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4 de julho de 2025

Falecimento do Prof. Dr. Rogério Cantarino Trajano da Costa (IFSC/USP)

É com pesar que o IFSC/USP comunica o falecimento do Prof. Dr. Rogério Cantarino Trajano da Costa.

O velório ocorrerá hoje (04/07) no Grupo SINSEF (Av. Salgado Filho, 289 – Vila Marina) das 11h às 15h, seguindo-se o sepultamento.

Com consternação, o IFSC/USP endereça as sentidas condolências à família e amigos.

Diretoria do IFSC.

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de julho de 2025

Revista “Forbes Brasil” homenageia 50 personalidades brasileiras – Tem um cientista da USP São Carlos entre elas

A última edição da revista “Forbes Brasil” inclui a lista anual designada “50 over 50 – 2025”, destacando cinquenta personalidades de nosso país, com mais de 50 anos, distribuídas por diversos setores e que ao longo dos anos – de suas carreiras – elevaram o nome do Brasil para além de suas fronteiras, prestigiando-o.

Da música ao cinema, do empreendedorismo às artes plásticas, da educação à medicina, nessa lista vamos encontrar um pesquisador que representa uma ciência brasileira que se destaca no país e no exterior.

Roberto Kalil Filho (cardiologista do InCOR), Christian Dunker (psicólogo), Jurema Werneck (Anistia Internacional do Brasil), Walter Salles (diretor de cinema), Zezé Motta e Débora Bloch (atrizes) e Francisco Gomes Neto (Embraer), são algumas das personalidades destacadas pela “Forbes Brasil” e, entre elas aparece o cientista são-carlense Vanderlei Salvador Bagnato. Tendo como seu reduto o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato considera que sua atuação é fruto do trabalho coletivo desenvolvido pelos colegas cientistas do IFSC/USP e por todos quantos, de forma extraordinariamente competente, desempenham suas funções na Universidade de São Paulo (USP) e do país.

O despertar para a ciência

Bagnato é fruto de uma classe média baixa, tendo sempre estudado em escolas públicas, com uma excelente base familiar e excelentes professores. Seu pai, entregue à profissão na sua oficina de fundo de quintal onde fazia cromação e niquelação, foi o primeiro mestre de Bagnato, com esse espaço de quintal servindo como um grande laboratório. “Todos aqueles produtos químicos que transformavam, através da eletricidade, peças enferrujadas em brilhantes, era fascinante. Trabalhei com meu pai até pouco antes de entrar para a faculdade. Apesar de não ter formação técnico-científica, ele era capaz de entender coisas do arco da velha”, recorda o pesquisador. Simultaneamente, Vanderlei Bagnato sempre considerou os seus professores de ciências e de matemática como verdadeiros heróis, já que eles permitiam que ele fizesse demonstrações em sala de aula, dentre outras ações. “Ganhei uma coleção de livros – BARSA – de meu pai, que pagou em prestações e aquilo mudou minha vida. Aos quinze anos comecei a participar do evento “Cientistas de Amanhã”, organizado pela extinta FUMBEC (a mesma que fez a coleção “Os Cientistas”, que também foi outro marco em minha vida e até hoje tenho a coleção completa). Para quem desejar, a motivação vem de todos os lados. Até hoje, todos ao meu redor me motivam para observar as coisas. A física, química, matemática, todos esses temas eram meu fascínio. Cursei Física no IFSC/USP e Engenharia de Materiais na UFSCar, simultaneamente e isso também foi um desafio que valeu a pena pois tive a chance de ter uma formação com o rigor da física e a aplicação da engenharia. Desde então, ficou claro para mim que só faz boa aplicação quem sabe fundamentos. Sempre fiz tudo com paixão e dedicação em minha vida… Nem observei a passagem de tantos anos”, comenta o cientista.

(Créditos – Forbes Brasil)

Orgulho no desempenho científico

(Créditos – Forbes Brasil)

Em seu trabalho diretamente relacionado com física atômica e molecular e em biofotônica (uso de luz e foto-efeitos em ciências da vida), o cientista do IFSC/USP considera que são vários os fatores pelos quais sente orgulho. Em primeiro lugar, por ter conseguido construir as primeiras armadilhas de átomos no MIT (EUA), enquanto aluno, e que levaram vários membros desse instituto a conquistarem o “Prêmio Nobel” através de desdobramentos importantes de seu trabalho nessa linha. Em segundo lugar, o fato de ter construído o primeiro relógio atômico brasileiro, que introduziu o país na metrologia científica de tempo e de frequência, tão importantes para navegação e telecomunicações e, mais recentemente, ter detectado, pela primeira vez, a turbulência quântica nos chamados condensados de Bose-Einstein. “Mas, as técnicas que desenvolvemos para o tratamento de câncer e controle microbiológico, inclusive, recentemente, com a demonstração da quebra da resistência bacteriana aos antibióticos, teve, sem dúvida, um grande impacto, pois afeta de forma direta milhões de pessoas e tem colocado nossos efeitos em evidência em todo o mundo. Tenho orgulho de tudo o que fiz até agora, de cada artigo e livro publicados e de cada aluno formado (são mais de 130 alunos de pós-graduação). Tudo isso me dá muito orgulho, pois é meu DNA científico se perpetuando. Cada vez que um ex-aluno é bem sucedido, cresço internamente um pouco mais. Ter recebido diversos prêmios e ter sido eleito para as principais academias de ciências do mundo é algo que orgulhosamente divido com todos meus alunos e pós-doutores”, destaca Vanderlei Bagnato.

O caminho continua

Para o Prof. Vanderlei Bagnato, um cientista não pode estar cansado de ser útil. “Incrivelmente, ainda interajo muito com o time do IFSC/USP onde, agora, teremos um grande centro com prédio próprio: é uma grande motivação. A grande demanda para novas técnicas óticas para a saúde (como elementos básicos nos grandes problemas desafiadores que vivemos), e a grande explosão das aplicações dos fenômenos quânticos em tecnologias de forma ainda mais direta, me coloca em posição especial para contribuir, pois estas são exatamente as minhas formações nessas duas grandes demandas. Sinto orgulho em dizer que os EUA me convidaram para construir, no estado do Texas, um laboratório semelhante ao que possuímos na USP de São Carlos. Isso é internacionalizar nossa ciência. Deixamos de ser filial para ser matriz e isso me dá um orgulho enorme”, finaliza o cientista são-carlense.

Acesse AQUI a última edição da revista “Forbes Brasil”.

Acesse AQUI a lista “50 over 50- 2025”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de julho de 2025

IFSC/USP faz chamada de pacientes diabéticos (Tipo-2) para tratamento ILIB

Kellen Gussi – pesquisadora do IFSC/USP

O Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (GO-IFSC/USP) está iniciando uma chamada de pacientes diabéticos (Tipo-2) para um projeto de tratamento com ILIB (Intravascular Laser Radiation of Blood), ou seja, irradiação de laser de modo intravascular com o objetivo de atingir o sangue – processo não invasivo.

A aplicação é feita através de um fixador extracorpóreo que direciona a radiação de um laser com luz vermelha para a artéria radial, tendo como objetivo controlar mais acentuadamente o diabetes Tipo-2 e, com isso, melhorar a imunidade, a qualidade do sono e o controle da pressão arterial, combater doenças respiratórias, inflamatórias e doenças que causam alterações cardiovasculares, prevenir o envelhecimento intrínseco do corpo humano, protegendo o núcleo das células onde se encontra o DNA.

Esta chamada é dirigida a pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, com diabetes controlado, não sendo permitida a inclusão de pacientes com histórico oncológico, feridas abertas, fraturas, hematomas, infecções e amputados ou com deficiência bilateral dos membros inferiores.

Este tratamento experimental será executado pela pesquisadora do IFSC/USP, Kellen Gussi, sob a supervisão do docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, e com a coordenação do pesquisador Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior. “A ILIB já é uma técnica muito antiga, feita através de punção na artéria radial, sendo que atualmente essa técnica é feita de forma indolor. Este projeto de pesquisa irá utilizar um equipamento desenvolvido no IFSC/USP, tendo em consideração que só poderão se inscrever pacientes que tenham seu diabetes perfeitamente controlado, sublinhando que todos eles deverão continuar a administração de insulina – se for o caso – e a sua medicação, atendendo a que este tratamento complementar não as substitui. Sublinhe-se que esta técnica de ILIB deverá melhorar a qualidade de vida dos pacientes Os pacientes que vivem com diabetes descontrolado, com valores de 300, 400 ou 500, deverão obrigatoriamente ser monitorados pelos médicos”, sublinha Kellen Gussi.

Este projeto de pesquisa acolherá até 80 pacientes, compreendendo dez sessões com a duração aproximada de 15 minutos cada uma, duas vezes por semana.

Os interessados em fazer parte desta pesquisa deverão contatar a Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC) através do telefone (16) 3509-1351.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

1 de julho de 2025

Laboratórios abertos à sociedade – IFSC/USP promove imersão no mundo da Física Quântica e celebra o “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica”

Alunos observam experimentos

No último dia 25 de junho, durante o período da tarde, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) transformou seus Laboratórios de Física Moderna em verdadeiros centros de descoberta e encantamento científico, ao realizar o evento “Casa Aberta IFSC/USP – Física Quântica em Ação”. A iniciativa, gratuita e aberta ao público, teve como missão aproximar a ciência da sociedade, desmistificando os conceitos da Física Quântica e mostrando sua importância crescente no cenário global.

O evento integrou as comemorações do “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica”, instituído para destacar os avanços extraordinários desta área estratégica e promover sua disseminação junto à população. Em um contexto em que a física quântica deixa de ser um domínio exclusivo de especialistas para impactar diretamente setores como computação, telecomunicações, saúde, energia e segurança da informação, a proposta do IFSC/USP foi clara – abrir portas e mentes.

Uma jornada interativa pelo universo quântico

Durante toda a tarde, mais de uma centena de visitantes – entre estudantes do ensino médio, professores, famílias, pesquisadores e entusiastas – circularam pelos espaços do instituto, participando de uma programação intensa que incluiu demonstrações práticas, experimentos interativos, painéis explicativos, exposições e conversas com cientistas. Com o apoio dos docentes, técnicos de laboratório, servidores, pesquisadores e alunos de graduação do IFSC/USP, o público pôde visualizar, na prática, conceitos abstratos, como o entrelaçamento quântico, o princípio da incerteza de Heisenberg, os estados superpostos e os fenômenos de interferência e dualidade onda-partícula – tudo isso por meio de equipamentos científicos de ponta e explicações acessíveis.

Prof. Sebastião Pratavieira recepciona visitantes

Para o Prof. Sebastião Pratavieira, um dos docentes responsáveis por esta iniciativa, o grande objetivo deste evento foi mostrar para a população, especialmente para os jovens que estão no ensino fundamental e médio, algumas coisas diferentes do que eles estão aprendendo nas disciplinas de física clássica, além de ser uma forma de os alunos de graduação do Instituto começarem a treinar uma verdadeira interação com a sociedade.

Os graduandos Maria Vitória e Nathan Hunhoff

“Em primeiro lugar, esta iniciativa é importante porque nossos alunos de graduação estão aprendendo a fazer essa difusão, ou seja, interagir com a sociedade, e esse é um objetivo muito interessante, atendendo a que eles, logo nos primeiros anos do seu bacharelado em física, começam a praticar, a explicar a ciência que eles estão aprendendo e que no futuro vão fazer. Em segundo lugar, temos a oportunidade de transmitir para o público que hoje nos visita as várias possibilidades que a física oferece. Então, hoje estamos rodeados de tecnologia, cujos resultados são o celular, televisão, internet, GPS, tudo isso derivando da física”, sublinha o pesquisador, destacando o quanto é prazeroso ver a nova geração e a população interessada em conhecer a ciência, em aprender ciência, e esse interesse “é o que vai tornar a sociedade melhor, um país melhor”.

Certamente que, para os visitantes mais jovens, este evento foi também um convite à imaginação e à escolha de futuros caminhos.

Muitos adolescentes, oriundos de escolas públicas de São Carlos, demonstraram encantamento ao entrar em contato, pela primeira vez, com uma ciência que hoje está na base das tecnologias mais inovadoras do século XXI, como os computadores quânticos, os relógios atômicos e os dispositivos de criptografia de última geração.

Ciência, educação e inclusão – Escola de São Carlos marca presença

Gabriel Picharillo Salles

Mais do que uma exposição científica, o “Casa Aberta” se firmou como um ato de democratização do conhecimento. Ao permitir que qualquer pessoa pudesse visitar seus laboratórios e dialogar diretamente com pesquisadores, o IFSC/USP reforça o papel social da universidade pública, que é produzir conhecimento e devolvê-lo à sociedade de forma clara, transparente e transformadora.

O evento também teve o mérito de contribuir para a formação do pensamento crítico e científico, especialmente entre os estudantes da rede pública que participaram da visita. Professores presentes elogiaram a iniciativa como uma forma eficaz de complementar o ensino tradicional com experiências práticas e inspiradoras, capazes de despertar vocações científicas e ampliar horizontes.

Nathan Hunhoff (21) e Maria Vitória Silva (20) foram dois dos alunos de graduação do IFSC/USP que estiveram envolvidos nesta iniciativa. Para Nathan, esta foi a oportunidade que ele teve para mostrar que o que se faz na universidade não é algo que esteja desconectado da sociedade, como por vezes pode parecer. “Aqui, hoje, a gente está tendo uma possibilidade de mostrar para as pessoas a aplicação do que fazemos nos laboratórios e de como isso se aplica no mundo real: ou seja, que não é só teoria”.

Sophia Gambim

Por seu turno, Maria Vitória se mostrou verdadeiramente feliz, já que teve a oportunidade de mostrar parte do que ela faz nos laboratórios do IFSC/USP. “Os visitantes viram um pouco do que a gente faz aqui, então, é claro, a gente realiza os experimentos e estuda todos os seus processos, mas o que é mais interessante para as pessoas é observarem os procedimentos, os resultados; mostrar, principalmente, as aplicações que estamos desenvolvendo aqui”, pontua a aluna.

A EE Prof. Sebastião de Oliveira Rocha (São Carlos), foi um dos estabelecimentos de ensino que congregou seus alunos para visitar os laboratórios do IFSC/USP. Gabriel Picharillo Salles (16) foi um dos alunos presentes, ele que é o presidente de um clube de física na escola.

Para esse jovem, a abertura dos laboratórios do IFSC/USP para a sociedade, explicando os experimentos, é mostrar para as pessoas um pouco mais desse universo da Física e como ele funciona. “Acho que abrir as portas dos laboratórios do IFSC/USP é também “abrir a cabeça” das pessoas para mais áreas”, sublinha o jovem.

Prof. Pedro Faleiros Silva

Sophia Gambim (16) também é aluna da EE Prof. Sebastião de Oliveira Rocha e considera que a iniciativa é muito interessante. “É bem legal, porque na escola a gente tem praticamente o básico. Não temos uma base aprofundada e é bem legal ver que as coisas básicas, que normalmente vemos e pensamos “ah, não vou usar isso para nada”, realmente têm uma explicação por trás, envolveram muitos anos de estudo. Você vê quem estudou, você vê quão incríveis os cientistas foram e você acaba por entender tudo”, sublinha a aluna, acrescentando que iniciativas como essa podem motivar os jovens a ingressar no mundo da ciência, no mundo da Física. “Tudo começa na escola, com professores nos motivando. Por exemplo, eu sou uma aluna que quer cursar física.  O meu professor, o professor Pedro, ele é da nossa escola e foi ele que me incentivou mesmo a seguir esse sonho; ele foi quem me mostrou o universo assim, que incentiva. Então, eu creio que sim, estas iniciativas ajudam bastante”, pontua Sophia.

O Prof. Pedro Faleiros Silva foi o docente que acompanhou os alunos da EE Prof. Sebastião de Oliveira Rocha nesta visita ao IFSC/USP. Egresso do Instituto – bacharelado em Física – o docente considera que a iniciativa é uma experiência única para os alunos, não só no sentido de eles poderem observar os experimentos que são feitos nos laboratórios, mas também pela motivação que tudo isso gera neles.

“Alguns deles têm o sonho de cursar Engenharia ou mesmo Física, então acho que isso os motiva. Em especial esses alunos que fazem parte do Clube de Física da escola. E no Clube de Física a gente tenta introduzir para eles assuntos de Física Moderna. Então, é algo que além de ser uma experiência que os motiva, é também uma experiência que acaba enriquecendo o aprendizado deles nessa área”, destaca o professor.

Um futuro construído com ciência

Ao celebrar o “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica” com um evento de portas abertas, o IFSC/USP não apenas reafirma sua posição de destaque na pesquisa científica brasileira, como também lança um olhar para o futuro. Um futuro no qual o domínio da ciência quântica será cada vez mais essencial para o desenvolvimento sustentável, a soberania tecnológica e a inovação responsável.

Experimentos ao alcance de todos

A “Casa Aberta” mostrou que, quando a ciência se torna acessível, ela ganha potência transformadora e que, ao abrir suas portas à comunidade, o Instituto de Física de São Carlos e a Universidade de São Paulo também abrem caminhos para um país mais justo, mais curioso e mais preparado para os desafios do século XXI.

Prof. Francisco Gontijo Guimarães (IFSC/USP) explica conceitos experimentais aos alunos da EE Sebastião de Oliveira Rocha

Rui Sintra e Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de julho de 2025

ICMC/USP publica nota de pesar pelo falecimento da professora emérita Maria Aparecida Soares Ruas

Professora do ICMC desde 1981, ela era uma reconhecida liderança na área de pesquisa em matemática, participando especialmente no estudo da Teoria de Singularidades

Com grande pesar, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, comunica o falecimento da professora emérita Maria Aparecida Soares Ruas, ocorrido no dia 30 de junho, aos 77 anos. Carinhosamente conhecida como Cidinha, ela se tornou docente do ICMC em 1981, onde fez mestrado e doutorado, tornando-se uma referência na matemática brasileira, com atuação destacada na área de pesquisa de Teoria de Singularidades .

“Hoje foi um dia muito triste para o ICMC. Perdemos uma pessoa muito querida, pela sabedoria, postura e gentileza”, lamentou o professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, diretor do ICMC. “Mas, ao mesmo tempo em que ficamos muito tristes, ficamos muito gratos, pela oportunidade que tivemos de conviver e aprender com a Cidinha”, completou.

Reconhecida liderança na área, a professora era membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Comitê de Avaliação de Matemática e Estatística do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, era sócia fundadora e integrava a diretoria da Sociedade Brasileira de Matemática . Recentemente, em janeiro, foi recebido o Prêmio Latino-Americano de Liderança Matemática do Instituto de Ciências Matemáticas das Américas (IMSA). Em dezembro do ano passado, foi eleito membro titular da Academia Mundial de Ciências (TWAS).

Com mais de 80 artigos científicos publicados em periódicos internacionais, Cidinha participou da produção de cinco livros, e orientou alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. No ICMC, ocupou diversas cargas de liderança como chefe do Departamento de Matemática, presidente da Comissão de Pós-Graduação (em duas gestões), além de ter sido vice-diretora.

O impacto de sua atuação na matemática brasileira vai muito além da pesquisa, refletindo-se em seu compromisso com a formação de novas gerações e na internacionalização da ciência. Quem teve a oportunidade de conhecer-la confirmou que seu legado continuará para sempre vivo.

“A interação com os estudantes é do que mais gosto, sejam eles da graduação, pós-graduação ou até mesmo aqueles que já se formaram e ainda entram em contato. Aprendo com eles todo dia”, disse a professora em uma das muitas entrevistas que concedeu.

A Diretoria do ICMC se solidariza com a família e amigos neste momento de dor e informa que decretou luto oficial por três dias no Instituto. O velório será realizado nesta terça-feira, dia 1º de julho, a partir das 10h30, no Velório Municipal Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos. O sepultamento ocorrerá no mesmo dia, às 14h30, no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, também em São Carlos.

(Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP)

A diretoria e toda a comunidade do IFSC/USP junta-se às manifestações de pesar pelo falecimento da Profª Drª Maria Aparecida Soares Ruas, endereçando à família e amigos, bem como ao ICMC/USP, os mais sentidos pêsames.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de julho de 2025

“Programa Vem Saber” (IFSC/USP) recebe a visita de quarenta professores da região de José Bonifácio (SP)

Experimentos de baixo custo

Para além de desenvolver atividades de difusão científica para estudantes e gestores de escolas de ensino médio, principalmente com o intuito de criar oportunidades para que os alunos transformem sonhos em realização pessoal e profissional, desde 2022 que o “Programa Vem Saber”, do IFSC/USP, se dedica também, de forma organizada e sistemática, a um projeto de formação continuada de professores da rede pública estadual – matemática, química, biologia, ciências do ensino fundamental e, prioritariamente, para os professores de física – através de um formato de orientação técnica com formações de oito horas de duração. Os coordenadores dessas orientações já tiveram a oportunidade de atender diversas regiões onde as mesmas ocorreram, por meio de parcerias estabelecidas com as diretorias regionais de ensino.

No passado dia 12 de junho, o “Programa Vem Saber” recebeu em suas instalações localizadas no Conjunto de Apoio Didático (Área-2 do Campus USP de São Carlos) cerca de quarenta professores pertencentes à Diretoria Regional de Ensino de José Bonifácio (SP), que abrange dezenove cidades. “Foi a terceira vez este ano que o “Vem Saber” organizou esta formação em sua sede, aqui na USP de São Carlos, favorecendo as vivências e experiências dos professores para que tudo isso contribua em suas atividades desenvolvidas em salas de aula”, sublinha o Prof. Herbert Alexandre João, coordenador do curso. Ao longo da manhã desse dia, os professores tiveram a oportunidade de conhecer os espaços de ensino e também de extensão do “Programa Vem Saber”, bem como alguns dos laboratórios de pesquisa da USP, localizados na Área-2 do Campus da Universidade.

O destaque do período da manhã foi a visita que os professores fizeram aos laboratórios do Grupo de Nanomateriais e Cerâmicas Avançadas (NaCA),  acompanhados pelo coordenador do “Programa Vem Saber”, Prof. Antonio Carlos Hernandes, bem como ao laboratório de biologia estrutural do Grupo de Biofísica e Biologia Estrutural, onde se realizam pesquisas de cristalografia de proteínas, com o acompanhamento do Prof. Otavio Thiemann. Nesses laboratórios, os professores tiveram a oportunidade de compreender como se faz pesquisa, como ela sai da universidade e vira um produto, gerando impacto social. Observaram como se faz, por exemplo, um vidro ou uma cerâmica, como se define a estrutura de uma proteína, enfim, todo o processo de pesquisa dessas áreas.

Prof. Herbert Alexandre João – Trabalhar com os docentes a parte metodológica do ensino de ciências da natureza, especialmente de física, e a abordagem de elementos e de aspectos teóricos experimentais

Sessão sobre aspectos teóricos experimentais

Profª Telma Ravagnani

No período da tarde, os professores participaram no curso apresentado pelo Prof. Herbert Alexandre João, onde o intuito foi trabalhar com os docentes a parte metodológica do ensino de ciências da natureza, especialmente de física, e a abordagem de elementos e de aspectos teóricos experimentais. “Trazer ideias de experimentos, preferencialmente de baixo custo, mas que se alinhem com o currículo do ensino médio e do ensino fundamental, é algo bastante importante, principalmente porque geram um impacto na aprendizagem dos alunos, de tal maneira que possibilitem o uso de metodologias ativas associadas ao uso desses experimentos ou ao tratamento desses conceitos, fazendo com que os alunos possam se engajar mais na aprendizagem e também superar concepções alternativas conhecidas do ponto de vista da pesquisa e ensino de ciências”, pontua o docente.

Para o coordenador do “Programa Vem Saber”, Prof. Antonio Carlos Hernandes “Esta formação de professores, que estão com a disciplina de física atribuída, seja para o ensino médio, e/ou para o ensino de ciências, do fundamental II, é muito importante porque colabora no sentido de sanar concepções equivocadas sobre temas de física. Além disso, acredito que um dos pontos principais foi fazer os professores entenderem o caráter experimental da física. Assim, apresentamos vários experimentos de baixo custo, mas com alto potencial de transmitir conceitos e ressignificar o entendimento e o engajamento dos estudantes durante as aulas de física”, sublinha o docente.

Uma oportunidade extremamente importante

A Profª Telma Ravagnani é Professora Especialista de Currículo no Núcleo Pedagógico de Ciências e Biologia da Diretoria de Ensino da Região de José Bonifácio e foi ela a responsável por trazer os professores para esta sessão do “Programa Vem Saber”. Esta visita insere-se numa parceria que estava estabelecida desde há algum tempo com o IFSC/USP, no âmbito da Competição USP de Conhecimentos e Oportunidades (CUCO). Dessa forma, além de se aproximar os alunos da Universidade, como é o intuito do “Vem Saber”, os coordenadores do programa e a Diretoria de Ensino da Região de José Bonifácio entenderam que trazer os professores pela primeira vez na USP seria uma forma excelente de eles poderem ter essa vivência, essa experiência.

Materiais simples para serem utilizados em sala de aula

“Esta é uma oportunidade muito importante, porque esta formação enriquece. Porém, estar na universidade tem um enriquecimento ainda maior porque se amplia o repertório didático-metodológico do professor. Ele vai ter uma vivência. E a oportunidade que os professores tiveram de visitar os laboratórios aproxima-os da pesquisa, da ciência, para que eles levem isso para os alunos também. É uma forma de instigar os nossos estudantes a quererem percorrer o caminho acadêmico. Que não seja estanque, que ele termina ali no ensino médio. É um trabalho constante de convencimento, de orientação, de informação”, salienta Telma Ravagnani. “O professor volta revigorado. Porque estar na universidade ele relembra o tempo passado no ensino superior. Então, ele volta com mais ânimo para engajar os seus alunos…E, com outra bagagem, outro repertório. Inclusive, o que eu acho que é muito importante, que é sempre frisado para os professores, mas nada como vivenciar, é que no experimento, para desenvolver a aprendizagem não precisa ser algo muito elaborado, muito complexo. Você tem que partir de algo que é simples, do dia-a-dia, do cotidiano, de baixo custo, e que seja capaz de desenvolver a aprendizagem de verdade. Então, acho que é isso que é o grande “tchan” da coisa”, finaliza a professora.

Profª Paula Roberta

“Entusiasmo… Meu olho brilha!”

Paula Roberta é professora na EE Dr. Anísio José Moreira, em Mirassol (SP), e foi a primeira vez que participou deste programa do “Vem Saber”. “Que sensação maravilhosa! Dá vontade de voltar a ser aluna. Levo imensas informações para passar aos meus alunos. Foi um dia fascinante, porque a gente vê a ciência na prática. Não é só a teoria de livros. A gente a vê sendo utilizada no dia a dia, nos laboratórios de pesquisa… Vou falar do meu caso, que é a minha área. Eu vi a física viva. Não a física em letras, em números…. Você vê a ciência circulando. Onde brilha o olho. Pensei, eu quero voltar a isto tudo… Eu quero isso de novo… Agora, depois de ter assistido a tudo isto, posso fazer um monte de experimentos em minha escola. Simples, de baixo custo. Você leva daqui… Entusiasmo…Entusiasmo… Renovação do amor pela matéria”, conclui a professora, feliz e emocionada.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de junho de 2025

Pirogravuras e fotografia em exposição na Biblioteca do IFSC/USP – “Espaço 24 Horas”

A Biblioteca do IFSC/USP recebe entre os dias 02 e 27 de junho uma exposição conjunta de pirogravuras e de fotografia (entrada gratuita), que ocupará o “Espaço 24 Horas”.

Ciro Júlio Cellurale é o artista que apresenta suas obras na denominada Exposição Pirogravuras “Imagens e Versos desse Universo”, enquanto Vinícius Pereira Pinto assina sua mostra na Exposição Fotográfica “Imagens valem mais com mil palavras”.

Clique AQUI para saber quem são os artistas.

25 de junho de 2025

Dia 25 de junho – Instituto abriu as portas de seus laboratórios para a sociedade

No passado dia 25 de junho, a partir das 14h00, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) escancarou as portas dos seus Laboratórios de Física Moderna a toda a população, com o intuito de dar a conhecer a Física Quântica de forma acessível e envolvente.

O evento, denominado “Casa Aberta IFSC/USP – Física Quântica em Ação” contaou com a participação de cientistas e alunos dos cursos de bacharelado do IFSC/USP que apresentaram diversos experimentos e demonstrações interativas, proporcionando aos visitantes experiências únicas com os conceitos fundamentais e aplicações da física moderna, especialmente neste ano de 2025 em que se comemora o “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica”.

 

 

 

 

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de junho de 2025

Com participação do IFSC/USP e FCL/UNESP – Planta da medicina tradicional chinesa mostra potencial para proteger as células contra vírus respiratórios

Já imaginou se uma substância natural pudesse fortalecer nossas células e impedir que vírus respiratórios — como os da gripe ou da COVID-19 — conseguissem nos infectar? Esse foi o foco de uma pesquisa brasileira que mergulhou nas propriedades de uma molécula chamada baicaleína, encontrada em uma planta usada há séculos pela medicina tradicional chinesa (Scutellaria baicalensis / Escutelária Chinesa / Huang Qin / Raiz Dourada). Embora seja um nome pouco conhecido do público, a baicaleína pode estar entre as futuras armas no combate a infecções virais.

Os pesquisadores mostraram que essa molécula tem a capacidade de interagir com as membranas celulares humanas e, dependendo do tipo de célula, reforçar suas defesas naturais. Segundo o pesquisador do FCL/UNESP, Pedro Henrique Benites Aoki e um dos autores do estudo “Isso pode representar um novo tipo de proteção contra vírus que atacam o sistema respiratório, como o coronavírus, o vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros”.

Um escudo invisível: como a baicaleína age nas nossas células

Todas as nossas células são envoltas por uma membrana — uma camada microscópica composta basicamente por gorduras (lipídios), que funciona como uma espécie de “parede inteligente”, controlando o que entra e sai. Quando um vírus ataca nosso corpo, ele precisa atravessar essa barreira para infectar a célula e, por isso, fortalecer essa estrutura é uma estratégia promissora para bloquear o início da infecção.

O estudo, publicado neste ano de 2025 na respeitada revista científica Langmuir (VER AQUI), investigou exatamente como a baicaleína interage com modelos de membranas celulares. Para isso, os cientistas utilizaram dois tipos diferentes de células humanas cultivadas em laboratório: as Células HEp-2, da região da faringe, que costumam ser altamente vulneráveis a infecções respiratórias, e as Células A375, da pele, que normalmente não são infectadas por vírus respiratórios.

E o que os pesquisadores descobriram foi surpreendente: Nas células HEp-2, a baicaleína ajudou a compactar e organizar melhor a membrana celular. Isso a torna mais rígida e resistente — dificultando a entrada de vírus. Já nas células A375, o efeito foi o contrário, ou seja, a membrana ficou mais fluida e desorganizada, sem efeitos protetores. Resumidamente, a baicaleína parece atuar de forma inteligente e seletiva, protegendo principalmente as células mais vulneráveis a infecções respiratórias.

Por que isso é um avanço importante?

Atualmente, a maioria dos medicamentos antivirais age, tentando impedir a sua replicação. Essa estratégia é eficaz, mas tem limitações, já que muitas vezes, quando os sintomas aparecem, o vírus já está bem instalado no organismo. Além disso, os vírus podem sofrer mutações e se tornar resistentes a esses medicamentos, como já aconteceu com várias variantes do SARS-CoV-2. A baicaleína traz uma proposta diferente, que é reforçar a defesa das células antes da infecção acontecer, tornando o corpo um terreno hostil para os vírus. Isso representa uma abordagem inovadora e complementar à medicina tradicional, podendo ser especialmente útil como forma de prevenção. Imagine um futuro em que pessoas com maior risco — como idosos, portadores de doenças respiratórias crônicas ou profissionais de saúde — possam tomar um suplemento com baicaleína para reduzir as chances de infecção em períodos de alta circulação viral. Parece promissor!

Outros benefícios da baicaleína

A baicaleína não é apenas antiviral. Ela também apresenta propriedades antioxidantes, que ajudam a combater o envelhecimento celular, e anti-inflamatórias, que reduzem processos inflamatórios crônicos associados a várias doenças. Isso significa que seu uso pode trazer benefícios amplos à saúde, especialmente em situações que envolvem estresse celular, infecções ou lesões. Em estudos anteriores, por exemplo, a baicaleína já demonstrou proteger os pulmões de danos causados por vírus e melhorar a sobrevivência de células infectadas — inclusive em testes com o coronavírus.

O que falta para virar um medicamento?

Apesar dos resultados promissores, a baicaleína ainda não está disponível como tratamento aprovado contra infecções virais, isso porque a ciência exige um processo rigoroso para transformar descobertas de laboratório em medicamentos seguros e eficazes.

