teve início  em 2017 no LAMUCRES, onde basicamente desenhamos um novo medicamento que consegue juntar dois insumos farmacêuticos, dois princípios ativos, em um só. Em grosso modo, ao invés de um paciente tomar dois comprimidos para uma determinada doença, ele vai apenas tomar um que apresenta uma eficácia maior, contendo uma quantidade menor do medicamento. A ideia por trás da nossa pesquisa é determinar como você consegue juntar esses dois insumos, esses dois princípios ativos em um único só”, salienta Adilson Wanderley, acrescentando que a necessidade de se juntar esses dois princípios ativos em um único comprimido tem como vantagem a possibilidade de  que no organismo eles se separem, agindo com a mesma eficácia e sem perder as suas propriedades.

Os pesquisadores Adilson Wanderley e Camila B. Pinto

A pesquisadora Camila Pinto acrescenta que o que a equipe fez foi avaliar a modificação da distribuição eletrônica no fármaco quando ele é cocristalizado com outro fármaco. “Quando a gente tem essas duas moléculas juntas, uma vai influenciar a outra e aí vai ter uma variação na distribuição eletrônica. A partir disso, conseguimos avaliar interações, ligações, e aí conseguimos entender o que está originando a cristalização conjunta dessas duas moléculas para, no futuro, quem sabe, podermos fazer de forma mais previsível o processo de cocristalização de outros fármacos”, salienta a pesquisadora.

O Prof. Javier Ellena explica que esta pesquisa é composta por várias etapas, sendo que a primeira foi desenvolvida por dois alunos de mestrado do LAMUCRES, Matheus da Ssilva Souza e Luan Farinelli Diniz, que, em 2017, desenharam um composto unindo um fármaco utilizado para combater a tuberculose e um outro utilizado para combater fungos.

“Nesse início da pesquisa cocristalizamos os dois fármacos e obtivemos um medicamento novo que permite tratar problemas relacionados com o câncer de pulmão e problemas fúngicos concomitantes derivados da tuberculose. Isso permite tratar situações de saúde que hoje são preocupantes, como, por exemplo, em pacientes com HIV, que são imunodeficientes, sendo que a tuberculose é uma enfermidade característica nesses pacientes, já que ela é “oportunista”. Uma vez curada a tuberculose, fica como resultado da doença, como sequelas, os fungos que se alojam nos pulmões e isso é um processo difícil de tratar. Então, esse medicamento tem o intuito de cobrir essas áreas, em simultâneo, atendendo às duas situações”, pontua o pesquisador.

Segundo o Prof. Javier Ellena, atualmente, para o mesmo caso acima descrito, a forma de tratamento compreende a utilização de dois medicamentos diferentes, sendo que a nova fórmula desenvolvida anteriormente pelo LAMUCRES aumenta os índices de êxito, diminuindo a quantidade de medicamentos que os pacientes têm que ingerir: ou seja, doses menores, menos chances de interação medicamentosa, menos efeitos colaterais e a eliminação de incompatibilidades, atingindo assim os mesmos resultados nos pacientes.

Capa da revista científica com o estudo em destaque

Cristalografia Quântica

Prof. Javier Ellena

O que os pesquisadores Adilson Wanderley, Camila b. Pinto e colegas fizeram agora foi estudar o novo sólido farmacêutico desenvolvido por Diniz e Souza, mas em nível quântico, eletrônico, algo que se posiciona muito para além dos habituais estudos em nível molecular, ou seja, obterem uma informação de qual é a deformação de densidade de carga que permite que esse medicamento tenha essa atividade. “Sabendo isso, pode-se B. antever quais serão as modificações que são necessárias fazer para melhorar essa atividade. É uma espécie de modelo “fechadura/chave”. Você não conhece a fundo a “fechadura”, mas a partir deste momento sabe, em nível eletrônico, como é a “chave”, sabe onde e como ela funciona e, a partir daí, pode utilizar esse conhecimento rumo a novos avanços no desenvolvimento de novos e melhores medicamentos, mais baratos e eficazes, cujo resultado está patente no artigo que foi capa de revista publicado por Adilson, Camila e restantes colegas”, adianta o Prof. Javier Ellena. A aplicação da Cristalografia Quântica no desenvolvimento de fármacos é a ideia  inovadora deste artigo e foi esse diferencial que levou a sua publicação com destaque na capa de tão prestigiada revista.

Esta pesquisa, tal como muitas outras que são realizadas no IFSC/USP, envolveu uma equipe multidisciplinar, algo que é extremamente importante para o sucesso do estudo. “Você tem que interagir e trabalhar com cientistas de áreas diferentes, como, por exemplo, físicos, químicos, biólogos e farmacêuticos, entre outros, e o LAMUCRES é muito forte nessas interações que desaguam em trabalhos e estudos complexos”, pontua Adilson Wanderley, acrescentando que este é um trabalho demorado, cujo intuito é tentar chegar ainda mais longe para que essa dupla ação possa ser eficaz independentemente de qual for a doença.

