IFSC e Sociedade

12 de maio de 2025

Com participação do IFSC/USP – Cientistas brasileiros descobrem composto marinho promissor no combate à malária

(Créditos – “Tripura News Live”)

Estudos recentes revelam que alcaloides derivados de esponjas marinhas são eficazes contra cepas resistentes de malária em testes laboratoriais e com animais

Uma nova esperança no combate à malária pode ter surgido a partir das profundezas do oceano, já que um grupo de pesquisadores brasileiros identificou compostos naturais extraídos de esponjas marinhas com potente ação contra o Plasmodium, protozoário causador da malária. O estudo, publicado na revista “ACS Infectious Diseases”, destaca os alcaloides guanidínicos chamados batzeladinas F e L como candidatos promissores para o desenvolvimento de novos antimaláricos.

O trabalho publicado é resultado de uma colaboração entre cientistas de diferentes instituições brasileiras, que isolaram os compostos a partir da esponja Monanchora arbuscula, coletada no litoral do Brasil e faz parte do projeto temático coordenado pelo Prof. Roberto Berlinck, docente e pesquisador do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), no qual o pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Rafael Guido, é o pesquisador principal, sendo que ambos assinam a correspondência do artigo científico. No estudo agora publicado, os alcaloides mostraram-se eficazes não só contra cepas sensíveis, mas também contra variantes resistentes do Plasmodium falciparum — o mais letal entre os cinco tipos de parasitas que causam a doença em humanos.

Os compostos estudados apresentaram uma ação rápida e potente, com inibição do parasita em menos de vinte e quatro horas após a exposição. “Esse perfil de ação é comparável ao do artesunato, um dos medicamentos mais utilizados atualmente”, afirma a pesquisadora Giovana Rossi Mendes, primeira autora do estudo, tendo em consideração que, além disso, os compostos exibiram moderada toxicidade em células humanas (linha HepG2) e bons índices de seletividade, um parâmetro importante na avaliação de candidatos a fármacos.

As batzeladinas foram testadas em diferentes estágios do ciclo do parasita e mantiveram sua eficácia tanto em cepas sensíveis quanto em variantes resistentes a medicamentos, como cloroquina e artemisinina. Também foram eficazes contra isolados clínicos de P. falciparum e P. vivax, coletados na região amazônica brasileira, em testes ex vivo. Em modelo in vivo, utilizando camundongos infectados com Plasmodium berghei, o composto batzeladina F reduziu a parasitemia em até 94% e aumentou significativamente a taxa de sobrevivência dos animais.

A proteína PfENT1 e as perspectivas para novos tratamentos

Na busca por entender como os compostos agem no parasita, os cientistas realizaram simulações computacionais que sugerem que as batzeladinas podem atuar inibindo a proteína transportadora de nucleosídeos PfENT1 — essencial para a sobrevivência do Plasmodium. Essa hipótese pode explicar a rápida ação dos compostos e a ausência de resistência cruzada com os medicamentos atualmente disponíveis. Apesar dos resultados animadores, os autores alertam que ainda são necessárias mais pesquisas antes que os compostos possam ser usados em humanos, já que os achados indicam que os derivados de batzeladinas são candidatos promissores para programas de desenvolvimento de novos antimaláricos inspirados na natureza.

O pesquisador do IFSC/USP, Prof. DR. Rafael Guido,  sublinha o fato de o trabalho descrever uma extensa pesquisa que caracterizou uma nova classe de moléculas capaz de matar seletivamente o parasita causador da malária e que foram ativos contra as cepas resistentes também. “O problema de resistência é muito grave em doenças infecciosas, por isso quando uma molécula se mostra ativa em variantes resistentes, como foi neste caso, isso é sempre uma boa notícia. As moléculas foram ativas contra o parasita que causa a forma mais grave da doença (Plasmodium falciparum) e também contra o parasita que é o que causa o maior número de casos no Brasil (Plasmodium vivax)”, sublinha o pesquisador. A malária é um assunto que está sempre em destaque por causar a morte de muitas pessoas, principalmente crianças. Neste contexto, em 2007, a Assembleia Mundial da Saúde, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), instituiu o “Dia Mundial da Luta Contra a Malária” (World Malaria Day), celebrado todos os anos no dia 25 de abril.

Prof. Dr. Rafael Guido

O objetivo desse dia é:

* Destacar a necessidade de investimentos e compromisso político para prevenir e controlar a malária;

* Alertar para a malária, uma doença parasitária grave transmitida por mosquitos do tipo Anopheles;

* Enfatizar as barreiras para a equidade em saúde, a igualdade de gênero e os direitos humanos na resposta à malária;

* Promover medidas concretas para ultrapassar essas barreiras;

Recorde-se que a malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. Entre os cinco tipos que podem infectar humanos, o Plasmodium falciparum é o mais perigoso, responsável pela maioria das mortes. Os sintomas incluem febre alta, calafrios, dores no corpo e, em casos mais graves, pode levar à morte se não for tratada rapidamente.

Os tratamentos atuais envolvem combinações de medicamentos, como derivados da artemisinina, mas o surgimento de cepas resistentes tem se tornado uma preocupação crescente em todo o mundo, daí que a busca por novas alternativas terapêuticas se tornou uma urgência científica.

Com a resistência a esses tratamentos se expandindo globalmente, esta descoberta reacende o interesse na biodiversidade marinha como fonte de soluções terapêuticas e posiciona o Brasil como um dos protagonistas na corrida por novos medicamentos contra a malária.

Confira AQUI o artigo científico publicado.

Rui Sintra -Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de maio de 2025

Com participação do IFSC/USP – Novo material ajuda a limpar água contaminada por medicamentos

(Créditos – “European Pharmaceutical Review”)

Tecnologia promete tornar o tratamento de água mais eficiente e sustentável

Uma pesquisa conduzida por um grupo de pesquisadores da USP, que inclui o professor e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Renato Vitalino Gonçalves, resultou no desenvolvimento de um material inovador com potencial para remover, de forma mais eficiente, resíduos de medicamentos presentes na água — com destaque para o paracetamol, um dos analgésicos mais consumidos no mundo.

Os pesquisadores utilizaram um tipo de partículas com estrutura nanométrica, ou seja, extremamente pequenas – cerca de mil vezes mais finas que um fio de cabelo -, a partir de óxido de zinco (ZnO). Esse material já é conhecido por sua capacidade de degradar poluentes por meio da luz solar, num processo chamado fotocatálise.

Mas, o grande diferencial da pesquisa foi o uso de um truque inteligente: os cientistas adicionaram cloro ao material (o que chamam de “dopagem”) e depois aplicaram um processo chamado “lixiviação seletiva” — uma espécie de “lavagem controlada” da superfície dessas partículas, fazendo com que o cloro fosse removido da sua parte externa, já que poderia atrapalhar, mas que permanecesse dentro do material, ajudando a melhorar sua performance.

“Com essa técnica, conseguimos evitar que o cloro atrapalhe a ação do material e ainda aproveitamos os benefícios que ele pode trazer, como melhorar a passagem de eletricidade dentro das partículas”, explica o Prof. André Luiz da Silva, coordenador da pesquisa.

Essa melhoria interna faz com que as partículas consigam degradar o paracetamol com mais eficiência quando expostas à luz ultravioleta (UV). Isso significa que em um sistema de tratamento de água elas podem ajudar a eliminar esse tipo de poluente com mais rapidez e eficácia.

Prof. Renato Vitalino Gonçalves

Além disso, a pesquisa mostra que poder entender onde exatamente os elementos estão dentro das partículas (se na superfície ou no interior) pode fazer uma grande diferença no desempenho dos materiais. Não basta só colocar um ingrediente a mais no material, é preciso saber onde ele está e o que ele está fazendo ali.

A técnica desenvolvida na USP pode ser útil não só para remover paracetamol, mas também outros resíduos de medicamentos e poluentes que hoje estão presentes na água e são difíceis de eliminar pelos métodos convencionais.

O Prof. Renato Vitalino Gonçalves, do IFSC/USP, destaca a importância da técnica de espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios X (XPS) na caracterização do material desenvolvido na pesquisa. Segundo ele, a aplicação da XPS foi fundamental para identificar a presença de espécies de cloro (Cl) nas amostras dopadas intencionalmente, evidenciando que, após o processo de dopagem, foi possível detectar a formação de ZnCl2. “Essa observação confirma que o cloro foi efetivamente incorporado à estrutura do óxido de zinco (ZnO), substituindo átomos de oxigênio (O) por átomos de cloro (Cl)”, explica o professor. Ele ressalta, ainda, que a técnica de XPS tem sido uma ferramenta essencial na investigação de estruturas eletrônicas em uma ampla variedade de materiais. “A técnica tem se mostrado uma aliada valiosa na compreensão da composição e do comportamento eletrônico de sistemas complexos”, conclui o Prof. Renato.

Este trabalho foi publicado na revista científica internacional “ACS Applied Nano Materials” (VER AQUI) e contou com os apoios da FAPESP, CAPES, CNPq e do Centro de Inovação em Gás (RCGI).

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de maio de 2025

Novo estudo revela como fototerapia associada a bactérias pode potencializar a resposta imunológica contra o câncer de pele

(Créditos – “Freepick”)

Um estudo pioneiro em laboratório, realizado por um grupo de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e da Texas A&M University (EUA), combinando células tumorais do tipo melanoma, células do sistema imunológico e microrganismos, mostrou que a fotodinâmica é potencializada.

A ideia da pesquisa foi mostrar que se existirem agentes estimulando o sistema imunológico, pode-se eliminar o câncer ainda mais rapidamente ao se usar a técnica de fotodinâmica, fortemente avançada devido aos inúmeros trabalhos realizados no Brasil.

O experimento demonstrou que a combinação de luz, bactérias e células do sistema imune pode ser uma arma poderosa contra um dos mais agressivos tipos de câncer de pele – melanoma. O estudo foi testado em laboratório e comprovou como a terapia fotodinâmica (TFD) pode ser ainda mais eficaz no combate ao melanoma, quando associada a infecções bacterianas controladas.

A técnica de fototerapia dinâmica já é conhecida por utilizar substâncias sensíveis à luz (fotossensibilizadores) que, quando ativadas por luz em um comprimento específico produzem espécies reativas de oxigênio capazes de matar células doentes. Mas, os cientistas foram além: criaram um modelo celular que simula o microambiente tumoral, onde colocaram células de melanoma, macrófagos (um tipo de célula de defesa do organismo) e a bactéria Escherichia coli.

Ao introduzirem a bactéria no ambiente tumoral, os pesquisadores verificaram uma mudança drástica no comportamento dos macrófagos. Sob efeito da luz e do fotossensibilizador, as células de defesa passaram a “acordar”, intensificando sua capacidade de identificar e destruir as células cancerígenas.

A pesquisadora Barbara Detweiler, pós-doutora sob a supervisão do Prof. Vanderlei  Salvador Bagnato e autora principal do estudo, salienta no artigo científico que foi publicado sobre este tema que o mais surpreendente foi perceber que o sistema imune respondia melhor quando todos os componentes estavam juntos – macrófagos, bactéria e a luz ativando a fototerapia.

Outro ponto curioso do estudo foi a descoberta de que a ordem em que cada elemento é introduzido no sistema influencia diretamente os resultados. Quando os macrófagos eram expostos à luz antes da infecção bacteriana, a eficácia diminuía, enquanto que quando a exposição era simultânea, o efeito era potencializado.

Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP) / A&M Texas University

A explicação pode estar no fato de que a bactéria, ao ser atacada, libera substâncias químicas que servem como sinalizadores para o sistema imune agir de forma mais precisa. Esses sinais parecem ser mais efetivos quando são liberados no mesmo momento em que o sistema imune é ativado pela luz.

O ponto alto da pesquisa foi quando os cientistas reuniram os três elementos: melanoma, macrófagos e bactéria Escherichia coli. Nesse cenário, a fototerapia não só aumentou a toxicidade para as células cancerígenas, como também reduziu drasticamente sua sobrevivência, sendo que a resposta coordenada dos macrófagos foi essencial para esse resultado.

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, que atualmente também trabalha nos laboratórios da A&M Texas University, nos Estados Unidos, e que é coautor do estudo, o achado pode inspirar novas estratégias terapêuticas: “A complexidade do ambiente tumoral muitas vezes é ignorada em estudos simplificados e aqui mostramos que simular essa complexidade pode levar a tratamentos mais eficazes e, portanto, tornar os experimentos de laboratório um pouco mais próximos da realidade”, pontua o pesquisador.

Apesar de ter sido realizado in vitro, ou seja, fora de organismos vivos, o experimento relatado no artigo científico oferece uma base promissora para testes em modelos animais e, futuramente, em humanos. A ideia de usar bactérias inativadas ou modificadas para instigar o sistema imunológico e torná-lo mais eficiente contra o câncer é uma abordagem inovadora que resgata conceitos da imunoterapia do século XIX, agora combinados com alta tecnologia.

Em suma, os cientistas começam a entender melhor como manipular o microambiente tumoral para tornar os tratamentos mais potentes, sendo que “O futuro da terapia contra o câncer pode estar exatamente aí, ou seja, no uso inteligente de luz, bactérias e do próprio sistema imune”, conclui a autora do trabalho.

Segundo o Prof. Vanderlei Bagnato, experimentos com animais envolvendo este novo conceito já estão em elaboração no IFSC/USP e na A&M Texas University. “O sistema imunológico é uma arma poderosa no combate ao câncer e se pudermos realizar isto de forma natural e sem riscos para o paciente, será fantástico”  finaliza o pesquisador.

Confira AQUI o artigo científico relativo a este estudo, publicado na revista científica “Photodiagnosis and Photodynamic Therapy”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de abril de 2025

Lipedema – Chamada de pacientes voluntárias para novo tratamento desenvolvido no IFSC/USP

Pesquisador Matheus Henrique Camargo Antonio

O IFSC/USP inicia no próximo dia 05 de maio uma chamada para o tratamento experimental em pacientes portadoras de Lipedema. O estudo, que dá sequência a este tratamento experimental e inovador, visa melhorar a qualidade de vida das pacientes, investigando os benefícios da combinação entre compressão pneumática intermitente e fototerapia, buscando melhorar tanto os sintomas quanto a circulação periférica nos membros inferiores.

Para o fisioterapeuta e pesquisador do IFSC/USP, Matheus Henrique Camargo Antonio, autor do estudo, o tratamento consiste em, através de uma bota pneumática especial, exercer uma pressão nas pernas para melhorar a circulação e assim diminuir o inchaço, sendo aplicado, em simultâneo uma luz laser realizando a fotobiomodulação, sistema inserido na citada bota. “Serão realizadas dez sessões ao longo de cinco semanas em cada paciente, sendo que cada sessão durará cerca de trinta minutos”, sublinha o pesquisador.

Este estudo contará com a participação de vinte mulheres da cidade de São Carlos, com idades superiores a 18 anos e com diagnóstico clínico prévio de Lipedema. Serão excluídas do estudo mulheres com histórico de doenças cardiovasculares, tabagismo, uso de álcool ou com histórico oncológico. A expectativa é que a combinação dessas terapias proporcione alívio significativo para as portadoras da condição, oferecendo uma nova perspectiva de tratamento e melhoria na qualidade de vida.

O que é Lipedema

O Lipedema é uma condição crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, afetando principalmente as pernas, quadris e, em alguns casos, os braços.

Esse acúmulo ocorre de maneira desigual, resultando em um formato corporal anômalo, com aumento desproporcional das extremidades inferiores em relação à parte superior do corpo.

Embora a causa exata ainda não seja totalmente compreendida, o Lipedema tende a ocorrer em famílias, sugerindo uma predisposição genética, e geralmente se manifesta durante períodos de mudanças hormonais, como a puberdade, o parto ou a menopausa.

Os sintomas mais comuns incluem acúmulo de gordura nas áreas afetadas, dor e sensibilidade nas regiões impactadas, além de uma sensação de peso nas extremidades. Pessoas com Lipedema também têm maior propensão a desenvolver hematomas facilmente, mesmo após pequenos traumas. Em estágios avançados, a condição pode evoluir para linfedema, caracterizado pelo acúmulo de fluido linfático, o que resulta em distúrbios circulatórios.

As pacientes interessadas em fazer parte deste estudo, que se iniciará no dia 05 de maio, deverão obter todas informações e se inscrever na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, através do telefone (16) 3509-1351 em horário de expediente.

 

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de abril de 2025

Fibrose pulmonar – IFSC/USP faz chamada de pacientes voluntários para tratamento experimental

(Créditos – Apollo Hospitals – shutterstock)

Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) estão iniciando uma chamada de pacientes voluntários portadores de fibrose pulmonar para início de um novo tratamento à base de ultrassom com laser terapêutico, um método que se iniciou há alguns anos com os tratamentos das consequências da fibromialgia.

O que é fibrose pulmonar

A fibrose pulmonar é o resultado de um processo inflamatório crônico que leva à formação de tecido cicatricial (fibrose) nos pulmões. Esse tecido substitui o tecido saudável, tornando os pulmões menos elásticos e mais rígidos. Como resultado, a respiração se torna mais difícil porque os pulmões não conseguem se expandir e contrair como deveriam.

Diferente de infecções respiratórias comuns, a fibrose pulmonar não tem uma causa única e pode estar associada a vários fatores, como, por exemplo, doenças autoimunes, exposição a substâncias tóxicas em ambientes fechados, como poeira de sílica, amianto e mofo, infecções pulmonares de repetição, tabagismo, uso de certos medicamentos, como alguns quimioterápicos e antibióticos e ainda causas genéticas.

Os sintomas da doença são: falta de ar progressiva, que começa aos poucos e vai piorando com o tempo, tosse seca e persistente, fadiga constante e perda de peso e fraqueza, porque o corpo começa a gastar mais energia para compensar a baixa oxigenação.

Fisioterapeuta e pesquisadora do IFSC/USP – Vanessa Garcia

A fisioterapeuta e pesquisadora do IFSC/USP, Vanessa Garcia, que será a responsável pela realização deste novo tratamento, acompanhou ao longo do tempo a ação da utilização de um equipamento desenvolvido no Instituto de Física e que auxiliou – e muito – a tratar indivíduos com sequelas pós-COVID, com resultados muito bons na melhora de parâmetros respiratórios, funcionais, regularização do sono, regeneração tecidual, redução da inflamação e alívio da dor, tendo agora aberto uma oportunidade para testar o tratamento da fibrose pulmonar.

Como funciona o tratamento

Segundo Vanessa Garcia, este tratamento é completamente indolor e bastante fácil de aplicar. “Este tratamento experimental inclui uma avaliação da parte respiratória de cada paciente através de determinados exercícios físicos, seguindo-se a aplicação do tratamento com ultrassom e laser nas palmas das mãos”, explica a fisioterapeuta.

Esta é uma chamada destinada a um grupo de apenas vinte pacientes, sem restrição de idades e que não tenham histórico oncológico e de cirurgias recentes, compreenderá dez sessões, duas vezes por semana, com uma duração total de cinco semanas, sendo que cada sessão demorará uma hora.

Informações e inscrições para este tratamento poderão ser feitas através do telefone da Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos – (16) 3509-1351, sendo que os procedimentos serão realizados a partir do dia 22 de abril na Clínica de Fisioterapia instalada na UNICEP, em São Carlos.

Este estudo é supervisionado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, com coordenação do pesquisador do mesmo Instituto, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Jr..

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de abril de 2025

Radiculopatia lombar por hérnia discal – Novo equipamento permite um tratamento efetivo e rápido

Pesquisadores do IFSC/USP criaram um novo protocolo com base em um novo equipamento desenvolvido no Instituto para a reabilitação de pacientes com radiculopatia lombar por hérnia discal. A pesquisa foi elaborada através de dois estudos de caso de pacientes, publicado na revista científica “Journal of Novel Physioterapies”.

Para entender melhor

A anatomia da coluna vertebral é constituída por vértebras cervicais, toráxicas, lombares, sacrais e coccígeas, existindo entre essas vértebras discos intervertebrais que têm a função de estabilizar a coluna, absorvendo todo o tipo de impactos e proporcionando a sua mobilidade. Quando acontece uma degeneração discal devido a traumas, idade avançada, má postura, sedentarismo ou movimentos repetitivos, entre outros fatores, pode ocorrer um deslocamento do material que compõe esses discos intervertebrais, provocando uma compressão das estruturas nervosas na região afetada. Essa compressão pode ser leve, transmitindo uma sensação de dor radicular que sai da raiz nervosa e percorre todo o membro inferior afetado – uma dor crônica, uma espécie de “agulhada” forte. Por outro lado, a compressão pode provocar uma situação mais grave, apresentando, além da dor crônica, sintomas neurológicos adversos como perda da funcionalidade motora, fraqueza muscular e diminuição da sensibilidade e da massa muscular.

Pacientes com radiculopatia lombar por hérnia discal são predominantemente do sexo masculino e com idades entre os 45 e 65 anos, atendendo a que a compleição física masculina é maior do que a do sexo feminino – os homens têm mais massa muscular, utilizando-a com mais frequência que as mulheres, além de, por exemplo, serem, por isso, mais susceptíveis a traumas. Convencionalmente, a fisioterapia apresenta vários métodos que trabalham para eliminar a dor e as inflamações causadas por essa condição neurológica, para que os pacientes possam, posteriormente, realizar exercícios de fortalecimento, exercícios esses que podem se prolongar (dependendo de caso para caso) por entre 20 ou 30 sessões.

Novo equipamento apresenta protocolo inovador

O novo equipamento desenvolvido pelo IFSC/USP – já patenteado -, mas ainda em formato de protótipo, apresenta de forma inovadora dois recursos fisioterápicos que visam substituir os métodos tradicionais – a estimulação elétrica funcional e o laser de baixa potência. A estimulação elétrica funcional é um recurso com base em correntes elétricas que ativam os músculos paralisados ou enfraquecidos, promovendo dessa forma o restabelecimento do movimento funcional, ou seja, recupera a parte motora e elimina a atrofia muscular, através de dois eletrodos que são posicionados nos pontos motores – onde existe a conexão entre o nervo e o músculo. Entre os eletrodos existe um dispositivo contendo quatro lasers que são organizados de forma alternada. Essa combinação acelera todo o processo de tratamento, já que ela é posicionada em todo o trajeto do nervo.

Pacientes recuperam condição física em menos de dez sessões

Fisioterapeuta, pesquisadora do IFSC/USP e primeira autora do artigo científico, Drª Ana Carolina Negrais Canelada

Com este novo equipamento, os pesquisadores do IFSC/USP avaliaram uma paciente do sexo feminino (29 anos) com diagnóstico de hérnia discal (radiculopatia) em L-5/S-1, conforme explica a Fisioterapeuta, pesquisadora do IFSC/USP e a primeira autora do artigo científico, Drª Ana Carolina Negrais Canelada. “Além de uma dor crônica manifestada pela paciente, ela apresentava um déficit motor, uma fraqueza muscular. Não conseguia fletir o quadril nem estender o joelho, o que provocava uma marcha arrastada. Durante longo tempo se submeteu a diversos processos, sem resultados positivos que dessem esperança de poder concluir sua formação em medicina. Fizemos dez sessões de trinta minutos cada, duas vezes por semana, e acompanhamos a paciente com mecanismos avaliativos destinados a nos dar a evolução do seu estado físico. Não foram precisas dez sessões do tratamento, pois muito antes desse prazo a paciente recuperou a sua qualidade de vida com uma substancial diminuição da dor crônica e a eliminação das limitações motoras”, comemora a pesquisadora, acrescentando que a paciente conseguiu concluir sua formação. “A partir de agora ela está apta a iniciar o processo de fortalecimento muscular para proteção das vértebras”, pontua Ana Carolina Canelada.

Um outro paciente apresentava somente dor (radicular) no membro superior direito, atingindo toda a extensão do braço, mas sem déficit sensitivo e motor. Nesse sentido, Ana Carolina Canelada utilizou, com o mesmo equipamento, uma outra corrente elétrica para estimular as fibras nervosas apenas para eliminar a dor, como explica a pesquisadora. “Usei esse estímulo juntamente com o laser, sendo que o objetivo foi acelerar a recuperação do paciente, algo que acabou por surgir mesmo antes das dez sessões programadas para esse tratamento. Ao final da quinta sessão, o paciente apresentou uma melhora substancial na dor, tendo voltado às suas atividades diárias, sendo necessário, contudo, cumprir um calendário para que ele realize séries de exercícios de fortalecimento”, conclui a pesquisadora.

Acesse AQUI o artigo científico relativo à primeira paciente (estudo de caso) e o artigo do segundo paciente (estudo de caso) AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

14 de abril de 2025

Verrugas genitais do HPV – Novo tratamento reduz recorrências e melhora a recuperação

(Créditos – “Sexual Health and Family Planning ACT”)

A pesquisa, realizada por cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Católica do Chile (PUC-Chile), Universidade A&M Texas (EUA) e do Departamento de Bioengenharia (USP), demonstrou que um novo protocolo de tratamento pode oferecer maior eficácia, menos sessões de tratamento e menor risco de recorrência das lesões, trazendo benefícios tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde.

O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos. Embora muitas infecções sejam assintomáticas e eliminadas pelo organismo, algumas variantes do vírus podem causar lesões em pele e mucosas, incluindo as verrugas genitais. Essas lesões, além do impacto físico, podem afetar a autoestima, causar desconforto e gerar preocupações emocionais nos pacientes.

Atualmente, um dos tratamentos mais usados para remover essas verrugas é a aplicação de ácido tricloroacético (TAA), que destrói o tecido infectado. No entanto, esse método pode exigir várias sessões e tem uma alta taxa de recorrência, pois não trata lesões invisíveis a olho nu.

Mais eficiência e menos recorrências

Pesquisadora Drª Mirian Stringasci

Para buscar uma alternativa mais eficaz, os pesquisadores compararam dois tipos de tratamento: o tratamento tradicional, com aplicação de ácido tricloroacético (TAA) a 80%, recomendado  pelo Ministério da Saúde, e o novo tratamento, com a remoção das lesões com um bisturi de alta precisão (bisturi ultrassônico) seguida por uma terapia à base de luz (terapia fotodinâmica – TFD) que tem a capacidade de destruir também as células infectadas não visíveis.

O estudo acompanhou trinta e seis pacientes e os resultados foram claros. Cem por cento dos pacientes tratados com o novo método não teve recorrência após dezoito meses de acompanhamento, comparativamente ao tratamento convencional onde trinta e três por cento dos pacientes voltaram a apresentar lesões no mesmo período. O novo tratamento também exigiu menos sessões, reduzindo o tempo de tratamento. Além da eficácia, o novo protocolo proporcionou uma recuperação estética superior, deixando menos marcas visíveis, podendo ser um fator importante para o bem-estar emocional e psicológico dos pacientes.

Este novo tratamento pode transformar a maneira como os pesquisadores lidam com o HPV e suas complicações, oferecendo mais segurança, menos tempo de tratamento e um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.

Para a autora principal do estudo, a pesquisadora do IFSC/USP, Drª Mirian Stringasci “Tratamentos tópicos de condiloma, como aplicação de ácido, muitas vezes demandam múltiplas sessões, o que aumenta o constrangimento do paciente e as chances de abandono do tratamento, além de honorar o sistema público de saúde. O desenvolvimento de tratamentos como este pode beneficiar ambos”.

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Cancer Prevention and Research Institute of Texas (CPRIT-USA).

Confira, AQUI, o artigo publicado no “Journal of Medical Virology”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

10 de abril de 2025

Úlceras venosas – IFSC/USP inicia tratamentos após resultados de pesquisa

(Créditos – “Melbourne Varicose Vein”)

Após pesquisas e estudos realizados por seus pesquisadores, o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) iniciou já um novo processo de tratamento de pacientes portadores de úlceras venosas – também conhecidas como úlceras varicosas.

A úlcera venosa é caracterizada por uma ferida na perna, próxima ao tornozelo, que ocorre devido à dificuldade do retorno do sangue das pernas ao coração. É o estágio mais avançado e grave de uma condição chamada “Insuficiência Venosa Crônica”. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, são múltiplos os fatores que contribuem para seu aparecimento, incluindo varizes, obesidade, trombose venosa profunda e falha da bomba muscular da panturrilha, por exemplo. Aproximadamente 1% da população apresenta úlcera venosa.

Pesquisadora do IFSC/USP Carolaine Bernardo

Habitualmente, a úlcera venosa é precedida por alterações da pele, nessa mesma região, como escurecimento da perna, inflamação da pele e endurecimento/atrofia da pele da perna. Em geral é pouco dolorosa, mas pode demorar para cicatrizar ou aumentar de diâmetro e/ou profundidade se não for adequadamente tratada. Além do impacto social e na qualidade de vida das pessoas, outras complicações podem ocorrer, como uma infecção da úlcera, que se manifesta com dor, mau cheiro, aumento da quantidade de secreção e vermelhidão ao redor da ferida.

O tratamento desenvolvido pela equipe de pesquisadores do IFSC/USP poderá ser uma alternativa aos processos cirúrgicos atualmente existentes, consistindo num procedimento que utiliza luz laser com uma determinada frequência, incidindo diretamente na área da lesão ao longo de várias sessões.

A enfermeira e pesquisadora do IFSC/USP, Carolaine Bernardo, é a profissional que está assumindo os procedimentos do novo protocolo, sob a supervisão dos pesquisadores Dr. Eduardo de Aquino Junior e Fernanda Mansano Carbinatto, também do IFSC/USP, na sequência de uma pesquisa realizada por ela e descrita em um artigo científico onde aparece como primeira autora na revista internacional “Journal of Palliative Care & Medicine”. “O artigo publicado relata o meu trabalho realizado com um paciente que apresentava uma úlcera aberta desde há dez anos e que não cicatrizou ao longo desse tempo.  Com este novo tratamento com laser, aplicado duas vezes por semana, a ferida fechou em nove meses”, informa a pesquisadora. Segundo ela, o paciente possuía muitas comorbidades – diabetes, problemas de retorno venoso e de insuficiência venosa, vítima de infarto por duas vezes, e com amputação de quatro dedos no mesmo pé, algo que contribuiu para o início deste processo do IFSC/USP.

Confira AQUI o artigo científico publicado na  revista internacional “Journal of Palliative Care & Medicine”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de abril de 2025

Inovação – Novo gerador de energia feito com niobato de lítio (LiNbO3) promete benefícios para o dia a dia

(ISTOCK)

Futuro mais sustentável

Imagine carregar o celular apenas caminhando ou usar roupas que geram eletricidade sozinhas. Isso pode estar mais perto da realidade do que se imagina. Pesquisadores desenvolveram um novo tipo de gerador de energia capaz de transformar os movimentos do dia a dia em eletricidade. Esse avanço pode ajudar a reduzir a dependência de baterias e oferecer alternativas mais sustentáveis para alimentar pequenos aparelhos eletrônicos.

O estudo, publicado na revista “Crystal Growth & Design”, foi conduzido por cientistas brasileiros da Universidade Federal do Ceará e do IFSC/USP, juntamente com colegas do MIT (EUA) e do Instituto Tecnológico de Monterrey (México). A equipe utilizou uma fibra especial feita de niobato de lítio (LiNbO3), um material altamente eficiente na conversão de movimentos humanos em eletricidade. Nos testes, o gerador foi capaz de produzir energia elétrica suficiente para alimentar sensores e pequenos dispositivos sem precisar de fonte externa.

Prof. Antonio Carlos Hernandes

Com essa tecnologia, no futuro, será possível desenvolver roupas que carregam celulares enquanto a pessoa caminha, tênis que alimentam sensores de saúde, e até implantes médicos que funcionam sem necessidade de recarga frequente. Além disso, o novo material não contém substâncias prejudiciais ao meio ambiente, tornando-o uma opção sustentável e ecológica. Outro grande benefício é a sua durabilidade e eficiência, que minimiza o desperdício de energia e permite a produção em larga escala. Essa inovação tem o potencial de transformar a maneira como utilizamos a eletricidade em nosso dia a dia, tornando-a mais acessível e sustentável.

O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Antonio Carlos Hernandes, um dos autores desse estudo, explica qual foi a sua contribuição para a pesquisa. “A fabricação das fibras de LiNbO3 foi feita aqui em São Carlos em um equipamento especial que utiliza um laser de alta potência, capaz de atingir temperaturas de até 2.500OC. O pós-doutorando Sérgio Marcondes, que atua em nosso Laboratório, definiu a melhor metodologia para obter fibras com a qualidade desejada”, sublinha.

A pesquisa contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Os próximos passos incluem aprimorar ainda mais o gerador e buscar maneiras de integrá-lo a produtos do cotidiano.

Confira AQUI o artigo científico relativo a esta pesquisa.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de março de 2025

IFSC/USP desenvolve sensor flexível para monitoramento da qualidade do ar em tempo real

Um novo avanço tecnológico, promissor, acaba de ser desenvolvido por pesquisadores do IFSC/USP e da Universitat Rovira i Virgili, na Espanha. Trata-se de um sensor flexível, inovador, capaz de detectar poluentes atmosféricos, especialmente o dióxido de nitrogênio (NO2), um dos principais responsáveis pela poluição urbana. A tecnologia, que combina materiais de ultima geração, permite um monitoramento preciso e contínuo da qualidade do ar.

Principais benefícios

Dentre os principais benefícios apresentados por este novo sensor, podem-se destacar a sua alta sensibilidade, sendo capaz de detectar NO2 abaixo do limite de segurança imposto pela OMS (1 ppm), sua eficiência energética e baixo custo. Além disso, o sensor é fabricado em substrato de PET e com materiais que não apresentam toxidade, podendo ser reciclado. O novo sensor apresenta-se portátil e bastante versátil, podendo ser incorporado em roupas e acessórios para monitoramento em tempo real da qualidade do ar, ajudando a prevenir a exposição a gases tóxicos em áreas urbanas e industriais que liberam grande concentração de poluentes tóxicos.

O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Valmor Roberto Mastelaro é um dos autores do artigo científico publicado na revista científica “Materials Science in Semiconductor Processing”, que dá a conhecer esta inovação, e sobre a pesquisa que foi feita para o desenvolvimento deste novo sensor ele comenta: ­“Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado da aluna Amanda Akemy Komorizono e foi realizado em colaboração com o Prof. Eduard Llobet, da Universitat Rovira i Virgili, da Espanha, cujo destaque vai para o desenvolvimento de um sensor flexível de baixo custo capaz de detectar concentrações de NO2 abaixo do limite recomendado pela OMS”, pontua o pesquisador.

No que concerne às dificuldades encontradas para concluir esta pesquisa, a pesquisadora Drª Amanda Akemy Komorizono ressalta que “a principal dificuldade foi conseguir uma composição de rGO/ZnO que operasse a temperatura ambiente e ao mesmo tempo tivesse uma boa sensibilidade. O rGO é conhecimento por operar a baixas temperaturas, no entanto apresenta uma baixa resposta. Já os semicondutores de óxidos metálicos, como o ZnO, exibem excelente resposta, mas operando em temperada elevada (> 200 °C). Neste trabalho, estudamos composições que obtivessem os melhores resultados através da formação do compósito de rGO/ZnO. Além disso, por se tratar de um sensor flexível, também tivemos que tomar cuidado na escolha dos materiais para fabricar os eletrodos e na aderência do rGO/ZnO a esse eletrodo, para que o sensor não fosse danificado quando estivesse flexionado. A importância deste trabalho é o desenvolvimento de um sensor de gás de baixo custo, operando sem a necessidade de um aquecedor e que possa ser acoplado em roupas e acessórios para o monitoramento, em tempo real, do ar atmosférico”, conclui a pesquisadora.

Além do Prof. Valmor Mastelaro e da pesquisadora Amanda Akemy Komorizono, assinam este artigo científico os pesquisadores, Ramon Resende Leite, Silvia De la Flor e Eduard Llobet.

Este projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e colaboração internacional.

Para conferir o artigo científico, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de março de 2025

SARS-Cov-02 – Aprendizado de máquina e microscopia óptica possibilitam desenvolvimento de imunossensores ultra-sensíveis

Pesquisador Dr. Pedro Ramon Almeida Oiticica

IFSC/USP avança na detecção do SARS-CoV-2

Pesquisadores do IFSC/USP, em colaboração com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Embrapa Instrumentação, desenvolveram uma plataforma inovadora para diagnóstico, que combina aprendizado de máquina e microscopia óptica para detectar o SARS-CoV-2 em concentrações extremamente baixas. O estudo, publicado na revista científica “ACS Sensors”, apresenta uma nova técnica de imunossensoriamento que supera os métodos convencionais em sensibilidade e especificidade, abrindo caminho para um diagnóstico mais acessível e rápido.

A pesquisa, liderada pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Jr. e sua equipe, demonstra que essa nova plataforma para diagnóstico pode identificar a presença do SARS-CoV-2 em concentrações tão baixas quanto 1 unidade formadora de placa por mililitro (PFU/mL). Essa capacidade de detecção é mil vezes mais sensível do que os sensores baseados em ressonância de plásmons localizada (LSPR) convencionais, usando a mesma tecnologia de imunossensoriamento.

Revolucionando a detecção de vírus com imagens impulsionadas por IA

Os biossensores tradicionais dependem de técnicas de medidas, que requerem equipamentos nem sempre à disposição em ambientes clínicos ou em prontos atendimentos primários. Ao aproveitar a microscopia óptica e a IA, a nova abordagem oferece uma alternativa de baixo custo com muito mais sensibilidade.

A plataforma utiliza uma rede neural convolucional (CNN –  “Convolutional Neural Networks”) conhecida como MobileNetV3_Small, juntamente com um classificador baseado no algorítmo Máquinas de Vetores de Suporte (SVM – “Support Vector Machines”), atingindo uma precisão de 91,6% e uma especificidade de 96,9% na distinção de amostras negativas. Além disso, na classificação binária, onde apenas resultados positivos e negativos foram considerados, o modelo alcançou uma impressionante precisão de 96,5%, destacando sua robustez como ferramenta diagnóstica.

Como a Tecnologia Funciona

O imunossensor é baseado em substratos de vidro com nano-ilhas de ouro (AuNI) funcionalizados com anticorpos e que visam a proteína Spike S1 do SARS-CoV-2. Quando expostos a amostras contendo o vírus, esses sensores sofrem mudanças texturais sutis, observáveis por microscopia óptica. Algoritmos de IA analisam então as imagens, detectando padrões indicativos da presença viral com precisão extraordinária.

Uma descoberta fundamental do estudo é que a textura da imagem – em vez da cor – desempenha um papel essencial na detecção do vírus. Isso sugere que o método pode ser aplicado a outras plataformas de biossensores baseadas em mecanismos de detecção por adsorção.

Implicações para diagnósticos futuros

A capacidade de detectar concentrações ultrabaixas de SARS-CoV-2 abre possibilidades para a triagem de infecções em estágio inicial e monitoramento em tempo real em ambientes clínicos e comunitários. Comparado a testes de antígeno tradicionais que possuem limites de detecção mais altos, esta nova técnica alcança uma sensibilidade comparável ao RT-PCR, o padrão ouro para diagnósticos virais.

Além disso, os pesquisadores enfatizam que a abordagem pode ser adaptada para a detecção de outros patógenos virais e biomarcadores, tornando-se uma ferramenta versátil para futuras aplicações em biossensores. Estudos em andamento exploram sua implementação com microscópios de menor ampliação e até câmeras de smartphones, o que poderá aumentar ainda mais sua acessibilidade.

Expansão da tecnologia além da COVID-19

A integração do aprendizado de máquina com a microscopia óptica oferece um caminho promissor para o desenvolvimento de dispositivos diagnósticos portáteis e de baixo custo. A equipe de pesquisa demonstrou que a plataforma pode ser implantada com recursos computacionais mínimos, tornando-a viável para uso em ambientes com recursos limitados. O modelo MobileNetV3_Small, por exemplo, processa imagens em apenas 0,18 segundos, permitindo detecção em tempo real.

Além disso, a capacidade da plataforma de diferenciar entre diferentes concentrações de partículas virais pode ser crucial para a detecção precoce, mesmo em indivíduos assintomáticos. Essa funcionalidade é essencial para o controle de doenças infecciosas e para mitigar surtos antes que eles se tornem pandêmicos.

Os pesquisadores também destacam a possibilidade de adaptação da metodologia para detectar outros patógenos, como influenza, vírus sincicial respiratório (RSV) e novas ameaças virais emergentes. Modificando a funcionalização dos substratos plasmônicos, o imunossensor pode ser ajustado para detectar biomarcadores específicos associados a diversas doenças.

Perspectivas futuras

Embora o estudo atual tenha se concentrado em microscopia óptica de alta ampliação (400X), pesquisas em andamento buscam explorar técnicas de imagem de menor ampliação, incluindo o uso de câmeras de smartphones para aplicações nos pontos de atendimento. Esse desenvolvimento pode ampliar ainda mais a acessibilidade e a relação custo-benefício, expandindo o alcance dos diagnósticos avançados além dos laboratórios especializados.

A equipe de pesquisa também está investigando arquiteturas de aprendizado profundo que possam otimizar ainda mais o desempenho da classificação. Além disso, estão sendo feitos esforços para integrar abordagens de aprendizado de máquina, combinando múltiplas técnicas de extração de características para aprimorar a robustez da detecção viral.

O pesquisador do IFSC/USP, Dr. Pedro Ramon Almeida Oiticica, primeiro autor do artigo científico, comenta esta pesquisa da seguinte forma: “Este novo estudo representa um passo significativo na democratização dos diagnósticos avançados por meio da integração de IA e microscopia e o nosso trabalho só foi possível graças ao apoio das agências de fomento à pesquisa: FAPESP, CAPES e CNPq. Acreditamos que políticas sólidas de apoio à ciência e tecnologia são fundamentais para que nosso país se desenvolva mais rapidamente, gerando um grande retorno para a sociedade. Temos muita satisfação em aproveitar esses recursos para desenvolver pesquisas que contribuam para a sociedade, promovendo o bem-estar e o fortalecimento científico do país. Continuaremos trabalhando para desenvolver soluções inovadoras e acessíveis na área de sensores, aplicadas em diversas frentes da biotecnologia e do diagnóstico”, finaliza o pesquisador

Além de Pedro R. A. Oiticica, este estudo pioneiro foi conduzido por uma equipe multidisciplinar composta por: Monara Angelim, Juliana Soares, Andrey Soares, José Proença-Módena, Odemir Bruno e Osvaldo Novais de Oliveira Jr.

Acesse AQUI o artigo científico.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de março de 2025

Pesquisadores do IFSC/USP revelam como a resistência a antibióticos carbapenêmicos se espalha em hospital brasileiro

(Créditos – “First Post”)

Estudo liderado por pesquisadores do IFSC/USP alerta para nova ameaça à saúde pública.

Um estudo inovador liderado por pesquisadores do IFSC/USP, em parceria com o University Medical Center Utrecht (Holanda) e o Hospital Risoleta Tolentino Neves (MG), revelou que um tipo de material genético, chamado plasmídeo IncQ1, está ajudando a espalhar genes que resistem a antibióticos em um hospital brasileiro.

Publicado na prestigiada revista científica Microorganisms, o estudo alerta para o risco crescente desse fenômeno invadir e permanecer no ambiente hospitalar, o que pode dificultar o tratamento de infecções.

Os antibióticos carbapenêmicos são considerados uma das últimas opções para tratar infecções graves, mas, no entanto, muitas bactérias desenvolveram um mecanismo de defesa contra eles, chamado KPC, que torna esses antibióticos ineficazes. O estudo analisou 49 amostras de bactérias coletadas entre 2009 e 2016 em um hospital de Belo Horizonte e descobriu que 67% delas possuíam o gene blaKPC, responsável por essa resistência. Dessas, 85% tinham o gene armazenado em uma configuração genética denominada NTEKPC-IId diferente das normalmente encontradas no país, um pequeno pedaço de DNA que pode ser

Esquema do plasmídeo IncQ1 que carrega o elemento genético NTEKPC-IId, que se espalhou pelas bactérias do hospital

transferido facilmente entre diferentes bactérias. O grupo identificou, também, que essa configuração genética estava sendo carreada entre as diferentes bactérias do hospital através de um elemento genético conhecido como plasmídeo IncQ1.

Os pesquisadores descobriram que esse material genético pode passar de uma bactéria para outra, atingindo espécies como Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli e Enterobacter spp., sem prejudicar a sobrevivência das bactérias, significando que a resistência pode se espalhar rapidamente entre microrganismos diferentes dentro do hospital.

Uma das descobertas mais preocupantes foi a identificação de uma bactéria da espécie Enterobacter cloacae, que possuía 8 plasmídeos diferentes, sendo que quatro deles carregavam um total de 24 genes de resistência a antibióticos de diferentes classes. Além do gene de resistência ao carbapenêmico nesta bactéria, os pesquisadores ressaltam outro gene chamado mcr-9, que confere resistência à colistina – um antibiótico usado como última alternativa para tratar infecções graves. A combinação desses vinte e quatro genes de resistência dificulta ainda mais o tratamento, tornando algumas infecções praticamente intratáveis.

Os pesquisadores destacam a importância de monitorar e entender como essas bactérias resistentes se espalham para desenvolver estratégias eficazes de combate. “A presença desses plasmídeos móveis e sua capacidade de transmissão entre diferentes espécies representam um grande desafio para o controle da resistência aos antibióticos”, afirma a Profª Dra. Ilana Camargo, do Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Moleculares – LEMiMo – do IFSC/USP e coordenadora do estudo, que acrescenta: “Quando falamos sobre a disseminação da resistência antimicrobiana (RAM), pensamos na disseminação de uma espécie de bactéria resistente por toda a enfermaria do hospital ou UTI. No entanto, esta não é a única maneira pela qual a RAM se espalha”, explica a pesquisadora.

Profª Dra. Ilana Camargo

Neste estudo, conduzido pela Dra. Camila Boralli durante o seu Doutorado junto ao LEMiMo (ISFC-USP), ela mostrou que elementos genéticos móveis podem se esconder em várias espécies de bactérias e dificultar a percepção de que há uma disseminação. “A Dra. Boralli queria estudar diferentes ambientes genéticos carregando o gene blaKPC em bactérias gram-negativas de um hospital em Belo Horizonte. O hospital forneceu bactérias resistentes a carbapenêmicos de 2009 a 2016, e Camila as rastreou para a presença do gene KPC, a presença de Tn4401 e clonalidade. Ela investigou apenas diferentes clones carregando NTEKPC e, para nossa surpresa, havia apenas o tipo NTEKPC-IId naquele hospital. Além disso, esse elemento estava em plasmídeos do tipo IncQ1, mostrando disseminação multiespécies. Embora ela também tenha investigado a capacidade de replicação e conjugação desses plasmídeos em diferentes espécies – cientistas, vale a pena conferir! -, a primeira mensagem que precisamos que você se lembre é que a disseminação de RAM também significa disseminação de genes. Você pode não ter apenas uma espécie se espalhando, mas um plasmídeo escondido e conjugando-se a diferentes espécies bacterianas. Neste caso, plasmídeos do tipo IncQ1 carregando NTEKPC-IId foram encontrados em várias bactérias, incluindo as linhagens clonais de alto risco K. pneumoniae ST11 e ST147”, finaliza a pesquisadora.

Este estudo contou com os financiamentos da CAPES e CNPq.

Para conferir o artigo científico, clique AQUI.

(Créditos da imagem na Home – “Global Press Journal”)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de março de 2025

IFSC/USP auxilia UFES e convida dermatologistas – Redes neurais e imagens de fluorescência no rastreio e diagnóstico do câncer de pele

Espírito Santo (ES) é o Estado brasileiro que apresenta uma incidência considerável de câncer de pele, isso porque uma parte significativa da população é constituída por imigrantes oriundos da Europa, principalmente alemães e pomeranos – povo de origem alemã que migrou para o Brasil no século XIX e descendentes de famílias que viviam na antiga Pomerânia, uma região que se estendia do norte da Polônia até a Alemanha -, e cujas características físicas destacam pele muito clara, por isso vulnerável aos raios solares.

Devido a isso, desde a década de 80 o Programa de Assistência Dermatológica e Cirúrgica (PAD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) está realizando mutirões em muitas regiões do Estado -principalmente no interior – com a introdução de tratamentos através de técnicas convencionais. Contudo, embora essas ações sejam extremamente importantes, o certo é que se torna fundamental realizar inicialmente um diagnóstico com o intuito de saber se as lesões na pele das pessoas atendidas são benignas ou malignas, algo que, nesse caso, se torna complicado fazer nesses mesmos mutirões, já que a forma mais tradicional de diagnóstico desses casos é através da realização de’ biópsias.

Com o advento e consequente aprimoramento da Inteligência Artificial (IA) os médicos que colaboram nesses plantões lançaram a ideia de criar um banco de imagens que pudesse auxiliar no diagnóstico de cada paciente. Contatado para essa finalidade, coube ao Prof. Renato Krohling, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a missão de desenvolver um aplicativo que pudesse albergar um banco de dados (imagens), treiná-lo e validá-lo. Resumidamente, bastaria bater uma foto da lesão através do celular e carregá-la no algoritmo do banco de dados, para saber se essa lesão era benigna ou maligna. Esse banco de dados foi muito bem elaborado, já que, junto com a foto, aparecem várias outras informações, como a localização da lesão, a identificação do paciente e o seu fototipo, idade, etc.. Contudo, embora o desempenho desse algoritmo se tenha mostrado eficaz, o certo é que o seu desempenho não conseguiu atingir um diagnóstico preciso, como o que é obtido por um especialista em dermatologia.

A colaboração do IFSC/USP com imagens de fluorescência

Para melhorar substancialmente o banco de dados, o Prof. Renato. Krohling pediu ajuda aos pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), atendendo a que esse grupo trabalha desde há muito tempo com a técnica de fluorescência, sendo que a partir daí se poderia criar um outro banco de imagens, desta vez de fluorescência, e que atualmente está ajudando – e muito – os médicos que participam nesse mutirão, já que dessa forma os diagnósticos se apresentam muito mais precisos.

Um trabalho publicado recentemente na revista científica “Photodiagnosis and Photodynamic Therapy” mostra que imagens de fluorescência, obtidas com um smartphone conseguem trazer um ganho substancial em termos de precisão no diagnóstico de câncer de pele em cerca de 5%, conforme salienta o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Sebastião Pratavieira. “Ainda não chega a 100%, mas se formos comparar com os métodos atuais de processamento de imagem, isso está no que chamamos de “estado da arte” e é um método realmente que tem futuro. O que precisamos agora é aumentar esse banco de dados, de imagens, tanto de fluorescência quanto de luz branca. Consideramos que há potencial, visto que os algoritmos de IA estão se tornando mais avançados. Então, a ideia é poder ter uma imagem de luz branca e outra de fluorescência, e agregar esses dados que, certamente, irão chegar a um resultado cada vez melhor. Se efetivarmos isso em situações similares aquela que está ocorrendo no Estado do Espírito Santo, onde principalmente no interior do Estado existe um conjunto grande de populações sem que exista um médico dermatologista experiente a todo momento, isso é relevante pois dá um auxílio enorme no diagnóstico”, sublinha o pesquisador.

O convite à participação de dermatologistas

Contudo, outra finalidade – talvez uma das mais importantes – é motivar os dermatologistas interessados em contribuir com esse banco de imagens para que se dê um apoio eficaz a um maior número de populações atingidas pelo câncer de pele, até porque o IFSC/USP disponibilizará o equipamento de fluorescência (Lince) já existente comercialmente. “Vamos obter fotos de luz branca, de fluorescência, porque o primeiro passo é aumentar esse banco de dados. E, depois, a outra questão é a parte matemática em si, já que ao existir esse banco de dados podem-se testar novas ideias de algoritmos que, por si só, podem aumentar a porcentagem de sucesso no diagnóstico desse tipo de câncer”, finaliza o pesquisador.

O citado banco de dados é aberto ao público e pode ser acessado no artigo científico publicado na “Photodiagnosis and Photodynamic Therapy” (VER AQUI).

Confira AQUI a matéria publicada pela TV Espírito Santo sobre os mutirões acima citados.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação -IFSC/USP

25 de fevereiro de 2025

Combate à contaminação de vegetais frescos através de radiação UVC – Pesquisador do IFSC/USP desenvolve reator que inativa microrganismos

O sistema circulante para analisar a descontaminação (Neste caso – brócolis) possui um reator de luz UV anular. (1) Tanque para realizar a lixiviação da matéria vegetal; (2) drenagem para repor água; (3) bomba para recircular água; (4) reator divergente de UV. A concentração de microrganismos foi determinada pela contagem de unidades formadoras de colônias (UFCs) por volume (500 mL). Em seguida, UFC/mL foi transformado logaritmicamente para analisar os resultados. Foi realizada a análise descritiva e entendida a distribuição dos dados.

Um estudo desenvolvido pelo pesquisador do IFSC/USP, Dr. Bruno Pereira, tendo em vistas a descontaminação e desinfecção total de produtos alimentares frescos nas linhas de produção – vegetais e similares -, levou ao desenvolvimento de um reator que, através de irradiação UVC, oferece uma alternativa viável sem que sejam utilizados produtos químicos e que, comprovadamente, se mostrou eficaz contra um amplo espectro de microrganismos.

Para entender melhor

A crescente preocupação mundial com o crescimento populacional leva à necessidade urgente para a produção adequada de alimentos e sua distribuição equitativa. Assim, à medida que a população mundial cresce, a demanda por alimentos processados ​​aumenta, pressionando as indústrias a aumentar a produção e, inclusive, a priorizar a segurança dos consumidores, sendo que a contaminação de alimentos ainda é uma ameaça para o setor de manufatura. Ao longo dos anos, especialistas de várias áreas de pesquisa  desenvolveram protocolos, documentação e procedimentos para monitorar meticulosamente as contaminações que surjem ao longo do ciclo de produção de vegetais frescos, especialmente na lavagem final desses produtos, tendo especial atenção ao controle microbiológico, pelo que agências reguladoras, como a ANVISA (Brasil) e a FDA (EUA), desempenham um papel crucial na garantia da segurança alimentar.

Um aspecto crítico da segurança alimentar é o controle microbiológico. O protocolo Clean-In-Place (CIP), utilizando agentes sanitizantes, como hipoclorito, ácido peracético e hidróxido de sódio, ajuda a controlar o crescimento microbiano, contudo o uso dessas e de outras soluções químicas como suporte à produção de vegetais frescos levanta preocupações sobre impactos ambientais e potenciais riscos à saúde. Inserido em uma nova abordagem dessas questões, na busca pelo desenvolvimento de novas tecnologias e formulações, este estudo do pesquisador do IFSC/USP visa introduzir, através da aplicação de UVC, uma técnica que pode aprimorar o processo de fabricação, garantindo ao mesmo tempo um controle rigoroso na área da contaminação.

Um estudo iniciado em 2019

Dr. Bruno Pereira

Este estudo começou bem no início do doutorado do pesquisador Bruno Pereira – 2019 – com o foco de buscar uma interação entre a engenharia de alimentos e a ótica, tendo surgido, então, a oportunidade do pesquisador realizar uma visita técnica a uma produtora de vegetais congelados, no México, produtos esses destinados à exportação para os Estados Unidos e Europa. “Essa produtora tinha um sério problema, já que utilizavam grandes quantidades de agentes químicos na lavagem dos produtos com a finalidade de diminuir a carga microbiológica, gerando problemas ambientais, o que levou os Estados Unidos e a Europa a bloquearem a importação dos produtos dessa empresa”, explica Bruno Pereira. Foi a partir dessa constatação que o pesquisador do IFSC/USP enxergou a possibilidade de aplicar a radiação UVC para a descontaminação dos produtos. O pesquisador sabia da efetividade do UVC na neutralização microbiológica e a partir daí propôs à citada indústria que introduzisse uma nova metodologia, algo que foi testado posteriormente no IFSC/USP. Nos laboratórios do Instituto, Bruno Pereira realizou experimentos onde foram contaminados produtos vegetais frescos, tendo mostrado nesse estudo que havia, de fato, a possibilidade da aplicação de UVC sem provocar qualquer dano aos vegetais e sem a necessidade de utilizar qualquer produto químico. “Na verdade, conseguimos determinar uma equação física, uma equação que descreve o efeito físico e no qual temos a variável “tempo e radiação” e também a concentração. Então, você tem o tempo, a radiação e a concentração do micro-organismo que entra no produto. Baseado nessa equação, conseguimos determinar o tempo de radiação UVC necessária para decair a concentração de micro-organismo na lavagem final dos produtos, para um nível seguro baseado na legislação de cada país. Conseguimos, também, quantificar e mostrar estatisticamente que há uma diferença significativa, uma diferença estatística. Todo esse processo gerou uma patente no meu doutorado”, sublinha o pesquisar do IFSC/USP.

Atualização da pesquisa

Um novo artigo científico publicado na revista científica “MDPI” pelo Dr. Bruno Pereira em janeiro deste ano apresenta uma nova equação relacionada com a pesquisa inicial realizada, baseada em mecânica de fluidos, onde se determinou de forma teórica a porcentagem de decréscimo de microrganismos, principalmente da bactéria Escherichia coli, bastante presente nos vegetais frescos. “De fato, no laboratório contaminamos alguns vegetais frescos com a bactéria Escherichia coli, que é uma bactéria gram-negativa muito comum em nossa flora e que provoca contaminações cruzadas imediatamente a partir da manipulação nos campos, gerando, por isso, diversas doenças. Embora soubéssemos que essa bactéria apresenta uma maior resistência à radiação de UVC, o certo é que na simulação que realizamos no laboratório pudemos constatar que essa radiação neutralizou a bactéria, o que que significa dizer que o controle de qualidade do produto e a segurança alimentar ficam asseguradas na parte final de todo o processo”, finaliza o pesquisador, acrescentando que este estudo poderá servir como uma contribuição para a literatura científica e para todos quantos trabalhem na área da descontaminação de vegetais frescos.

Para conferir o artigo científico publicado na revista “MDPI” clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de fevereiro de 2025

Microagulhas impressas em jato de tinta – Colaboração entre IFSC/USP, Institut Català de Nanociència i Nanotecnologia (ESP), Unicamp e Mackenzie

(Imagem extraída do artigo científico)

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Universidade Mackenzie, em colaboração com o Grupo NanoBioelectronics and Biosensors do Institut Català de Nanociència i Nanotecnologia (ICN2), Barcelona/Espanha, desenvolveram um método simples para fabricar microagulhas condutoras em larga escala.

Com o novo método, o processo de produção dessas microagulhas ocorre em uma única etapa com uma impressora a jato de tinta. Embora tenha sido empregada tinta contendo nanopartículas de prata, o certo é que qualquer outra tinta de nanopartículas metálicas poderá ser usada.

O trabalho é fruto do Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) do Pós-Doutorando Dr. Gustavo Dalkiranis (IFSC/USP) no grupo do Prof. Dr. Arben Merkoçi (ICN2) em Barcelona, na Espanha.

Embora as microagulhas sejam usadas principalmente na medicina para administração de medicamentos de forma indolor, elas também são empregadas em biossensores vestíveis para diagnóstico médico e monitoramento de condições de saúde.  Embora a sua concepção inicial visasse aplicações para humanos, as microagulhas são agora usadas também em sistemas vestíveis para plantas.

O foco do trabalho dos pesquisadores foi encontrar uma metodologia simples e barata para fabricar grandes quantidades dessas microagulhas, atendendo a que os métodos atuais, como litografias, gravação fotoquímica, galvanoplastia, corte a laser, e polimerização de dois fótons, entre outros, requerem equipamentos caros e infraestruturas sofisticadas, como salas limpas, e protocolos rígidos.

Dr. Gustavo Dalkiranis

No artigo publicado na revista científica “Scientific Reports” a equipe modificou uma impressora a jato de tinta comercial, incorporando um elemento de aquecimento que acelera a cura das camadas depositadas. Esse método permite a fabricação de microagulhas com geometria controlada, atingindo alturas de 1 mm e diâmetros de ponta de apenas 30 µm. O resultado é uma estrutura mecanicamente estável e altamente condutora, ideal para aplicações em sensores e administração de fármacos.

Para o Dr. Gustavo Dalkiranis, é importante encontrar alternativas às microagulhas de silício, que são as mais utilizadas atualmente. “Nosso trabalho é um divisor de águas para a fabricação de microagulhas condutoras, que pode ir desde o monitoramento de saúde até a agricultura de precisão.”

Para validar a tecnologia, os pesquisadores testaram as microagulhas impressas em folhas de plantas utilizando espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS). Os experimentos mostraram que as microagulhas penetraram a cutícula foliar, permitindo medir propriedades eletroquímicas em tempo real. Esse avanço possibilita um controle mais eficiente da nutrição das plantas e a redução do desperdício de fertilizantes.

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, um dos coautores do artigo, “as contribuições desse trabalho multidisciplinar ilustram a importância da colaboração internacional que tem sido fomentada pela FAPESP.”

Assinam o artigo científico os pesquisadores:

Gilio Rosati; Patricia Batista Deroco; Matheus Guitti Bonando; Gustavo Dalkiranis; Kumara Cordero-Edwards; Gabriel Maroli; Lauro Tatsuo Kubota; Osvaldo Novais de Oliveira Junior; Lúcia Akemi Miyazato Saito; Cecília de Carvalho Castro Silva e Arben Merkoçi.

Para conferir o artigo científico publicado, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de fevereiro de 2025

Chamada de pacientes para tratamento complementar de faringotonsilites (infecções na garganta)

(Créditos: Primary Care Walk-in Medical Clinic)

Parceria entre IFSC/USP com Santa Casa da Misericórdia / UFSCar e UPA Santa Felícia

Chamada de pacientes a partir do dia 03 de fevereiro e com duração de seis meses

No âmbito de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), envolvendo esta Unidade da Universidade de São Paulo, a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), o Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a UPA do Bairro Santa Felícia, inicia-se no dia 03 de fevereiro uma chamada de pacientes para o tratamento complementar de faringotonsilites (infecções de garganta). Esta ação – supervisionada pelos docentes e pesquisadores do IFSC/USP, Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, Profa. Dra. Kate Cristina Blanco, Dra. Fernanda Mansano Carbinatto e Isabella Dotta Damha Santiago, em colaboração com as professoras do Departamento de Medicina da UFSCar, Dra Esther Angélica Luiz Ferreira, e Dra. Cristina Helena Bruno, e com as equipes médicas e de enfermagem da UPA Santa Felícia – , terá a duração aproximada de seis meses e utilizará a aplicação de designada Terapia Fotodinâmica (TFD) podendo ser associada ou não à administração de antibióticos.

Pesquisadora Dra. Fernanda Mansano Carbinatto e a Enfermeira-Colaboradora Isabella Dotta Damha Santiago – ambas do IFSC/USP-CEPOF

Os tratamentos serão efetuados em dias alternados, tanto na UPA Santa Felícia quanto na UTF e com acompanhamento médico. Os pacientes serão observados por um médico da UPA Santa Felícia, com o intuito de detectar a presença de uma bactéria específica – o Streptococcus* – responsável pelas faringotonsilites. Perante a confirmação da existência dessa bactéria, detectada através da aplicação de um teste rápido, é normal o médico prescrever um determinado antibiótico para combater a infecção, sendo que, neste caso concreto, o clínico da UPA Santa Felícia encaminhará o paciente para um tratamento complementar imediato dentro da própria unidade de pronto atendimento – tratamento esse que é indolor e realizado com base em Terapia Fotodinâmica (TFD) –, ou para a UTF localizada na Santa Casa da Misericórdia de São Carlos.

Este tratamento – de aplicação única e indolor – demora cerca de seis minutos e tem o objetivo de anular a atividade da bactéria sem causar qualquer resistência antibacteriana, como explica a pesquisadora do IFSC/USP-CEPOF, Dra. Fernanda Carbinatto. “O tratamento com base em TFD é um complemento à administração de antibióticos. A faringotonsilite é uma queixa muito frequente dos pacientes, e ela pode ser recorrente, ou seja, surgir muitas vezes no mesmo indivíduo. De forma simplificada, a TFD é a aplicação de uma luz sobre um fotossensibilizador que neste caso é a curcumina – derivada do “açafrão da terra”, que é apresentado em forma de bala. Assim, o paciente chupa essa bala e aí entra a ação da luz. Muito fácil, rápido, indolor e extremamente eficaz”, pontua a pesquisadora.

O protocolo destes tratamentos, que será realizado pela Enfermeira-Colaboradora do IFSC/USP-CEPOF, Isabella Dotta Damha Santiago, envolverá três grupos específicos de pacientes:

*Grupo 1 – Pacientes que testarem positivo para a bactéria Streptococcus devem receber a prescrição de antibiótico, seguida da aplicação de TFD;

*Grupo 2 – Pacientes que testarem positivo para a bactéria Streptococcus e já realizaram o tratamento com antibiótico sem apresentar melhora dos sintomas. Nesses casos, será realizado o tratamento antibiótico (conforme critério médico) concomitante à TFD;

*Grupo 3 – Pacientes que testarem negativo para a bactéria Streptococcus, mas apresentarem sintomas. O médico decide a conduta medicamentosa, e o paciente será tratado com TFD independente;

UPA Santa Felícia na linha da frente

Camila Hernandes (Supervisora da UPA Santa Felícia); Elaine Cristina de Paula (Enfermeira Responsável Técnica da UPA Santa Felícia) e Isadora Fresch (Coordenadora Médica da unidade)

Como mencionado, a UPA do Bairro Santa Felícia estará na linha de frente deste tratamento, em colaboração com a UTF da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, numa ação inédita em termos de pesquisa.

Segundo a coordenadora médica da Unidade de Pronto Atendimento, Dra Isadora Fresch, as faringotonsilites apresentam-se como uma condição clínica comum que afeta um grande número de pacientes nos serviços de saúde de São Carlos. “A resistência antimicrobiana tem desafiado a eficácia dos tratamentos convencionais com antibióticos, resultando em casos recorrentes e que se agravam em meio a nossa comunidade”, sublinha a coordenadora. Para a Dra. Isadora Fresch, a Terapia Fotodinâmica é uma técnica segura e moderna para auxiliar no tratamento de infecções e inflamações na garganta. “A implementação deste método como tratamento complementar na UPA Santa Felícia, em São Carlos, representa um marco significativo para a saúde pública local. A disponibilização deste tratamento na UPA Santa Felícia é uma conquista que reafirma o compromisso com a inovação, segurança e humanização no atendimento à saúde da população de São Carlos. Oferecer esse tratamento auxiliar e gratuito aos pacientes garante uma maior qualidade na assistência, favorecendo uma recuperação rápida, eficiente, indolor e sem efeitos colaterais. É a oportunidade de um tratamento inovador chegar ao alcance da população”, enfatiza a médica.

O entusiasmo da equipe médica e de enfermagem da UPA Santa Felícia – prontos para iniciarem a colaboração nesta pesquisa

Clicando na imagem abaixo (Créditos – verywellhealth), confira os depoimentos do Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP) e da Dra. Esther Ferreira (UFSCar).

Nesta chamada, pacientes com idades acima de dezoito anos poderão se inscrever, exceto oncológicos, lactantes e gestantes. Todas as informações e inscrições para este estudo poderão ser feitas exclusivamente pelo WhatsApp: (16) 99752-9333.

* O Streptococcus do grupo A é o tipo de bactéria que pode causar as infecções mais graves, embora esteja naturalmente presente em alguns locais do corpo, especialmente na boca e na garganta, além de poder estar presente na pele e no trato respiratório. Essa bactéria pode ser facilmente transmitida de pessoa para pessoa por meio do compartilhamento de talheres, beijos ou secreções, como espirros e tosse, ou por meio do contato com secreções de feridas de pessoas infectadas.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de fevereiro de 2025

IFSC/USP e Santa Casa retornam os atendimentos de fibromialgia na UTF

Equipe – Luciana Kawakami Jamami, Vanessa Garcia, Matheus Henrique Camargo Antonio, Ana Carolina Negraes Canelada e Tiago Zuccolotto Rodrigues

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) estão retornando os atendimentos relativos a fibromialgia na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF/SCMSC).

Nos últimos anos, o IFSC/USP e a SCMSC, por meio da UTF, têm beneficiado uma quantidade enorme de pacientes acometidos por fibromialgia. Nos últimos sete anos, mais de duas mil pessoas foram beneficiadas através de um modelo de tratamento que, de forma inovadora, reduz a dor em 90% dos casos.

As novidades, com o retorno dos atendimentos aos pacientes, vêm através das formas de compreensão da síndrome dolorosa, avaliando qualidade do sono, ansiedade e depressão, além do acompanhamento de outros sintomas, como síndrome do intestino irritável, fato presente em muitos destes pacientes.

Segundo o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, a constante evolução do tratamento e da compreensão da fibromialgia permite melhorar cada vez mais a qualidade de vida da população. O projeto, acompanhado de perto pelo Prof. Dr. Vanderlei Bagnato, está continuamente buscando formas de desenvolver novas tecnologias e formas de tratamento tanto para a fibromialgia quanto para outros inúmeros processos dolorosos e inflamatórios.

A equipe que fará os atendimentos é composta por fisioterapeutas treinados, alunos de mestrado e doutorado que conhecem bem a tecnologia e compreendem o paciente.

Para realizar o tratamento, que não tem qualquer custo, os interessados bastam entrar em contato com a UTF pelo telefone (16)3509-1351, sendo que os atendimentos serão realizados em diversos horários, de segunda à sexta-feira.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de janeiro de 2025

Tratamento de fibromialgia em criança com quadro de transtorno do espectro autista – Artigo científico relata os resultados obtidos

(Créditos: OSF HealthCare)

Publicado em novembro de 2024 por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) na revista científica “Journal of Novel Physioteraphies”, o artigo científico intitulado “Synergistic Action of Photobiomodulation and Ultrasound in theTreatment of Fibromyalgia and Childhood Autism: Case Report” apresenta, como o  título indica, o caso de um tratamento experimental que foi desenvolvido em São Carlos com base em laser combinado com ultrassom nas palmas das mãos de uma criança de nove anos de idade com fibromialgia, mas com quadro de transtorno do espectro autista (Grau-1).

A intervenção e o protocolo, realizados na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) localizada na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), que incluíram dez sessões, foram devidamente acompanhados pela médica, parceira do projeto de pesquisa, Profª Drª Esther Angélica Luiz José Ferreira – professora no Departamento de Medicina da UFSCar e membro titular do Departamento de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – e, obviamente, pelos pais da criança.

Surpresa dos pesquisadores

Pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior

Atendendo a que o foco inicial era somente o tratamento das consequências da fibromialgia, um processo que já vem sendo desenvolvido há cerca de oito anos no IFSC/USP, a grande questão que se colocou foi, pelo fato de ser uma criança deveria haver um cuidado complementar na forma de realizar o tratamento, atendendo a que a aplicação de ultrassom não é recomendada próximo a ossos longos, como os braços ou pernas de crianças e adolescentes, por conta do crescimento dos ossos. Nessa conformidade, os pesquisadores fizeram a aplicação ao longo de dez sessões nas palmas das mãos da criança, margeando cuidadosamente todas essas áreas que estão distantes dos chamados “ossos longos”.

Neste artigo científico os pesquisadores salientam que o tratamento provocou uma redução muito grande no quadro de dor provocado pela fibromialgia na criança, fazendo com que ela recuperasse suas atividades diárias que se encontravam limitadas até esse momento. Por outro lado, outro fator importante foi a observação de outras questões, como explica o pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior. “Por incrível que possa parecer, esse tratamento provocou igualmente uma significativa melhora na qualidade do sono da criança, enquanto os pais relataram algo também surpreendente e relacionado com o quadro de transtorno do espectro autista: de fato, a criança ficou menos agitada e mais concentrada, algo que chamou muito a atenção dos pesquisadores, já que se esperava que houvesse um resultado positivo no tratamento das consequências da fibromialgia, mas não que tivesse uma interferência positiva em uma questão tão importante quanto o autismo”, enfatiza o pesquisador.

Projeto para uma pesquisa mais ampla

Em virtude desses resultados, os pesquisadores do IFSC/USP, do CEPOF, da UFSCar e da SCMSC preparam-se agora para, a partir do próximo mês de março, na UTF, iniciar um projeto dedicado à aplicação de laser e ultrassom em pacientes com quadro de transtorno do espectro autista – que está já sendo submetido ao Comitê de Ética – e que irá contemplar diversas faixas etárias nos três graus de complexidade (1,2 e 3), sendo que esse projeto deverá ter a duração de dois anos, com o envolvimento de cerca de novecentos pacientes.

Assinam o artigo científico, que pode ser conferido AQUI, os pesquisadores Nikolly Struziatto Duarte, Antonio Eduardo de Aquino Junior, Nathália Gonçalves de Oliveira, Díulia Estéfane Santos Barbosa, Gabriel Oliveira Borba, Maria Julia de Melo Matuck, Fernanda Mansano Carbinatto, Esther Angélica Luiz Ferreira e Vanderlei Salvador Bagnato.

(Créditos de imagens na Home – AdobeStock Web / Kiddy 123)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de janeiro de 2025

IFSC/USP faz chamada de pacientes – Tratamento experimental de dores de crescimento em crianças com idades entre 4 e 12 anos

(Créditos – CK Birla Hospital)

O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), juntamente com o Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), estão lançando uma chamada de pacientes visando a realização de uma pesquisa com o foco de tratar a dor de crescimento em crianças com idades entre os 4 e os 12 anos de idade.

Embora a dor de crescimento em crianças não esteja relacionada com nenhuma doença em particular, o certo é que ela atinge grupos musculares dos membros inferiores, tornando-se, por isso, bastante incômoda para as crianças. Para o pesquisador do IFSC/USP, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, essa é uma área de estudo muito interessante “porque não existe uma compreensão muito grande sobre esse tema, além de que são poucas as atividades propostas para tratamento deste tipo de situação”.

As dores de crescimento geralmente são relatas durante o período noturno, quando a criança está em repouso. Embora essas dores, como já foi dito acima, não estejam relacionadas com nenhuma doença em particular ou com nenhuma circunstância de queda ou traumatismo, o grupo de pesquisadores envolvidos neste projeto também pretende detectar se elas têm alguma relação com o desenvolvimento futuro de um processo de fibromialgia.

Esta pesquisa, que envolve um tratamento à base de laser e ultrassom, está sendo executado na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da SCMSC, com a participação de pesquisadores do IFSC/USP e da UFSCar, supervisionados pelo Dr. Antonio de Aquino Junior (IFSC/USP) e pela Drª Esther Angélica Luiz José Ferreira – médica e professora no Departamento de Medicina da UFSCar e membro titular do Departamento de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) –, e ainda pelo ortopedista Dr. Rodrigo Reiff, igualmente docente no Departamento de Medicina da UFSCar.

Para a Drª Esther Ferreira, este projeto vem, de fato, de uma demanda de diversos médicos, como pediatras e ortopedistas, entre outros profissionais de saúde, tendo em consideração que essas dores de crescimento são bastante comuns, estando entre as principais dores crônicas em pediatria. “De uma forma global, os clínicos gerais tendem a classificar essas dores como processos “normais” relativos ao crescimento das crianças, o que não é bem assim. As crises de dor podem ser bastante frequentes e estar igualmente relacionadas com processos hereditários – alguns pais lembram-se de ter tido essas dores”, salienta a pesquisadora. Segundo ela, são processos dolorosos que, por vezes, chegam a durar entre 40 e 60 minutos ininterruptos, que causam não só transtornos para as crianças quanto para os pais. “A preocupação maior é que, por serem dores frequentes, elas devem ser tratadas de forma rápida para que não hajam prejuízos e consequências futuras. O que se está procurando são estratégias não-farmacológicas para a resolução dessas situações, evitando-se, assim, eventuais efeitos colaterais, motivo pelo qual a UFSCar, que desde há alguns anos se dedica a este tema específico, aderiu a esta parceria com a USP de São Carlos”, finaliza Esther Ferreira.

Este novo tratamento compreende a realização de dez sessões, que é o tempo ideal para se obterem resultados consistentes de cada criança inscrita nesta pesquisa.

Os interessados em aderir a este estudo poderão contatar pelo WhatsApp (16) 997195230, ou se inscreverem através do QR CODE que está patente na figura abaixo.

(Créditos imagens de destaque: CK Birla Hospital / Permanent Medicine / Kaiser Permanent)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de janeiro de 2025

“Alfabetização Científica I” – USP de São Carlos combate o negacionismo científico em escolas públicas da periferia

Combater o negacionismo científico e promover a interação com a sociedade em geral por meio de atividades de divulgação científica, envolvendo alunos de graduação da USP de São Carlos num contexto da curricularização da extensão universitária. Esta foi a proposta de atividade extensionista denominada “AEX – Alfabetização Científica I”, financiada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU) e organizada por um grupo de docentes, alunos e servidores do Instituto de Física e Instituto de Química de São Carlos.

Sob a coordenação do docente do IFSC/USP, Prof. Dr. Guilherme Sipahi, estas atividades permitiram que os recursos disponibilizados pela USP para a concretização desses projetos fossem imediatamente disponibilizados para que os estudantes universitários das duas Unidades da USP de São Carlos pudessem se deslocar aos estabelecimentos de ensino e elaborar experimentos de baixo custo junto aos alunos, priorizando a realização de atividades em escolas públicas da periferia dos municípios da região, e, neste caso concreto, em escolas das cidades de São Carlos e Ibaté: Atília Prado Margarido; Álvaro Guião; Orlando da Costa Telles – Ibaté; Orlando Pérez; João Jorge Marmorato; Aracy Leite Pereira Lopes e Sebastião de Oliveira Rocha.

O projeto

Quando este projeto pioneiro foi proposto, essencialmente com o objetivo de promover a alfabetização científica, os responsáveis priorizaram as escolas que são menos atendidas por projetos oriundos da Universidade, especialmente os estabelecimentos de ensino que estão localizados na periferia. O que os responsáveis por este projeto fizeram foi dedicar essa ação a alunos do Ensino Fundamental nos anos iniciais, últimos anos do Ensino Fundamental-I e os primeiros anos do Ensino Fundamental-II, num total de sete escolas dos municípios de São Carlos e Ibaté, e com a participação de oito grupos de estudantes de graduação da USP de São Carlos – Instituto de Física e Instituto de Química. Nessa fase, os estudantes de graduação realizaram aulas dinâmicas, onde levaram tópicos de alfabetização científica em um nível dedicado ao ensino fundamental.

Ação na Escola Orlando da Costa Telles – Ibaté

O Dr. Herbert Alexandre João, do IFSC/USP e organizador da atividade, sublinha que o trabalho incluiu um planejamento cuidadoso de quais seriam os tópicos mais adequados para uma abordagem tranquila aos jovens alunos, adequação da linguagem utilizada ao nível dos estudantes e também planejamento de atividades que fossem lúdicas, interessantes e que chamassem a atenção dos jovens alunos para as temáticas apresentadas. “Entre essas temáticas foram abordadas questões de química e física, temas contemporâneos e que atravessassem, de maneira transversal, o currículo que os jovens alunos já têm na escola, algo que acabou por os entusiasmar, porque tudo isso os afastou da aula tradicional, através de jogos, experimentos e dinâmicas em sala de aula”, pontua o Prof. Herbert. Segundo o organizador, esse cuidadoso planejamento levou em conta tópicos que não são necessariamente curriculares, mas que chamam muito a atenção dos alunos, como, por exemplo, cosmologia, luz e cores, reações químicas, já que tudo isso facilita muito o processo de ensino, uma vez que se pode levar elementos que tradicionalmente o professor tem mais dificuldade de apresentar em sala de aula, como, por exemplo, os experimentos.

As reações de quem esteve envolvido

Prof. Dr. Herbert João “As escolas envolvidas neste projeto são as menos privilegiadas dentro de um ponto de vista de acesso a propostas e ações desenvolvidas por universidades”

O resultado desta ação é considerado um grande sucesso, tendo em vistas que as escolas envolvidas neste projeto são as menos privilegiadas dentro de um ponto de vista de acesso a propostas e ações desenvolvidas por universidades. Atestando esse mesmo sucesso estão as reações das direções e dos professores das escolas abrangidas, que manifestaram o desejo de ter mais ações similares durante o ano letivo. “Outro aspecto importante é que trabalhamos com o ensino fundamental, que muitas vezes não é atendido pela maioria dos cursos de licenciatura que temos na cidade de São Carlos e região”, pontua Herbert João, acrescentando que, por exemplo, as licenciaturas em Física e em Química acabam atendendo apenas os alunos do Ensino Médio, ao contrário do Ensino Fundamental que apenas oferece a disciplina de Ciências. Devido a isso, as opiniões foram unânimes sobre o sucesso da iniciativa. Outro motivo de satisfação veio da parte dos estudantes de graduação envolvidos, muitos deles alunos de bacharelado dos dois Institutos da USP de São Carlos, que, em seus cursos, sublinhe-se, não têm qualquer contato com disciplinas pedagógicas, como o preparo de aulas e metodologias de ensino, já que isso não faz parte de sua formação. “Para esses alunos de graduação foi um primeiro contato com a possibilidade de ministrar uma aula, de assumir uma turma. Então, isso, ao mesmo tempo que gerou um pouco de receio, de ansiedade, com aquela sensação de “frio na barriga” causada por assumir essa responsabilidade de estar à frente de uma turma, também fomentou uma extrema sensação de satisfação, de felicidade pelo sucesso alcançado no final”, enfatiza o organizador do evento ao recordar como todo o processo se desenvolveu com esses alunos de graduação: montar um grupo, escolher um tema e desenvolver o planejamento do mesmo, que foi validado pelos docentes, montar o plano e, finalmente, realizar uma prévia. “Tudo foi muito bem testado antes de chegar até à escola”, sublinha Herbert João.

O futuro do projeto

Perante os resultados obtidos, este projeto terá uma nova edição em 2025, mas de forma mais alargada, para que os estudantes da USP tenham mais tempo para preparar, planejar e executar a ação, tendo em consideração que a ideia é estendê-la também para as escolas do município, até porque elas compõem um outro grupo de estabelecimentos de ensino pouco atendido por iniciativas das universidades, para atenderem alunos do ensino fundamental, anos iniciais, principalmente. “Devemos ter em consideração que é nossa missão, em primeiro lugar, quebrar o conceito de que as crianças não são capazes de entender termos científicos. Elas são capazes, sim, e muitas vezes não requer determinadas analogias para você trabalhar um vocabulário com elas. O importante é você colocar os alunos com uma posição de respeito, entendendo que se você colocar termos que eles não conhecem, você deverá esclarecer e eles certamente irão entender e conseguir acompanhar, que foi o que aconteceu neste projeto”, esclarece o educador. Resumidamente, a intenção do projeto é satisfazer a curiosidade intrínseca que a criança tem pela ciência, sendo que o objetivo principal é manter essa chama acesa e fomentar para que nos olhos das crianças exista um brilho rumo a uma carreira científica; independente disso, que brilhem os olhos dessas crianças para construir projetos de vida que tenham relação com os cursos e com as carreiras de ensino superior que as universidades promovem.

Ação na Escola Orlando Pérez – São Carlos

Este projeto foi liderado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Guilherme Sipahi, os docentes Profs. Drs. Eduardo Bessa e Ana Claudia Kasseboehmer, ambos do IQSC/USP, o educador, Dr. Herbert Alexandre João (IFSC/USP) na organização, e com o suporte da Drª Tatiana Zanon (IFSC/USP), que colaborou na avaliação dos jovens, planejamento, desenvolvimento das aulas e nas prévias.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP