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6 de fevereiro de 2019

A paixão de um ex-aluno do IFSC/USP pelas ciências exatas

Álvaro Macedo da Silva

Para o paulista Álvaro Macedo da Silva, de 66 anos, nada é imutável na vida do ser humano. Desde quando começou a trabalhar, busca atuar com aquilo que lhe dá prazer e que o motiva a desempenhar seu trabalho com dedicação. Para ele, o ato de sonhar nunca foi uma opção, mas sim um dever: “Quando não se sonha, a vida se torna vazia e, portanto, perde o sentido”, comenta.

Por volta dos dez anos, já demonstrava interesse por eletricidade: certa vez, inseriu dois fios com arames numa tomada, tendo assistido a um fenômeno que, segundo ele, se assemelhou a fogos de artifício. Foi nessa época, também, que seus pais o matricularam na escola, embora já soubesse ler e escrever graças ao apoio que recebera do irmão. Esse aprendizado, somado com seu interesse pelas ciências exatas, fez com que Álvaro se destacasse entre os melhores alunos das escolas que frequentou na capital paulista.

Parte de sua paixão pelas ciências exatas surgiu através do convívio que teve com o pai, um homem que recebera poucos estudos, mas cuja inteligência era motivo de admiração para o filho: para construir a própria casa, por exemplo, seu pai derrubou as árvores do terreno e se encarregou das instalações elétrica e hidráulica da residência. “A partir de certa idade, ajudei-o em várias atividades. Então, cresci com esse exemplo de fazer as coisas”, comenta nosso entrevistado que, sem recursos financeiros suficientes para se manter numa faculdade particular e decidido a cursar engenharia, realizou a prova da MAPOFEI, vestibular que daria origem à FUVEST. Sua primeira opção era estudar na Escola Politécnica da USP, sendo que sua segunda escolha envolvia a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), onde acabou por ingressar em 1973.

A vinda para São Carlos foi uma experiência forte. Era um jovem que gostava de ficar em casa e a mesada que recebia dos pais era bastante limitada: “Era um aperto. Meu pai não ganhava muito e o dinheiro era bem contado. Às vezes, eu fazia uma refeição por dia porque não gostava de pedir recursos adicionais a ele”. Contudo, o pouco dinheiro não se tornou um entrave para que desenvolvesse a graduação. No quarto ano do curso, iniciou um estágio em tecelagem na extinta Germano Fehr. Depois, desenvolveu outro estágio na Pirelli, onde foi contratado como engenheiro. “Fiquei um dia desempregado, exatamente quando busquei o certificado de conclusão de curso na USP. No dia seguinte, estava trabalhando novamente. A minha turma (EESC/USP) estava toda empregada. Hoje não se consegue emprego fácil”.

Embrapa Instrumentação – Um dos orgulhos da cidade de São Carlos

Após um ano e sete meses de trabalho na Pirelli, Álvaro Silva voltou a São Paulo onde trabalhou na General Motors, realizando cálculos teóricos, deduzindo fórmulas e programando sistemas computacionais. Mas não era esse tipo de tarefa que ele se via executando durante as próximas décadas de sua vida: Álvaro queria algo que o motivasse ainda mais e, quando visitou uma feira tecnológica que se realizou em São Carlos, notou que desejava se envolver intensamente com a área de tecnologia.

Concretizada a sua saída da General Motors, em 1987 regressou à cidade de São Carlos e começou a trabalhar na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Instrumentação), tendo realizado um mestrado na área de instrumentação no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP). “A Embrapa era muito flexível e incentivava seus funcionários a fazerem pós-graduação”, explica ele, cujo conhecimento adquirido no IFSC/USP foi fundamental para que desenvolvesse o doutorado no Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA/EESC/USP), no período de 1992 a 1997.

Álvaro recordando os bons momentos no IFSC/USP

Álvaro não fez pós-doutorado porque no final dos anos 1990 já estava envolvido com a área de gestão empresarial na Embrapa. Começou a acreditar fortemente em sua habilidade de liderança depois que passou a receber convites para ocupar determinados cargos na empresa, onde ingressou como responsável pela manutenção de equipamentos, tendo sido chefe-adjunto administrativo e, na sequência, chefe-geral. “Quando estava na Pirelli e na General Motors dizia que jamais trabalharia com gestão empresarial. De repente, virei administrador”, relembra, com humor.

Há cerca de quatro anos, Álvaro Silva deixou de administrar a Unidade em São Carlos para se dedicar à gestão de outro negócio, outra paixão: seu consultório de psicologia. Iniciou o curso de psicologia em 2011, no Centro Universitário Central Paulista (UNICEP) e, em 2012, deu-lhe continuidade na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Foi nesta área que encontrou a melhor maneira de exercer duas das atividades que mais o encantam: aprender, e transmitir conhecimento, de modo a contribuir com a sociedade; o coletivo. “O país investe em nós; nossos pais investem em nós e nós temos que investir em nós mesmos. Esses investimentos têm que retornar à sociedade!”, conclui nosso entrevistado.

 

 

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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