Por último, Camila Pinto acredita que estes estudos podem abrir novas fronteiras, como a realização de estudos parecidos, só que para outros sistemas. “Agora, a intenção será fazer o mesmo tipo de estudo, mas para co-cristais de outros fármacos. Por quê? Para aumentar o conhecimento em geral sobre a forma como essas interações acontecem para, lá mais na frente, conseguir prever como os fármacos interagem , facilitando o desenvolvimento de novos medicamentos e visando contribuir de forma mais eficaz para uma melhor administração de fármacos”, finaliza a pesquisadora.

Assinam este estudo os pesquisadores Adilson B. Wanderley, Camila B. Pinto (primeira autora), Juan C. Tenorio, Ihosvany Camps, Christian W. Lehmann e o Prof. Javier Ellena.

Para conferir o artigo científico relativo a esta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de julho de 2024

Avaliação do impulso nervoso periférico e novo tratamento para redução da neuropatia periférica diabética – Condição dolorosa atinge pacientes com Diabetes Mellitus Tipo-2

(Créditos: Performance – Pain & Sports Medicine)

A neuropatia periférica é uma complicação muito comum relacionada com diabetes e ocorre em aproximadamente 50% dos casos. A dor neuropática acomete três quartos das pessoas com neuropatia periférica diabética e é caracterizada por uma dor diferenciada, crônica, difícil de ser tratada e com poucos estudos relacionados a ela, caracterizando-se por formigamento, sensação picadas de agulha, queimação, pontadas, choques elétricos e câimbras, especialmente nos pés ou nas pernas.

A neuropatia periférica diabética é uma condição dolorosa que atinge, com o passar do tempo, os pacientes com Diabetes Mellitus (Tipo-II), e que agora está sendo investigada por pesquisadores do Grupo de Óptica do IFSC/USP no sentido de ser implementado um tratamento não invasivo e indolor. A pesquisa inicia-se agora com a chamada de sessenta (60) voluntários de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 45 e 70 anos, que não sejam dependentes de insulina e que apresentem pelo menos entre 7 a 13 anos com diagnóstico de Diabetes Mellitus (Tipo-II).

Pesquisadora Juliana da Silva Amaral Bruno

Conforme explica a fisioterapeuta e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia – Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Juliana da Silva Amaral Bruno, responsável por esta pesquisa no Grupo de Óptica do IFSC/USP e sob a orientação do Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), “Os pacientes serão avaliados e através de métodos e testes específicos poderão ser classificados com neuropatia periférica leve, moderada ou grave, sendo que seguidamente serão submetidos ao novo tratamento. A literatura relata que o diagnóstico precoce da neuropatia faz com que as terapias tradicionais, juntamente com dieta equilibrada e atividade física, reduzam os sintomas da neuropatia periférica. Mas, nossa intenção é ir mais longe, ou seja, queremos prevenir complicações futuras pela perda da sensibilidade protetora, que pode acarretar lesões cutâneas, infecções, amputações na região dos pés e das mãos e, em estágios mais graves, até causar morte”.

Nas técnicas tradicionais de avaliação utilizam-se filamentos (o mais utilizado é o monofilamento de 10 gramas), o diapasão, que verifica a sensibilidade vibratória, sensibilidade térmica (quente e frio) e o reflexo Aquileu. Contudo, nesta pesquisa os cientistas vão realizar a avaliação não só com esses métodos, como também através de um equipamento detentor de uma tecnologia que classifica, em tempo real, o nível da neuropatia através da propagação do impulso do nervo sural, para assim se compararem os resultados. “Esse nervo sural é essencialmente sensitivo, formado a partir dos ramos cutâneos dos nervos tibial e fibular comum, e que se estende desde a fossa poplítea pelas regiões posterior e lateral da perna até a superfície lateral do calcanhar e pé. A tecnologia utilizada nesta pesquisa avalia a velocidade e a amplitude de condução elétrica do nervo”, pontua a pesquisadora, acrescentando que esse tipo de avaliação irá contribuir para comparar as técnicas tradicionais e esse equipamento não invasivo, portátil e com tecnologia de ponta.

A partir dessa avaliação, os pacientes voluntários ingressarão no novo tratamento, cujo foco é estimular o nervo para recuperar e reduzir os sintomas da neuropática periférica, com a realização de vinte e quatro sessões, duas vezes por semana, em dias alternados, com uma duração total de três meses. Este projeto de pesquisa será realizado no NAPID – Núcleo de Apoio à Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, localizado na Rua Riachuelo, nº 171, Centro, São Carlos, contando com uma parceria da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.

Os pacientes interessados em se inscrever nesta pesquisa deverão entrar em contato pelo WhasApp (16) 99708-3702.

