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6 de dezembro de 2016

A Nova Revolução na Biologia

Desde a revolução iniciada pela descoberta do DNA por Watson e Crick, em 1953, a Biologia tomou novos e explosivos rumos. Em todos os grandes centros de pesquisa os projetos se multiplicaram e a própria Teoria da Evolução foi ampliada com novos paradigmas.

O imenso significado da descoberta prometia novas conquistas na saúde humana, GENOMA-250animal e vegetal. Surgiu um grande projeto estilo “homem na lua”, que foi o Genoma Humano, altamente financiado tanto por governos como por empresas privadas. Estas últimas, interessadas sobretudo nas aplicações em saúde com os fármacos, cujas indústrias movimentam trilhões de dólares em saúde e evolução humana, animal e vegetal.

A ideia do DNA como a molécula da vida contendo os planos detalhados de tudo na Biologia, verdadeira chave para o entendimento da própria vida no seu mais amplo sentido, atingiu todas as grandes forças sociais: economia e finanças, políticas públicas e privadas, ideologias e suas éticas associadas, e até teologias. As forças da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) impactaram os destinos e projetos de toda a Humanidade. Abro um parêntese para ressaltar o absurdo da atual política do governo de plantão minando até a própria estrutura do Ministério de CTI.

No Brasil a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), sob a direção cientifica de um brilhante cientista – J. F. Perez – iniciou um Projeto Genoma que mobilizou a comunidade científica não apenas de São Paulo, mas do Brasil, inclusive com fortes colaborações internacionais, como deve ser feito nas boas políticas em CTI. No início da grande revolução, pensava-se que o Genoma Humano seria da ordem de centenas de milhares de genes, mais um reflexo antropocêntrico do Homo Sapiens Sapiens, mas agora sabe-se que é da ordem de 22 mil. Porém, como em toda revolução científica, a própria inovação é autodestrutiva, um conceito claramente expresso por J.Schumpeter no famoso livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, ainda em 1942!

A ignorância dos cientistas existe sim, mas é auto corrigível pelo próprio Método Científico, mas parece que a ignorância dos políticos é auto sustentável – pela presença de um Sistema de Corrupção inerente ao sistema de Poder- como discutido por Machiavel ainda em 1532. no seu livro O Príncipe.

SERGIO

Volto agora ao Projeto Genoma, exatamente para ilustrar essa magnifica e salvadora dinâmica de autocorreção: com o passar do tempo e muitas evoluções não apenas das tecnologias de investigação do genoma, cujo projeto atingiu suas metas em 13 anos, antes do prazo esperado de 15 anos! Novas surpresas explosivas: mesmo no reduzido número de 22 mil genes, a grande maioria parecia ser lixo genético. O genoma humano obtido de um mosaico de genes de várias origens, continha apenas 1% dos genes ativos! Mas um consórcio internacional cognominado ENCODE mostrou que o” lixo deveria ir para o lixo” pois interagia com os outros ligando e desligando suas funções. Essa é a beleza da CTI – ser auto corretiva.

Esse novo campo vem sendo chamado de Modelo do Conectoma – Passamos do Genoma ao Conectoma.

Mais recentemente ainda(2016), os mecanismos de ação do CONECTOMA vem sendo analisados e sabe-se que quase 47% dependem não apenas do DNA, mas do RNA (outro polinucleotídeo menor) mas de proteínas (poliaminoácidos). Peço desculpas pelo uso destes termos, que na realidade são conhecidos de quaisquer jovens que passaram no ENEM. Os idosos podem consultar seus netos e bisnetos para ajuda ou irem para a democrática WEB.

Resumindo, estamos em plena época da outra revolução do Conectoma. A boa notícia é que poderemos editar o genoma de uma pessoa se nos apossarmos dos tecnologias do Conectoma. Ou mais disruptivo ainda, lembrando o livro 1984 de Huxley, editar o próprio Homo sapiens-sapiens!

Paro por aqui, esperando não ter perturbado o sono dos leitores.

PS: Aos leitores curiosos, não lembra o problema da matéria escura na Cosmologia? Prometo discutir isso em outra crônica.

(Prof. Sérgio Mascarenhas)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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