Notícias

26 de setembro de 2012

A física no esporte

Ballet, patinação no gelo, box, futebol, basquete. Não importa a modalidade. Para tirar o melhor proveito e obter o melhor desempenho em qualquer esporte, use a física a seu favor!

Chico-4A ciência básica mais “fuçada” de todas tem tudo a ver com uma performance melhor por parte dos esportistas. Isso porque são as leis da física que regem movimentos, velocidade, força, inércia, atrito, interferindo diretamente nas modalidades esportivas.

A tecnologia, nesse sentido, tem aberto mais possibilidades. Hoje é possível observar movimentos em velocidades muito lentas, monitorar músculos durante a execução de saltos e a quantidade de oxigênio no organismo, entre outras coisas. “Os atletas sempre tiveram conhecimento sobre o auxílio da física nos esportes e sempre a utilizaram a seu favor, mas agora, com a tecnologia que permite a observação detalhada, essa ciência pode ser mais bem explorada nos esportes”, afirma o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Francisco Eduardo Gontijo Guimarães.

Para tirar proveito máximo da física, os atletas e seus treinadores têm que ter em mente alguns pontos chaves. Começando pela noção básica de que é preciso superação do tempo, distância e inércia (esta última influenciando diretamente na aceleração dos corpos). “O atleta sai do repouso e tem que buscar a máxima aceleração para conseguir melhor velocidade”, explica Guimarães. “A rapidez com que um corpo altera sua velocidade é determinada pela inércia”.

Não coincidentemente, a física lida exatamente com essas três problemáticas e, por esse motivo, pode se tornar uma grande aliada do atleta, uma vez que ambos – o atleta e a física – “lutam” contra o mesmo “inimigo”.

A física nos esportes

O jogador do esporte mais popular no mundo e especialmente no Brasil relaciona-se o tempo todo com a física. O futebolista não pensa se o percurso da bola, ao ser chutada, deve ser parabólico ou retilíneo, mas ele sabe que dar “efeito” na bola é ideal na cobrança de faltas, ou chutá-la e fazer com que ela se movimente sem giro é ideal para passes. “Numa cobrança de falta, o atleta, instintivamente, fará com que ela se movimente em tal direção que sobreponha a barreira e se encaminhe para direção do gol. É o giro ou ‘efeito’ que faz com que a bola faça a curva”, explica o docente.

Chico-6Nesse caso, o movimento do ar interfere no movimento da bola. A composição entre o giro da bola e a passagem do ar por ela pode alterar o movimento e o efeito final, pode ser a responsável por um gol cinematográfico.

Técnica semelhante pode ser usada no vôlei. No saque, bolas com efeito são comuns, pois dessa forma fica imprevisível para o adversário saber sua posição final. Já nos passes, isso não pode ocorrer. O toque do levantador deve ser feito sem dar qualquer efeito na bola, para que o atacante saiba muito bem para onde deve correr e dar sua cortada. “Nessa modalidade, as leis de impacto ou impulso estão diretamente relacionadas. Existem técnicas específicas ensinadas aos jogadores para aprender a lidar com o impacto entre corpos, nesse caso, bola e mão”, explica Guimarães.

O jogador de vôlei, além das técnicas relacionadas à trajetória da bola, tem de saber lidar com a força da gravidade, afinal seu melhor desempenho é superá-la ao máximo, para conseguir dar fortes impulsos e saltos muito altos.

Na patinação no gelo, bem como nas pistas de skate, os atletas têm de lidar com o atrito: no primeiro caso, ele é muito pequeno por causa do gelo. No segundo caso, o efeito do atrito é minimizado pelas rodas de skate. É a ausência de atrito que traz a beleza aos dois esportes, pois a habilidade do atleta em lidar com a falta de uma força (atrito) que o mantenha de pé preso ao chão será diretamente proporcional ao seu bom desempenho.

“Run, Forrest, run!”

Nas provas de atletismo e natação, novamente, o protagonista é o atrito. “O atleta tem que pensar na distância, aceleração, impulso. Durante as provas de nado e corrida, eles se preocupam em como se impulsionar da melhor maneira possível, minimizando efeitos provocados pelo atrito do ar e água”, diz Guimarães, complementando com a informação de que a velocidade também é um aspecto essencial nessas modalidades, especialmente na corrida. Basta lembrar do desempenho do corredor jamaicano, Usain Bolt, que bateu recordes de velocidade nas olimpíadas de Londres, correndo a 43,9 Km/h. “Se, na modalidade de salto a distância, um atleta saltasse na velocidade de Bolt, pularia uma distância de 10m, batendo um recorde mundial, que hoje é de 8,9m”, explica GuimChico-5arães. “Algum atleta pode chegar lá, mas muita física e fisiologia humana ainda devem ser empregadas para isso”.

No salto a distância, inclusive, o esportista deve ter uma coisa em mente: para fazer o melhor salto, deve se preocupar em atingir a velocidade máxima antes de saltar, aliando-a ao melhor ângulo de entrada no momento do salto que, nessa modalidade, tem número exato. “Além de se preocupar em atingir a velocidade máxima antes do salto, ele deve se preocupar com o ângulo em que irá pular. O ângulo ideal é 45º. Se pular acima desse ângulo, sua trajetória parábolica será tal que ele não atingirá a distância máxima. O mesmo ocorre se ele pular num ângulo menor que 45º”, explica Guimarães.

Por ser uma ciência básica que está envolvida com tudo que nos rodeia, a física pode ser uma grande aliada dos atletas. Depende, como quase tudo que está ao nosso redor, do uso que será feito dela. Os atletas, para chegarem à perfeição, lidam com os mesmos desafios de um mágico: a máxima rapidez para proporcionar o melhor (e mais belo) desempenho. No caso do atleta, a física pode ser o ingrediente principal a seu favor. E, para isso, não é preciso mágica: somente inteligência e disposição para saber usá-la.

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..