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17 de setembro de 2015

Doutorandos do IFSC fazem pesquisas com empresas

Faz tempo que se criou a convicção de que cientista trabalha apenas em laboratório ou sala de aula. Em contrapartida a essa ideia, muitos têm descoberto que há uma vasta opção para aqueles que querem atuar em outras vertentes, como, por exemplo, na área industrial (Terceiro Setor), um campo que tem atraído cada vez mais os cientistas.

CICT

250_-_bolsa_daiEm junho de 2014, o Prof. Dr. Tito José Bonagamba, Diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), oficializou a criação da Comissão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Científica e Tecnológica – CICT nesta Unidade, a fim de estimular, organizar e consolidar as atividades de pesquisas desenvolvidas no Instituto, estreitar a relação entre as instituições de ensino superior e as indústrias e oferecer aos jovens alunos diversas interações com companhias reconhecidas nacional e internacionalmente, permitindo que essas atividades impactem nos projetos executados pelos docentes e pesquisadores do IFSC/USP, em colaboração com o Terceiro Setor.

Desde a sua implementação, a Comissão também tem buscado possibilitar maior oportunidade aos egressos fora da academia, consolidar a Física como área de conhecimento fundamental para o desenvolvimento tecnológico do Brasil e financiar a pesquisa fora do sistema tradicional de fomento. Além disso, a CICT tem oferecido propostas de aperfeiçoamento à preparação de nossos alunos a essas atividades, incluindo o estímulo ao empreendedorismo, preservando o caráter puramente acadêmico desta instituição.

Foi nesse sentido que o IFSC/USP, através dos objetivos da CICT já mencionados, solicitou e atribuiu, em 2015, três bolsas de Doutorado Acadêmico e Industrial (bolsa DAI), com duração de quatro anos e meio. Oferecidas pelo Programa de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), essas bolsas foram disponibilizadas a alunos matriculados no Programa de Pós-Graduação do IFSC/USP e que apresentaram projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação em temas de interesse do Instituto e das empresas selecionadas para apoiar os trabalhos dos jovens pesquisadores.

Graduado em Física Everton_Oliveira_bolsa_dai_350Computacional e mestre em Física Aplicada Computacional pelo nosso Instituto, o estudante Everton Lucas de Oliveira foi um dos três doutorandos selecionados com a bolsa. Sob a orientação do Prof. Tito Bonagamba e supervisão de Vinicius de França Machado (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello – Petrobras), Everton, de 26 anos, tem desenvolvido seu doutorado na área de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), no qual tem simulado fluidos em meios porosos (rochas), através das técnicas de Microtomografia de Raio-X e Ressonância Magnética Nuclear.

Com a metodologia de RMN, por exemplo, é possível analisar a dinâmica interna de rochas, podendo investigar se determinada área é, ou não, viável para a extração de petróleo. Com esse projeto, simulo dados e extraio o máximo de informação. Apesar de serem experimentos simples, os materiais analisados são muito ricos em propriedades, diz ele que, no futuro, pretende realizar um pós-doutorado no exterior.

Isabella_Nascimento_350Assim como Everton, a doutoranda em Física Aplicada Isabella Sampaio do Nascimento foi outra estudante do IFSC selecionada com a bolsa. A jovem, de 26 anos, tem sido orientada pelo Prof. Dr. Valtencir Zucolotto (IFSC/USP) e supervisionada por Siegfrid Baumann Filho (Bayer). Em seu projeto, a pesquisadora tem como objetivo elaborar uma forma mais rápida para detectar microorganismos (pragas) que atacam culturas orgânicas. O trabalho em questão tem sido realizado junto à Bayer, empresa que atua no setor de agronegócio e farmacêutico. Agora, estamos esperando a empresa nos enviar as amostras necessárias para colocarmos a ideia em prática, explica ela, que tem graduação em Física Biológica pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP (Ribeirão Preto – São Paulo) e mestrado em Física pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.

O pesquisador Evandro Evandro_Arajo_bolsa_dai_350Ares de Araújo, que é doutorando em Física Aplicada – Opção Biomolecular do IFSC/USP, também foi selecionado com uma Bolsa DAI. Ele, que se graduou em Física pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e tornou-se mestre em Biotecnologia pela UFSCar, está desenvolvendo um projeto sob a orientação do Prof. Dr. Igor Polikarpov (IFSC/USP) e supervisão de Iuri Estrada Gouvea, do Centro de Tecnologia Canavieira – CTC, empresa na qual Evandro, de 30 anos, tem desenvolvido parte de seu trabalho, cujo intuito é viabilizar uma produção mais eficiente de biocombustível, através de enzimas artificiais desenvolvidas com base no estudo de substâncias orgânicas que evoluíram ao longo das décadas. Nossa ideia é entender como essas enzimas agem e desenvolver outras ainda melhores, diz ele.

Com isso, há expectativas de que o citado projeto contribua tanto para o baixo custo da produção de etanol de segunda geração, como para uma produção mais competitiva de biocombustível, já que apenas a cana-de-açúcar, por exemplo, representa cerca de 25% da matriz energética utilizada na fabricação do bioetanol.

As experiências dos doutorandos

O doutorado mudou o conceito que Evandro Oliveira tinha sobre pesquisa, uma vez que, ao contrário da academia, o Terceiro Setor visa aos projetos que rendem retorno a ele próprio: Sempre que apresentamos uma linha de pesquisa em uma empresa, os pesquisadores querem saber qual será o produto final. Isso já é impactante, porque na universidade é diferente, principalmente durante a graduação. Essa experiência é muito importante, explica ele.

Para Isabella Nascimento, o Terceiro Setor ainda não é um campo tão conhecido entre os jovens estudantes que atuam na área de ciências exatas. Além disso, a pesquisadora encontrou no doutorado acadêmico e industrial a oportunidade de enxergar a pesquisa com outros olhos: Na academia, normalmente fazemos pesquisa e não temos muita noção das suas aplicações ou de seus potenciais. Então, realizar o doutorado com alguma empresa faz com que tenhamos maior preocupação com a aplicabilidade dos projetos, diz ela, que não descarta a hipótese de atuar na área industrial assim que concluir os seus estudos.

A dinâmica da indústria também tem agradado a Evandro. Esse campo é muito mais perigoso, porque não se tem a segurança que a academia oferece. Mas, na indústria, o retorno financeiro vem muito mais rápido. Pretendendo atuar com pesquisa voltada ao setor canavieiro, Evandro ressalta também a importância da bolsa DAI: A bolsa me possibilitou ter contato com a empresa e desenvolver o meu trabalho com a CTC. E isso para mim tem sido essencial.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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