Contudo, as próximas etapas incluem:

a)Testes em células vivas e tecidos reais, para confirmar os efeitos observados em modelos simplificados;

b)Estudos em animais para entender como a baicaleína se comporta no organismo — como é absorvido, distribuído, metabolizado e eliminado;

c)Ensaios clínicos em humanos para avaliar segurança, dose ideal, possíveis efeitos colaterais e, claro, sua real eficácia;

d)Desenvolvimento de formulações práticas, como cápsulas, sprays nasais ou inaladores, que garantam que a baicaleína chegue ao local desejado — principalmente aos pulmões e vias respiratórias.

Ciência e natureza: uma parceria com grande futuro

Esse estudo mostra como a união entre a sabedoria tradicional e a pesquisa científica moderna pode gerar soluções inovadoras. Muitas vezes, a natureza já oferece moléculas potentes — e o papel da ciência é compreender como elas funcionam e como os cientistas a podem usar da melhor forma. “Num mundo que ainda enfrenta os impactos das pandemias e o surgimento de novas variantes virais, buscar estratégias que fortaleçam o organismo e atuem preventivamente é mais urgente do que nunca”, conforme afirma o docente, pesquisador do IFSC/USP e coautor deste estudo, Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior.

A baicaleína urge como uma promessa nesse cenário e talvez, no futuro, essa molécula que hoje está nas raízes de uma planta ancestral possa estar nas farmácias, ajudando a proteger milhões de pessoas.

Bruna Alves Martins é a primeira autora deste estudo e faz parte do grupo Nanotec, coordenado pelo Prof. Dr. Pedro Henrique Benites Aoki. Ela realizou seu projeto de pesquisa de iniciação científica com bolsa Fapesp (2023/17301-5) durante a graduação em Engenharia Biotecnológica, investigando as interações moleculares do flavonoide baicaleína.

Ela segue investigando esse flavonoide agora no mestrado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Materiais (POSMAT), com bolsa Fapesp (2025/00626-4).

Para conferir esta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de junho de 2025

IFSC /USP apresenta projeto na VIVATEC e brilha numa das maiores exibições de tecnologia da Europa

Apresentação feita pelo Prof. Vanderlei Bagnato em uma das arenas do evento, com o tema sobre saúde sempre está em evidência. Diversos professores da USP também falaram de assuntos importantes, como energia, clima e ambiente, entre outros outros

Desenvolver tecnologias, buscar parcerias e atacar problemas de alta relevância, passou a ser uma das missões de grandes instituições de ensino e pesquisa em todo mundo. Além disso, essas instituições se preocupam atualmente em mostrar o que fazem não apenas para externalizar suas conquistas, mas também para compartilhar com outras que vivem as mesmas necessidades. É assim que nascem as grandes parcerias e viabilizações tecnológicas.

A VIVATEC é uma das maiores exibições de tecnologia e desenvolvimento da Europa, uma feira que ocorreu entre os dias 11 e 14 de junho na cidade de Paris, tendo contado com a participação de mais de sessenta países e acolhendo cerca de vinte e cinco mil visitantes, com a participação de importantes organizações científicas e instituições de pesquisa.

A Universidade de São Paulo (USP) apresentou-se junto com a FAPESP em um funcional stand onde foram apresentados projetos de grandes áreas de interesse, como saúde, energia renovável, mobilidade urbana, eletrônica e sensores, e meio ambiente.  Dentre os projetos escolhidos para serem apresentados estiveram dois desenvolvidos pelo IFSC/USP e CEPOF: o primeiro, que consiste na quebra da resistência bacteriana aos antibióticos e o tratamento da pneumonia resistente, utilizando ação fotodinâmica; e o segundo, consistindo no uso do mesmo princípio para evitar infecções durante o processo de intubação de pacientes em hospitais.

Maquetes especiais demonstraram ao público os princípios de funcionamento da tecnologia

A exibição desses projetos foi feita no espaço de eventos, através de protótipos que explicaram os processos, sendo que as apresentações foram realizadas em um dos auditórios da feira. As tecnologias desenvolvidas foram extremamente bem recebidas, com visitação constante no stand de autoridades, delegações estrangeiras e empresas de diversos setores, especialmente de especialistas do Instituto Pasteur de Paris.

O professor da USP, Carlos Labate, o Secretário do Estado de São Paulo de C&T, Prof. Vahan Agopyan, Prof. Vanderlei Bagnato e o Reitor da USP, Prof. Carlotti, presentes no evento para fortalecer a presença da USP dentro da relevância que merece

A técnica para tratamento de pneumonia, que já foi demonstrada em experimentos in vitro, pequenos animais e porcos, segue agora para uma experimentação com ovelhas através do desenvolvimento natural de pneumonia, que está sendo feita em colaboração com a Texas A&M University dos EUA.

Vista parcial da feira

Em linhas gerais, a técnica usa processos amplamente estudados pelos laboratórios de biofotônica do IFSC/USP e CEPOF, que consiste na ativação de drogas, com luz, que destroem microrganismos através da geração intensa de radicais livres.  O processo começa através da inalação de uma substância fotossensível que carrega as moléculas para os pulmões, promovendo a absorção pelas colônias bacterianas. Em seguida, um sistema de lasers, desenvolvido em parceria com a empresa MMO de São Carlos através de um programa EMBRAPII, opera no infravermelho e realiza a iluminação externa no corpo, chegando dessa forma às diversas regiões infectadas, causando a eliminação parcial da infecção e promovendo a quebra da resistência aos antibióticos. Em seguida, a administração do antibiótico ajuda a eliminar totalmente a infecção.

Segundo o pesquisador responsável pela pesquisa, o docente do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato “A pesquisa é de grande relevância pois ataca um dos problemas mais sérios que temos, que é a eliminação de infecções que não respondem aos antibióticos. Já estamos realizando a eliminação das infecções de garganta com a mesma técnica, mas o desafio da pneumonia é especial por ser de alta complexidade“, explica o pesquisador.

O problema é de grande urgência e os diversos pesquisadores do CEPOF envolvidos na resolução deste problema – Vanderlei Bagnato, Cristina Kurachi, Kate Blanco e diversos alunos e pós-doutores – trabalham de forma intensa para se chegar rapidamente aos seres humanos e minimizar o crescimento dos milhares de mortes causadas pela pneumonia resistente em todo mundo. “O fato de tornarmos as bactérias susceptíveis novamente aos antibióticos é de extrema importância, pois temos, sim, excelentes antibióticos, apenas temos que eliminar os mecanismos criados pelas bactérias para não mais reagirem a eles, e isto já demonstramos” conclui Bagnato.

As propostas e novas tecnologias desenvolvidas pelo IFSC/USP e CEPOF sempre estão dentro dos grandes desafios que a ciência enfrenta hoje, para ter a relevância necessária em resolver grandes problemas.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

16 de junho de 2025

Com novas tecnologias – Pacientes com fibromialgia permanecem vários anos sem processos dolorosos

Duas pacientes com fibromialgia relatam ausência de dores ao longo de vários anos, após realizarem tratamentos com ação combinada de laser e ultrassom na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), uma infraestrutura sediada na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC), ao abrigo de uma parceria que completou recentemente dez anos.

Esses tratamentos foram essenciais para a diminuição das dores causadas pela fibromialgia nestas duas pacientes? Sim, foram, mas existem outros fatores que também se apresentaram determinantes para o bem estar e a recuperação da qualidade de vida de Joana D’Arc e de Thiacy Sant’Anna.

Joana D’Arc Ribeiro de Lima Ventura (São Paulo) – sete anos sem dores

Joana D’Arc Ribeiro de Lima Ventura (62) mora na cidade de São Paulo, no Bairro Santana e sofre de fibromialgia desde os 28 anos de idade. Sua história de saúde conta com a realização de largas centenas de exames, passagens por UTI e medicação “pesada” – incluindo morfina -, tendo chegado a se locomover com o auxílio de cadeira de rodas. Uma luz brilhou no final do túnel quando, em 2018, seu filho assistiu a uma reportagem publicada na USP de São Carlos que convocava pacientes voluntários para uma pesquisa e um tratamento inovador com a finalidade de atenuar os efeitos da fibromialgia. Joana D’Arc se inscreveu na pesquisa e foi selecionada para esse programa.

Joana D’Arc Ribeiro de Lima Ventura

“Essa pesquisa compreendia a realização de dez sessões do novo tratamento. Meu Deus… Ao final da segunda sessão cheguei no hotel por volta das quinze horas e dormi…. dormi… dormi… Capotei até às cinco horas da manhã! Fazia uns quinze ou vinte anos que eu não dormia bem, não só por causa das dores, mas também devido à dificuldade no sono, algo que também é característico da fibromialgia. Sinceramente, não estava acreditando na transformação pela qual passei quando concluí as dez sessões do tratamento, cada dia melhorando mais em todos os sentidos. Minha vida mudou completamente. As dores desapareceram, a qualidade do sono ficou fantástica, o foco, a cognição e a concentração despontaram – eu padecia muito – e, repare, comecei a ter vontade de estudar – algo que enquanto doente não tinha passado por minha cabeça”, relata Joana, de alguma forma emocionada.