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de julho de 2024

Nova pesquisa no IFSC/USP faz chamada de pacientes – Terapia fotodinâmica no combate à acne (tipos 1 e 2)

 

(Créditos: Stamford Skin Centre)

 

Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – um CEPID da FAPESP alocado no IFSC/USP -, em parceria com o Departamento de Morfologia e Patologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e com o  Núcleo Integrado de Laser em Odontologia (NILO) de Ribeirão Preto (SP), concluíram recentemente uma pesquisa que tem o objetivo de combater a acne – tipos 1 e 2, menos severas – substituindo os tratamentos convencionais pela introdução de terapia fotodinâmica. Esta nova abordagem inclui a utilização de curcumina como elemento fotosensibilizador e a aplicação de laser com luz azul, um método que foi desenvolvido no programa de mestrado em biotecnologia na UFSCar, em colaboração com o IFSC/USP. A pesquisadora Gabriely Simão, primeira autora do estudo que foi publicado na revista “Aesthetic Orofacial Science”, é formada em odontologia pela UNICEP, com orientação do Prof. Clóvis Wesley Oliveira de Souza, docente do Departamento de Morfologia e Patologia da UFSCar, orientador no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e pesquisador colaborador no CEPOF, e da Profª Rosane de Fátima Zanirato Lizarelli (NILO).

A acne

Pesquisadora Gabriely Simão

Muito comum, acne é o nome dado a espinhas e cravos que surgem devido a um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos, sendo muito frequente na fase da adolescência, sem deixar de ser comum também em adultos, principalmente em mulheres. Além do incômodo das lesões, como na adolescência a aparência é um fator importante, o comprometimento estético determinado por alterações da pele pode atingir o lado psicológico e tornar o adolescente – ou o adulto – inseguro, tímido, deprimido, infeliz, com rebaixamento da autoestima e com consequências sérias que podem persistir pelo resto da vida.

Os tratamentos convencionais de combate à acne incluem aplicações de cremes antibióticos na pele, principalmente o Roacutan, ou ainda a ingestão de medicamentos orais que têm a tendência de provocar efeitos colaterais. “A aplicação da terapia fotodinâmica com a utilização de curcumina e de laser luz azul comprovou nos estudos laboratoriais realizados por Gabriely a eficácia no combate à acne tipos 1 e 2, ou seja, no início da doença, e a possibilidade dessa técnica substituir os tratamentos convencionais com maior segurança e bem-estar para os pacientes, além de ser um procedimento menos invasivo e de baixo custo”, relata a pesquisadora.

Esta pesquisa, traduzida em um caso clínico, compreendeu a colaboração de várias dezenas de pessoas com acne (tipos 1 e 2), sendo que os resultados alcançados dão origem agora a uma chamada de pacientes com essa doença para avançar com o novo tratamento. Esta chamada é dedicada apenas a pessoas com idades compreendidas entre os 25 e 35 anos, de ambos os sexos. “Para pacientes mulheres, há algumas restrições para participarem nesta chamada, como, por exemplo, não estarem grávidas, amamentando, fazendo uso de contraceptivos, hormônios, enfim, de medicamentos tópicos e sistêmicos. Quanto à participação de homens, eles também não poderão estar tomando hormônios”, adverte a pesquisadora. Este tratamento irá ocorrer na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC) e compreenderá a realização de 16 sessões em cada paciente, ao longo de 60 dias.

Prof. Clóvis Wesley Oliveira de Souza

Para o Prof. Clóvis Wesley Oliveira de Souza “A curcumina é um forte sensibilizador. Então, quando existe uma interação entre a luz azul e a curcumina, na presença do oxigênio, essa interação vai produzir espécies reativas de oxigênio, como oxigênio cingleto e os íons hidróxido, e aí ocorre um efeito nas bactérias, que acabam por morrer. Também existe um procedimento que utiliza a luz azul diretamente no tratamento da acne, sem o fotosensibilizador, porque ele também tem uma alta energia e pode igualmente ativar alguns componentes das células bacterianas e também causar-lhes a morte. Só que nesta pesquisa, o grande efeito foi combinar tudo, ou seja, utilizar a terapia fotodinâmica, atendendo a que a curcumina é um antioxidante, anti-inflamatório de baixo custo, e a luz azul é antibacteriana”, explica o docente.

Focada em introduzir seus conhecimentos em clínicas de estética, atendendo a que esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, a pesquisadora Gabriely Simão acredita que, se tudo correr bem, em cerca de seis meses este protocolo poderá estar disponível, até porque o equipamento dedicado à emissão de luz azul também já está disponível no mercado.

Além de Gabriely Simão e do Prof. Clóvis Wesley Oliveira de Souza, assinam esta pesquisa a Profª Rosane de Fátima Zanirato Lizarelli e a Drª Fernanda Mansano Carbinatto.

Os interessados em fazer parte desta pesquisa deverão contatar a UTF da SCMSC através do telefone (16) 3509-1351.

Para acessar o artigo científico relativo a esta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP