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11 de junho de 2018

Para alunos do ensino médio: a descoberta de novos medicamentos

Na penúltima palestra relativa à primeira edição da iniciativa Meu Eu do Futuro, cerca de trinta alunos das escolas do Ensino Médio de São Carlos e região tiveram a oportunidade de acompanhar a palestra subordinada ao tema Na Saúde e na Doença: A Descoberta de Novos Medicamentos, apresentada pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Dr. Glaucius Oliva, que é, simultaneamente, o Coordenador do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), alocado no nosso Instituto.

Qual a origem e causa das doenças? Como atuam os medicamentos? Como novos medicamentos podem ser descobertos? Como estão as pesquisas nesta área, no Brasil?

Nesta palestra, Glaucius Oliva mostrou, através dos exemplos de medicamentos de uso comum, que a ação dos fármacos baseia-se na interação específica do princípio ativo com um receptor biológico, dependente da complementaridade de forma e das propriedades químicas. O palestrante revisou, também, o estado da arte na descoberta de novos fármacos, que envolve abordagens multidisciplinares, incluindo as áreas médica-biológica, genômica, química, física, computacional, farmacológica e clínica, tendo mostrado alguns de dos trabalhos desenvolvidos por sua equipe na busca por medicamentos para tratar a doença de Chagas e a Zika.

“O intuito foi explicar para estes jovens como funcionam os medicamentos, atendendo a que todos eles são moléculas que têm de interagir com receptores, e como isso tem transformado a vida, a saúde humana. A expectativa de vida há cem anos atrás era menos de 40 anos de idade e hoje é de mais de 80 anos de idade, em termos mundiais, sendo que no Brasil essa expectativa se situa em torno de mais de 75 anos. Em grande parte, isso se deve a medicamentos que são capazes de fazer essa transformação, embora as melhorias em termos dos serviços de saúde, saneamento, etc., tenham também sido importantes para atingir esses níveis de expectativa de vida”, salientou o palestrante momentos antes de sua apresentação.

Como funcionam os medicamentos? Como se descobrem os novos fármacos? Segundo o pesquisador, muitas pessoas acham que quando tomam um remédio ele tem um poder mágico, que assim que entra no organismo mata a doença. Na verdade, segundo Glaucius Oliva, as pessoas têm que entender que o que estão tomando é apenas uma molécula que tem a missão de viajar por uma biofase que tem de achar um receptor e que essa molécula pode achar outras coisas no caminho e provocar efeitos colaterais, etc. “Quero despertar nesses meninos o interesse por essa área de pesquisa que é extremamente interessante, que é você trabalhar na descoberta de novas formas para tratar a saúde das pessoas. E, claro, estamos falando de longevidade, uma luta que faz parte daquilo que move o progresso. A humanidade progride na busca por felicidade, bem estar, saúde e longevidade. Por exemplo, hoje temos doenças que antigamente as pessoas não tinham, porque também morriam antes delas aparecerem, como as doenças neurodegenerativas do tipo Alzheimer, que hoje afetam cerca de 50% da população acima dos 85 anos”, pontua Oliva

Com efeito, antigamente, eram muito raras as pessoas que chegavam aos 85 anos, por isso essas doenças quase nunca apareciam. Ainda dando o exemplo de Alzheimer, Glaucius Oliva sublinhou que atualmente ainda não há nenhum medicamento eficaz para combater a doença, sendo que os medicamentos disponíveis apenas atenuam os sintomas. “De fato, os medicamentos que existem neste momento para essa doença só atenuam os efeitos, não se sabendo ainda o que dispara essa doença, ou seja, qual é o gatilho. Você, fazendo pesquisas nessas áreas, se depara com um trabalho que não acaba nunca, como é o caso das doenças infecciosas. Você acha um remédio para determinado vírus, ele desenvolve resistência e você tem que buscar outro mecanismo para o combater; depois, aparece uma nova resistência e você tem novamente que começar tudo do início. O vírus da febre amarela, por exemplo, que nós tínhamos controlado, já apareceu com um novo outbreak e aí nosso trabalho começa novamente do zero”, conclui Oliva.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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