Na verdade, Joana D’Arc decidiu, em 2020, fazer uma faculdade de fisioterapia e seguir a área de tratamentos de fibromialgia. “Eu trabalhava com o meu esposo numa corretora de seguros, mas exercia o meu trabalho em “home office” porque não tinha condições de caminhar nem de dirigir, ou seja, nada que envolvesse movimentos. Algum tempo após o tratamento decidi fazer a faculdade, tendo prometido a mim mesma que tudo aquilo que eu fosse estudar – graduação, mestrado, especialização -, tudo, mesmo, seria sobre fibromialgia para gritar ao mundo que essa doença existe, que judia e humilha, mas que existe algo que pode aliviar os sintomas e auxiliar na recuperação da qualidade de vida. E foi assim que me formei, abrindo, na sequência, um consultório no bairro onde resido aqui em São Paulo – Bairro Santana”, comemora Joana D’Arc.

Thiacy Sant’Anna

Em seu consultório, Joana D’Arc já atendeu – e continua a atender – centenas de pacientes fibromiálgicos utilizando os protocolos e equipamentos desenvolvidos no IFSC/USP. “Os especialistas costumam dizer que cerca de 4% da população mundial é acometida por fibromialgia, mas eu tenho certeza que essa porcentagem é muito maior. Quando os médicos chegam ao diagnóstico de fibromialgia é porque já descartaram todos as restantes hipóteses. Então, foram tantas coisas horríveis por que passei que agora consigo ver que ter ido para São Carlos e trazer para São Paulo essas novas tecnologias para ajudar mais pessoas, talvez tenha sido a missão de minha vida. Eu sei que a fibromialgia permanece comigo; às vezes, sabe, sinto algum desconforto, mas o certo é que desde junho de 2018, está completando agora sete anos, que não tenho qualquer crise, não tenho aquelas dores horrorosas e não tomo mais nenhuma medicação”, sublinha Joana D’Arc.

Joana acredita que o surgimento da fibromialgia pode ter sido causado pela perda de seu pai, há muitos anos atrás, um trauma psicológico que poderá ter sido o gatilho para toda a situação. Para manter a sua atual qualidade de vida, Joana D’Arc pratica exercícios físicos diários, como hidroginástica e natação, evitando, por outro lado, exercícios de impacto. Quanto ao futuro, Joana pretende ajudar o maior número de pacientes fibromiálgicos em seu consultório. “Se Deus quiser irei ajudar ainda muitas pessoas. Tudo isso graças à equipe do cientista do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Dr. Vanderlei Bagnato, por ter tido essa visão inovadora, e ao Dr. Antônio Aquino Junior, da UTF, que tão bem coordena o setor de tratamentos”, conclui Joana D’Arc.

Thiacy Sant’Anna (Saquarema – RJ) – três anos sem dores

Thiacy Sant’Anna (79) mora na cidade de Saquarema (RJ) e sofre de fibromialgia desde criança, tendo a sua vida sido pautada por centenas de internamentos, muito deles no Hospital das Clínicas, em São Paulo, ao que se agravou o fato de ter tido quadros com problemas cardiológicos – quatro infartos -, embora considere que em relação a isso fez os devidos tratamentos, encontrando-se perfeitamente bem.

Foi em 2018 que um amigo de Thiacy deu a informação que estaria em execução na USP de São Carlos um novo tratamento para as consequências de fibromialgia. “Não perdi um minuto sequer, fiz minha inscrição e fui aceita. Foi tão impressionante que ainda hoje custa a acreditar. Já na segunda aplicação da série de dez sessões eu já me senti bem. Na minha quarta semana de tratamento eu já não tinha dores e regressei a casa. Contudo, em 2019 e 2022, as dores regressaram e novos tratamentos foram realizados, sendo que desde o último tratamento feito em 2022 não tenho qualquer dor, já passaram três anos”, sublinha Thiacy. Segundo ela, sua vida mudou radicalmente, e para manter a forma física e evitar que as dores regressem começou a praticar Pilates e hidroginástica, algo que virou uma rotina em sua vida, ao mesmo tempo que, independentemente de sua idade, fundou e começou a desempenhar funções em uma cooperativa de habitação.

Dr. Antonio Aquino (IFSC/USP)

Em simultâneo, Thiacy está pensando em sugerir a instalação de um equipamento dedicado ao tratamento da fibromialgia em um consultório médico em sua cidade – Saquarema (RJ). “Quero trazer esse equipamento para cá. Como minha sobrinha é enfermeira, ela pode receber o devido treinamento e utilizar esse equipamento para beneficiar muitas outras pessoas que padecem dessa doença”, finaliza Thiacy Sant’Anna.

Devolver a qualidade de vida aos pacientes

“Nosso aprendizado junto à fibromialgia não para em momento algum”, destaca o pesquisador do IFSC/USP e coordenador dos tratamentos realizados na UTF, Dr Antonio Aquino. “Desde 2017, tivemos muitos colaboradores, onde alguns ficaram pelo caminho, mas neste ano de 2025 reunimos uma equipe afinada, que quer, em cada dia que passa, fazer a diferença e não apenas na fibromialgia. Nossa felicidade em devolver a qualidade de vida, o sorriso aos pacientes é o que nos impulsiona a fazer melhor. Hoje, já estamos numa sexta versão do modelo de tratamento, monitoramos de forma diferente a evolução da intervenção com Laser e Ultrassom e estamos a poucos passos de continuar essas mudanças positivas, tudo isso sob a coordenação do Prof. Vanderlei Bagnato, sublinha Antonio Aquino.

Com efeito, além de todo esse desenvolvimento, o grupo tem ainda a missão de ensinar aos profissionais de saúde a forma correta de aplicar o tratamento, tornando-os ainda mais capacitados. “Cada vez que pensamos em fazer a diferença, lembramos da frase popular de Albert Einstein “Insanidade é fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes”. Por isso, seguimos inovando”, completa o pesquisador.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de junho de 2025

Com participação do IFSC/USP – Cientistas brasileiros criam composto que bloqueia e elimina células do câncer de pele mais agressivo

Nova substância à base de metal raro mostra potencial para frear o crescimento do melanoma e provocar a morte das células doentes sem afetar as saudáveis; descoberta pode abrir caminho para tratamentos mais seguros e eficazes

Pesquisadores brasileiros estão mais próximos de oferecer uma nova esperança para o tratamento do melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele. Em um estudo publicado na revista Pharmaceuticals, os cientistas mostraram que uma substância criada em laboratório, que combina o metal rutênio com uma molécula derivada da antraquinona, foi capaz de interromper o crescimento de células de melanoma e ainda induzir sua morte.

O melanoma é considerado um dos cânceres de pele mais agressivos por sua alta capacidade de se espalhar para outras partes do corpo. Apesar dos avanços recentes em tratamentos como a imunoterapia e medicamentos-alvo, muitos pacientes ainda enfrentam limitações, seja pela baixa resposta clínica ou pelos efeitos colaterais severos. Por isso, o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas segue sendo uma das grandes prioridades da ciência médica.

O composto desenvolvido pelos pesquisadores atua como uma espécie de bloqueio para as células tumorais. Em condições normais, as células do corpo passam por diversas etapas para crescer, se dividir e se multiplicar. O novo composto interrompe esse ciclo logo no início, impedindo que as células do melanoma avancem em sua multiplicação.

Menos danos às células saudáveis

Um dos grandes diferenciais desse novo composto é sua seletividade. Enquanto os tratamentos convencionais contra o câncer, como a quimioterapia, costumam afetar tanto células doentes quanto saudáveis, provocando efeitos colaterais como queda de cabelo, náuseas e fadiga , os testes laboratoriais com a nova substância indicaram uma ação preferencial sobre as células de melanoma, com mínima interferência nas células normais.

O que é o rutênio

O rutênio é um metal de transição ainda pouco conhecido pelo grande público, mas que apresenta propriedades químicas interessantes. Diferentemente de outros metais utilizados em terapias anticâncer, como a platina, compostos de rutênio podem ser menos tóxicos e mais eficazes na identificação e destruição seletiva de células tumorais.

