Um novo modelo econômico, com novas oportunidades de negócios, produtos multifuncionais, serviços colaborativos, maior valor agregado ao bem e contribuições significativas para a sustentabilidade social, econômica e ambiental, começa agora despontando. Por trás dessa atrativa proposta está o conceito de econômica circular, que está ganhando projeção nas atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade de São Paulo (USP).
A USP celebrou um acordo com a Ellen MacArthur Foundation (EMF), com o objetivo de difundir e acelerar a transição para esse modelo sistêmico, baseado em abordagens pioneiras e inovadoras que envolvem empresas, governo e sociedade, sendo que com o acordo, a USP passa a integrar o grupo Pioneer Universities, ao lado de outras seis instituições de ensino superior da Europa e Estados Unidos.
Jo Miller, gerente do Programa de Educação Superior da EMF, que participou da cerimônia que homologou o citado acordo, ocorrida recentemente no Campus USP de São Carlos, afirmou que a Fundação é uma rede de apoio, sendo que a USP entra para colaborar como um ativo, liderando debates, fazendo pesquisas e capacitando pessoas, através desse modelo de pensamento. Em suma, a USP possui maior potencial para ser um agente catalisador dessa mudança, no Brasil e na América Latina.
Economia Circular
A economia circular é uma estrutura de pensamento, que envolve as ciências contemporâneas e o trabalho colaborativo. O papel da USP será o de influenciar o debate nas mais diferentes áreas, acerca de um modelo de produção e de consumo que seja mais coerente com o Século 21. Não é uma corrida; é preciso refletir, internalizar o conceito e só depois partir para a ação.
O atual modelo linear de produção e consumo de bens segue a linha extrair – transformar – descartar. Ele gera, de um lado, uma excessiva exploração dos recursos naturais para obtenção e processamento da matéria-prima e, de outro, a subutilização e o subaproveitamento de produtos, que já nascem com sua obsolescência planejada.
A economia circular, por sua vez, prevê um ciclo contínuo de desenvolvimento, que é restaurativo e regenerativo por princípio, eliminando a noção de resíduos e mantendo produtos, componentes e materiais ao seu mais alto nível de valor e utilidade o tempo todo.
Ao contrário do que se possa pensar, não é um desencorajamento ao consumo, mas sim a adoção de formas mais positivas de produção e consumo, não só para as empresas, que reduzem custos e criam novas fontes de receita, ou para o meio ambiente, mas para o sistema como um todo, para que possa funcionar no longo prazo.
Isso exigirá novos modelos de negócio, que estabeleçam uma nova dinâmica na relação do consumidor com o bem físico. Por exemplo, em vez de se comprar produtos, adquire-se acesso ao benefício proporcionado pelo produto, ou seja, em vez de adquirir um aparelho de ar condicionado, o consumidor compra um número de horas de climatização. O equipamento é da empresa, assim como toda a manutenção regular necessária para oferecer o serviço de qualidade e o melhor reaproveitamento de suas peças e componentes.
Este mecanismo não é desconhecido do mercado, sendo utilizado há anos pelos fabricantes de máquinas fotocopiadoras; a Rolls-Royce já não vende mais turbinas para aviões, ela vende horas de voo; e a Airbnb, uma organização que oferece aposentos e acomodações temporárias não constrói prédios ou hotéis, usando apenas quartos de pessoas que decidem compartilhar seus espaços.
Para o Prof. Aldo Roberto Ometto (EESC/USP), que coordena as atividades na USP nesse projeto, “é uma nova forma de negócio, que passa por mudanças culturais que agrega valor sistêmico, reduz as externalidades negativas e promove a máxima eficiência dos recursos e eficácia do sistema”.
A USP, única do hemisfério sul a integrar a rede, terá quatro grandes objetivos nos próximos três anos:
1-Criar uma comunidade de pesquisa e desenvolvimento de conhecimento para uma economia circular multidisciplinar, nas seguintes áreas de conhecimento:
Agricultura e Ciências Florestais;
Arquitetura;
Biologia;
Ciências Sociais;
Direito;
Engenharia;
Economia;
Física;
Gestão;
Negócios e Administração;
Matemática e Ciências da Computação;
Planejamento Urbano e Regional;
2-Integrar conteúdos de economia circular em cursos de graduação e pós-graduação;
3-Desenvolver programas de educação, nessa temática, para a sociedade;
4-Apoiar técnica e cientificamente a investigação, inovação e transferência de conhecimento para a sociedade.
Assessoria de Comunicação – IFSC/USP