Previsto para ser inaugurado em meados de 2018, o Projeto Sirius, localizado em Campinas, pertencente ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e inserido no Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS) – que opera a única fonte de Luz Sincrotron da América Latina para análise dos mais diversos tipos de materiais orgânicos e inorgânicos -, será a nova fonte de Luz Sincrotron brasileira e a maior e mais completa infraestrutura científica já construída em nosso país, tendo a missão de possibilitar o desenvolvimento de pesquisas de ponta em diversas áreas estratégicas, como, por exemplo, saúde, energia, agricultura, defesa e alimentação, entre outras.
O Sirius será uma gigantesca instalação aberta, indo atender gratuitamente os pesquisadores nacionais e estrangeiros que desejem utilizar suas estações experimentais e que constituem a maior parte de sua estrutura.
Recordamos que o CNPEM é uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), que possui quatro laboratórios que são referências mundiais, abertos às comunidades científica e empresarial, sendo que os pesquisadores interessados em utilizar as instalações deverão submeter suas propostas de pesquisa, as quais serão analisadas por um comitê científico externo, que avalia o mérito científico e a viabilidade técnica das mesmas.
“UVX” e Luz Sincrotron – O que são
A construção do Sirius acontece para substituir a atual infraestrutura de fonte de Luz Sincrotron – a UVX –, que já esgotou há muito sua capacidade de responder à demanda e que se encontra em operação desde 1977, tendo sido a primeira – e ainda hoje a única – Luz Sincrotron da América Latina.
Vista parcial dos pontos de pesquisa no UVX
Resumidamente, a UVX é uma máquina de grande porte que é capaz de controlar o movimento dos elétrons para produzir Luz Sincrotron, uma luz que é um tipo de radiação eletromagnética que se estende por uma faixa ampla do espectro eletromagnético (luz infravermelha, ultravioleta e Raios-X). Essa luz é produzida quando partículas carregadas, aceleradas a velocidades próximas da luz, têm sua trajetória desviada por campos magnéticos. Ela é usada como uma ferramenta de estudo para revelar as características microscópicas da matéria, fazendo com que as fontes de luz sincrotron tenham aplicações em quase todas as áreas do conhecimento.
O UVX comporta 14 linhas de pesquisa independentes entre si, nas mais variadas vertentes, podendo-se ver nas imagens abaixo algumas delas em pleno funcionamento e que são alimentadas pelas fontes de luz sincrotron, como por exemplo:
Vista parcial de pontos de pesquisa no UVX
Saúde e fármacos: Identificação das estruturas de proteínas e unidades intracelulares complexas, etapa importante para o desenvolvimento de novos medicamentos, bem como no desenvolvimento de nanopartículas para o diagnóstico, por exemplo, do câncer e no combate a vírus e bactérias.
Meio-Ambiente e Agricultura: A Luz Sincrotron pode ser usada para a análise do solo, no desenvolvimento de fertilizantes mais eficientes e econômicos e, em simultâneo, menos agressivos ao meio-ambiente e à saúde.
Energia e Materiais: O uso da Luz Sincrotron na área de energia permite o desenvolvimento de novas tecnologias relativas à exploração do petróleo e do gás natural, bem como no entendimento e desenvolvimento de materiais e sistemas para células solares, células de combustível e baterias, bem como em pesquisas relativas a novos materiais, mais leves e eficientes.
A magnitude do Sirius
O Diretor do IFSC/USP, Prof. Tito José Bonagamba, acompanhado pelos Profs. Carlos Goldenberg e José Marcos Alves, ambos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), visitou em meados deste mês de abril, de forma demorada, o Sirius, que irá substituir o seu irmão mais velho UVX, que será desativado, dando lugar – pelo que se presume inicialmente – a uma gigantesca área de convenções.
Ana Carolina Zeri e um dos técnicos do Sirius recepcionando os visitantes
Recepcionando e acompanhando os visitantes esteve a pesquisadora do LNLS (e ex-aluna do IFSC/USP), Dra. Ana Carolina de Mattos Zeri, uma extraordinária entusiasta pelo novo projeto que se encontra localizado em uma extensão de terreno adjacente ao CNPEM (Campinas) e que apresenta 68 mil metros quadrados de área construída (visto de fora parece um estádio de futebol).
Parte da estrutura externa do Sirius
Adequação do solo (camada sobre camada)
O Sirius (em forma circular) é constituído por quatro pisos, podendo acolher, em simultâneo, o trabalho de cerca de 650 pessoas (entre pesquisadores e equipes técnicas), sendo que irá abrigar três aceleradores de elétrons e quarenta linhas de luz independentes (postos de pesquisa). Entre essas quarenta linhas de luz, seis delas serão longas (entre 100 e 150 metros), com possibilidade de serem instaladas outras duas estações experimentais “extralongas” (com cerca de 250 metros de extensão). No entorno da infraestrutura serão construídos data-centers, laboratórios de apoio, oficinas mecânicas, salas de operações, escritórios e áreas de convivência.
Adequação do solo
As obras de terraplanagem do Sirius iniciaram-se em 2013, sendo que a construção propriamente dita – e que tem particularidades muito especiais – arrancou em 2014, prevendo-se a conclusão das mesmas já no próximo ano. O Sirius irá disponibilizar as seguintes linhas de luz:
Nanoscopia de Raios-X;
Difração de Raios-X em Policristais;
Espectroscopia de Raios-X com Resolução Temporal;
Espectroscopia e Difração de Raios-X em Condições Extremas;
Tomografia e Difração de Raios-X em Alta Energia;
Espalhamento Inelástico de Raios-X;
Microtomografia de Raios-X;
Espalhamento Coerente de Raios-X;
Espalhamento de Raios-X a Baixos ângulos;
Espectroscopia de Ultravioleta e Raios-X Moles de Alta Resolução;
Espectroscopia de Fotoemissão e Absorção de Raios-X Moles de Alto Fluxo;
Micro e Nano Espectroscopia de Infravermelho;
Micro e Nanocristalografia Macromolecular;
Visitas ao Sirius e UVX
As visitas ao UVX e às obras de construção do Sirius são constantes, não só por parte de grupos de pesquisadores e empresários, como também – e principalmente – por estudantes dos mais variados níveis de ensino.
Pormenor de um dos pontos de pesquisa do UVX
Equipes do LNLS, devidamente treinadas, estão diariamente em prontidão para corresponder aos pedidos, agendamentos e acompanhamento dos grupos, sendo que as agendas normalmente estão preenchidas.
Para o Prof. Tito José Bonagamba e restante equipe que o acompanhou na visita, os alunos dos diversos cursos do Campus USP de São Carlos – principalmente os do IFSC, ICMC e EESC – deveriam ser motivados a conhecer estas importantes infraestruturas e entender como elas funcionam e como tudo está interligado para que a ciência brasileira possa avançar qualitativamente em um ambiente de pesquisa do primeiro mundo.
Técnica especializada procede ao corte através de lazer na oficina mecânica do UVX
Parte da oficina mecânica do UVX
Responsáveis do LNLS/Sirius/UVX recepcionam os visitantes
No que concerne ao Sirius propriamente dito, ele é, de fato, um orgulho para o Brasil e um exemplo para o mundo.
Assessoria de Comunicação – IFSC/USP