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24 de março de 2017

“Luz, cores, ação!”: projeto insere crianças no mundo científico

Em 1945, na cidade italiana Reggio Emilia, teve origem uma prática educacional que, em pouco tempo, ganharia diversos adeptos. Reconhecida mundialmente como uma das melhores propostas educativas para a primeira infância, a proposta, criada pelo educador italiano Loris Malaguzzi, tem como princípio básico colocar as crianças como protagonistas de sua educação, e as enxerga como fortes, ricas, capazes e interessadas em estabelecer relações, colocando o docente no papel de colaborador e guia para seu aprendizado, e o espaço físico como um “terceiro professor”, responsável por promover relacionamentos, comunicação e encontros.

Irata_Lisboa-1A filosofia Reggio Emilia embasa muitas das ações desenvolvidas na Creche e Pré-Escola do campus da USP São Carlos. Além de atender crianças filhas de docentes, funcionários e alunos do campus, a Creche é um espaço de pesquisa e extensão. Alunos de graduação e pós-graduação de diferentes instituições desenvolvem pesquisas e estágios na Creche, entre eles, o aluno do curso de Licenciatura em Ciências Exatas, Iratã Lisboa, orientado pela docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Cibelle Celestino Silva.

No 2º semestre de 2016, Irarã desenvolveu atividades com as crianças da Creche do campus, com o o projeto “Luz, cores, ação! Ciência e arte na educação infantil”. Financiado pelo CNPq, com quatro turmas de crianças entre três e seis anos, o projeto envolveu luzes e sombras, dando liberdade às crianças para interagir com esses dois elementos, explorando seus aspectos científicos e artísticos como desenho, dança e teatro. “Antes de iniciar o projeto, eu e a professora Cibelle visitamos a Creche, conversamos com os professores de lá, para conhecer o ‘know-how’ desses agentes pedagógicos, que é muito grande, e aprender um pouco mais sobre o que já havia sido feito na creche”, relembra Iratã.

As atividades foram realizadas durante quatro meses, uma vez por semana, com duração de 40 minutos, e Iratã conta que, com base na filosofia emiliana, as atividades foram adaptadas ao universo dos participantes. “Sempre respeitamos as crianças e adaptamos as atividades ao universo delas. O importante era estar com elas, e permitir que as atividades tomassem caminhos diferentes, conforme as crianças interagiam com as tarefas que eram dadas a elas”, conta o aluno.

As atividades foram gravadas e fotografadas, e, no momento, Iratã e Cibelle estão trabalhando na análise dos resultados, para a qual as reflexões e ideias do sociólogo da infância, Manuel Sarmento, servirão como pano de fundo.

Irata_Lisboa-2Embora ainda esteja no início da análise, Iratã adianta que ele próprio aprendeu bastante com a experiência. “Essas atividades são muito diferentes de qualquer atividade educacional que participei até o momento. Estar ali, ter que improvisar e deixar as crianças como protagonistas é, de fato, muito diferente e, ao mesmo tempo, muito enriquecedor. E tudo isso pode ser aplicado não somente com crianças da educação infantil, mas também com alunos do ensino fundamental e médio”, afirma. “É algo que tem muito a ver com a formação dos próprios professores. Atividades desse tipo permitem um relacionamento muito mais próximo com prática educacional, e ensina ao professor a se adaptar a diferentes realidades”.

Várias das atividades desenvolvidas podem ser facilmente transpostas para o ensino fundamental e médio, como, por exemplo, a câmara escura, sombras coloridas, e atividades que envolvem as noções de perspectiva e proporcionalidade dos tamanhos das sombras.

Sendo assim, no futuro próximo, Iratã pretende expandir a experiência. Além de já ter o desejo de aplicar atividades similares com crianças de outras idades, ele diz que pretende realizar mais atividades desse tipo com crianças da mesma faixa etária com as quais trabalhou recentemente. “Minha expectativa é, de fato, continuar com pesquisas na área de educação, mas com outros temas. Comecei com o tema da luz, mas com o que vivenciei na Creche qualquer tema pode ser trabalhado considerando o aluno como protagonista. É só uma questão de pensar bem nas atividades, e nos próximos temas que serão trabalhados”, diz. “Nossa ideia foi colocar as crianças em contato com a cultura científica, e pensar em maneiras de introduzi-las nesse universo. Fiquei muito encantado com a educação infantil, e, sinceramente, eu não esperava. É muito gostoso trabalhar com crianças, e será um enorme prazer continuar seguindo dessa forma”, conclui o educador.

Imagens: Crianças durante as atividades ministradas por Iratã (crédito: arquivo pessoal)

Assessoria de Comunicação- IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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