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14 de setembro de 2016

São Carlos Science Park completa oito anos

É num espaço de aproximadamente 2.500 m², cedido pela prefeitura municipal de São Carlos há mais de vinte anos, que está sediado o prédio do São Carlos Science Park, denominado Solar da Inovação, que completou oito anos em 18 de julho último.

Suas janelas retangulares e estreitas, bem como a cor laranja que cobre o prédio, dão à infraestrutura um aspecto de construção moderna, ao mesmo tempo em que contrastam com as paredes altas e os móveis e postes com acabamentos antigos que complementam a instalação, rodeada pela natureza do cerrado.

science_park_250É que a arquitetura do prédio foi baseada na história do desenvolvimento econômico e tecnológico da cidade de São Carlos, que se iniciou em 1831 com a fundação da Fazenda Conde do Pinhal, na qual havia plantação de cana-de-açúcar, criação de gado e, posteriormente, plantação de café, que se intensificou a partir de 1850, se tornando o principal produto de exportação do Brasil. O segundo capítulo relembra a crise de 1929 nos Estados Unidos, que afetou o setor cafeeiro brasileiro, levando os imigrantes a trocar as atividades rurais por trabalhos na região urbana do município.

O capítulo final dessa história perpassa por 1954, ano em se fundou a Escola de Engenharia de São Carlos, dando início ao período de inovação e empreendedorismo da cidade, o que explica a sustentabilidade do prédio do São Carlos Science Park: os ambientes arejados internos dispensam a utilização de aparelhos de ar-condicionado, enquanto que no ambiente externo reinam as plantas, como Cana-da-Índia, e árvores, incluindo Pau-Brasil, Ipê, Eucalipto, Amoreira, Goiabeira e Pitangueira, que atraem os pássaros.

Há também uma dezena de Galinhas d’Angola, além de galos. “Aqui não temos que usar veneno, porque as galinhas combatem formigas, aranhas, lacraias, escorpiões, cupins… Compramos esses galos com penas no pé só para enfeitarmos [o entorno do prédio]… Agora, nós vamos trazer peru pra cá. Se der certo, depois traremos pavão”, diz o presidente da Fundação Parque Tecnológico de São Carlos – ParqTec, Prof. Dr. Sylvio Goulart Rosa Jr.,comentando que, próximo ao ambiente verde, está sendo construída uma área de laser, cuja arquitetura também remonta às antigas fazendas de café.

O complexo, segundo o Prof. Sylvio, foi criado para ser um ambiente tranquilo, agradável e acolhedor, para promover a integração dos funcionários, de modo a que eles não interpretem o trabalho como um “castigo”.

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Criado em 2008 pela Fundação, com o objetivo de fixar e atrair novas Empresas de Base Tecnológica (EBT’s), o São Carlos Science Park abriga duas empresas multinacionais – a suíça Leica Geosystems, que desenvolve softwares para medição e mapeamento de terra, e a indiana AMDOCS, que cria softwares para provedores de serviços de comunicação, entretenimento e mídia, sendo que, juntas, elas empregam cerca de 300 funcionários.

Instituído em dezembro de 1984 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, com o apoio da prefeitura municipal e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o ParqTec foi criado para estabelecer mecanismos de integração entre as universidades, os centros de pesquisa e as empresas, de modo a apoiar o estabelecimento e o desenvolvimento de companhias, promover a inovação tecnológica nas indústrias, aumentar a taxa de sobrevivência e de sucesso das empresas e gerar empregos, contribuindo para o aumento da renda local.

Para isso, em janeiro de 1985, a Fundação deu início ao seu programa de incubação, acolhendo as empresas Opto Eletrônica – startup criada no IFSC/USP -, a Cemapo, Engecer e L&M, tornando-se, assim, a incubadora de empresas mais antiga da América Latina: desde então, o ParqTec tem oferecido infraestrutura física e um pacote de serviços às empresas que tem incubado, em períodos entre três ou quatro anos.

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Hoje, a maior parte do aporte financeiro da Fundação vem da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo – SDECTI, da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, bem como das quase vinte empresas que tem abrigado e que atuam nas áreas de automação, biomateriais, ecologia e ciências ambientais, informática, instrumentação eletrônica, mecânica de precisão, novos materiais, óptica, química fina, serviços tecnológicos e tecnologia de informação.

De acordo com o Prof. Sylvio, ao contrário das indústrias incubadas pelo ParqTec, que dentro de aproximadamente quatro anos dão espaço a novas jovens marcas, as empresas inseridas no âmbito do São Carlos Science Park são abrigadas de modo permanente, em estruturas físicas ainda mais adequadas.

A contribuição do IFSC/USP com o ParqTec

No período entre 1965 e 1995, o Prof. Sylvio atuou como docente do IFSC/USP. O Instituto teve origem como um departamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Posteriormente, tornou-se uma unidade uspiana juntamente com o Instituto de Química de São Carlos, dando origem ao Instituto de Física e Química de São Carlos – IFQSC, sendo que em 1994, ambas as unidades se separaram física e harmoniosamente, tendo dado origem, respectivamente, ao IFSC e ao IQSC (USP).

O Prof. Sylvio Goulart chegou à cidade de São Carlos juntamente com outros professores da antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), tendo começado a atuar no IFSC, quando a Unidade ainda era um departamento da EESC/USP. Ele diz que o IFSC teve um papel importante na transformação de São Carlos, uma vez que a Unidade deu origem ao Centro de Divulgação Científica e Cultural – CDCC, ao observatório astronômico do Campus USP São Carlos, ao departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, à Embrapa* e, inclusive, ao ParqTec.

“Nós, físicos do Campus USP São Carlos, somos as pessoas mais importantes para a cidade. Nós fizemos as maiores contribuições e transformações recentes de São Carlos. Desde a época da Fazenda Conde do Pinhal, os melhores personagens da cidade são os físicos que vieram do Rio de Janeiro”, destaca o Prof. Sylvio, acrescentando que o título de Capital da Tecnologia é muito merecido para a cidade, que hoje congrega um aglomerado de 250 EBT’s. “Isso começou com a chegada dos cariocas em São Carlos. Hoje, a cidade é um exemplo de que o Brasil é capaz de fazer inovação tecnológica. São Carlos é um laboratório do Brasil moderno, limpo, decente e rico!”.

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Para Sylvio Goulart, embora as universidades estejam aprendendo a trabalhar – de forma lenta – em sintonia com o setor produtivo, o IFSC/USP tem sido pioneiro na transferência de tecnologia da academia para o terceiro setor e na promoção do conhecimento na região. “Além de São Carlos, qual é a cidade que tem um CDCC? Tem muita pesquisa acontecendo no IFSC. Lá, se testa o uso de laser para curar diversas doenças, existe pesquisa básica e aplicações imediatas… É um milagre! E quem é que está fazendo isso? Os físicos!”, sublinha nosso entrevistado, sorrindo.

Crescimento constante

Assim como as jovens empresas que buscam espaço no ParqTec, a Fundação, apesar de ter completado 31 anos em dezembro de 2015, busca crescer, de modo constante. A apenas alguns metros da sede do São Carlos Science Park está sendo construído um novo prédio, num espaço de 1.200 m². Intitulado “Innovatorium Armando Dias Tavares”, a infraestrutura abrigará uma nova série de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de Química Fina, Novos Materiais e Biotecnologia, além de outras EBT’s. A previsão, segundo Sylvio Goulart, é que a construção esteja finalizada no final de 2017.

*Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

(Créditos: Imagem 2: ParqTec)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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