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24 de maio de 2017

A física e os sons

Na noite de 26 de maio de 2014, a Mogiana Jazz Band apresentou-se no Auditório “Professor Sérgio Mascarenhas” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), tendo dado início à programação de eventos que ocorreram até maio de 2015, em comemoração ao vigésimo aniversário do IFSC, e, também, à série Concertos USP/Prefeitura de São Carlos, através da qual já se realizaram 76 concertos musicais na cidade são-carlense.

Os Profs. Drs. Tito José Bonagamba, Diretor do IFSC/USP, e Rubens Russomanno Ricciardi, docente do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (DM/FFCLRP/USP), são alguns dos indivíduos envolvidos* na organização dessas atividades. Certa vez, ao visitar os Laboratórios de Ensino de Física do Instituto (LEF’s/IFSC/USP), Ricciardi conheceu alguns equipamentos que são utilizados no ensino de ondas mecânicas e que ajudam a explicar alguns tópicos que ele coincidentemente aborda na introdução de uma de suas disciplinas. Ricciardi então sugeriu ao educador da Unidade, Herbert Alexandre João, que apresentasse uma palestra sobre a interface entre a física e a música aos alunos do Departamento de Música.

Sendo assim, em 12 de maio, Herbert e Robson Martins, aluno de licenciatura do Campus USP São Carlos, foram à FFLCRP, onde ministraram uma palestra sobre a física dos sons, que foi assistida por cerca de quarenta calouros e veteranos do citado Departamento, que manusearam aparelhos que permitem, por exemplo, entender como acontece o efeito da velocidade do som no ar e em cordas de instrumentos musicais.

dm-usp-rp_250Com base nos conceitos da física, Herbert e Robson deram dicas para escolher cordas de instrumentos musicais, elaborar uma escala de música, afinar um instrumento e testar o limiar auditivo do ser humano – capacidade que o indivíduo tem de ouvir notas graves e agudas. Os estudantes conferiram um modelo de Monocórdio de Pitágoras, construído por Anderson Nascimento, também aluno de licenciatura do Campus USP São Carlos, e Robson – este também colaborou com a elaboração da palestra. Utilizado pelo filósofo e matemático Pitágoras no estudo de sons, o Monocórdio é um antigo instrumento que contém uma única corda musical.

Um dos destaques da palestra foi a elaboração de um glossário musical. Herbert, Robson, Ricciardi e os alunos compararam palavras referentes à música, que têm significados diferentes para físicos e músicos. “Amplitude” foi um dos termos que causou um longo debate, segundo Herbert: “Do ponto de vista da física, [o termo diz respeito] à amplitude de uma onda relacionada com a sua energia e, consequentemente, com o volume, enquanto que na música tem outra conotação… Pudemos mostrar que ela [a amplitude] tem duas definições que, a princípio, se contradizem. Isso é importante porque, se um aluno do Departamento [de Música] ler um livro de física, ou vice-versa, a gente tem esse glossário, convergindo alguns termos [como ‘frequência’, ‘grave’ e ‘agudo’] e vendo que alguns outros se divergem [como ‘amplitude’ e ‘ruído’]”.

Para Herbert, o convite de Ricciardi foi enriquecedor, porque houve a troca de conhecimentos entre físicos e músicos, tendo permitido que Herbert fomentasse em ambos os alunos do curso de licenciatura a construção de instrumentos voltados ao ensino de física, o que, segundo ele, é fundamental, já que a experimentação constrói um significado para conceitos que, muitas vezes, são abstratos.

Embora acredite não ter o dom musical, Robson sempre se interessou por música – às vezes, ouve através do rádio, mas quando está em casa, tem o hábito de escutar pela internet. Depois que aprendeu a tocar violão, começou a treinar viola caipira, influenciado pela sua família, mais especificamente pelo pai, que escuta música sertaneja desde quando o aluno era criança.

Além de melhorar o desempenho de Robson com a própria viola, a colaboração com a elaboração da palestra o ajudou a aprender mais sobre a interface que há entre a física e a música, e a rotina de estudos dos alunos de música da USP. A iniciativa também permitiu que ele percebesse a aplicação da física em áreas tão diferentes e a importância da interdisciplinaridade e do aperfeiçoamento didático para o ensino de física. “Nem sempre iremos ensinar física para quem gosta ou para quem tem facilidade. Então, são necessárias diferentes abordagens para diferentes públicos”.

*A série é apoiada por todos os órgãos dirigentes da USP e do Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária do Campus USP São Carlos, em uma organização conjunta do IFSC/USP, Prefeitura Municipal de São Carlos e Pró-Reitoria de Cultura de Extensão Universitária (PRCEU/USP).

(Créditos – Imagem 1: DM/FFCLRP/USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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