Prof. Javier Ellena (IFSC/USP)

O estudo reforça o papel da química medicinal e da química bioinorgânica na criação de moléculas inteligentes, que interagem de maneira mais precisa com alvos celulares, ampliando as possibilidades de tratamentos mais seguros e eficazes.

Próximos passos

Até o momento, o composto foi testado apenas em células cultivadas em laboratório. Segundo o professor Javier Ellena, do IFSC-USP, que participou da pesquisa “ainda será necessário avançar para testes em modelos animais e, posteriormente, em humanos – um processo que pode levar vários anos”. Ainda assim, os cientistas estão otimistas já que os resultados iniciais apontam para uma estratégia promissora na luta contra o melanoma.

Se os próximos testes confirmarem o potencial da substância, ela poderá, no futuro, tornar-se uma alternativa mais eficaz e menos agressiva no combate ao câncer de pele mais perigoso.

Colaboração entre instituições brasileiras

O estudo contou com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa do país, incluindo o Instituto de Química da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), o Departamento de Ciências Biomédicas da UNIFAL-MG, Departamento de Química da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), Instituto de Física de São Carlos da USP (IFSC-USP) e o Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Para acessar o artigo científico completo, publicado na Pharmaceuticals, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de junho de 2025

IFSC/USP comemora dez anos da criação da Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) em São Carlos

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) comemora neste mês de junho o décimo aniversário da criação da Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF), resultado de uma parceria longeva e exitosa com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (SCMSC). Em dez anos foram realizados mais de cinquenta mil tratamentos.

Sendo uma unidade clínica, a unidade assume uma importância bastante grande, já que foi graças a ela que se conseguiram testar novas tecnologias e protocolos, desenvolver novas metodologias para a saúde, realizando um atendimento ao público em projetos aprovados em comitê de ética.

Foram inúmeros os pesquisadores que passaram pela UTF desde 2015 até o presente momento e, nesse espaço de tempo, conseguiu-se desenvolver e aplicar diversos projetos importantes: tratamentos de úlceras venosas, úlceras diabéticas, fibromialgia, osteoartrose, osteoartrite, artrite psoriática, artrite reumatoide, mucosite, sequelas do COVID, ausência de olfato e paladar, zumbido de ouvido, distúrbios de memória pós-COVID, lipedema, e rugas, entre outros, bem como equipamentos inovadores para a descontaminação pulmonar e câncer de pele, todos eles utilizando tecnologias associadas, sendo que o mais recente utiliza corrente elétrica associada ao laser para tratamento de lesões discais cervicais e lombares que afetam tanto a mobilidade, parestesia, quanto geram dor – as famosas hérnias discais.

Dr. Antonio de Aquino Junior

Um conjunto de procedimentos, protocolos e avanços tecnológicos com a participação de alunos que muitas vezes chegam até o IFSC/USP em processos de iniciação científica, mestrado e doutorado, sendo que atualmente o Instituto já repassou para a sociedade uma quantidade muito grande de conhecimento, que se traduziu em escrita científica.

“Conseguimos, desde 2015, produzir mais de cinquenta artigos internacionais que foram desenvolvidos em pesquisas junto ao Grupo de Óptica do IFSC/USP (Fotodinâmica), acrescentando-se a publicação de sete livros. Então, tudo isso mostra a importância dessa parceria construída com a Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, um trabalho que continua com toda a força”, sublinha o pesquisador do IFSC/USP e responsável pela UTF, Dr. Antonio de Aquino Junior.

Localizada na Rua XV de novembro e inserida na infraestrutura da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, a UTF possui quatro salas de atendimento, e sala de espera, um espaço que atende muito bem não só público como também os profissionais/alunos. “É nesse mesmo espaço que tentamos profissionalizar o aluno, não apenas em relação ao conhecimento, como também ao treinamento no âmbito das novas tecnologias que são criadas em relação aos aspectos fisiológicos e terapêuticos, mas também no desenvolvimento da parte escrita, porque é muito importante que esse aluno tenha a capacidade de escrever e falar sobre aquilo que ele está desenvolvendo para conhecimento público”, ressalta o pesquisador.

Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, Dr. Antonio Valério Murillas Junior

Pela UTF – que está sob a supervisão do cientista e docente do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato – já passaram no período de dez anos mais de trinta alunos de graduação, mestrado, doutorado e de pós-doutoramento, enquanto que na área de atendimentos os números impressionam. “Só na área de fibromialgia foram atendidos mais de três mil pacientes, calculando-se que no computo geral de todos os tratamentos realizados só nessa área tenham sido atendidas mais de cinco mil pessoas. É importante dizer, por exemplo, que na fibromialgia cada paciente recebeu dez sessões de tratamento, o que, se calcularmos uma média, significa dizer que a UTF promoveu trinta mil sessões de tratamento. Fazendo novamente as contas, no computo geral, ou seja, juntando todas as situações clínicas, em todas as áreas, conseguiu-se fazer cerca de cinquenta mil tratamentos em dez anos, o que, realmente, é um número impressionante”, destaca Antonio de Aquino Junior

Um motivo de orgulho para todos os envolvidos

No âmbito desta comemoração, o Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, Dr. Antonio Valério Murillas Junior, considera que celebrar os dez anos da Unidade de Terapia Fotodinâmica da USP significa reconhecer a força transformadora de uma parceria baseada em conhecimento, inovação e. sobretudo, no compromisso com a vida. “A união entre o Instituto de Física de São Carlos (USP) e a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos tornou possível o desenvolvimento de uma unidade pioneira que alia ciência de ponta ao cuidado humanizado, oferecendo tratamentos mais eficazes e menos invasivos, com resultados concretos para centenas de pacientes”, sublinha o Provedor, acrescentando que essa trajetória ao longo de uma década é motivo de orgulho para todos. “Só resta agradecer aos pesquisadores,profissionais de saúde, colaboradores e a todos que, com dedicação e excelência, fazem parte dessa história de sucesso. Que os próximos anos continuem sendo de avanços, descobertas e, principalmente, de benefícios para a população”, conclui o Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.

Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato

“O bem-estar do ser humano é um objetivo comum e para o qual a ciência luta muito”. Quem salienta esse fato é o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, reafirmando que, numa primeira análise, as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas a todo instante deverão estar à disposição da sociedade. “Uma das áreas de atuação no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) é a Biofotônica, onde luz (principalmente através de lasers) é utilizada para o tratamento de doenças crônicas e para o tratamento do câncer de pele. A possibilidade de desenvolver novas tecnologias para tais doenças já é um grande feito, mas a possibilidade de podermos disponibilizar para as pessoas à medida que desenvolvemos novos projetos é um feito ainda maior. Isto só é possível devido à parceria que temos com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos”, sublinha o pesquisador, acrescentando que ao longo destes dez anos de cooperação houve a capacidade de desenvolver mais de dez novas tecnologias e, em paralelo, beneficiar milhares de pessoas dentro desta parceria.

“Tratamentos da fibromialgia, de Parkinson, de complicações causadas pela diabetes, infecções de garganta, dores crônicas e lesões de pele estão entre os que mais nos motivaram a seguir em frente. Nós, do IFSC-USP, somos privilegiados por ter esta parceria que vem permitindo que se legitimem os procedimentos e tecnologias que chegam a beneficiar milhões. Com prazer comemoramos os dez anos e rogamos por mais dez desta parceria, com desenvolvimento e promoção de bem-estar aos nossos cidadãos. Esta parceria tem permitido que nossa ciência, além de importante, seja relevante e tenha impactos sociais na saúde e na economia”, conclui o pesquisador.

O futuro

Quanto ao futuro, o Dr. Antonio de Aquino Junior recorda a iniciativa recentemente levada a cabo no contexto da parceria UTF-SCMSC, com a criação de um curso de especialização em laser, para que os mais diversos profissionais de saúde possam ter mais conhecimento e acesso mais facilitado às tecnologias, uma ação que tem atraído alunos do Rio de Janeiro, Paraná e de outras cidades de São Paulo.

Quanto ao trabalho da UTF, o pesquisador afirma que o desenvolvimento de novas tecnologias e protocolos vai continuar, segundo ele com “mais audácia”, principalmente na área de doenças crônicas e degenerativas.

Sem querer entrar em detalhes, Antonio de Aquino Junior comenta que “A todo o momento nós descobrimos vias de ação, ações que ocorrem devido à intervenção que realizamos junto a pacientes, relatos que são muito importantes, e isso deve promover, ainda neste ano de 2025, trabalhos muito importantes que estamos submetendo ao Comitê de Ética para poderem ser aprovados e iniciados”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de junho de 2025

Estudo inédito liderado por pesquisador do IFSC/USP aponta que memória quântica aumenta a eficiência termodinâmica

Pesquisadores brasileiros e britânicos demonstram que processos quânticos não-Markovianos podem ser usados como valiosos recursos energéticos com potencial impacto em futuras tecnologias sustentáveis.

Um estudo inovador liderado pelo pesquisador do IFSC/USP, Guilherme Zambon, em colaboração com o Prof. Gerardo Adesso, da Universidade de Nottingham (Reino Unido) e publicado na prestigiada revista científica Physical Review Letters, revela que os chamados processos quânticos não-Markovianos — aqueles que “lembram” interações anteriores — são capazes de fornecer mais energia útil do que se pensava.

O que são processos não-Markovianos?

Na mecânica quântica, muitos modelos consideram sistemas que evoluem de forma “esquecida”, ou seja, sem guardar memória das interações passadas — um comportamento chamado de Markoviano. No entanto, o certo é que sistemas quânticos abertos frequentemente exibem efeitos de memória, nos quais informações podem retornar do ambiente para o sistema. Esse “fluxo reverso” de informação caracteriza os processos não-Markovianos, e agora sabe-se que eles não apenas influenciam a dinâmica do sistema, mas também podem ser explorados para gerar mais energia útil.

Prof. Gerardo Adesso (Créditos – University of Nottingham -UK)

O trabalho dos pesquisadores identificou três formas pelas quais a memória quântica amplia a eficiência na extração de energia:

1-Investimento de trabalho: em vez de extrair energia imediatamente, o sistema pode “investir” energia em um momento inicial para obter um retorno maior em etapas seguintes;

2-Correlação entre tempos diferentes: processos com memória permitem que as saídas em diferentes instantes estejam correlacionadas. Isso significa que se o sistema for analisado como um todo ao longo do tempo, ele pode revelar uma estrutura energética mais rica;

3-Correlação sistema-ambiente: mesmo que o sistema isoladamente pareça desinteressante, as correlações escondidas com o ambiente, preservadas graças à memória, permitem uma extração energética mais eficaz quando exploradas corretamente;

Os autores propõem uma hierarquia de quatro estratégias para extrair trabalho de processos quânticos: sequencial, conjunta, global e, a mais geral possível, descrita pelos chamados “pentes quânticos” (quantum combs), em que as operações realizadas sobre o sistema de interesse podem carregar qualquer tipo de correlação. Em processos Markovianos, todas essas estratégias se equivalem, enquanto que em sistemas com memória, cada novo nível da hierarquia permite extrair mais energia — com vantagens diretamente relacionadas ao grau de não-Markovianidade.

Guilherme Zambon – Pesquisador do IFSC/USP

A pesquisa representa um marco ao quantificar, de forma precisa, o quanto a memória de um processo quântico pode contribuir para a eficiência energética. Neste artigo científico, Guilherme Zambon sublinha que o grupo estabeleceu uma ponte clara entre dinâmicas quânticas e tarefas termodinâmicas, algo que pode ajudar no desenvolvimento de tecnologias quânticas mais sustentáveis e eficientes. Os autores da pesquisa também sugerem que estas descobertas podem ser usadas para criar “testes termodinâmicos” que detectam memória quântica — uma ferramenta potencialmente valiosa na caracterização de dispositivos quânticos experimentais.

Próximos passos

Embora o estudo tenha se concentrado no regime assintótico — aquele em que o número de cópias dos recursos tende ao infinito — os pesquisadores planejam explorar situações mais realistas, com recursos limitados, o que pode aproximar a teoria de aplicações experimentais.

Com este trabalho, a memória deixou de ser vista apenas como um obstáculo ou curiosidade na física quântica e passou a ser reconhecida como uma aliada na busca por maior eficiência termodinâmica. Em um mundo que caminha rumo a tecnologias energeticamente conscientes, entender e utilizar essas sutilezas quânticas pode fazer toda a diferença.

Para conferir este artigo científico publicado na revista Physical Review Letters, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de junho de 2025

Destaque da Produção Científica do IFSC/USP em maio de 2025

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica cadastradas no mês de maio de 2025, clique AQUI ou acesse o Repositório da Produção USP (AQUI).

As atualizações também podem ser conferidas no Totem “Conecta Biblio”, em frente à Biblioteca.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico “ACS Nano” (CONFIRA AQUI)

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de junho de 2025

Tecnologia desenvolvida no IFSC/USP promete revolucionar a avaliação da qualidade do café

(Foto arquivo pessoal)

Pesquisadores desenvolvem aparelho que analisa a cor dos grãos e ajuda a diferenciar espécies de café com precisão e rapidez

Uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), em parceria com a startup OptikAI e com apoio da FAPESP e EMBRAPII, promete trazer mais precisão e agilidade para quem trabalha com a avaliação da qualidade dos grãos.

De fato, o grupo de pesquisa criou um dispositivo eletrônico que usa luz e sensores para analisar a cor dos grãos de café, ajudando a distinguir entre espécies como o arábica e o robusta (ou conilon). A análise de cor é uma das formas mais importantes de avaliar a qualidade do café verde (ainda não torrado), já que pequenas variações podem indicar diferenças na maturação, no armazenamento ou na espécie da planta.

Atualmente, a forma mais comum de avaliar o café ainda é pela análise sensorial, em que especialistas avaliam aroma, sabor, textura e cor a partir da degustação da bebida. Embora seja importante, esse processo é subjetivo e depende da experiência de quem analisa. O novo aparelho, por outro lado, oferece uma avaliação objetiva, padronizada e confiável, baseada em dados precisos de cor.

Como funciona o novo dispositivo?

O sistema desenvolvido usa sensores de cor (RGB) e um conjunto de lâmpadas LED brancas que iluminam o grão com intensidade controlada. Essa luz, que reflete nos grãos, é captada pelos sensores, que registram com exatidão os tons da amostra.

O controle da luz é feito por meio de um circuito eletrônico inteligente, que garante que cada medição seja feita sob as mesmas condições. Isso evita variações que poderiam comprometer os resultados. O sistema ainda conta com um pequeno motor que gira a amostra, permitindo que ela seja analisada de vários ângulos.

Dr. Bruno Pereira de Oliveira

Todos os dados são processados por um microcontrolador e, em seguida, analisados por um programa de computador, que transforma os valores de cor em informações que ajudam a identificar o tipo de café.

Os testes mostraram que o dispositivo tem alta precisão. Mesmo quando amostras diferentes eram analisadas por sensores em posições distintas dentro do equipamento, os resultados se mantiveram consistentes e isso é essencial para que o aparelho seja usado em ambientes industriais ou em cooperativas agrícolas, por exemplo.

Além disso, os cientistas conseguiram mostrar que o sistema diferencia claramente os grãos das espécies arábica e robusta, com base nas cores registradas. Essa distinção é importante porque os dois tipos têm características e valores de mercado diferentes.

Aplicações práticas para o agronegócio

Com essa nova tecnologia, produtores, torrefadores e exportadores de café poderão ter um instrumento de análise rápida e confiável, ajudando na classificação dos lotes e no controle de qualidade, podendo também ser útil em programas de certificação e rastreabilidade, agregando valor ao produto final, conforme explica o pesquisador do IFSC/USP e um dos autores da pesquisa, Dr. Bruno Pereira de Oliveira. “O desenvolvimento de conceitos físicos para o entendimento sensorial é um ramo crescente e fortemente inovador, e de fato se faz necessário o entendimento de conceitos base, como a parceria desenvolvida com a Embrapii e a possibilidade de interação conosco”.

Como é um sistema baseado em componentes simples, como LEDs e microcontroladores, seu custo tende a ser muito mais acessível do que os grandes equipamentos laboratoriais usados atualmente. A ideia é que, no futuro, o aparelho possa ser utilizado até mesmo no campo, ajudando o agricultor a tomar decisões com mais segurança.

Este estudo reforça o papel da ciência nacional no desenvolvimento de soluções inovadoras e práticas para o agronegócio — setor que é um dos motores da economia brasileira, demonstrando como a interação entre pesquisa, tecnologia e tradição pode tornar o café brasileiro ainda mais valorizado no mundo todo.

Confira AQUI o artigo científico publicado sobre este tema.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP